Disclaimer – Os personagens e o enredo principal pertencem a J.K. Rowling. Possuo apenas as palavras... x)
Já
eram dez anos que se passavam, e ela mal conseguia acreditar. Às
vezes se surpreendia pensando nele e em como ele havia mudado sua
vida e sua maneira de pensar. Tudo e todos pareciam tão
diferentes agora, sem seu olhar especial que fingia não se
importar com nada... Ele havia ido embora, sem ao menos lhe dar uma
explicação e ela até agora tentava juntar o
quebra-cabeça e entender o porquê daquilo.
Tudo
estava acabado há tempos, o mundo estava numa harmonia nunca
antes vista e todos estavam contentes e com suas vidas na direção
de um futuro melhor sem a ameaça da volta de Voldemort. Todos
menos ela, pois seu luto não parecia ter fim.
Ele
havia auxiliado Harry no assassinato do bruxo das trevas mais temido
e odiado da história, surpreendendo o mundo bruxo por
completo. Draco fora perdoado por ter se tornado um comensal, mas por
isso pagara um preço terrível: sua família.
Ela
não sabia como ele se sentia, mas sabia que não era
nada bom. Compartilhava com ele o mesmo pensamento: a perda é
o pior dos sentimentos. Chorava madrugada adentro por não ter
seus cabelos claros para brincar, ou seus braços fortes para
se proteger do frio.
I´m
so tired of being here
Suppressed by all my childish fears
And
if you have to leave
I wish that you would just leave
´Cause
your presence still lingers here
And it won´t leave me
alone...
These
wounds won´t seem to heal
This pain is just too real
There´s
just too much that time cannot erase...
As
mínimas lembranças doíam além do que ela
jamais imaginara possível. Os mais doces momentos agora
pareciam amargos como remédio: cervejas amanteigadas
compartilhadas escondidas dos olhos dos irmãos; noites
chuvosas na Torre de Astronomia; dias ensolarados de inverno, quando
Hogsmeade ficava tão mais agradável e romântica;
a lua, tão prateada quanto seus olhos azulados; e as rosas
brancas! Ah, as rosas brancas! Belas como sua pele alva e seus
cabelos platinados. Todos os seus momentos felizes com ele vinham à
tona, como um grande e romântico filme trouxa, e a deixavam
naquele estado permanente de melancolia.
Resolveu
dar uma volta, ficar em casa só piorava. Porém, não
conseguia sentir algo que há anos a faria se arrepiar dos pés
à cabeça: olhos azuis a observavam atenta e
carinhosamente, desejosos. Andando pelo Beco Diagonal, mais
lembranças vinham à sua mente... Sentia-se assombrada
por sonhos que ela não queria que fossem embora, mas que só
a deixavam pior. Entrando no Três Vassouras, recebeu muitos
olhares conhecidos e muitos sorrisos.
"Por
que não posso ser feliz como todos eles? Não é
possível, já se passou uma década!" –
pensava, tentando fazer com que esse tempo soasse mais longo. Ao
observar Neville e Luna, casados, sentados a uma mesinha no canto,
riu ao lembrar que a Gina que apesar de muito sonhar em tornar-se
Malfoy, continuava Weasley. Às vezes odiava aquele nome, por
não significar mais nada a não ser que era ruiva e irmã
de outros seis. Para ela, um nome poderia significar muito mais, e
era esse significado que ela desejava. Queria de algum modo mostrar a
todos que tinha dono, que seu coração pertencia a um
homem apenas, gritar ao mundo o nome de seu príncipe... Apenas
por ser uma Weasley, teimosa e orgulhosa de sua família, ainda
o era.
When
you cried I´d wipe away all of your tears
When you´d
scream I´d fight away all of your fears
I held your hand
through all of these years
But you still have…
All of me.
Sentou-se em uma mesa perto da janela, à direita do balcão. Com receio de chorar, não pediu uma cerveja amanteigada, apenas um chá com um pouco de leite. Lembrou-se, então, da última tarde que passaram juntos:
"Gina acabara de almoçar quando observou os heróis do mundo bruxo irromperem pelo saguão. Entre eles, seu namorado: Draco Malfoy. Correu em sua direção, abraçando-o forte, e depois fez o mesmo com todos os outros.
-Não
dá pra acreditar no que vocês acabaram de fazer! E o
mais inacreditável é que não me levaram e ainda
fizeram tudo juntos!– disse ela, fingindo birra.
-Ora,
Gina, vamos. O Draco não é tão chato assim, é?
Eu o vejo como um cara legal, se você não acha, aí
o problema pode ser com você.
-Que
graça, Rony! Resolveu tirar uma da minha cara ao invés
de pular no pescoço dele?
-Todos
nós concordamos que estávamos errados sobre o Draco,
Gina. Ele até que é útil nas batalhas, e se
aceitar, acho que a Academia de Aurores seria um bom lugar para ele.
O que acha Draco? – sugeriu Harry, meio contrariado, como se
estivesse lendo um discurso escrito por outra pessoa.
-Eu
não levo muito jeito para a coisa.
-Não
acho que é hora para modéstias... Você até
que serviu para alguma coisa lá! Inclusive para salvar a minha
vida. – insistiu o moreno, depois de um chute de Hermione.
-Se
você acha...
-Muito
bem, tudo resolvido. Agora, vamos falar com Dumbledore, que é
pra isso que estamos aqui. Se você quiser ficar um pouco com a
Gina, nós entenderemos, mas te esperamos no escritório
do diretor.
-Certo
Granger. Obrigado.
Os dois se dirigiram à sala que tantas vezes haviam se encontrado no ano anterior, quando ninguém sabia daquele namoro tão indesejado por várias partes.
-Sentiu
minha falta, loiro insuportável?
-Como
as flores sentem do sol, minha pequena. – e beijou-a intensamente.
Um beijo que era implorado por seus lábios nos últimos
tempos de guerra.
Ela sentia nos abraços apertados e no beijo quase agressivo como ele havia sentido sua falta. Naqueles poucos minutos juntos, ela se sentia mais amada do que durante sua vida inteira. Mas essa alegria durou pouco.
-Tenho
que ver o diretor agora, tá?
-Aaah...
Tem mesmo? – perguntou, manhosa.
-Tenho
sim, Gina. Te vejo no jantar. – ele respondeu, com um enorme
sorriso.
Mas, depois de um último beijo, Gina não viu mais Draco. Nem durante o jantar, nem depois."
You
used to captivate
me
By your resonating life
Now I´m bound by the life you
left behind
Your face it haunts
My once pleasant dreams
Your
voice it chased away
All of the sanity in me…
These
wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's
just too much that time cannot erase…
Gina
acordou do seu sonho mais triste ainda. Essas últimas horas
juntos a atormentavam desde o dia em que aconteceram. Era horrível
se dar conta de que, nessa hora, apenas um afago em seus cabelos,
feito por aqueles dedos compridos, lhe faria subir ao céu.
Apenas um daqueles olhares que pareciam capazes de enxergar até
o fundo da alma era tudo que ela queria.
Era
incrível, e horrível ao mesmo tempo, como todo seu
brilho e alegria pareciam ter ido embora junto com ele naquela manhã
de verão. No dia seguinte, partindo para casa de Hogwarts,
Gina sentia como se estivesse fugindo de qualquer felicidade que ela
poderia alcançar algum dia. Tornara-se curandeira, o que
tomava grande parte do seu tempo e não a deixava pensar muito
sobre todos esses negros anos sem alguém que era tão
essencial.
Ao
devolver pessoas às suas vidas normais, Gina encontrava sua
razão de sobrevivência, o único motivo de se
manter sã e saudável. Às vezes se chateava
quando percebia o como fazia o inferno da vida de seus amigos e
familiares e acabava ficando pior. Ela nunca desejou nada disso,
nunca quis ser tão ligada a Draco. Quando tudo começou,
negava, fugia, fazia de tudo para que não fosse real... Mas
acabou se apaixonando. E agora ela sofria, porque, pelo visto, ele
não era tão ligado a ela.
When
you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream
I'd fight away all of your fears
I held your hand through all of
these years
But you still have…
All of me.
Quando estavam juntos, achava que aquilo tudo era uma bênção, que existia algum plano escrito em algum lugar lá em cima para ela. E ele parecia tão diferente... Tão carinhoso, atencioso, feliz... Com uma personalidade que ninguém nunca vira antes. Isso tudo a fez pensar que ele também a amava, que todo aquele sentimento bom, quente e confortante era recíproco. Mas ele, mais uma vez, a enganou e a provou errada. Uma vez Malfoy, sempre Malfoy, afinal de contas...
I've
tried so hard to tell myself that you're gone
But though you're
still with me
I've been alone all along…
A porta foi aberta por um jovem alto e forte, vestido completamente de preto. Gina não lhe deu muita atenção, entretida em seus pensamentos e conclusões amargas de quem fora abandonada e não queria aceitar o fato. O jovem se dirigiu ao balcão e pediu duas cervejas amanteigadas, voltou-se para a mesa de Gina e se sentou.
-Com
licença, mas eu não preciso de companhia no momento.
-Você
sempre foi meio solitária mesmo... Um dos nossos pontos em
comum.
Ela reconheceu a voz grave e arrastada e se levantou bruscamente da cadeira. Não era possível. Simplesmente não podia ser. Saiu correndo do bar, em direção à estação de trem. Talvez se fosse rápida o bastante conseguiria se provar sã. Mas alguém a puxou forte pelo braço, parando-a no meio da rua.
-Gina!
Não fuja de mim, por favor... Temos muito que conversar, eu...
Eu tenho tanto para explicar!
-Você
não tem o direito! Não depois do que me fez chorar,
rezar, suplicar e implorar às estrelas que não fosse
verdade... Que você voltaria aos meus braços no próximo
amanhecer! - ela gritava exaltada. Chorava inconscientemente e tremia
do choque.
-Tenho
sim! – ele se defendeu ofendido. As palavras de Gina doíam,
mas ele não desistiria. - Depois de passar todos esses anos
sem você e ainda sabendo que estava te fazendo... Te fazendo
sofrer desse jeito. Ah, Gina, você sabe que eu nunca fui muito
bom com palavras, mas eu senti a sua falta, ah, como senti!
-Sentiu
nada! Você provou ser o que eu sempre tentei provar que não
era: um loiro frio, sem coração, que não ama a
ninguém a não ser a si mesmo! Eu fui mesmo uma idiota
ao pensar que algum dia você sentiria algo por mim... Achei que
no meio de um mundo que te fora tão cruel você
precisaria de apoio, de amor... Mas me enganei. Coitadinha da Gina...
Sempre tão inocente! – Gina balbuciou. Sua garganta doía
por tentar, de algum modo, conter a torrente de lágrimas, mas
não estava obtendo sucesso.
Draco sentiu os joelhos vacilarem e as mãos começarem a tremer. Soltou o braço de Gina e colocou as mãos nos bolsos, escondendo os sinais de que começava a se abalar de verdade com tudo aquilo, que começava a se sentir culpado. Como sempre, não se sentia confortável ao expor seus sentimentos. Um Malfoy nunca está vulnerável... Nunca.
-Está
vendo? Você não consegue nem ficar triste na companhia
dos outros. Como pode dizer que sentiu minha falta se você
sempre foi uma pessoa completamente estranha para mim?
-É
assim que eu sou. Não consigo mudar e você sabe disso.
Gina, eu... Ah, mas será que você não entende? É
tão difícil assim de ver?
-O
quê, Malfoy?
Ser chamado pelo sobrenome por alguém que o conhecia tão bem doía demais. Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto pálido de Draco Malfoy pela primeira vez desde a sua infância, quando o pai lhe ensinara que chorar era um sinal de fraqueza. Nesse momento, ele a encarou nos olhos. Com a testa franzida, tentando conter todos aqueles sentimentos e ao mesmo tempo tentando fazer com que ela não o deixasse, Draco a encarou nos olhos castanhos chocolate.
-Eu te amo.
Gina prendeu a respiração. Nunca tinha ouvido aquelas palavras dele, nem para ela nem para ninguém. Manteu o contato visual na tentativa de enxergar algo naqueles olhos que sempre se recusaram a lhe dizer qualquer coisa. Pôde então, pela primeira vez, ver Draco de verdade. Ele a amava, afinal... E tivera um motivo provavelmente importante para partir.
When
you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream
I'd fight away all of your fears
I held your hand through all of
these years
But you still have…
All of me.
-Mas... Por que você partiu, então? Por que teve que me deixar
por tanto tempo? – indagou, aproximando-se devagar.
-Eles
estavam atrás de mim, todos eles. Pela minha traição
a Voldemort. Eu tive que ir, Gina, acredite... Se eu estivesse perto
de você, eles te matariam! Não podia arriscar,
simplesmente não podia... Não você.
-E
agora? Não estão mais atrás de você?
-Eles
foram morrendo ou sendo presos aos poucos... Os últimos foram
assassinados por Harry semana passada. Ele me avisou e disse que tudo
estava seguro para que eu voltasse.
-Ele
sabia?
-Todos
sabiam.
-Então
me fizeram de idiota, foi isso? Eu poderia muito bem guardar segredo
como todos os outros! Por que me fizeram sofrer à toa?
-Não
foi à toa, foi para a sua segurança. Se você
soubesse, tentaria me ver de algum jeito...
-Você
é muito seguro de si, não é? Quem te disse uma
coisa dessas?
Ele revirou os olhos, tirou as mãos dos bolsos e as colocou uma de cada lado do rosto de Gina. Fazendo carinho com um dos polegares, ele a fez sorrir de um jeito meio contido.
-Eu
sou apenas realista. Quem conseguiria resistir a um loiro como eu
solto por aí? É muita tentação para uma
pessoa só.
-HA-HA-HA!
Além de tudo você se acha engraçado.
-Já
disse... Sou apenas realista.
Ele
a envolveu em seus braços e, com um beijo ávido,
conseguiu dizê-la como havia sentido sua falta e como precisava
dela. Mexeu em seus cabelos, sentindo-os entre seus dedos, e sentiu o
perfume doce e delicioso que ela sempre usava. Mas, apenas quando se
separaram e ele pôde ver suas bochechas coradas e seus olhos
brilhantes, conseguiu então sentir que era real. Tudo que ele
esperara durante aqueles horríveis dez anos estava ali, em
seus braços.
Gina
conseguiu respirar calmamente pela primeira vez nos últimos
anos, mesmo que seu coração batesse mais rápido
que nunca. Sentiu suas mãos e pés esquentarem e um
sorriso abrir em sua face como mágica. Seu brilho e alegria
natural voltaram em menos de um segundo e ela entendeu que ele não
era tudo aquilo que ela havia pensado. Que não era insensível,
indiferente e não gostava de fazer as pessoas sofrerem... Pelo
contrário. Era o homem da sua vida.
Depois
daquele dia, nunca mais se separaram. Juntos para sempre, como a lua
e as estrelas.
N/A – Por favor, hein? Read/Review! Essa foi a primeira songfic que eu escrevi na minha vida, completamente reeditada e transformada. Eu acho que está mil vezes melhor do que a original, mas isso quem me dirão são vocês. Obrigada! )
Claire Lukes – 2005
