Casualidades

Prólogo: De Pernas Para o Ar

Por Holy Hunter

Foi como cair de um prédio de centenas de andares quando ela simplesmente me disse que eu seria mãe. Quando Madame Pomfrey disse que eu estava gerando uma vida, no início eu não entendi o que significava. Courtney resmungou algo que entendi como: "Pessoas que só falam em códigos e insistem em deixar a maior partes das pessoas completamente nulas já que elas não entendem absolutamente nada de códigos." Nessa hora eu pensei: Poxa, Madame Pomfrey nunca falou em códigos antes. Sei disso porque eu já passei pela enfermaria muitas vezes. Ela então, continuava a me olhar estranhamente como se eu estivesse fora de foco e não pudesse me ver; os olhos estavam franzidos e os lábios muito pálidos e tremiam. Eu vou morrer, pensei triste. Os enjôos e os desmaios que eu tinha tido nas últimas semanas eram o sintoma de uma doença sem cura.

E de repente tudo ficou claro para mim. Como se alguém estivesse com uma varinha produzindo Lumus Maxima na minha cara e ao mesmo tempo rindo da minha expressão aterrorizada. Eu podia esperar qualquer coisa que fosse daquela tarde de inverno; eu estava preparada para qualquer coisa, menos ser mãe. Quero dizer, eu apenas tenho dezesseis anos e estar grávida justamente nesta idade é...medonho! Courtney estava do meu lado. Aliás, foi dela a idéia de eu voltar a escrever um diário. Ela disse: "É incrível como você ainda está traumatizada pelo o que aconteceu no nosso primeiro ano, Gina."

E eu respondi: "Não é questão de estar traumatizada, Courtney. Eu só não preciso escrever meus segredos em um monte de pergaminhos já que tenho você!"

E então ela respondeu que eu precisava expressar meus sentimentos já que eu nunca contava qualquer coisa para ela. Certo. Eu não conto mesmo, mas tenho um motivo para isso: Não tenho nenhuma novidade para contar. Quero dizer, não tenho namorados para descrever os beijos ou tenho inimigos para descrever meus conflitos.

Tudo bem, até agora eu não tinha motivos para escrever. Eu disse até agora.

Porque quando você descobre que será mãe com minha idade ou quando você percebe que todos os seus planos simplesmente escorrem por suas mãos você realmente tem o que contar. Courtney disse que há duas entre dez bruxas adolescentes que ficam grávidas enquanto freqüentam a escola. E então eu sou uma dessas duas entre milhares que acabou com a própria vida. Eu sou um lixo mesmo!

Estava tudo bem nessa sexta feira: eu não havia o encontrado – não ainda – pelos corredores beijando outra garota que fosse extremamente ingênua como eu mesma fui. Tinha poucas aulas naquele dia e possivelmente Harry falaria dos seus sentimentos para mim. E então aconteceu. Estava andando no meio do corredor com minha mochila nas costas e o vejo agarrando alguma idiota que poderia ser do segundo ano, eu não duvidaria da capacidade dele.

E sabe aqueles momentos em que tudo fica preto e branco e quando os seus pés grudam no chão de uma maneira que você não consegue sair de onde está? Eles ainda estavam se beijando e eu me imaginei no lugar da garota, como eu sempre faço quando o vejo fazendo aquilo. Certo, tento desviar os meus olhos daquela cena, mas eu nem pisco. E então, para completar a minha desgraça ele me olha fixamente antes de soltar a garota daquele abraço apertado.

"Weasley, você devia estar em aula.", murmurou levando a mão até o canto de sua boca e limpando o que imagino ser baba. Baba daquelazinha!

Eu estava abrindo minha boca para retrucar e dizer meia dúzia de grosserias quando eu sinto meu estômago revirar. E não é daquele jeito que eu sempre sentia quando ele me beijava. Era como se eu quisesse botar tudo para fora, sabe?

Vômito em outras palavras. E foi exatamente o que fiz. Ali mesmo: naquele chão de pedra gelada. O olhei de relance e vi a cara de nojo estampada na cara dele.

Limpei minha boca com a manga do meu casaco e sai correndo como uma louca.

Depois disso fiquei remoendo aquele acontecimento durante todo o dia. Courtney resmungou quando eu derramei quase toda a poçãodo caldeirão na aula de Snape e disse que se eu não 'acordasse', chamaria Harry para faze-lo. Claro, Harry poderia me acalmar se eu não estivesse tão irada com aquela cena. Afinal de contas, ele sempre foi o cara dos meus sonhos. Não me entenda mal, eu não sonho mais com príncipes encantados, apenas gostaria de passar o resto da minha vida com ele. Não que eu o ame como já amei um dia. Eu sei que ele me fará feliz e talvez eu esqueça Draco Malfoy de uma vez por todas...ou nem isso. Mas eu sei que estando com ele, vou me sentir bem. E o que mais uma garota como eu poderia querer do que um garoto atencioso que lhe disse muito recentemente que te ama? Certo, ele ainda não disse, mas provavelmente dirá.

Não, eu definitivamente não posso reclamar. Quero dizer, Draco nunca falaria:

'Gina eu amo você'. Porque não é seu gênero dizer essas coisas. E Merlin, como eu gostaria que ele dissesse isso!

A questão é: estou apaixonada por um cara completamente insensível que me usou. E o pior! Estou esperando um filho dele. Quando Courtney e eu ouvimos Madame Pomfrey dizer: "Gina, você está grávida." Eu senti que tudo estava errado. Quero dizer, eu não quero ser uma entre milhares de adolescentes que engravidam e não casam. Não quero desistir da faculdade que pretendo fazer quando meu filho nascer. Não quero ser solteira para o resto da minha vida e não quero ter um filho do principal inimigo da minha família.

"Você não fez esse filho sozinha, Gina. Ele também vai ter que assumi-lo",

Courtney disse exatamente na hora em que pus meus pés para fora da enfermaria.

Naquele momento eu sentia como se meus pés estivessem flutuando no ar, senti como omundo estivesse de cabeça pra baixo. Como se todos as minhas forças estivessem zeradas e realmente estavam: eu ia ter um filho de Draco Malfoy! Eu Virgínia Weasley terei um filho de Draco Malfoy!

E enquanto estou aqui, escrevendo no meu diário, Harry acaba de sair do dormitório masculino e vem vindo na minha direção. Possivelmente quer dizer que me ama, mas quando eu lhe contar que eu estou...bem, grávida, vai dar meia volta e dizer que o que havia dito é uma mentira. Resultado disso tudo? Vou ter um filho de um cara da Sonserina, ser mãe solteira até meus quarenta anos e depois disso morrer por alguma doença já que estarei fora de casa – serei expulsa por papai e mamãe – dormindo na rua com um bebê nos meus braços. E cada minuto que passa, mais sinto meus pés flutuarem como se eu fosse um fantasma que teve sua vida destruída; e o mundo nunca me pareceu tão errado como nesta noite de inverno.

N/A: Antes mesmo que vocês possam se perguntar: Hey, essa fanfic será em primeira pessoa? Bem, talvez se eu não fosse a autora e estivesse lendo eu nem mesmo me perguntaria uma coisa dessas já que está bem óbvio. Mas não. Não será totalmente em primeira pessoa. Quero dizer: Será como qualquer fanfic normal escrita em terceira pessoa, MAS ao longo do capítulo você vai ler alguns trechos do diário de Gina.

Sobre o tema, só achei que fosse interessante escrever sobre isso. Se a idéia que o prólogo passou foi drama, esqueçam. Quero me manter longe deles (sou muito sensível a dramas D/G). É só para mostrar exatamente como ela – uma garota de dezesseis anos – se sente quando descobre que está grávida do ex-namorado. No primeiro capítulo as coisas que não pareceram muito claras vão ser explicadas; relaxem.

Era só isso. Lembrando que essa é a primeira vez que posto uma fanfic minha nesse site. Por favor, Reviews!

Obs: Sem beta. Desculpem os possíveis erros.