Casualidades
Capítulo 9
O Livro dos Sonhos
"Eu acreditava escutar uma vaga harmonia que meu sonho encantava, um sussurro próximo, semelhante, no ar; ao canto entrecortado de uma voz triste e terma."
Ela acordou sentindo alguma coisa roçar no seu pescoço, fazendo-a sentir cócegas. Abriu seus olhos vagamente e sorriu; lá estava ele, debruçado sobre ela, os lábios finos e bem desenhados dele passeando pelas curvas do pescoço.
"Estou sonhando?", ela perguntou zonza, com a voz meio grogue. Draco a encarou parecendo se divertir com a pergunta.
"Se estivesse, eu não estaria só te beijando", respondeu ele malicioso.
"Estaríamos fazendo o que?"
"Quer que eu mostre?", ele perguntou pressionando-a ainda mais com seu corpo.
Ela arregalou seus olhos castanhos, como se importasse que fizessem aquilo àquela hora da manhã. Gina tateou ao seu lado buscando as suas próprias roupas jogadas. Viu seu pijama e não o uniforme escuro de Hogwarts.
"Bem, Draco", ela começou o afastando delicadamente, fazendo com que ele ficasse deitado ao seu lado. Cobriu seu corpo com os lençóis e o olhou, séria. "O que vamos fazer agora?"
"Eu não sei. Mas porque vamos pensar nisso agora?", ele murmurou contrariado.
"Porque temos um problema enorme para resolver e não vou conseguir fazer o que você quer enquanto não conversar com sua mãe."
Ele se levantou bruscamente, sentando-se na cama, ficando de costas para Gina.
"O que tem minha mãe?"
"Vamos dizer que não estou mais grávida."
"Tenho uma idéia melhor.", retrucou ele. "Primeiro, casamos, depois contamos a verdade. É a solução mais simples que existe."
Gina franziu o cenho e levantou-se também, assim como Draco tinha feito e o abraçou por trás. "Realmente é uma boa idéia, Draco.", ela sorriu. "Mas acho que não vai funcionar."
Ele ergueu as sobrancelhas. "Não?"
"Nem um pouco, você sabe."
Ele parou para pensar ou se lembrar.
Narcisa tinha suas maneiras de descobrir qualquer coisa que ele pudesse esconder. Lembrava-se que quando tinha nove, dez anos de idade, ele foi até o escritório do pai para satisfazer uma curiosidade; como aquele lugar era estritamente proibido para qualquer um que não fosse Lúcio e Narcisa Malfoy, Draco ficava fantasiando sobre o lugar, como uma criança saudável faz quando se trata de um assunto proibido.
Ele foi, para encontrar vários livros empoeirados e estava quase indo embora quando notou que havia uma grande garrafa de vinho na escrivaninha. Draco sorriu, achando uma coisa interessante naquele lugar proibido, afinal.
"Draco, deixe me olhar para você", Narcisa o chamou com seu olhar maternal-rígido olhando-o com uma atenção extrema. Draco corou, desviando seus olhos cinzas.
"Mãe, eu quero brincar..."
"Você pode brincar quando quiser, mas agora venha aqui."
E ele foi.
Narcisa espreitou seus olhos e disse friamente: "Abra sua boa, Draco."
Ele abriu relutante.
Sua mãe sorriu, satisfeita por sentir cheiro de álcool e puxou-o pela mão, machucando-o.
"Seu pai não vai gostar nada, nada de saber que você andou indo ao escritório..."
Foi sua primeira surra.
"Vale a pena tentar", ela continuou e Draco notou que ela ainda falava com ele. Forçou um sorriso e afirmou com a cabeça. O que ele poderia fazer?
(D&G)
Narcisa Malfoy tinhas seus longos e louros cabelos caindo como verdadeiras cascatas por suas cortas, devidamente cobertas pelo tecido mais puro: seda. Tal como todos os seus vestidos, aquele fora realmente caro. Afinal, os Malfoy poderia ter perdido o vestígio de antes, mas o dinheiro continuava intacto no Gringotes.
Ela olhou com seus olhos cinzentos em direção ao filho que a olhava sem qualquer sentimento expressado nos olhos. Ela sorriu.
"Estive pensando em guardanapos com desenhos do rosas douradas, o que você acha, Virgínia?"
Gina corou e desviou os olhos castanhos, como se o que estava pensando fosse impróprio. Narcisa clareou a garganta.
"Talvez orquídeas prateadas ou desenho do brasão da nossa família.", continuou analisando os dois jovens. Draco umedeceu a própria boca com a língua, vagarosamente, enquanto Gina tinha seus olhos baixos, como se estivesse incrivelmente interessada nos próprios sapatos.
Então, como se sua paciência estivesse acabada, ela ergueu seus olhos azuis e encarou os dois fixamente.
"Podem contar. AGORA!"
Narcisa pôde ver Gina engolir em seco.
"Hmm...Contar o quê?"
"O que aconteceu para você, Virgínia, a garota mais temperamental que conheço aceitar minhas opiniões sem pestanejar?"
"Talvez eu não seja temperamental", Gina retrucou espremendo seus olhos. "talvez eu esteja...cansada."
"Cansada? A essa hora do dia? Eu prefiro não acreditar nisso...", ela comentou sádica. Gina teve uma louca vontade de pular no pescoço de Draco quando ouviu a risada fria e ao mesmo tempo maliciosa dele.
"Grávidas ficam cansadas.", acrescentou rápido não deixando de sorrir.
"Possivelmente isso acontece, mas no sexto mês em diante. Isso não é desculpa."
Draco pensou por um momento na situação crítica em que se encontravam. Ele achava sinceramente que sua mãe não acreditaria em qualquer mentira dita por eles, entretanto, estariam arriscando muito mais se contassem a verdade. E foi quando lhe ocorreu; talvez Narcisa não se importaria com a verdade já que naquele casamento várias coisas estavam em jogo. Ele avaliou bem. Se não desse certo, não significaria que ele parasse de ver Gina.
"Mãe, podemos conversar?"
Ele sentiu o ar ficar tenso. Olhou de esguelha para Gina e a viu arregalar os olhos, olhando fixamente para ele.
"Claro, querido.", sua mãe respondeu prontamente, com uma ternura que na realidade não existia.
(D&G)
"Eu gostaria de saber", ele começou sentando-se na cadeira frente a sua mãe, assim como ele, sentada. "se você costuma ir à biblioteca da Mansão."
Narcisa tentou entender o porquê da pergunta. E muito além disso, tentou decifrar o olhar do próprio filho. Ela sabia o quão seriamente ele estava falando naquele momento, mas mesmo assim, não lhe passava nem uma remota idéia do que Draco queria falar com ela a sós.
"Querido", ela sibilou espreitando seus olhos. "diga logo e não tente desviar minha atenção."
Mas Draco pareceu ignorar a quase ameaça de Narcisa Malfoy.
"Você se lembra que aqui na Mansão tinham muitos lugares proibidos. Eu mesmo já levei uma surra por entrar no escritório do meu pai. Eu quero saber se a biblioteca também é."
"De certa forma. Mas antes nós não precisávamos ameaça-lo com possíveis castigos. Você era criança demais, não estava absolutamente interessado em livros. Seu pai resolver ocultar a biblioteca."
Ele sorriu.
"Mas eu descobri."
"Sim, você descobriu. É sobre isso que queria perguntar?"
"Na verdade, em parte. Estava querendo saber em especial de um livro de capa prateada.", ele disse sem esperar. Disse as palavras afoitamente, desejando muito saber as respostas paras suas perguntas. "Eu levei Virgínia para conhecer a biblioteca. Você sabe, ela adora livros."
Narcisa deixou um pálido sorriso escapar.
"Imagino."
"Ela se interessou em especial por um. O livro de capa prateada, com duas serpentes cravejadas. Você já o viu?"
"Naturalmente a biblioteca abriga milhares de livros, Draco. Não serei eu que ficarei lá horas a fio vasculhando-os."
"Você quer dizer que não sabe o que estou falando?"
"O que isso importa, Draco?", sua mãe explodiu irritada. "Era sobre isso que queria conversar?"
"Mãe, eu dei o livro para Virgínia, mas ele não tinha chave e estava trancado. E, misteriosamente, aparece uma chave ideal para abri-lo e ela o faz, desmaiando em seguida. Depois disso uma mulher morre, Gina sofre pesadelos e como se não bastasse, tudo o que ela escreve se torna real."
Narcisa ergueu a sobrancelha.
"Sua memória refrescaria se eu lhe mostrasse?"
Ela sorriu sem razão. "Não, Draco. Não precisa.", ela levantou-se da cadeira onde estava e foi até a estando com os mesmos livros empoeirados de anos atrás. Ela foi tateando os dorsos dos livros até parar em um em especial. Draco leu o título meio apagado: "Mitos e Lendas."
"Há muito tempo, um livro foi jogado fora misteriosamente.", Narcisa leu em voz alta. "Muitos pensaram que somente um tolo poderia querer se desfazer de um livro tão belo quanto aquele. De uma capa reluzente e prateada, cravejado por serpentes que brilhavam. Mas foi um único homem que teve coragem de pagá-lo de onde estava esquecido e o levou para casa. O homem era velho, passara dos setenta anos e exibia uma postura arrogante e esnobe. Perguntava-se porquê havia pegado algo tão simples como um livro e ainda mais, livro este que não lhe pertencia. Mas a pergunta foi respondida quando, no dia seguinte em que o recolhera, o velho encontrou a chave perfeita para abrir o livro.
"Muitos pensavam que ele ficara louco; sua própria mulher, já velha, resmungava que o homem passava horas trancado no quarto com o livro consigo, escrevendo nele. Dias depois, ele foi encontrado morto com um peculiar desenho de duas serpente, tais como as que estava cravejadas na capa prateada, no corpo falecido.
"Reza a lenda que, aquele era o livro dos Sonhos; aparecia na vida de pessoas que desejavam muito mais do que poderia ter e, ao escrever em suas pálidas e vazias páginas, o desejo escrito tornar-se-ia real. Mas com ele, uma maldição. Assim como os desejos, os piores medos iriam assombrar a pessoa que possuísse o livro. O medo não se tornaria real, mas tornar-se-ia tão medonho, capaz de levar a pessoa a loucura.
"Não deveria ter escapatória, a pessoa tornar-se-ia doentio, louco por seus próprios medos e sua mente sã ficaria presa ao livro. Entretanto, seu corpo permaneceria intacto, apesar de sem vida e frio.
"Mas a loucura não poderia chegar tão facilmente. A cada desejo realizado, o medo vai se fazendo presente. E a pessoa desejaria cada vez mais e o medo iria cada vez mais atormenta-la. A morte ainda é extremamente misteriosa; mas como a lenda conta, toda pessoa que desejar mais do que se possa ter, mais do que quatro desejos, o destino seria triste e infeliz; a morte e a loucura."
"E o que acontece com o livro depois?", quis saber Draco depois de alguns minutos tentando processar as informações.
"Bem, Lúcio costumava dizer que ia até outra pessoa desafortunada.", ela disse suavemente. "Mas acredito que Virgínia esteja absolutamente bem."
Draco não respondeu. Tudo o que precisava era falar com ela, saber se estava tudo bem.
Narcisa viu seu filho se levantar rapidamente e sair da escrivaninha, deixando-a sozinha com seus pensamentos.
(D&G)
Ela ouviu alguém bater na porta e olhou distraída para o diário aberto na sua frente. Fechou sem demora e dirigiu-se até a porta, abrindo-a em seguida.
"Falou com ela?"
"Falei.", Draco respondeu olhando-a estranhamente. "Eu preciso saber de algumas coisas.", ele disse indo em direção a cama de Gina e sentando-se na cabeceira.
"Qualquer coisa", ela cantarolou feliz.
"Quando eu lhe dei o livro, você teve...hmm...pesadelos ou visões que a atormentaram?"
Ela não respondeu de imediato. Desviou seus olhos e lentamente foi até ele. Sentou ao seu lado.
Draco estava mais bonito que o habitual. Seus cabelos estavam mais longos que o normal, iam um pouco além do término da orelha, chegando ao maxilar definido. E seus olhos...Tão azuis e cinzentos quanto sempre foram. Mas eles estavam diferentes ali. Devia estar acontecendo alguma coisa.
Gina forçou seu cérebro a se lembrar e então Tom invadiu sua mente, com seus lábios frios e sua voz fria. O garoto mais lindo que já vira desde então.
"Sim...", respondeu. "Eu sonhei com Tom...Quero dizer, com Voldemort jovem."
Draco tento sorrir, mas o nervosismo estava invadindo-o pouco a pouco.
"Gina...Quantos desejos você pediu?", e esperou desesperado pela resposta.
"Três desejos.", ela respondeu prontamente. "Porque?"
Draco pôde sorrir aliviado.
"É uma longa história, Weasley."
(D&G)
Quarto do Draco (Mansão Malfoy):
Se eu pudesse descrever o que aconteceu nos últimos três dias depois da última vez que escrevi no livro dos sonhos, eu escreveria uma única palavra: loucura!
Draco me contou que o livro em que eu inocentemente escrevi duas vezes era amaldiçoado e eu senti um pânico me contaminar.
"Relaxa", ele disse pondo seu braço em torno do meu ombro. "A pessoa só morre se escrever quatro desejos.", ele disse. E eu digo, como alguém pode ser tão frio?
Só morre. Como se isso fosse pouco.
"Lembra da mulher que morreu com uma marca de serpentes? Ela tinha possuído o livro antes, como você fez e pedia três desejos. Naturalmente você não vai ter o mesmo fim."
Eu o olhei, indignada. "Como você pode ter tanta certeza, Draco?"
"A pessoa morre quando pede muito mais do que pode ter. Você não deve ter pedido ouro porque sua família continua pobre. Aliás, o que você pediu?"
E eu corei, claro. Se ele soubesse...
"Primeiro pedi que tudo pudesse voltar ao normal. Você sabe. Nós em Hogwarts, sem filhos herdeiros e casamentos arranjados. Eu pensava que você estava realmente levando a sério aquela antiga promessa, lembra? Que você poderia ter quem quisesse e eu idem."
Ele não sorriu. Mas eu não esperava que Draco sorrisse.
"E o segundo?"
Revirei os olhos. "Não é óbvio?"
Draco fez um muxoxo, impaciente. Decidi que se eu falasse o que eu havia desejado, ele se tocaria do que já estava bem óbvio.
"Pedi que nada que tinha acontecido entre nós fosse esquecido. Que tudo voltasse a ser como antes, eu grávida, nós noivos, morando na Mansão."
Ele franziu a testa.
"Como assim 'eu grávida'?"
"Que parte você não entendeu, Draco?"
"Bem, a parte em que este desejo não se realizou totalmente.", ele respondeu irritado, levantando-se da cama. "O que foi? Vai me dizer que você está grávida e mentiu para mim?"
"Na verdade eu não estou mais. Quando eu acordei, eu percebi que eu...", corei. Como se o meu ciclo menstrual fosse da conta dele...
"Então porque esse desejo não se realizou?", ele perguntou?
"Não sei. Talvez o acaso, quem pode saber?"
Draco ainda me olhou carrancudo e eu me esforcei para não rir.
"Draco, nós vamos casar mesmo assim, não vamos? Certamente atos sexuais não vão faltar. Eu engravido de novo."
Ele fez uma careta.
"E quem disse que eu me importo?"
Mas eu sabia que ele se importava. Podia ver nos olhos azuis, na tempestade que se passava dentro daquele mar cinzento. Eu sabia que ele se importava e me amava. Eu sentia o amor através dos beijos, dos olhares, do calor que aquele corpo me fazia aquecer. Eu sabia que não morreria porque tinha desejado algo que eu realmente poderia ter e já o tinha, escondido nas expressões frias e arrogantes. E ele sorria, onde quer que estivesse, sorria para mim.
E sinceramente, o sentimento é recíproco.
Quarto do Draco, Mansão Malfoy:
"Ora, ninguém precisa ficar sabendo que você não está mais grávida, Virgínia.", Narcisa disse como se isso fosse lógico e normal. E, muito estranhamente, percebi que aquelas eram as palavras que eu mais queria ouvir.
Faz quatro dias que Draco me contou sobre o livro dos sonhos e esta noite, um pouco depois de um jantar completamente indigerível, Draco me puxou pela mãe e disse:
"Vamos dar uma volta. Pega seu casaco e o livro."
Eu o olhei estranhando.
"Porque?"
Draco revirou seus olhos. "Está frio."
Ele tinha entendido minha pergunta, mas, conhecendo Draco Malfoy como eu conheço, ele fez isso de propósito. Dava para ver no sorrisinho divertido estampado nos lábios dele.
Quando voltei, ele já estava me esperando com o casaco sobre os ombros, seu olhar repousado em mim.
"O que você está planejando?"
"Uma vida.", ele respondeu rápido. "Sem sonhos, sem livros idiotas. Só você e eu. O que você acha?"
Sorri, de modo tão tolo que me senti ridícula.
"Perfeito.", murmurei feliz. VERDADEIRAMENTE feliz.
Caminhamos até os jardins, aqueles com as rosas brancas. Ele se sentou no banco de pedra e eu me sentei ao seu lado. Draco me olhou tão intensamente que achei que ele fosse me beijar, ali mesmo, naquele jardim encantado para iluminar nós dois com o fraco luar. Mas ele não me beijou. Ao invés disso, pegou o livro das minhas mãos.
"Esses últimos dias foram uma loucura, você não acha?", ele disse do nada, quebrando o silêncio.
"Eu nunca imaginei que pudesse sofrer tanto e ao mesmo ser tão feliz.", eu comentei. Draco se aproximou um pouco mais roçando seu nariz na minha bochecha.
"Eu passaria por tudo isso outra vez. Só se você estivesse comigo, claro.", ele acrescentou rápido, ainda bem próximo de mim. "Só assim valeria a pena."
E se o livro não tivesse uma maldição, eu desejaria que aquela cena ficasse paralisada para sempre, a pele dele tocando a minha. Sem perceber, levei minha mão até a dele e rocei no livro dos sonhos. Eu me afastei para olha-lo.
"Porque queria eu trouxesse o livro?", perguntei deixando de sorrir por um momento.
Ele não respondeu, mas vasculhou os bolsos das suas vestes até encontrar sua varinha. Ele murmurou algumas palavras que não ficaram gravadas na minha memória, certamente eu tinha razões mais fortes para focalizar toda minha atenção no livro que começou a flutuar indo longe para um lugar que tivesse...
Água.
Eu ouvi não tão forte, um barulho de algo caindo na água. Eu o olhei interrogativamente.
"O que você fez?"
"Alguém tinha que dar um fim naquela palhaçada, certo?", ele deu de ombros. "É melhor ele ficar bem longe, milhas e milhas da Mansão."
"Não sabia que perto das propriedades existia um lago."
"É propriedade trouxa", ele respondeu. "Bastante poluído, devo dizer. Acho que ninguém teria coragem de mergulhar nele."
Olhei para o céu. Ele estava escuro, pontilhado por estrelas brilhantes. Eu sabia que no dia seguinte seria um lindo dia de sol. E alguma coisa dentro do mim vibrava. Eu queria estar sempre, sempre ali, perto dele, toca-lo, senti-lo...
"Obrigada", sussurrei. "Por me salvar mais uma vez."
"Não me lembro de ter lhe salvado da primeira vez...", ele ia dizer algo, mas eu o calei. Com os meus lábios, devo dizer.
Ele não se afastou, pelo contrário. Deixou que eu intensificasse ainda mais aquele beijo.
"Você está sempre me salvando, Draco. Mesmo que não perceba.", eu disse depois de me afastar. Fitei aqueles olhos. Eles seriam meus sempre, mesmo que o amanhã não chegasse, se o mundo acabasse.
(D&G)
Draco não conseguia dormir. Alguma coisa parecia fazer com que ele mantivesse seus olhos abertos naquela noite. Não fazia frio, ao contrário. O dia seria ensolarado o que era inaceitável quando estavam em meados de Janeiro. Mas o tempo parecia estar maluco, tal como ele naquela noite.
Ela disse: "Eu amo você", ele desviou seus olhos por um momento.
Com pesar, mesmo que não deixasse esse pesar aparecer em sua voz, ele disse tentando ser frio.
"Então é melhor agente terminar. Você sabia que eu não queria me envolver."
O que significava aquelas palavras ditas há tanto tempo? Ele não queria se envolver, e julgava não estar envolvido, mas se fosse assim, porque sentia pesar em deixa-la?
Draco balançou a cabeça.
Não sabia porque estava lembrando de coisas tão antigas, tudo parecia estar resolvido.
Mas faltava alguma coisa...
Levantou-se da cama e saiu do quarto tentando não fazer barulho. Decidiria o que fazer – ou o que pensar – no dia seguinte, quando a encontrasse. Ele sabia que bastaria olhar nos olhos castanhos e as sardas que pontilhavam o rosto pálido da garota. E vê-la, toda a confusão e incerteza iria ir embora. Porque ele precisava acreditar nisso.
Seus pés andavam sem que ele percebesse, caminhavam até a cozinha que estava totalmente escura. Ele pegou a varinha e murmurou "Lumus", olhando distraidamente para o aposento. Não havia um único elfo-doméstico acordado, mas a cozinha brilhava espetacularmente em limpeza.
Mas não foi a mesa ilustrada que chamou sua atenção e sim o que estava em cima dela, tomando um grande copo de leite puro. Ele sorriu quase que instintivamente.
Gina balançava seus pés que estavam cruzados, parecia tão absorvida na sua 'tarefa' que não notou o olhar fixo.
Ele percebeu que o lábio superior estava sujo de leite. Ela parecia tão inocente, tão pura naquele momento.
E então ele descobriu.
Amor?, pensou confuso. Esse sentimento é tolo...Qualquer um que ame é fraco.
Mas ele sabia que não era verdade porque cada vez que estava com ela, ele sentia-se forte. E o tão familiar sentimento terno que queimava...
Não resistiu, quando percebeu, ela já o olhava nos olhos, olhos arregalados.
Ele disse sem se conter, como se as palavras estivessem sufocando-o, ele disse numa voz melodiosa:
"Eu amo você."
N/A: Essa última parte foi a que eu havia prometido. Vocês sabem, Draco dizendo "Eu amo você", como se precisasse deixar claro...Realmente, a mais linda cena que eu já escrevi em Casualidades, creio eu. (Enxuga os olhos)
Bem, Casualidades terminando! Eu não consigo acreditar! Só falta o epílogo e estamos finalizando!
E se me permitem acrescentar, para que não entendeu, aquela parte em itálico na última parte, descrevia o término do namoro deles, há muito tempo atrás. Alguém me disse: Cara, você começou a fic pela metade! E só agora eu notei que é verdade. Bem, nesse caso eu prometo. Quando terminar Casualidades, eu vou fazer uma short contando apenas em diálogos como o namoro começou e terminou.
É isso...Obrigada para aqueles que comentaram:
Lou Malfoy, Fioccos, Rute Riddle, Miaka, Amélia das Flores, Nina Black Lupin, Tamih Weasley Malfoy, Anita Joyce Belice, Lith, Srta Weasley Malfoy, Rita'Weasley e Cristina Melx!
Realmente, valeu pelo apoio constante!
Próximo capítulo será o epílogo, não deixem de revisar porque sem reviews, sem epílogo, certo?
P.S.: Quem betou foi Angelina, obrigada, querida. E quando a minha MARACUJA, querida, eu não posto o epílogo enquanto você não aparecer e BETAR!
