Gente, quanta review deliciosa !!!
Serim - Eu não acho o Remus aquele "bom moço" que todo mundo gosta de retratar. Ele era um maroto - aliás acho que o cérebro deles, diga-se de passagem - atormentado por quarenta anos de transformação interna e humilhação externa, ele tinha de tornar-se forte, muito forte, como diz o Nietzche. Ah, querida, nesse capítulo aqui vc verá que o Severus teve ciúmes de bobeira, né ? O Remus estava tentando dizer Severus, e não Sirius... J
Paula Lirio - também adorei quando essa frase saiu, Paula. Eles são fortes, muito, muito fortes. Suas convicções não seriam menos, como não é seu amor. Espero que não largue do meu pé, e espero que goste do cuidado do Severus com o Remus a partir de agora. J
Teen-girl - obrigada, querida ! Você sabe como sua opinião é importante para mim, mas menos, menos...sinto saudades de conversar contigo, como estão as terras d´alem mar ? J
Ptyxx
- os corações estão entrelaçados,
preciosa amiga, como as vozes não estariam ? Ô, menina
carinhosa ! Obrigada, linda, menos, menos... :)
Eu vejo o mundo
bruxo algo tão próximo de teatro nô, sabia ?
Máscaras não são apenas os comensais que usam,
aliás acho que eles usam as mais visíveis, apenas.
Todos se escondem atrás do que os outros acham que eles
deveriam ser : Harry é um "impávido colosso",
quando na verdade é um adolescente desestruturado e mal-amado;
Draco vive a máscara social que o mandaram vestir, e quando a
tira, o que sobra do Dragãozinho ? só fumaça...
e por aí vai.
Vivem socialmente, e morrem brutalmente.
Sozinhos e de cara nua.
Morticia Sheldon - rindo aqui não sei não, Morticia, mas "algo" - leia-se o próximo capítulo - me diz que a classificação dessa fic vai ter que ser mudada...
Miluzinha - Que coisa mais boa que vc gostou do meu Snape ! Ele é uma fera, talvez até maior que o Lupin... vamos aguardar, que mais não falo. J
Marck Evans - olha quem vem falar em poesia ! O amado autor de Quatro Estações !!! Ah, Marck, eu acho necessário mostrar que a aparência de forte de todos esses personagens aí é só máscara, mesmo. São seres que amam : amam errado, amam torto, amam esquisito... mas amam. E qualquer maneira de amor vale a pena, como diz nosso querido Milton. E aqui nesse capítulo a primeira angústia do Severus para alisar as costas do Remus... haja nervoso, parecem dois adolescentes ! rs
Momoni - é, querida, você realmente pegou na veia : ser lobisomem é ser inferior, para a maioria dos demais bruxos ele deixou de ser gente para ser uma coisa infecta. E continua sendo nosso doce Remus. E o Severus... ah, esse é um ator fantástico. "Finge estar sentindo a dor que deveras sente". Como eles vão se entender ? Com alguma ajuda, porque esses dois travadões aí... só com ajuda externa. O Lobo já se manifestou J
Elisa Moony - Calma, Elisa... "ser lento é ser preciso". O ritmo deles é totalmente diferente mesmo, de Sirius e Remus : Sirius e Remus cresceram juntos, unidos... Snape era apenas o esquisito da casa ao lado. E para abrir o peito a novas emoções que escondeu a vida toda, tem que ser de outro jeito. Que bom que vc é outra adoradora do shipper, eu os acho simplesmente fantásticos juntos. E se você pensar bem, mesmo, eles não são tão diferentes assim. São ambos outsiders.
Karla Malfoy - obrigada pelo elogio maravilhoso, Karla, outra exagerada essa menina! e aqui está a continuação. Espero que esteja do seu agrado. J
xoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxox
Verso e Reverso
Remus. Durante todo o tempo, ele me chamou de Remus. E a angústia misturada com aquele ódio destilado que eu sentia na voz dele não era dirigida a mim. Era dirigida ao mundo todo, a todos e a ninguém em particular, menos a mim. Sim, eu senti isso. Quando ele me tocou, procurando meus machucados, eu quase quis ter mais, muitos, muitos mais. Só para ele continuar me tocando.
E quando eu reconheci ( no meio da minha luta interna com o Lobo, e que já durava horas ) o acento daquela voz tão querida e tão desejada ficando cada vez mais e mais próxima, firme e segura, eu criei coragem e comecei a me mexer... soube que não era somente produto de minha mente exausta quando senti as mãos seguras dele percorrendo meu corpo, tocando meu braço dolorido, enquanto ele falava toda espécie de sandices sobre onde estávamos. Foi quando eu tentei chamá-lo, avisá-lo para se afastar e não consegui : ele achou que eu estava chamando o Sirius... ah, como eu queria desfazer o engano, como eu queria falar, explicar, como eu queria... e não conseguia fazer nada, meu corpo inteiro não me obedecia, e - o mal maior! - minha língua não soltava mais nenhum som inteligível. Culpa só minha. Ou melhor, culpa do Lobo. Eu só conseguia gemer de lábios firmemente cerrados, de medo que, se abrisse a boca ele voltasse a uivar como tinha feito durante a noite. Ainda faltavam duas noites, e a fera já tinha tomado conta de mim... eu não queria que ninguém soubesse, eu não podia permitir que ninguém soubesse ! Mordi minha língua até que não conseguisse mais soltar som nenhum. Ele não venceria, pelo menos não hoje. Eu já tinha passado outras Luas Azuis antes, mas esta estava sendo muito difícil. O Lobo estava forte demais, ou eu estava fraco demais. Ou ambos.
E depois, tantos cuidados, tanta presença, e sempre Remus. Todo o tempo, Remus... onde ficou aquele gélido Lupin com acento asmático que ele dizia com um franzir de sobrancelhas ? Mal o reconhecia ali, agitado e resmungando, ora falando comigo, ora falando com sua legião de botões, até me acomodar no sofá, e me olhar nos olhos como se querendo perscrutar minha alma, talvez não querendo achar o Lobo. Ele conjurou uma bacia com água e - por Merlin, que água gelada! - colocou um pano na minha testa. Senti-me uma criança com febre sendo cuidada por uma mãe super-protetora, e esse pensamento me arrancou um sorriso dos lábios. Droga! Está tudo doendo tanto. Mas pelo menos o Lobo se aquietou um pouco com isso.
- Doeu ?
- Hum.
- Quer que eu tire ?
- Hum.
- Hum é não, certo ?
- Hum-hum.
Eu fecho os olhos um pouco para tentar me concentrar melhor, focalizar a atenção e não perder a consciência de novo. Minha cabeça parece o martelo de Vulcano criando novos dardos para o Zeus enfurecido e impaciente que é a minha metade lupina.
- Abra a boca. Remus, escute. Maldição, fique acordado e ABRA A BOCA !
Até quando ele solta esse monte de bobagens eu me fixo na voz dele : mesmo com olhos fechados eu fico mais e mais tranqüilo, vou me acalmando devagar. Mesmo apesar da dor persistente, mesmo ainda sentindo-me fora do espaço.
E de tempos em tempos, quando me sinto melhor, eu abro os olhos e me perco de paixão nas sombras inescrutáveis que são os olhos do meu sonserino. Meu. Porque ele vai ser meu. Eu não vou morrer sem tê-lo, nem ele a mim. E sinto um arrepio que nem quero pensar em classificar ao reconhecer nessas últimas frases a aguçada mente do Lobo. Que também é a minha. Lua Azul, lua azul...
Fawkes veio e me curou, o bom e sábio Theodorus veio e me examinou, também. Ele me olhou daquele jeito quieto dele, fez algumas piadinhas que a idade ainda lhe deixa soltar, e me disse para que eu me permitisse ser cuidado. Que eu merecia isso.
Fiquei pensando muito nessa última frase dele, enquanto tentava me ajeitar melhor naquele velho sofá ostentoso porém desconfortável. Herança Black, como tudo à nossa volta. Herança dos Black.
Xoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxo
Levitei - sob resmungos e protestos, claro - para o meu quarto um lobisomem mais lúcido que eu esperava; enquanto imaginava como iria acompanhá-lo durante toda a próxima semana sem que a Ordem inteira viesse ter comigo em particular (obviamente achando que eu era caso para a cama ao lado de Lockhart no Saint Mungus), em outro pedaço do meu cérebro eu repassava o que sabia sobre Conius.
Mas eu ou faria, por todos os seres vis do mais profundo recanto da Terra, eu o faria, e NADA me impediria !)
E isso não era muito.
O velhote medibruxo tinha subido bastante no meu conceito, apesar de tudo, e aquela aparente palhaçada final com o Remus me mostrara que ele sabia, e sabia muito bem o que estava fazendo : Remus estava bem, mas decidiu precaver-se, prescrevendo algo tão insólito quanto uma pasta de Conius na coluna vertebral inteira. Ainda mais comigo, o morcegão seboso anti-social da Ordem como aplicador oficial. Mas como EU iria dizer ao Remus que iria tirar as vestes dele e fazer uma massagem nas suas costas ? Inferno Sangrento, era mais fácil enfrentar o Lord das Trevas nos seus dias mais azedos do que fazer aquilo. O jeito era ser antipático.
- Respire fundo, eu vou virar você.
- Hum ?
- O medibruxo mandou eu cuidar da sua coluna.
- Couna ?
- Sim, ele quer que eu tenha especial cuidado com sua coluna. Receitou uma pasta de Conius.
- Onus ?
- Maldição, Lupin, aquele velhote não olhou que sua língua ainda não estava boa ? Conius, sim, sua concussão foi séria, e sua queda também.
- Emora. Pa falar aina é uim. Ai meora ogo.
- Então, não fale, só respire fundo enquanto eu tiro suas vestes.
- Hein ?
Tirar minhas vestes ? Merlin, isso está cada vez mais difícil de agüentar ! Não posso olhar nos olhos dele, não, não posso.
- Por todos os trolls da Irlanda, Lupin, como você pensa que eu vá passar isso aqui nas suas costas sem tirar as vestes ?
Morgana, Senhora das Fadas, dê um pouco de juízo na cabeça desse lobisomem tímido ! Eu não quero nada, quer dizer, eu quero, mas não agora. Agora não dá.
- Evero... o obo. Muito forte. Quer sair. Hoje. Aora.
- Merlin, dai-me paciência com esse grifinório cabeça-dura ! Lupin, são quase oito horas da manhã, é DIA ! O Lobo...
- Lua Azul, evero... Forte. Di dia amem.
- E qual o problema com o Lobo se eu for passar um preparado nas suas costas ?
Eu gostaria de não estar tão exasperado - até comecei a chamá-lo de novo de Lupin, pela Deusa! - mas minha natureza é mais forte que eu : ele está fraco, está difícil de se comunicar, mas eu não entendo ou não quero entender o que está acontecendo, e continuo falando e falando... Só quando finalmente paro para respirar e conseguir alento é que consigo olhar nos olhos dele. E enxergo que é a fera que está me vendo. E compreendo.
- Remus... é preciso passar isso em você. Sem cuidados intensivos você pode ter convulsões, e se você perder o controle é aí que não vamos mesmo conseguir segurar o Lobo. E você precisa permitir-se ser cuidado, nem que seja por mim.
Permitir-me ser cuidado. As palavras conseguem entrar em meu cérebro quase convulsionado, e eu tento respirar mais e mais profundamente, para segurar a fera dentro de mim. Solto impotente as mãos que nem tinha percebido agarrando o colchão, e num suspiro mais profundo entrego meu corpo às mãos do Mestre de Poções de Voldemort. Que ele faça o que é preciso ser feito comigo. Porque eu não consigo mais pensar.
Nem reagir. Merlin, proteja-me de mim mesmo, pois eu não consigo mais.
Xoxoxoxoxoxoxoxoxoxo
