CAPÍTULO 2
Sinais do pesadelo, início do sonho
– É o que eu sempre digo! Bruxos novatos só fazem bobagens! Bem que eu te avisei, Trypes, para que não contratasse aquele incompetente. Tamanho não significa cérebro. Tamanho não significa habilidade para manejar os pratos!
– Desculpe, chefe, na próxima tomarei mais cuidado...
– Espero que sim. Onde está aquele monte de bosta de dragão?
– Estou aqui.
Ele entrou na cozinha do pub. Estivera colado à porta durante toda a conversa, ouvindo os berros do patrão, dono do estabelecimento. Entrou com o seu andar meio de lado, balançando seu corpo gigantesco, com a cabeça baixa em sinal de respeito.
– Deixe-me a sós com o incompetente, Trypes.
– Sim, Sr. Firth.
Trypes saiu da cozinha, tropeçando nos próprios pés, deixando o Sr. Firth com o empregado atrapalhado.
– TRINTA PRATOS! NUM ÚNICO DIA. SERÁ QUE NÃO LHE ENSINARAM MAGIA? COMO VOCÊ É ESTÚPIDO, MAGNUS. UM JOVEM TOLO DE DEZOITO ANOS. SÓ TEM TAMANHO. IGNORANTE! NÃO SABE MANEJAR UMA VARINHA NEM PARA LEVITAR PRATOS.
Magnus levantou a cabeça lentamente, encarando o bigodudo que gritava.
– Eu sei manejar uma varinha – respondeu, com a sua voz rouca.
– Ah sabe! – Firth gargalhou alto. – Se um simples feitiço de levitação saiu uma porcaria, já posso imaginar o que você sabe fazer.
– Acides corporus.
– O que disse? – Firth franziu a testa.
-Acides corporus – repetiu Magnus.
– Está vendo como não sabe de nada? – Firth deu uma risadinha. – Não adianta tentar me enganar. Eu estudei bem, e sei que não existe nenhum feitiço como esse Acides outra coisa...
– Existe sim.
– Ah é, e o que ele faz?
– Derrete o corpo do oponente – a expressão de Magnus se transformou de submissa para ameaçadora. Um sorriso frio surgiu em seus lábios. – Como ácido.
Firth notou a mudança de expressão e como a voz rouca de Magnus tornou-se ameaçadora, mas ignorou o fato e riu novamente.
– Não seja ridículo. Agora suma da minha frente, você está despedido...
Magnus não se moveu. Puxou a varinha do bolso, e a ergueu. Firth arregalou os olhos, mas tentou demonstrar calma e segurança.
– Está tentando me assustar?
– Sim. É tão bom ver o medo – falou Magnus com um sorriso enviesado. Apontou a varinha para Firth. – Agora você vai ver se esse feitiço existe ou não. Acides corporus!
O feitiço voou para o dono do pub, acertando-o em cheio. Assim que o feitiço o atingiu, o derretimento iniciou-se. Firth gritou, envolto numa névoa esverdeada. Seu rosto ardeu, enquanto derretia-se. Toda a sua pele, no meio do ardor, tornou-se líquida. Ele berrou, aquilo queimou suas terminações nervosas. O som das risadas roucas foi o último som que ele ouviu.
Magnus observou tudo com especial atenção, analisando o bruxo que derretia. A cabeça, os braços, os ombros, tudo se fundia com o ácido. A carne toda se derreteu, até sobrar apenas os ossos. Fumegava, o que Magnus observou com grande prazer.
Ele guardou a varinha e, tranqüilamente, foi embora pela porta dos fundos.
Harry e Gina estavam muito felizes com a vida de casados. Os dois se davam muito bem, e nem ao menos havia discussões.
A paixão de Harry e Gina não deixava brechas para que os desentendimentos entrassem. Eles estavam demasiado felizes por viverem juntos.
E a vida os pegou de surpresa. Uma surpresa que pegou o jovem casal em início de casamento.
Após enjôos, tonturas e vários sintomas, o casal correu ao curandeiro, e ele diagnosticou algo que eles não esperavam, mas que foi recebido com muita alegria.
Gina Weasley estava grávida.
Harry beijou a barriga da esposa e os dois se abraçaram, emocionados.
SETE MESES DEPOIS...
O parto de Gina ocorreu na Maternidade Morgana Style, a mais eficiente das maternidades bruxas. Harry estava no treinamento, e não houve tempo de avisa-lo.
– Ela vai ficar bem? – perguntou a Sra Weasley para um dos bruxos enfermeiros que iria fazer o parto de Gina.
– Acredito que sim. O parto terá que ser realizado com urgência. Afinal, é prematuro.
O enfermeiro fechou a porta atrás de si, deixando a assustada Sra Weasley encarando a placa da porta:
SALA DE PARTO. EXISTE BRUXO NASCENDO. SE INCOMODAR, VAI TER UM MORRENDO.
Agoniada, ela andava de um lado para o outro do corredor. Logo chegou Harry, acompanhado por Arthur e Rony.
– Como ela está? – foi a primeira pergunta que o ansioso Harry fez a sogra.
– Mais ou menos... Afinal, ainda não era a hora...
– Não entendo! – falou Harry, esmurrando a parede. – Tudo estava normal na gestação... Por que um parto prematuro?
– Eu acho que sei porque – disse a Sra Weasley, olhando para o genro. – Quero dizer, não entendi direito... Ela estava deitada, acho que teve um pesadelo. O susto pode ter antecipado o parto.
– Pesadelo?
– Sim... Mas foi bobagem. Uma bobagem que, infelizmente, culminou nisso... Uma bobagem, ela acordou gritando muito. Eu tentei perguntar sobre o sonho, mas foi daqueles que a gente nem lembra ao acordar, só fica marcado pelo coração acelerado e pelo suor... Mas, ao acordar, ela gritou algo sobre uma fruta...
– Linda, linda – suspirou Harry, acariciando a cabeça do bebê.
Os dois tinham acabado de chegar em casa com a menina. O quarto de Estelle ganhara um papel de parede rosa, que foi providenciado logo que o sexo do bebê foi confirmado. Gina a colocou no berço. A garotinha estava toda encolhida, com os olhinhos fechados.
– O melhor é que é uma mistura de nós dois. Uma mistura perfeita! Os cabelos ruivos, a pele pálida igual a nossa e os olhos azuis.
A menina recebeu o nome de Estelle Weasley Potter. Estelle foi idéia de Gina, pois era o nome da esposa de um Ministro da Magia muito antigo. Ela fora uma das bruxas mais lindas da época medieval, e uma das mais solidárias.
Naquela noite, no berço, a pequenina Estelle demonstrou que não estava com a mínima vontade de dormir. Mexia os braços e as perninhas sob o macacão rosa, e olhava curiosa para os pais, que a observavam. Gina passou a mão pela testa.
– Estou me considerando uma desastrada! Estou fracassando no meu primeiro dia cuidando dela. Veja! Ainda não fiz o que ela quer. Olhe só a agitação! O pior é saber o que ela quer, sendo que não pode falar!
– Gina, fique calma – falou Harry. – Você está fazendo tudo certo. Ela só está um pouco agitada. Precisa de um estímulo para dormir.
– Um estímulo? O que, por exemplo? Contar contos de bruxas?
– Não. Ela não entende contos ou histórias... Tudo o que ela entende é o que vê, ou o que escuta em forma de música.
– Pelo que vejo, você está mais por dentro do assunto bebês do que eu – sorriu Gina. – Então... Apresente-me um estímulo para ela dormir.
Harry abriu uma gaveta da cômoda de Estelle e tirou de dentro uma caixa de madeira de tamanho pequeno, com inscrições douradas ao redor. Parou ao lado de Gina e de frente ao berço, e abriu lentamente o objeto, enquanto explicava:
– Trata-se do método mais simples para adormecer bebês.
O objeto abriu-se totalmente. Era uma caixa de música. Assim que foi totalmente aberta dois bonecos enfeitiçados começaram a dançar; uma bailarina e um soldado de chumbo. Uma música acompanhava a dança dos bonecos. Uma música de ninar, lenta, suave...
Gina estremeceu e arregalou os olhos. A música de ninar...
Expresso de Hogwarts... Cabine... Caixinha de música de Luna Lovegood... Mesma música... Canção de ninar...
Harry estava entretido em observar a filha ficar sonolenta, e nem observou a reação instantânea de Gina quando a música começou a soar. A caixinha continuava aberta na mão dele.
Gina, aterrorizada, olhou para a filha, que começava a fechar os olhos lentamente. Outra lembrança do Expresso, daquele mesmo dia da canção de ninar, antes da canção de ninar, o que fizera a canção da caixa de música de Luna tornar-se uma canção funesta...
O pesadelo... Bebê chorava... Alto, choro de desespero... Depois, canção de ninar...
Bebê chorando, agora ali havia um bebê, Estelle Weasley Potter, e a canção de ninar, lenta, sonolenta, soando seus acordes, bebê, caixinha de música, canção de ninar, choro de bebê, a música soa, ali há um bebê, no pesadelo havia um em desespero, e a mesma canção de ninar soa, aguda, terrível, bebê chora, canção soa...
– NÃO! – berrou Gina, atormentada, tomando a caixinha da mão de Harry, e arremessando-a com ímpeto na parede. A caixinha se espatifou com forte estrondo e o ruído de cacos se despedaçando, separando os bonecos enfeitiçados.
Harry, assustado, pego de surpresa, foi até a mulher. A canção de ninar continuou a tocar. Estelle, assustada com o forte ruído do objeto ao ser quebrado, começou a chorar.
Gina começou a se descabelar, em desespero. Agora tudo estava completo. A canção misturada com o choro de agonia... O choro, a canção, misturados, como no trem. Seguidos um do outro, a canção de ninar, o choro de bebê...
Gina começou a pisotear o que sobrara da caixinha. Pisoteou com toda a força, enquanto gritava:
– PARE COM ISSO, PARE, PARE, ME DEIXE EM PAZ!
Pisoteou, quebrando os bonecos, esvoaçando cacos, tentando fazer com que o dueto maligno entre choro e música de ninar se encerrasse... Despejava sua fúria ali, em meio às lágrimas...
A música finalmente cessou, deixando o choro de desespero em apresentação solo. Gina, ofegante, ainda em pânico, encostou-se na parede, tapando os ouvidos, tentando abafar o choro.
Harry, pasmo, sem compreender, aproximou-se dela, e a chacoalhou, tentando liberta-la do surto. O rosto de Gina levantou-se, e ele vislumbrou, entre o cabelo arrepiado que cobria o rosto dela, os olhos inchados de lágrimas, transtornados, de um modo como ele nunca vira antes.
– Gina... Por que tudo isso? O que você...?
– DEIXE-ME EM PAZ! – gritou ela. – EU SÓ NÃO QUERO OUVIR! CANÇÃO DE NINAR, CHORO, NÃO QUERO...
– Como assim, eu não...
– DEIXE-ME EM PAZ! – vociferou ela, pulando os restos da caixinha de música, abrindo a porta do quarto e a batendo furiosamente.
Harry passou a mão pela testa, sem entender. Por que aquela reação de Gina? Por que destruir a caixa de música? Por causa da canção de ninar? Como algo tão fútil causara aquilo tudo?
Estelle continuava chorando, e ele a pegou no colo, balançando o corpinho dela lentamente, tentando acalma-la. Após um tempo, ele conseguiu fazer com que ela adormecesse. Depositou-a com cuidado no berço.
Antes de sair do quarto, olhou para os restos da caixinha esmigalhada. Por mais que pensasse, não podia compreender... Ainda olhando para os escombros, apagou a luz e fechou a porta.
Por que aquilo continuava? Aquelas vozes que surgiam de repente em sua mente? Que causavam um estremecimento nela, uma agonia, um desespero?
Gina, praticamente jogada no chão do quarto que dividia com Harry, chorava.
Por que aquilo tudo em relação à canção de ninar e o choro? Remeteu ao pesadelo no trem, e a caixinha que Luna havia aberto. Mas alguma coisa em sua mente misturou as duas coisas e as transformou em um novo pesadelo, transformou a canção de ninar numa canção maldita. Terrível... Ela pensou que algo iria acontecer com a filha, como se a caixinha e a canção fossem nocivas... Depois da voz sussurrando sobre o fruto, ela tinha receio de tudo o que fosse relacionado com o bebê.
Paranóica... Era só assim que ela podia se definir. Teria que procurar um tratamento? Ou fortalecer as bases em seu casamento, na família que agora ela, Harry e Estelle eram?
Optou pela última opção. O marido entrou no quarto. Sem pronunciar palavra, respeitando o momento dela, ele tomou-lhe a mão e a levantou. Com um sorriso simpático no rosto, transmitindo conforto.
Sim, a base devia ser construída ali. Harry a amava, e ela também o amava. O amor devia prevalecer sobre todas as confusões da mente. O amor destruiria todas aquelas sensações.
Harry a deitou na cama. Gina, olhando para o marido, não pôde deixar de sorrir. Afagou o rosto dele lentamente, agradecendo, mesmo que em silêncio, por tudo o que ele fazia por ela, mesmo ela tendo um ataque como o do quarto da filha.
Harry a cobriu com um lençol, e beijou-lhe carinhosamente a testa. Depois desceu os lábios até os dela, e a beijou lentamente. Ela absorvia cada gota de saliva do amado, tentando demonstrar o quanto correspondia aquele amor, e os movimentos de ambos os lábios fizeram com que as lembranças se apagassem...
Harry apagou o abajur e deitou-se ao lado da esposa. Envolvida nos braços dele, Gina sentiu a proteção que precisava. Não seriam ataques nem pesadelos bobos que abalariam o casamento dos dois.
O amor era o escudo para qualquer barreira. Ela tinha certeza disso. Com o amor que existia entre Harry e ela, nada de ruim resistiria.
Após aquela noite turbulenta, não houve mais vozes atormentando Gina, nem pesadelos. O dia seguinte ao incidente tornou-se uma espécie de marco-zero para o casal; o dia em que a vida em família realmente começou.
CINCO ANOS DEPOIS...
Magnus não agiu novamente após o assassinato do dono do pub em que trabalhava. Foi procurado durante um tempo, mas logo caiu no esquecimento.
Resolveu sair de seu esconderijo quando uma pista de onde estava a coisa que ele mais almejava chegou aos seus ouvidos. Enquanto tomava cerveja amanteigada num bar pobre, encontrou três bruxos que resolveram acompanha-lo na busca do mito.
– Meu avô dizia que os manuscritos estão escondidos no pico duma montanha próxima daqui. Podemos encontra-los juntos, formarmos uma sociedade.
Todos toparam e subiram com Magnus a montanha, sem muita dificuldade. Embrenharam-se pela passagem que havia no pico. Procuraram em diversos locais, escavaram e, finalmente, encontraram os manuscritos por trás de uma pedra solta da parede. Eram pergaminhos velhos, amassados, mas ainda legíveis.
Olhando para o título, Magnus não conteve uma gargalhada.
– Finalmente. Bem que o meu avô dizia que existia. E está cheio de feitiços! Olhe... Feitiços desconhecidos, assim como o do ácido que ele me ensinou... Com isso, dominaremos o mundo bruxo. Finalmente... O Manual das Trevas é meu!
Era o quinto aniversário de Estelle e Harry conversava com Rony e Hermione, enquanto prendia bexigas nas paredes da casa com a ajuda da varinha.
– Então está confirmada mesmo?
– Sim – respondeu Mione. – Estou grávida. Um mês de gravidez.
– Finalmente conseguimos, depois de dois anos de casados – falou Rony, beijando afetuosamente uma das mãos da esposa. – Vai ser muito bom. Um amiguinho para Estelle. Afinal, somos vizinhos!
– É verdade, vai ser ótimo para ela. E eu nem tenho tanto tempo para brincar com ela, já que, depois que eu profissionalizei como auror, não tenho tempo pra quase nada.
As decorações e os preparativos levaram a tarde inteira. À noite, a casa toda estava decorada e com todos os doces e salgados prontos. Os convidados chegaram, trazendo crianças e mais crianças, que se esbaldavam pelo salão.
Mas o grande destaque ainda estava para acontecer.
Durante os cinco anos, a banda amadora de Peterson cresceu, devido os bons contatos de seu pai. Eles estavam famosos, graças a um novo hit movimentado. O hit desbancara do topo das paradas bruxas o das Esquisitonas. E, justo no dia do aniversário de Estelle, Peterson estava de folga e iria trazer o grupo famoso na festa. Quando chegaram, todos se animaram, mas ninguém alcançou o grau de entusiasmo de Estelle, que começou a pular na frente do grupo, enquanto os integrantes se preparavam.
Foi só o som começar e todos os bruxos presentes começaram a se esbaldar. Luzes mágicas foram colocadas no salão, e a todo instante cores e mais cores de luzes se misturavam na escuridão.
A música era bem agitada. Harry e Gina arriscaram alguns passos, mas se sentiram meio deslocados no meio da turma jovem que pulava e dançava.
Quando a música parou, todos protestaram pedindo mais. O som só foi interrompido por Estelle, que começou a berrar:
– Hora de cortar o bolo! Vamos cortar o bolo!
Os pais atenderam o pedido da filha, e o enorme bolo foi cortado. Estelle foi recomendada pelos pais a escolher a quem destinaria o primeiro pedaço. Para surpresa dos dois, ela pegou a faca de cortar e cortou outro pedaço de mesmo tamanho, e o colocou no mesmo pratinho, espetando o garfo que estava espetado no outro pedaço entre os dois. Sorrindo, virou-se e olhou para os pais, de maneira graciosa, parecendo ainda mais linda do que estava no seu vestido amarelo.
– Já que o primeiro pedaço de bolo deve ser para alguém especial, quero que seja para vocês dois. Os dois são especiais para mim. Eu amo você, papai, e você também, mamãe, da mesma forma. Vocês são especiais para mim. Não posso escolher entre os dois. Vocês estão juntos aqui dentro do meu coração.
Gina caiu no choro e os olhos de Harry encheram-se de lágrimas. Os dois abraçaram a filha, enquanto apanhavam o pratinho com os pedaços de bolo.
De repente, o prato caiu no chão.
Quando Harry levantou o prato, uma sensação estranha tomou conta de Gina... Uma leve tontura... Os pedaços estavam separados, e o garfo, caído diretamente no centro. Harry ignorou o acontecimento, partindo outros dois pedaços. Gina passou a mão na testa, sem entender aquela sensação...
A festa terminou tarde. Os últimos a saírem foram os Tribbes. Peterson dormiria na casa da família.
– Vai ser muito bom matar a saudade dos meus pais – falou ele a Harry, antes de ir embora.
– E as mulheres? Está namorando, Pet? – perguntou Harry.
– Não, só algumas garotas por aí, mas nada sério... É muito fácil, temos cada fã liberal... Mas é só diversão, nada que desperte interesse em mim...
– Nenhuma?
– Não – os olhos de Peterson passaram discretamente por Gina, que conversava com a mãe dele. Seu rosto corou, e ele olhou para o chão, envergonhado diante de Harry, embora o amigo não tivesse percebido. – Tenho que ir, Harry. Boa noite – e saiu, apressado.
Harry e Gina deixaram para arrumar tudo no outro dia. Mas nem dormiram cedo. Todos já trajavam pijamas, inclusive Estelle, quando se reuniram na sala. A filha estava entretida com um dos presentes, e nem ligava para a conversa.
– Ela está crescendo tão rápido – suspirou Gina.
– Cinco anos – falou Harry. – Já pensou? Logo ela irá para Hogwarts. Espero que ela se dê bem na escola.
– Acho que vai se dar bem. É muito inteligente.
– Qual profissão você acha que ela irá escolher? Que tal... Professora? Auror?
– Auror? Só se ela querer imitar você... Acho que não. Quais as habilidades dela? Adora fazer roupinhas para as bonecas. Talvez ela confeccione umas roupas de moda bruxa.
– Já pensou nossa querida filha famosa? E vai ser tão linda... Ruiva, com olhos azuis, pele branquinha? Vai fazer um sucesso entre os rapazes. Mas não vou deixar nenhum bruxo safado abusar dela...
– Deixe disso, Harry – riu Gina. – Estelle tem jeito de que vai ser uma bruxa bem decidida, que enfrenta a vida. Não vai ser nenhuma boba, não, você vai ver...
– Que vai ser uma celebridade, isso vai. Ela tem jeito pra coisa. Quem sabe cantora? Ela adora cantar...
– É verdade. Ou lutadora... Acho que ela tem o dom pra isso também. Que o digam os filhos de Fred e Jorge...
Os dois caíram na risada, chamando a atenção de Estelle. A garota pensou que estavam rindo dela e emburrou. Começou a bater numa almofada, furiosa.
– Parem de rir de mim – disse.
– Acho que tem o dom mesmo – falou Harry, lançando um novo ataque de riso. Gina viu que Estelle estava irritada, e a puxou até o sofá, começando uma sessão de cócegas. Harry ajudava, fazendo com que a garota chorasse de tanto rir.
– Não importa o que ela seja – disse Gina ao marido, enquanto a filha delirava nas risadas. – Eu só espero que ela seja sempre feliz.
No final de semana, as malas foram arrumadas e os três foram até um sítio, oferecido por um dos amigos de Harry. Seria uma viagem comemorativa pelo quinto aniversário de Estelle.
O lugar era fabuloso. Muito verde. Um laguinho cheio de peixes coroava aquela beleza de natureza, cheia de árvores, flores e arbustos. A casa também era muito bonita. Estelle é claro, queria observar cada canto do local, mas Harry a alertou de que todos sairiam juntos e somente no dia seguinte.
Na hora do pôr do sol, o trio deu uma volta pelo lago e pelo terreno da casa. Ao escurecer, fizeram uma fogueira, divertindo-se em esquentar os marshmallows.
– Pra onde iremos amanhã, papai? – perguntou Estelle, enquanto brincava com o marshmallow dentro do fogo.
– Bom, acho que devemos ir até a cachoeira. É a sensação desse povoado. Isso se a sua mãe concordar...
– Claro – respondeu Gina. – Estou ansiosa. Adoro cachoeiras, beleza natural. E será ótimo para Estelle, ela nunca viu uma cachoeira antes.
Depois, dormiram todos no mesmo quarto – pois Estelle estava com o típico medo infantil de dormir sozinha em lugar desconhecido.
A menina dormiu entre os dois, na enorme cama de casal da casa. Os três dormiram grudados, um junto ao outro. Como se soubessem que aquela paz não iria durar muito tempo...
Próximo da casa, por entre as estradas que se embrenhavam, um grupo de quatro bruxos das Trevas planejava um ataque ao povoado.
– Teremos que ser rápidos – dizia um da gangue, com a voz extremamente rouca. Magnus. – Antes que o Ministério seja alertado e um bando de aurores chato apareça por aqui. E isso não demora muito. Por isso, rapidez deve ser o nosso lema!
– Espero que tudo dê certo – disse outro com a voz assustada, chamado Spike.
– Vai dar – retorquiu Magnus. – E, se não der... – ele levou a mão ao bolso, puxando uma varinha. – Nada nos impede de lançar alguns feitiços...
Ele gargalhou, sendo acompanhado pelos outros quatro integrantes da gangue. Apontou a varinha para uma lata de lixo e chamuscou um papel. O papel desapareceu rapidamente sob as chamas. Todos riram novamente, observando, sadicamente, a chama que ia se transformando em brasa.
– Até mesmo alguns feitiços desconhecidos.
Magnus, para surpresa dos outros, levou a varinha em direção ao braço, chamuscando a própria pele. Sem esboçar qualquer sinal de dor. Com o fogo, ele escreveu um G.
– G de Garganta – falou, rindo. – A minha marca será essa. O meu apelido será esse. A partir de amanhã, eu me tornarei conhecido!
Ele gargalhou. Uma risada maligna, que fez com que os morcegos escondidos se agitassem, tentando fugir de tão terrível som. Os olhos irados de Garganta encaravam o fogo que ainda consumia o papel. Olhava com uma expressão obsessiva, doentia. Perigosa...
– Iremos assaltar a Witchique – falou ele, alteando a voz rouca. – Uma loja de vestes bruxas que rende muitos lucros. Eles vendem vestes de última moda ali, com preços altos. Muitos e muitos galeões! Bruxos ricos têm casas de campo por aqui. Imaginem a fortuna que aquela loja guarda...
"Vamos repassar o plano. Vocês dois, Brad e Spike entram lá, um com a varinha em sinal de ameaça, enquanto o outro faz todo o ouro levitar até os sacos abertos, que vão estar nas minhas mãos e na de você, Ted. Saiam correndo o mais rápido possível. Um auror pode ser chamado a qualquer momento. Nós dois saímos primeiro com a sacola de ouro e depois vocês se encontram conosco".
– Vocês ficam nos esperando, não é, Garganta? – falou Spike.
– Exatamente – respondeu Garganta. – Então, vocês correm até o local combinado, que estaremos esperando para sumirmos juntos.
– Que local mesmo, chefe? – perguntou Ted.
– Já esqueceu, incompetente? Na cachoeira.
N/A: Obrigado pelo review! Agradeço pelo comentário.
