AVISO: Sem querer, descobri isso hoje, eu tinha pulado o cap 6 da fic - que está no número 7 na barrinha de escolha dos caps - (EXCLUSIVO: EUTANÁSIA OU NÃO?). Foi uma confusão minha... Vocês podem não ter notado, nem eu notei, mas pulei. O erro já foi consertado e agora os capítulos estão em ordem. Quem quiser dar uma espiada no 6 - queé o7 NA BARRINHA DE ESCOLHA - que eu pulei, é só clicar e boa leitura! Mil desculpas, mas o sistema do site leu o PRÓLOGO como cap 1 e me confundiu. Obrigado pela atenção e fiquem com o cap 11, e o 6 INÉDITO é só clicar no 7! Que confusão.
CAPÍTULO 11
Metades
–David é filho de um Curandeiro muito famoso e respeitado. Posso lhe garantir que ele me ajudará a tratar Estelle muito bem.
–Não sei como – falou Gina com amargura. – Afinal, não tem como ajudar Estelle... Ninguém pode ajuda-la. Por mais competente que seja o Curandeiro...
Houve um momento de silêncio constrangedor. George Bright saiu da enfermaria para apanhar uma nova remessa de Poção da Vida, deixando Gina com o novo Curandeiro assistente. David, sem nada para fazer, começou a limpar as estantes da enfermaria. Gina ficou quieta, olhando a filha.
–Nunca diga que não existe forma de ajudar alguém – falou David, de repente. Gina olhou para o rapaz. – Sempre existe. Sabe, isso foi uma das coisas mais importantes que aprendi ao me formar como Curandeiro: sempre existe esperança, mesmo quando não há... Parece loucura, eu sei, mas é uma frase que, se for analisada a fundo, ganha muito sentido... Muito mesmo... – ele parou. – Desculpe, Sra Potter, estou te enchendo com essas teorias malucas, lamento muito...
–Não... Imagine – disse Gina. – O que você falou faz muito sentido. Muito sentido para alguém que está passando o que eu estou passando. Sabe, David, por mais que digam para mim o tempo todo que a minha filha nunca mais vai ser a mesma, algo dentro de mim me diz o contrário. Talvez isso seja a chamada esperança de sua frase. Existe uma chama de esperança dentro de mim. Enquanto minha filha estiver viva, mesmo que não esteja consciente, mas viva, para mim existirá esperança. Pode ser algo impossível, mas para mim não é... Talvez o possível e o impossível também se encaixem nessa frase. Sempre pode ser possível, mesmo quando é impossível...
–Tem razão, Sra Potter... Sabe, sempre acreditei nessas teorias. Para ser um Curandeiro acho isso essencial... Lidamos com vidas a todo instante. Temos que ter a esperança de que nossos pacientes podem sobreviver.
Gina o fitou com admiração.
–Sabe, David... Por mais que você seja um "assistente", um recém-formado, um jovem... Você tem muito mais conhecimento que o Curandeiro Bright.
–Que isso... – disse ele, fingindo um acanhamento. – Não diga uma coisa dessas... George Bright tem anos de estrada... Não posso ser mais sábio do que ele...
–Mas é sim. George Bright lida com técnicas, com lógica e conhecimento. Você não. Quero dizer, lida com isso, também, mas faz uma união entre isso e o sentimento... Entende o sentimento das pessoas... Quer mais sabedoria do que essa?
–Obrigado Sra Potter. Um elogio logo no primeiro dia... É uma honra para mim.
–Acho que foi bom você ser selecionado... Uma pessoa com sentimentos, que sabe lidar com o ser humano... Não alguém que lide apenas com teorias, como é o caso do Curandeiro Bright... Você não sabe as barbaridades que ele já me falou, capaz de estourarem a esperança de qualquer pessoa, menos a minha.
–O que ele falou?
–Disse que não existe esperança. Que nada pode trazer Estelle de volta. Ele quase me convence, mas algo dentro do meu peito diz que não... Que existe sim uma esperança... Ele acha que... É certo cancelar a Poção da Vida.
David soltou um longo suspiro.
–Na minha opinião... – começou ele, parando em seguida. – Por favor, não comente nada com o Bright. Na minha opinião, a Poção não deve ser cancelada. Não mesmo. Enquanto houver vida, não.
–Eu e o meu marido temos que nos decidir logo. O prazo é hoje mesmo. A qualquer momento o Ministério pedirá a nossa decisão. O grande problema é que o meu marido acha que o certo é cancelar a poção.
–E você aceitará a vontade dele?
–Não sei... Talvez não exista outra alternativa. Para evitar confusão, sabe? Talvez eu acabe concordando.
–Não faça uma coisa dessas – falou David. – Perdoe-me o atrevimento do conselho, mas... Lute. Lute pelo que você acredita, pelo que você acha certo. Se algo aí dentro diz que há esperança, talvez realmente haja! Se aceitar, você poderá estar matando a sua própria filha!
–Não... Eu não posso...
–Então. Sua filha! Cinco aninhos. Você não pode deixar que ela morra. Lute contra tudo e contra todos pela vida de sua filha.
Gina refletiu, enquanto fitava os olhos de David Alexander. Talvez ele tivesse razão... Sua filha, tão meiga e inocente... Se ela não concordava com o cancelamento da poção, por que não lutar?
–Sim. Tem razão. Eu sou a mãe. Eu carreguei Estelle no meu ventre. O maior direito em decidir o destino dela é meu.
Naquele momento, George Bright retornou, com um novo frasco de vidro cheio de Poção da Vida. Gina levantou-se para ir embora.
–Eu preciso ir... Agora.
–Já? – perguntou Bright. – Mas...
–Até logo – despediu-se ela.
E saiu, decidida. Bright olhou para seu novo assistente, confuso e intrigado.
–O que deu nela?
–Não sei... Mas ficou muito pensativa durante todo tempo.
Secretamente, Garganta estava triunfante. O fio para a discórdia já tinha sido lançado. A batalha pela vida estava preste a começar.
Joey chegou pontualmente as oito da noite no Porky's Pub. O pub era bem aconchegante e chique. As poltronas eram estofadas, as mesinhas circulares de madeira chegavam a brilhar e os bruxos que a freqüentavam possuíam um alto poder aquisitivo.
Ao abrir a porta dupla do pub, Joey abaixou a cabeça, tentando passar despercebido. Para seu desgosto, Mark Tribbes estava sentado numa mesa ao fundo, o que significava que ele teria que caminhar entre muitas mesas, algumas com grandes grupos de bruxos.
Abaixou a cabeça ao máximo, mas o cabelo esverdeado o denunciou a um grupo de adolescentes ricas. Alvoroçadas, elas estenderam blocos de papel para que ele autografasse.
–Não posso acreditar que estou vendo você! – suspirou uma delas.
–É como um sonho... – disse outra.
Joey estava impaciente, mas autografou um por um. Adorava aquele entusiasmo dos fãs, adorava ser reconhecido, mas da conversa que teria com Tribbes poderia sair um novo rumo para a turnê estagnada do grupo. Estava ansioso demais para saber porque Peterson abrira mão da realização de mais um projeto do Magic Rock.
Apos aquele grupo, ele acelerou o passo, acenando de vez em quando para algumas pessoas. Ao chegar a Mark Tribbes fechou a cara, nervoso, e sentou-se na poltrona em frente à do bruxo.
–Poderia ter escolhido um lugar melhor, brother – falou ele, enquanto tirava o casaco. – Facilitava um pouco as coisas.
–Desculpe, Joey – disse Tribbes, com sinceridade. – Esqueci que vocês tinham fãs por todos os lados.
–Poderíamos ter mais... Conquistarmos o mundo... Se o seu adorável filho não tivesse desistido da divulgação do nosso trabalho!
–Eu sei... Sei que foi uma burrada do Peterson.
–Burrada? Foi a maior mancada que ele podia ter dado, brother. Fala sério...
–Eu entendo. Já disse. Foi por isso mesmo que resolvi investigar a raiz desse problema. O real motivo dessa loucura... Dessa mancada, como você disse. E, conforme lhe escrevi, eu descobri qual foi o motivo.
–Aposto que é o mais idiota possível... Uma caneca de cerveja amanteigada, por favor – disse ele ao garçom.
–Não digo idiota, mas... Exagerado, isso foi. Não precisava tanto...
–Abre logo o jogo, brother. Manda aí, qual foi a bosta que emperrou a turnê mágica?
–Amor.
–Amor? – Joey franziu a testa. – Como assim "amor"? Que história é essa, brother? Explica direito.
–Peterson está apaixonado. Muito apaixonado. Por uma mulher casada. E casada com um grande amigo dele... Casada com Harry Potter.
–Nossa – Joey suspirou. – Que doideira, não é? Mas ainda não entendo o que a dama de cabelos vermelhos tem a ver com a nossa turnê.
Tribbes explicou sobre a situação da filha de Harry e Gina – Joey era tão desligado das noticias que não fazia a mínima idéia do que estava acontecendo – e que Peterson achava que precisava dar uma força para ela num momento de tanto sofrimento.
–É... Quase inacreditável – zombou Joey, enquanto dava um gole na cerveja. – Parece as histórias bregas e românticas... "Sacrifico qualquer coisa pelo meu grande amor..." – ele gargalhou.
–Deixe-me falar a solução... Que é simples. A única coisa para mudar a cabeça vidrada de Peterson é juntar ele e Gina.
–Ele nunca fará isso. Você tem que lembrar, brother, que se trata da mulher do melhor amigo dele. Se eu conheço o caráter "paradão" do Pet, isso ele nunca vai fazer.
–Eu sei. Também o conheço, afinal, ele é meu filho. E é justamente por isso que procurei você.
–Uau... Por que precisa de mim?
–Preciso que você convença Pet a lutar por Gina.
–Muito difícil, brother. Pet tem um caráter muito leal para fazer uma sacanagem dessas com o Potter...
Mark Tribbes deu uma baforada violenta no charuto, inundando o rosto de Joey numa fumaça escura.
–Pode ser que não dê certo... Mas, se ele não querer lutar por Gina... Nós podemos dar uma forcinha.
Durante o resto do dia, Gina ficou sentada no sofá, tensa e pensativa, esperando que Harry voltasse do serviço. Ensaiou palavras, imaginou reações e refletiu se estaria tomando a decisão certa. Também ficou a espera de algum porta-voz do Ministério, mas ninguém apareceu.
Às oito e quinze da noite, a porta abriu. Harry chegou. Deu um simples "oi" para a esposa, subiu para o quarto e desceu logo em seguida.
Sentou-se na cadeira em frente à Gina, cruzou os braços e disse:
–O prazo acabou. E agora?
Gina mexeu-se, inquieta. Deu um suspiro prolongado, esfregou as mãos e falou:
–Harry... Eu não vou ceder à sua opinião.
–O que?
–Sim... Não vou ceder. Eu pensei em ceder, para evitar confusões, mas... Não dá. Não tem como eu compactuar com uma barbaridade dessas. Eu não vou deixar que vocês cancelem a poção.
–Não tem essa, Gina. Chegou a hora de decidirmos juntos. Essa é a hora. O tempo acabou. A qualquer momento, um funcionário do Ministério vai aparecer exigindo a nossa decisão.
–É isso o que você ouviu mesmo. Eu não vou deixar. Agora só tem "eu", Harry. Não tem "nós".
–Não estou te entendendo...
–Então vou simplificar as coisas. Eu tenho a minha decisão sobre o destino de Estelle, você tem a sua. Elas não coincidem. Então, eu vou lutar pela minha decisão. Você, de sua parte, se quiser, lute pela sua.
-–Não, Gina... As nossas idéias devem coincidir numa mesma opinião, senão o Ministério...
-–Eu sei. O Ministério vai se intrometer. Provavelmente uma audiência para a decisão. Eles vão ouvir ambos os lados e decidirem qual é o mais correto.
-–Você prefere que o Ministério decida?
-–Sim. Eu não volto atrás na minha decisão, assim como você também não volta. Desse modo, vamos encarar um tribunal, que decidirá qual é a decisão mais sábia.
Harry aproximou-se e a chacoalhou pelos ombros.
-–Você está maluca? Nós somos casados. Olhe aqui – ele mostrou a aliança. – Isso significou um elo. Um elo para toda a vida. Quando juntamos as duas, parou de existir o "eu". Tornamos um só. E desse nosso amor nasceu Estelle. Nós somos os pais dela. Nós. Nós devemos decidir juntos!
-–Mas nós não conseguimos decidir juntos... E me solte! – Harry afastou-se.
-–Desculpe... – falou ele, passando a mão na testa. – Mas é a grande verdade. Sei que ainda não conseguimos uma decisão "nossa" mas temos que tentar...
Gina vacilou. Seu pensamento ouviu a voz de David Alexander, dizendo que ela devia lutar. Se tentasse conversar com Harry, a decisão que prevaleceria acabaria sendo a dele. Não, ela não podia deixar que Estelle corresse o risco de perder a oportunidade de viver.
Com lágrimas nos olhos, ela levou a mão a aliança e a tirou do dedo.
-–Então eu quebro o elo agora mesmo – disse, aos prantos. – E deixamos de ser um só.
Gina jogou a aliança no chão. Harry, abismado, acompanhou a descida do objeto dourado até o chão. Quando a aliança chocou-se contra o chão, houve um estalido. Com aquele estalido, Gina saiu da casa, ignorando os chamados de Harry.
Era a vida de Estelle em jogo. Se aquilo fosse necessário, ela faria.
Um vento forte varria os jardins da casa. Gina correu, enxergando muito pouco no meio das lágrimas. Os gritos de Harry misturavam-se com os uivos do vento. As árvores balançavam perigosamente.
Recordando-se da aliança caindo no chão, as últimas palavras da profecia soaram nos ouvidos de Gina:
Metades, que vão dividir a árvore que deu o fruto...
-–Gina, volte aqui!
Metades diferentes, uma o oposto da outra, e apodrecem o solo da árvore...
"Meu casamento... Apodrecendo...".
A árvore seca, o tronco quebra ao meio. O fruto quebrado fará mal à árvore.
"Acabou... Mas eu não posso deixar que façam mal a Estelle, não posso...".
Enquanto corria, uma nova visão relacionada ao que estava acontecendo retornou à sua mente...
O bebê que chorava lágrimas de fogo, que derretiam as alianças...
A visão estava certa. A profecia estava certa. O casamento estava desmoronando... O enlace estava se derretendo no meio do fogo... Derretendo...
N/A: Continuem enviando reviews, por favor... Ah, tô feliz porque eu descobri como ver o número de acessos dos capítulos e constatei que tem muita gente lendo. Obrigado por estarem lendo a fic!
