Capítulo 1 – O Bater das Asas de Fogo!

Santuário, Grécia. Este sagrado lugar é um dos principais motivos pelo qual a Terra é agora é conhecida por ser um planeta que simula diversas épocas: Seu aspecto continua exatamente igual há mais de 1000 anos atrás, as construções, os trajes, tudo como na Grécia antiga. Apesar de tudo, esse não é o motivo do Santuário estar em decadência. Athena morreu em combate há muito tempo, mas esse também não é o motivo dele estar caminhando rumo ao esquecimento... Os próprios cavaleiros esqueceram pelo que lutam. A grande maioria desses nobres guerreiros só estão do lado de Athena por ela ser uma presença divina e estar lutando pelo que é "certo", pela "justiça".Nesta manhã, esse é um assunto que traz conflito entre os doze membros da elite.
Os doze guerreiros dourados se encontram todos reunidos em frente à casa de Áries, mas toda essa união não irá demorar mais do que alguns minutos... De um lado, onze cavaleiros liderados pelo homem protegido pela constelação de Touro, do outro, um jovem japonês não aparentando mais do que 15 ou 16 anos e carregando nas costas a Caixa de Pandora da sagrada armadura de Leão. Dante, o italiano Cavaleiro de Touro, usa seu olhar para reprovar o jovem à sua frente, que não se deixa abalar.
Dante - Seu idiota, não faça isso. Temos que lutar juntos, por...
Antes que possa terminar, Ryutaro, o Cavaleiro de Leão, o interrompe e completa a frase.
Ryutaro - Athena. É isso o que todos eles dizem, mas estão cegos. Não sabem pelo que realmente estão lutando, ou o que Athena defendia. São protegidos por suas constelações, mas só isso não basta, alguém precisa abrir seus olhos e eu já perdi tempo demais. Se a humanidade "evoluiu" para alcançar esse estágio, é melhor que Hades acabe com ela de uma vez...
O jovem então dá as costas e sai andando tranquilamente, mas um intenso cosmo começa a queimar do interior de Dante e faz o japonês pausar seus passos.
Dante - Eu não vou deixar você partir.
Ryutaro - VAI QUERER LUTAR COMIGO, TOURO?
Dante - SE FOR PRECISO, PODE APOSTAR, LEÃO.
O cosmo de Ryutaro explode em sua capacidade máxima, todos os seus companheiros se surpreendem com sua força apesar da idade e pouca experiência, mas a surpresa maior é por verem que ele é louco o suficiente para tentar enfrentar aquele que é considerado o cavaleiro dourado mais poderoso do santuário, ainda mais sem a proteção de sua armadura. Antes que ambos desfiram seus golpes, Áries salta entre ambos e segura o braço de Dante, fazendo um sinal negativo com a cabeça. Touro baixa seu punho e Ryutaro novamente dá as costas e sai andando, dessa vez largando a Caixa de Pandora no chão.
Ryutaro - Eu sei que é ISSO que vocês não querem que saia do Santuário.

Três semanas se passaram em um piscar de olhos, e Ryutaro utilizou esse tempo para chegar à temível Ilha da Rainha da Morte. Não se sabe o que ele procura no local, mas com certeza não é uma armadura negra: a cada cavaleiro negro que vê, lança um olhar de desprezo e ameaça que chega a espantá-los.
Andando calmamente pelo chão destruído e observando as ruínas causadas pelos próprios habitantes com o decorrer do tempo, o Leão eventualmente tem a sorte de observar uma cena na hora certa e no lugar certo: Vários garotos de aparentes 14 anos maltratam um jovem japonês de provavelmente 12 anos. Sim, sorte. Agora algo irá mudar no Santuário.
Chutando o jovem que se encontra indefeso no chão, todos eles riem da situação e principalmente dos gritos do japonês, já com o corpo cheio de sangue e hematomas.
?-?-? - HAHAHAH, Kou seu infeliz! Acha que é capaz de pegar a armadura de Fênix se nem mesmo pode derrotar a gente?
As palavras do garoto causam alguma reação oculta dentro de Kou, seus olhos se fixam em concentração. O próximo chute é bloqueado pelo jovem japonês, que manda seu "oponente" para trás. Agora os olhos dele queimam como fogo, fazendo seus inimigos literalmente tremerem de medo, como se vissem um fantasma.
Kou - Se para conseguir a armadura eu preciso derrotar vocês, VENHAM!
Não é preciso erguer o punho: Todos os meninos correm desesperados, fugindo do inferno. Na momentânea tranqüilidade, o leão Ryutaro se aproxima de Kou em passos lentos, sem intenção de assusta-lo.
Ryutaro - Então... Você quer a armadura de Fênix?
Inicialmente com medo e desconfiado do Leão, mas sem demonstrar, o garoto apenas responde.
Kou - Sim... Eu preciso dela para cumprir um objetivo...
Ryutaro - O que é?
Kou - A segurança de uma pessoa...
Ryutaro sorri, não é possível saber ao certo o motivo. Talvez ele esteja com uma pequena chama de alegria. Kou fita-o, confuso.
Ryutaro - Garoto, quem é seu mestre?
Kou - Eu não tenho... Estou treinando por mim mesmo...
Ryutaro - Você não vai chegar muito longe sem alguém para lhe mostrar o caminho. Nesse caso, eu lhe guiarei.
Kou - Por que você está me ajudando?
Ryutaro - Porque vi suas asas...

E então alguns anos se passam para que o jovem Kou complete 15 anos e se torne um dos seres mais poderosos da Ilha da Rainha da Morte. Ele já passou tempo demais treinando e sua mente só consegue se centrar em uma coisa: conseguir logo a armadura de Fênix. Enquanto caminha, ele vai lembrando de cada etapa do treinamento, cada ensinamento de seu mestre Ryutaro, cada combate.
Quinze minutos se passam e ele finalmente chega ao local decisivo: O lago de chamas. Encarando os estalares violentos das chamas que se comportam como algo natural, Kou pensa em voz alta.
Kou - Mas que droga viu... Eu me sentiria mais seguro se o mestre Ryutaro estivesse aqui...
Preparado, o jovem japonês vai se aproximando calmamente das chamas, enquanto ergue seu cosmo para proteção. Apenas aquele que tiver um cosmo poderoso o suficiente para conter as chamas e ainda quebrar o selo da sagrada armadura será digno de vesti-la.
Kou parece não sentir as chamas, provavelmente o treino com o cavaleiro de Leão tenha sido tão eficiente que o fogo não será um grande inimigo. Engano dele. Ao se aproximar da rocha onde repousa a Caixa de Pandora, as chamas começam a agir com a força de um tornado, tentando engolir o aspirante a cavaleiro. Mal tendo forças para resistir ao ataque, conseguir a armadura parece uma impossibilidade.
Ainda tentando se estabilizar, ele é impressionado pela visão de uma ave de fogo se manifestando de dentro da Caixa. O estranho é que de cerca de trinta pessoas, só Kou pode ver e "escutar a ave". Sua voz é inaudível, mas o significado de suas palavras é instantaneamente registrado pelo coração do jovem japonês.
Fênix - Você quer morrer aqui?
Kou - Eu...
Fênix - Tudo que você precisa fazer é desmanchar seu cosmo e esperar calmamente a morte. Mas a armadura não necessita de um portador assim.
Kou - Eu não sei o que fazer... Minha força não é o suficiente.
Fênix - As chamas não podem ferir Fênix, a ave que renasce das cinzas. Lembre-se disso e cumprirá seu grande objetivo.
Kou - Como você..!
A imagem do pássaro de fogo se desfaz, Kou está sozinho novamente. A diferença é que agora ele sabe o que fazer. Confiante em sua decisão, o japonês desfaz o cosmo que protegia seu corpo e, em um imenso grito, é engolido pelas chamas. O lago começa a diminuir gradualmente até desaparecer, dando lugar ao jovem que acaba de "renascer". Erguendo seu punho que é envolvido pelas chamas, ele desfere um golpe com toda sua força contra o lacre.
Kou - HAHHHH! HOUYOKU TENSHOOOOOOO!
Uma explosão transparente ocorre na rocha que suporta a Caixa de Pandora, sinal de que o selo foi quebrado pelo poderoso ataque. Ela se desmonta e a armadura se coloca no corpo de Kou de maneira instintiva. Ele não sabe como lidar com a surpresa e emoção: apenas fica olhando a si mesmo por vários minutos, desacreditado. O japonês no fundo também se pergunta por que a Fênix se deu ao trabalho de ajudá-lo. Teria ele sido escolhido? Isso já não importa. Agora o guerreiro protegido pelo pássaro de fogo precisa voltar ao Japão para ver uma pessoa...