Capítulo 3 – O Dragão Nascente!
Aeroporto de Tóquio, daqui a dez minutos o avião para a Grécia irá decolar. Kou e Nami se olham, em frente ao teleportador do local. A jovem japonesa baixa o rosto, deixando escorrer por seus olhos, ocultos pelas mechas prateadas do cabelo, lagrimas quase invisíveis. Sente um medo profundo.
Nami – Eu sinto que você está indo para algo perigoso... E se dessa vez você partir e não voltar?
Kou desvia o olhar, ainda pensando no que dizer, enquanto sua mão direita se dirige a um dos bolsos da blusa. Nami volta a erguer o rosto, sorrindo fortemente, sem se importar se seu irmão vê ou não o estado sensível de seus olhos.
Nami – Me desculpe... Sei que você, maninho, sempre cumpre suas promessas. Quando eu menos esperar, você vai novamente bater em minha porta, não é?
O cavaleiro de Fênix não responde, ao invés disso, também sorri e tira de seu bolso um item estranho. Trata-se de uma rara e incomum pena dourada. Uma pena de fênix. Tomando a mão da irmã e abrindo-lhe com delicadeza, ele deposita a pena na palma de sua mão, em seguida fechando-a e olhando em seus olhos com uma expressão otimista.
Kou – Há riscos de eu perder a vida lá na Grécia. Mas enquanto você segurar isto com carinho, estaremos sempre juntos, sempre terei forças para superar as dificuldades. Estou lutando por você, maninha.
Na casa de Touro, a tensão desferida pela troca de olhares dos dois cavaleiros é quase palpável, eles nem precisam mais utilizar palavras para comunicação. Ryutaro, sabendo que só vai realmente passar se derrubar Dante, corre na direção do mesmo, concentrando toda sua cosmo-energia em ambas as mãos e se preparando para dar tudo em seu golpe, sabe que está enfrentando o cavaleiro de ouro mais poderoso. Touro sorri discretamente, crente que Ryutaro não poderá sequer lhe arranhar.
Ryutaro – Sinta o PUNHO DO LEÃO!
Convertendo o cosmo em uma poderosa corrente elétrica, o Leão abre os braços e desfere com ambos os membros um potente soco contra o ar, o resultado é uma terrivelmente forte e veloz descarga elétrica percorrendo em linha reta na direção de Dante. O cavaleiro dourado aumenta seu sorriso e simplesmente some da vista de Ryutaro, cuja técnica então atinge alguns dos pilares da casa e os transforma em pó. Assustado com a velocidade de seu adversário, o japonês olha à sua volta, procurando seu adversário. Não demora muito e Dante aparece atrás dele, no mesmo momento desferindo uma seqüência de 55 socos em cerca de um segundo, mandando Ryutaro para colidir com um pilar, quase tendo sua coluna vertebral partida ao meio. Enquanto o cavaleiro de leão desliza pelo pilar e cai contra o chão, Dante vai se aproximando de braços cruzados, rindo levemente.
Dante – Eu peguei MUITO leve com você e apenas o atingi com 55 ataques. Ainda acha que pode me vencer? Eu sou o cavaleiro mais próximo do poder de um deus. Posso me mover na velocidade de dobra.
Ainda estirado no chão, os olhos de Ryutaro se arregalam instantaneamente, ele é quase dominado pelo medo: seu oponente se move em uma velocidade duas vezes mais rápida que a da luz. Em comparação, um deus pode ser locomover em uma velocidade a partir de dobra 5. Mesmo sabendo disso, ele não desiste: Vai se erguendo do solo com toda sua vontade, não vai deixar de resgatar sua armadura tão facilmente. Reunindo uma nova corrente elétrica em seu punho direito, Ryutaro olha Dante furiosamente.
Ryutaro – Isso não me assusta. Eu vou lhe mostrar a minha força de vontade.
Dante – Seu tolo. Eu tenho consideração por você, por ter sido um antigo companheiro. Mas já que é um traidor e quer morrer, eu não vou hesitar! Vejamos quem tem o ataque mais potente!
Os dois guerreiros dourados correm um na direção do outro, Touro deixando seu punho esquerdo preparado. Quando ficam cerca de 2 metros de distância um do outro, desferem seus ataques. Ryutaro com seu Punho do Leão e Dante com um simples murro. Os ataques se chocam, um estrondo se espalha por todas as direções. Enquanto que uma corrente elétrica percorre o braço de Touro, protegido pela armadura, e o imobiliza, o de Ryutaro é severamente machucado: os ossos de todo o braço são completamente despedaçados, assim como seus músculos. O Leão cai ao chão em um enorme grito, agonizando de dor enquanto se contorce na poça de sangue. Dante se aproxima lentamente para desferir o golpe final, mas assim que ergue o punho, uma voz feminina calma, porém imperativa, ecoa pelo local e cessa seu ataque.
?-?-? – Pare com essa luta desnecessária. Agora!
Paralelamente aos conflitos na casa de Touro, nos Cinco Picos, China, dois jovens de 16 anos observam, triunfantes, a Cachoeira de Rozan. Finalmente chegou o momento de conquistarem suas armaduras. O mais alto, japonês e usando rabo-de-cavalo, avança alguns passos, ansioso.
Ryu – Finalmente irei conseguir a armadura de Dragão. Mal posso esperar. Tenho que ter confiança! Não é?
O outro garoto, chinês de cabelos curtos, responde, sorrindo positivamente.
Shing – Isso! Hoje à noite nós provavelmente já seremos cavaleiros de Athena!
Ryu vira-se para Shing, com a sua habitual expressão descontraída e serena. Como sempre, ele tenta não deixar as preocupações lhe pressionarem, do contrário não poderá encarar as coisas reais com todo seu potencial, é algo que aprendeu com as duras lições da vida. Colocando a mão sobre o ombro de seu amigo chinês, ele abre um leve sorriso no rosto.
Ryu – Se eu falhar... Prometa que vai lutar em dobro, por mim e por você.
Shing – Eu...
Ele não tem tempo de responder, no exato momento o mestre deles chega, em pequenos e relaxados passos. É um velho ancião de longos e soltos cabelos grisalhos, possuindo estatura baixíssima. De braços cruzados, ele anuncia o início do teste.
Mestre – Chegou a hora do início do teste. Vocês dois irão realizar a parte final de todo o treinamento, para assim conquistarem as armaduras. Primeiro irá Ryu, para a armadura de Dragão. Como sabe, deverá saltar para a cachoeira e destruir o selo da armadura com sua técnica. Se falhar, continuará a queda e morrerá...
Ryu – Tudo bem! Aqui vou eu!
O garoto começa a concentrar sua cosmo-energia e salta para a cachoeira. Nesse momento tudo fica em câmera-lenta. A expectativa domina todos os três presentes ali. Ficando na reta de várias rochas empilhadas e protegidas por um estranho campo, Ryu se prepara para atacar, concentrando seu poder no punho direito.
Ryu – Rozan! Sho Ryu Ha!
O ataque na forma de dragão é enviado. O tempo congela. A barreira absorve o ataque, para a infelicidade de todos ali, que estavam confiantes no sucesso da prova. Ryu continua a queda livre até sumir de vista. Seu cosmo não pode mais ser sentido.
O ancião cerra os olhos, surpreso e abalado. Pior foi para Shing, que perdeu seu melhor amigo: Arregalando os olhos e paralisado tentando localizar o corpo de seu companheiro, ele não agüenta e ajoelha, socando o chão. Seria a vez de Shing, mas o mestre na verdade não planeja entregar nenhuma armadura ao garoto chinês, ele não conquistou a força necessária para ser um cavaleiro. Assim que tenta falar, Shing o para, com palavras em um tom intenso.
Shing – Mestre! Eu não posso fazer o teste para a armadura que o senhor havia planejado para mim... Eu... Eu quero... Eu quero lutar pela armadura de Dragão! Por favor!
Ele fica pensativo por alguns minutos, sendo encarado pelo jovem. Seus olhos refletem uma grande força, mesmo que não permita, ele tentará mesmo assim. Não tendo mais o que fazer, o ancião acena positivamente com a cabeça. No mesmo instante o chinês corre em direção à borda e salta para a cachoeira, queimando seu cosmo ao máximo. Assim que chega à mesma posição onde Ryu desferiu seu ataque, a energia cobre seu braço direito. Deixando algumas lágrimas voarem de seus olhos, ele desfere o dragão contra o selo.
Shing – Sim, Ryu! Eu prometo! ROZAN SHO RYU HA!
Tanto o campo quanto as rochas são destruídos, o rapaz passa a flutuar no ar por alguma força desconhecida. No buraco da parede, ele pode ver claramente a Caixa de Pandora, que se abre. As partes da armadura voam em sua direção, montando-se velozmente por seu corpo. O brilho esverdeado de seu traje é refletido pelas rochas, para a grande surpresa do mestre ancião. Seu aluno se tornou um adulto em poucos segundos.
Algumas horas depois, Shing já se encontra pronto para partir da China e seguir para a Grécia. Sorrindo enquanto aperta a mão de seu mestre, ele se despede e sai andando, sem olhar para trás. O velho fica olhando-o, orgulhoso, enquanto este vai desaparecendo em seus passos.
Shing – Ryu, eu lutarei em dobro. Defenderei a justiça ao lado de Athena. E muito obrigado por me fazer crescer, Mestre Shiryu.
