N/A: Não liguem para mim qdo eu disse q era drama. Era pra ser... Mas em vez de drama ficou só profundo... É uma fic curtinha, deve ter quatro ou cinco caps... So enjoy ;P
Ah eh... desculpem pela falta de criatividade, o primeiro cap foi baseado no Momicchi (Fruits Basket).
Capitulo R.
"Eu sempre fui meio deslocado...". ele pensou se examinando no espelho, enquanto tentava dar, desajeitadamente, um nó na gravata.
Ele desceu para a Sala Comunal, e viu os Marotos no lugar de costume. Pareciam estar aprontando mais alguma. Se aproximou e se sentou ao lado deles murmurando um "Bom dia" desanimado.
-Bom dia! – disse Tiago animado. – Que desânimo... Nem parece um maroto!
-Queria que eu estivesse animado? – perguntou Remo um pouco deprimido. – A lua cheia é hoje... E hoje é aniversário da minha mãe.
O sorriso escorregou pela face de Tiago.
-Que pena... – ele disse. – Mas não faz muita diferença, não? Você não ia poder vê-la mesmo...E outra, nós temos um óótimo plano pra hoje.
-Lá vem... – disse Remo deprimido.
-Este plano é o melhor que já bolei, escuta só...
Ele ficou, escutando, ou pelo menos fingia que escutava. Estava longe... Estava em casa... Pensando na mãe. Tiago tinha razão. Ele não sabia o quanto tinha razão. Não faria diferença de ele a visse ou não. Ela não se lembrava mais dele. Remo riu baixinho quando pensou na expressão que os amigos fariam se ele dissesse "Minha mãe não lembra mais de mim". Achariam que ele estava sendo muito dramático.
-E então, o que achou? – perguntou Tiago, excitado, esperando a resposta do amigo.
-O que? – perguntou Remo distraído.
-Aluado... – disse Tiago cerrando o punho. – Não me diga que todo esse tempo em que eu tagarelava você não estava ouvindo uma palavra sequer?
-Sinto muito, Pontas. – ele disse. – Estava pensando em outras coisas...
-Será que ele estava pensando em Vanessa Ludlow? – perguntou Pedro, brincando.
-Ou em Lucy Moore? – perguntou Tiago.
-Ah, não encham. – disse Remo, novamente deprimido. – Eu tenho mais no que pensar. Vou ir a Hogsmeade comprar um presente para a minha mãe...
-O QUE? – exclamou Tiago com uma expressão de falsa surpresa. – O menino certinho vai usar uma passagem secreta para ir a Hogsmeade?
-Oh não! – zombou Sirius, com fingido espanto, tapando a boca com as mãos.
Remo colocou a mão na testa e implorou baixinho para uma entidade superior:
-Oh Merlin, dai-me paciência.
Remo passou o de seu tempo livre observando as gracinhas dos amigos. Todos os presentes olhavam e riam. As meninas davam risadinhas e coravam quando Sirius ou Tiago piscavam para elas. Rabicho estava concentrado em uma barra de chocolates, mas sempre que podia batia palmas, excitado. E Remo estava ali, entediado, deslocado. Por que ele não podia ser como os amigos? Por que tinha que se sentir tão deslocado?
Ele suspirou e continuou observando a cena, deprimido. Quando saiu para as aulas da tarde, antes de todo mundo, Tiago perguntou a Sirius:
-Você não acha que ele está um pouco deprimido de mais só por causa de uma coisinha tão boba?
-Eu acho que ele sempre fica assim nessa época do ano... Mas especificamente nesse mês. – respondeu Sirius.
-Por que será? É por causa do aniversário da mãe? – perguntou Tiago.
-Deve ser... Mas não sabemos nada sobre a senhora Lupin. Aluado nunca falou muito dela. – disse Sirius, e acrescentou: - Seria ela uma tirana que nem a minha mãe? Uma tirana e metida a besta?
-Duvido. – respondeu Tiago. – Do pouco que Aluado nos fala dela, ele fala bem, muito bem.
Sirius concordou com a cabeça e os dois foram para as aulas. E como a primeira aula era uma aula com a Sonserina, os dois não perderam a oportunidade de "brincar" com Ranhoso, e nem ele de os amaldiçoar, tampouco Lily Evans de ralhar com os dois:
-Vocês são os caras mais prepotentes que eu já tive a infelicidade de conhecer! – e a partir daí vinha a lista de elogios que ela sempre dizia "Metidos! Bagunceiros! Vão pegar uma detenção!" e então ela foi puxada por uma amiga.
Tiago e Sirius riram da garota e seguiram para a aula. A aula de Poções era na maioria das vezes light, mesmo com o caldeirão de Rabicho transbordando e exalando odores insuportáveis, com o professor puxando o saco de meia dúzia deles. E principalmente: puxando o saco de Lily.
O dia foi gostoso, os dias de primavera sempre eram, só quem não parecia achar isso era Remo que estava realmente deprimido. No intervalo Lily fora falar com ele, e quem não gostou nada disso, foi Tiago.
-Não estou gostando dessas andanças de Remo com ela... – resmungou. – Parece até que os dois estão mais íntimos do que deveriam.
-Relaxa, cara. – disse Sirius. – Você sabe que ele sabe que você gosta dela. Ele nunca te trairia. Ele nunca nos trairia.
-E se ele estiver gostando dela? Ele não nos contaria por saber que eu gosto dela. Ele sempre esconde essas coisas da gente... – disse Tiago.
-Mesmo assim você sabe que ele é fiel aos amigos. – disse Sirius.
-Sei sim – confirmou Tiago. – Mas não sei por que ele é tão fechado... Ele devia se abrir mais...
-Abrir mais? Eu disse! – exclamou Sirius do nada. – Sabia que você era Veado! Sempre duvidei da sua escolha quando fomos nos tornar animagos! Mas ai está a prova!
-Não enche... – resmungou Tiago.
Assim que se encerraram as aulas do dia, no entardecer, Remo foi para Hogsmeade comprar o presente para sua mãe – tinha que ser rápido. Mas apesar do presente ser para sua mãe, ele endereçou para o pai com um pequeno bilhete:
Sei que não devia... Mas entregue a ela.
Um bilhete um pouco confuso, é verdade, mas para o Sr. Lupin não era nada confuso. Remo foi à noite para a Casa dos Gritos, onde iria se transformar, e foi tão deprimido que no dia seguinte, na enfermaria, ficara dormindo até tarde. Quando acordou, uma garota falou com ele.
-Você recebeu uma carta... – disse uma garota que estava sentada no canto da cama.
-Lily? – ele perguntou surpreso. – O que você está fazendo aqui?
-Você disse ontem que estava muito doente então eu resolvi ver como você estava de manhã e me disseram que você tinha vindo pra cá. Aconteceu algo grave? – ela perguntou.
-Não... Mas de quem é a carta? – ele perguntou.
Ela entregou um envelope a ele. Ele o abriu.
O que você quer dizer com "Sei que não devia"?
É claro que devia. E pode sempre fazer isso. Ela ficou super contente com o presente, filho.
Mas você tem que tomar cuidado, só isso.
Com carinho,
Papai.
Ele terminou de ler a carta, desanimado. A amassou e jogou na lixeira.
-O que foi? – Lily perguntou ao ver o desanimo do garoto.
-Nada... Lá pelo pôr-do-sol eu saio daqui. – ele disse. – Então nós nos vemos. Estava com vontade de visitar os jardins. Ela gostava muito deles...
-Ela quem? – perguntou Lily curiosa.
-Ahh... Minha mãe. – ele disse.
-E o que você quis dizer com gostava? – perguntou ela sem entender. – Ela morreu, por acaso?
-Não... É que depois de uma fatalidade ela perdeu o gosto... – ele disse tentando parecer natural, mas disse isso com muito esforço e com a voz fraca.
-Ah... Bem, então vou deixá-lo descansando. Quando for mais tarde eu volto – e partiu.
As próximas visitas eram os Marotos, e um Tiago emburrado, pois Lily fora visitar o amigo. Madame Pomfrey caminhou com eles até o leito de Remo e deixou um mingau de aveia para ele. Ela parecia bem chateada, pois o paciente estava recebendo mais visitas do que deveria. Remo já havia dito a Tiago que ele e Lily eram apenas amigos, mas Tiago continuava emburrado.
-Só me diga. – disse Tiago. – E seja sincero. Você ama ela?
Remo ficou tão surpreso com a pergunta que engasgou o seu mingau.
-O que?
-Você ouviu.
-Eu já te disse! Somos apenas amigos!
Tiago pseudo-aceitou a resposta do amigo, expressão que aqui significa "aceitou, mas sem muita convicção".
Quando, vinte minutos depois, Madame Pomfrey expulsou os três Marotos de lá, deixando o quarto deitado numa cama da enfermaria sozinho, chegou outra carta. Uma coruja branca como neve de olhinhos sapecas e brilhantes, aterrissou em sua cama.
Ele pegou a carta que ela lhe trazia apressadamente, e na expectativa. Abriu-a quase a rasgando.
Caro Remo,
Eu adorei o presente, apesar de não gostar muito de jardinagem. Eu só gostaria de saber como foi que você o comprou estando isolado em Hogwarts! Espero que tenha sido a algum tempo em Hogsmeade, seu sapeca!
Nós não nos falamos muito, mas saiba que você é uma pessoa muito especial para mim, mesmo por que é filho do meu marido!
Abraços,
Marian J. Lupin
Essa carta ele guardou bem guardada e com carinho. No fim da tarde quando estava se trocando para sair Lily chegou.
-Vamos? – perguntou estendendo a mão para ele.
Ele corou e ficou sem saber o que fazer.
-O que você quer que eu faça? – ele perguntou timidamente.
Ela sorriu.
-Que pegue na minha mão...
Ele examinou a mão delicada da garota ruiva em dúvida, se devia ou não. Esticou o braço, hesitando.
-Mas eu nunca peguei na mão de ninguém... A não ser de umas poucas garotas com quem sai... – ele protestou.
-Você pode pegar na minha. – ela disse sorrindo, e pegando a mão dele. Ela o puxou e os dois saíram correndo pelo castelo feito dois bobos em direção aos jardins. Os dois se sentaram em um banco de madeira e observaram o pôr-do-sol, pensativos.
-Sem querer... – ela começou. – Ah... Ouvi os seus amigos dizendo que ontem foi aniversário da sua mãe... E você adoeceu justo no dia!
-É...
-Você mandou alguma coisa pra ela? – Lily perguntou.
-Sim... E ela me respondeu agradecendo.
-Algum tipo de carta que nem aquelas melosas de mães?
Ele riu pelo nariz.
-Quem dera que ela fizesse isso...
-Como assim? O que você quer dizer com isso? – ela perguntou sem entender o que ele dissera.
-Nem se ela quisesse ela poderia escrever uma carta para o filho dela. Ela não tem filhos.
-Eu não estou te entendendo... – disse Lily confusa. – Quer dizer que ela não é a sua verdadeira mãe?
-Há... Seria melhor para ela se não fosse... Ela só não sabe que é... – disse ele deprimido.
-O que quer dizer com isso? – ela perguntou ainda sem entender.
-Mamãe me esqueceu. – ele respondeu. – Ela teve a memória alterada com um feitiço, pois não agüentava... não agüentava a idéia de que eu fosse... – ele parou de falar.
Ela olhou atentamente para ele sem falar nada.
-Ela não suportava a idéia de eu ter sido mordido por um lobisomem. – completou.
Os olhar dela se mudou para um olhar chocado.
-V-você é um lobisomem? – ela perguntou surpresa.
Ele sorriu tristemente.
-Sou... Pode se afastar se quiser. Pode até ter nojo. Eu não me importo. Isso aconteceu durante toda a minha vida... E até com a minha própria mãe. – ele disse, triste.
-Eu imagino que deve ter sido difícil. – ela disse. – Mas eu não sinto nojo.
-Quando eu era pequeno eu fui mordido por um lobisomem inimigo do meu pai. – ele disse. – E a minha mãe não se conformou. Ela estava sempre nervosa e histérica. Então sugeriram que a memória dela fosse apagada, só assim ela melhoraria. Meu pai então veio conversar comigo. Eu aceitei. Não podia deixar que ela sofresse só por parte de meu egoísmo.
"Se você me perguntasse se eu gostaria de que ela tivesse se esquecido de mim, eu iria responder: Não".
Ele fez uma pausa e ela ouvia atenta, com água nos olhos.
"Agora isso é só egoísmo meu. Apesar disso eu acredito que nenhuma lembrança deveria ser esquecida. Por mais dolorosa que ela seja. E eu não posso nem sequer chegar tão perto, conviver muito com ela, pois há um risco de ela lembrar. E isso não seria bom...".
A esse ponto Lily já estava chorando. Ela o abraçou forte e disse com a voz fraca:
-Nenhuma lembrança deve ser esquecida... Por mais dolorosa que seja...
Os dois ficaram ali até o cair da noite, e quando escureceu voltaram para o castelo.
