Como é bela a asa em pleno vôo
Uma vela em alto-mar
Sua vida - toda ela - está contida
Entre o partir e o chegar
Mario Quintana

Capitulo S.

"No fundo... Na escuridão daquele quarto... Tudo o que eu mais desejava era..."

-Ei Pontas...

-Que é?

-Olha quem vem vindo... – disse Sirius olhando para uma garota loira que vinha em direção a eles. – Essa não seria a nossa querida Hillary Foster?

Tiago se levantou e foi ao encontro da garota

Os dois conversaram por um tempo, até que Tiago passou o braço por de trás do ombro dela e os dois caminharam em outra direção, deixando Sirius sozinho onde ele estava.

E onde ele estava? Nem ele mesmo sabia. Estava viajando há tanto tempo em seus pensamentos que nem mais lembrava que estava num jardim de Hogwarts, em frente ao lago, e debaixo de uma árvore frondosa.

Ao seu redor pessoas sorridentes observavam a Lula gigante, liam livros, namoravam e ele estava de fora. Estava ali em seu canto, pensativo.

Só Remo para trazê-lo de volta.

-Perdi algo? – ele perguntou se sentando ao lado do amigo.

-Nada de especial. Já é fim de tarde e eu fiquei morgando aqui o dia inteiro. – respondeu Sirius entediado.

-Não arranjou companhia pra esse fim de semana? Você sempre arranja...

-Eu queria ficar sozinho... Estava a fim de pensar...

-Nossa... Nunca te vi assim. – comentou Remo ao ver a cara do amigo. Ele tinha um olhar distante, e uma expressão perdida. – O que houve?

-Eu fugi de casa. – disse Sirius. – Antes de vir das férias do Natal. Fugi pra casa do Pontas.

Remo ficou apreensivo.

-Eu briguei definitivamente com minha mãe, sem mais voltas, e resolvi sair. Já estava me sentindo sufocado.

-Você nunca tinha mencionado isso... Parecia só que você esteve de férias na casa dele...

-Eu sei... Me desculpe por não contar. – pediu Sirius.

Remo riu.

-Não precisa pedir desculpas. – ele disse. – Eu só estava pensando... Tem tantas coisas que eu não contei a vocês, mas eu gostaria muito de contar.

-Você pode ter seus próprios segredos, Aluado. – disse Sirius. – Nós sabemos que você é um tipo de pessoa reservada...

-Eu não quero ser tão reservado! Eu não preciso ser reservado com vocês! Nós nos conhecemos há seis anos! – disse Remo.

-Na verdade... Apesar de não parecer... Eu também não contei algo a vocês. – disse Sirius, lentamente.

Os dois ficaram em silêncio. Ambos queriam falar o que havia acontecido, um para o outro, mas parecia que existia algum tipo de tranca que não deixava as palavras saírem.

Remo, por que não sabia por onde começar.

Mas Sirius, por outro lado, não sabia se queria começar. Não sabia se queria tocar em um assunto delicado como este outra fez. Algo que ele fez questão embolar e trancar muito bem trancado em algum lugar fechado de sua mente desde o primeiro momento em que pisara em Hogwarts.

Ele se levantou.

-Aonde você vai? – perguntou Remo.

-Ahh... Eu não sei... Vou andar... – respondeu Sirius, e foi andar.

Ele estava realmente estranho naquele dia. Estava estranho desde que fugira. Desde aquela briga definitiva com a sua mãe. Parecia realmente perdido, mas só estava tentando ser livre. Queria se libertar da tirania de seus pais, daquela casa velha cheia de tradições e coisas idiotas da família Black. Aquela casa fria, sem calor. Aquilo não era um lugar em que ele poderia chamar de lar. Era só a casa dos Black. E ele não era um deles. Pelo menos não era que nem seus pais e seu irmão – que apesar de novo já estava estúpido.

Ele queria acordar daquele pesadelo – estava acordando. E estar acordado era ótimo. Sentia que as cordas firmes que sempre o prenderam, aos poucos, estivessem afrouxando.

Ele se sentou em outro canto e começou a pensar o quanto já havia acordado. Nunca mais teria de voltar para aquela casa. Nunca mais. E ele não voltaria nem arrastado.

-Sei que posso parecer inconveniente. E que pode parecer que eu estou tentando impor a minha companhia a você. – disse Remo, que havia acabado de chegar. – Mas uma cena nada agradável está acontecendo perto do lago.

-O que houve? – perguntou Sirius.

-A Lula... Acho que alguém a enfeitiçou, mas... Mas ela agarrou Snape com um tentáculo e está tentando afogá-lo...

Sirius começou a rir descontroladamente.

-Isso é nada agradável, Aluado? – perguntou Sirius rindo. – Isso é a coisa mais agradável que eu ouço há dias!

Ele se levantou para ir em direção à cena, mas Remo o segurou.

-Melhor não ir. – ele avisou. – Podem desconfiar de você. Foi por isso que eu saí de lá.

Sirius riu.

-E o que vai acontecer se desconfiarem? – perguntou Sirius em tom de desafio. – Você sabe que eu não tenho medo de detenção...

Remo estava sem argumentos, então não falou mais nada. Sirius não se mexeu.

-Ah... Deixe a Lula brincar com ele hoje. Só ela. – disse ele se sentando novamente. – Hoje não tenho saco para ver as fuças do ranhoso.

-Desistiu?

-É... É que...

-Remo! – chamou uma garota ruiva ofegante que acabara de chegar ali. – Preciso falar com você.

Remo se levantou e acompanhou Lily para outros cantos do vasto jardim. E Sirius ficou sozinho novamente.

Ele se se encostou no tronco da árvore e começou a lembrar de acontecimentos de alguns anos atrás...

Um quarto escuro. Cheiro de mofo. A solidão em cada canto daquele cômodo mal iluminado.

-Mamãe! Me deixe sair! – pedia um garoto. – Mamãe!

-Não. Você irá aprender. – respondia uma mulher. – Você será digno de pertencer à família que pertence. Tem que deixar de ser um bebê chorão!

Um garoto encolhido no canto do quarto. Estourando de raiva. Sem ao menos chorar.

-Sirius. Pro quarto. Já.

-Você não manda em mim! Você nem sequer é uma mãe decente, portanto não tem o direito de mandar em mim!

-Se você não for vou te dar uma surra...

-Eu te odeio! – gritava o garoto com lágrimas de raiva em seus olhos. – Eu te odeio! – e recuava para seu quarto, gritando continuamente.

-Ei... – chamou Tiago. – Terra para Sirius...

Sirius se endireitou e examinou o amigo.

-E ai? – ele perguntou.

-Eu e Hillie estamos namorando... – Tiago respondeu.

-Cara! Por que você faz isso? – perguntou Sirius irritado.

-Como assim? – perguntou Tiago sem entender.

-PQP! Você ama a Lily, não? – respondeu ele quase gritando.

-Sim...

-Então por que está fazendo essa besteira?

-Ela nunca vai me perdoar! Eu não sei mais o que faço, nada adianta! – respondeu Tiago desamparado.

-A primeira coisa a se fazer não é – definitivamente – sair namorando outra! – falou Sirius, irritado.

Tiago olhou para o lado, um pouco envergonhado.

-Eu sei... Mas talvez... Talvez eu pudesse esquecê-la...

-Se você ainda não a esqueceu, significa que não vai esquecê-la mais! Não vai conseguir! – protestou Sirius, indignado com a idéia do amigo.

-Talvez você esteja certo... Eu posso tirar a prova... – disse Tiago, quase convencido.

Ele se virou e começou a caminhar em direção ao castelo.

-Aonde você vai?

-Você logo vai saber... – respondeu ele.

E foi. Sirius se levantou e foi procurar os amigos. Encontrou Remo sentado na mesma árvore perto do lago em que eles estavam mais cedo.

-E ai? O que a Lily queria? – perguntou Sirius.

Mas Remo nem havia notado que ele tinha chegado. Estava muito ocupado observando alguém, pensativo.

Sirius seguiu o olhar do amigo e percebeu que ele olhava intensamente para Lily.

-Desculpe, o que você disse? – perguntou Remo.

-Aluado... Você ta gostando da Lily! – afirmou Sirius.

Remo corou, nervoso.

-Não! Você sabe que eu não posso! Eu não gosto dela desse jeito que você pensa – negou ele.

-Por que você não pode? – perguntou Sirius.

-Sirius! Você sabe! Ela gosta dele!

-O que? Ela realmente gosta dele? – perguntou Sirius surpreso.

-Está mais que óbvio. Ela sempre fala nele... Sempre arranja um jeito de falar com ele, por mais que seja brigando...

-Então por que ela não o perdoa?

-Ela é muito orgulhosa. Garanto que se ele... – ele fez uma pausa pensando se deveria ou não dizer aquilo. – Garanto que se ele terminasse logo com essa história de namoro tudo daria certo...

-Tem certeza?

-Foi isso que ela veio falar comigo. – respondeu Remo. – Ela foi falar com ele para eles se entenderem, mas ele estava tendo um tipo diferente de conversa... Com a Hillary.

-Ele veio com essa história de que os dois estão namorando... Nós não podemos deixar. – disse Sirius. – Mas antes que você mude de assunto, você não se importa se os dois ficarem juntos?

-Claro que não. Eu só gosto dela. É diferente. Lily é uma garota super inteligente, bonita, engraçada, com vários atrativos, mas ela gosta do meu amigo, e ele gosta dela. Eu não a quero... Quero que continuemos sendo amigos – respondeu Remo, tranqüilo. – E você. Não mude o assunto. Nem tente me esconder, por favor. O que houve com você hoje?

Sirius olhou para o lado, sem jeito.

-Eu... Eu tive um sonho antes de acordar. Eu relembrei dos tempos antes de vir pra Hogwarts, e também depois. Mas antes era bem pior. – respondeu Sirius, lentamente. – Minha mãe nunca agiu corretamente comigo. Eu nem acho que deveria chamá-la de mãe. Aquela mulher – acrescentou, com repugnância. – adorava me torturar.

"Ela, por inúmeras vezes, me trancou em um quarto escuro e mofado. Sempre que estava zangada, mesmo que não fosse comigo, descontava em mim. Por vezes, eu tentei fugir de casa, mas não consegui. Acho que só não enlouqueci por causa das visitas das minhas primas".

"Se dependesse da Narcissa e da Bellatrix eu já tava pirado, mas a Andrômeda salvava aquelas irmãs idiotas dela. E quando o Regulus nasceu, aquela mulher me esqueceu. Ficou super indiferente à mim – o que foi um avanço, se tratando dela - e ficou paparicando ele."

"Engraçado, por que ela sempre disse que eu não podia ser tão mimado e para eu parar de ir chorar no colo dela, mas com Regulus foi ao contrário. Não estou com inveja, sinceramente agradeço a ela por não ser um idiota feito o Regulus".

Os dois ficaram em silêncio. Remo pensou em várias coisas para dizer ao amigo, e também chegou à conclusão, que o que Sirius queria não era um consolo. Parecia ter superado. Parecia ter crescido, avançado.

-Você não parece estar preocupado com isso. E nem precisa. – disse Remo finalmente – Você é maravilhoso, Almofadinhas. Eu... queria ser como você. Eu invejo o jeito como você encara as coisas... Você é tão despreocupado, e mesmo assim, arranja uma solução para tudo.

Sirius riu.

-Você queria ser como eu, Aluado? – perguntou Sirius. – Que ironia. Você tem tantos dons que eu queria ter. Você é calmo, racional, e vive ensinando tantas coisas para a gente. Você também é maravilhoso.

-Olha quem fica falando do Pontas... – brincou Remo.

-Há! Quem veio com elogiozinhos pra cima de mim foi você! To te estranhando hein!

Eles riram, e depois de terminar de rir, a expressão de Remo ficou séria novamente.

-Sirius... Eu não consigo entender. Como você conseguiu viver todos esses anos sem mãe? Sem pai? Sem família?

-Isso não é verdade. – disse Sirius. – Não é verdade que eu não tenha tido uma família. Quando estou com meus amigos, estou em casa.

-Eu acho... Acho que não me sinto como você. Infelizmente. – disse Remo. – Eu falo umas coisas poéticas, parece até que eu superei. Mas eu sou cheio de dúvidas, inseguranças, incertezas... Vontades que não podem ser realizadas...

Sirius não sabia toda a história da mãe dele, mas já dera para perceber de que de um jeito, ou de outro, Remo parecia não ter uma mãe. Ou não ter mais.

-É tudo uma questão de adaptação. – disse Sirius. – A vida é feita de adaptações. Às vezes a gente tem mais de uma alternativa, às vezes não. Então temos que nos adaptar, ou pelo menos nos acostumar. Se não conseguirmos, nós vamos sofrer mais do que o necessário. Às vezes as pessoas por quem choramos não merecem nosso sofrimento...

-E mesmo assim choramos por elas... – murmurou Remo.

-E mesmo assim choramos por elas. – concordou Sirius. – Mesmo sabendo que não devemos, muitas vezes choramos por elas.

"Talvez o tempo nos ajude a superar. Talvez já tenha ajudado. O tempo é a substância da qual somos feitos. Se você chorar por não conseguir ver o sol, as suas lágrimas te impedirão de ver as estrelas".

N/A: Como to com pressa eu só qria agradecer à Mazinha pela review e pedir q vcs mandem mais reviews!
Olha só td a poesia do cap! Ñ é justo q dpois de eu ter remexido minha cabeça pensado e repensado um bando d coisas poéticas pra por na fic eu fique sem reviews! Então tratem de mandar reviews!
Mazinha estou sem mto tempo pra "editar" a continuação então vai demorar pra eu publicá-la.

Sayonara o/