Os dois casais saíram da casa amarela em direcção do salão do baile.

-"Ai mor, tá tanto vento…" – disse Tomoyo com uma lágrima no canto dos olhos provocada pela ventania.

-"É… eu acho que ainda vai chover" – ele disse enquanto olhava para o céu.

Enquanto um casal falava do tempo, o outro não falava nada. Sakura resolveu quebrar o silêncio.

-"Então Shaoran, a Kawamura vai ao baile?"

-"Não sei" – Shaoran olhou para Sakura demoradamente – "Estás linda!

Ela olhou para os olhos do rapaz e viu que o elogio era sincero. Queria tanto que Shaoran a beijasse ali, naquele instante… Mas desanimou. Ele estava noivo da Kawamura. Tinha de se mentalizar que ela e Shaoran não iriam ficar juntos nunca.

Ainda andaram um pouco pois o salão ficava longe.

Pararam à frente de um ginásio. Tinha uma grande faixa que dizia "Baile de Finalistas".

Entraram no edifício e Sakura reparou na decoração. Á sua esquerda encontrava-se um pequeno palco e umas colunas da sua altura. No canto do salão, podia-se ver uma mesa comprida com comidas e bebidas. Pode ver que havia um pequeno bar, onde certamente se serviam as bebidas alcoólicas. Viu que quem estava a servir ao bar era a Reeika, filha de um dos professores e muito sua amiga.

-"Olha Li, importas-te de esperar um pouco aqui? Eu vou só ali ao bar ok?"

-"Ok!" – ele disse e viu-a a distanciar-se

Sakura encaminhava-se agora para o bar. Shaoran continuava no mesmo sítio, até que sentiu alguém tocar-lhe no ombro. Rapidamente virou-se para ver quem era.

-"Tu? O que estás aqui a fazer?" – perguntou ele incrédulo.

-"Então, estou aqui a fazer o mesmo que tu" – disse ela agarrando-se ao braço de Shaoran.

Hoje

Sakura tinha chegado ao bar, mas voltou para trás porque afinal, a rapariga não era a Reeika. Caminhava com um pequeno sorriso. Estava tudo a correr tão bem, o Shaoran estava diferente, já não o via assim a algum tempo.

Eu vou ficar por aqui

Azusa conseguiu ver que Sakura voltava para trás. Era essa a sua oportunidade. Agarrou no Shaoran e empurrou-o contra a parede. O rapaz tinha um semblante confuso, não sabia o que queria Azusa. A rapariga prendeu as mãos do rapaz e beijou-o apaixonadamente, sem dar tempo para ele agir.

Não esperes por mim

Conseguiu ver o rapaz lá ao fundo, mas viu também a pessoa ao seu lado. Parou de caminhar e viu o que não queria ver: Um beijo entre os dois. Pode pressentir que o baile não ia correr bem. Iria ver o que Shaoran tinha para dizer e logo depois tomava as suas decisões.

Eu já te dei

Kawamura separou os seus lábios dos de Shaoran, que olhava atónito para ela.

-"Olha ali a Kinomoto… Olá Kinomoto!" – ela cumprimentou cinicamente.

-"Olá Kawamura, que prazer em ver-te" – Ela retribuiu.

Mais do que eu sei

Azusa abraçava ainda mais o seu noivo, que continuava sem saber o que dizer.

E tudo o que eu queria

Um tempo p'ra mim

-"Então vieste ao baile com quem?" – perguntou Sakura.

-"Com o meu namorado claro." – Kawamura pôs-se a olhar à sua volta e voltou a fixar a rapariga – "E quem é o teu par?"

Sabes bem que é inútil mudar

E o tempo faz parte de mim

Sakura olhou para Shaoran. E agora? O que iria dizer? Shaoran não contradisse Azusa, o que fez com que Sakura percebesse que mentir seria a sua solução. O rapaz continuava mudo e com os olhos fixos no chão.

-"O meu par telefonou-me agora, ficou doente" – Shaoran fitou a rapariga e em troca recebeu um olhar gélido. Porque não conseguia dizer nada? E porque mentira ela? Sentiu-se petrificado, sem se conseguir mexer. Pode sentir a mágoa da rapariga. Mais uma vez, ele tinha-a desiludido. Era o pior homem do mundo por magoar assim, a flor mais bonita e delicada que alguma vez existiu.

Hoje vou ficar

Hoje quero ir

-"Bom, eu vou-me embora. Adeus" – ela caminhou rapidamente para a saída. Não conseguia segurar as lágrimas. Só tinha uma questão na sua cabeça: Porquê?

-"Vamos dançar Shaoran?" – disse Kawamura com um ar radiante, ainda agarrada ao rapaz.

Ao fim desse olhar só para te sentir

'O Xiao Lang enganou-se redondamente ao pensar que eu o deixava ir ao baile com a sonsa da Kinomoto. ' – Ela pensou.

Hoje vou ficar, Hoje quero ir

Ao fim desse olhar, só para te sentir

O rapaz do cabelo cor de chocolate sentiu a cólera crescer dentro de si. Sabia o que tinha de fazer.

-"Larga-me!" – ele disse sem olhar para ela.

Hoje, parei e pensei outra vez

-"Nem pensar! Eu quero ficar a vida toda agarradinha ao meu noivo" – disse ela toda lamechas

-"Sai daqui. Tu não prestas. Nem morto eu vou casar contigo."

Não esperes por mim

-"Mas tu és obrigado! Porque é que estás assim zangadinho?"

-"Sabes melhor que eu que ainda tenho uma chance de acabar com o casamento. A vida é minha e faço dela o que eu quero. Acabou Azusa, ACABOU TUDO" – disse ele e saiu, sem mesmo esperar pela resposta. Agora iria falar com Sakura.

Eu já mudei

Sakura caminhava à toa. Não conseguia parar as lágrimas que continuavam a formar-se nos seus olhos e que teimavam em escorrer-lhe pela cara.

TRUMMMMM (isto é um trovão )

Sakura estremeceu. Sentiu um pinguinho cair no seu nariz. Olhou para cima e muitas outras gotas de água molharam-lhe a cara.

Já só faltava chover.

-"EU MEREÇO?" – gritou ela para o céu, zangada com o "Senhor" que comandava a meteorologia. Continuou a andar, agora toda molhada. Já nada importava.

Mais do que eu sei

-"SAKURA" – ela ouviu gritar. Continuou na sua, não queria falar com ninguém.

-"SAKURA" – ela ouviu outra vez, agora mais perto. Apressou o passo.

E tudo o que eu queria

-"Sakura" – agora ela parou, mas permaneceu de costas para o dono daquela voz – "Olha para mim Sakura" – disse ele desesperado.

"…" – Não obteve resposta.

Um tempo p'ra mim

-"Sakura olha para mim, por favor"

-"Para quê?" – o rapaz ouviu. A voz dela estava diferente, estava pesada, carregada de tristeza e desapontamento.

Sabes bem que é inútil mudar

-"…Sakura…" – ele suspirou. Foi com a sua mão, encontrar o braço dela, para assim a fazer virar.

-"Larga-me" – ela disse baixinho – "não piores as coisas Li, larga-me" – terminou firme.

E o tempo faz parte de mim

-"Não te vou largar até tu falares comigo"

-"Larga-me" – ela subiu o tom de voz e num rápido impulso soltou-se e deu uma bofetada na cara do rapaz.

-"Porque fizeste isso?" – ele disse incrédulo, enquanto passava a mão na bochecha quente. A mulher que ele amava decerto o odiava.

Hoje vou ficar

Sakura não aguentou. Se Li veio atrás dela, agora teria de ouvir, teria de se sentir mal, péssimo pelo estado em que a tinha deixado. Iria faze-lo sentir culpado e ainda iria dizer o que ia na sua alma.

-"Tu não sabes nada Li… não sabes nada." – Ela disse, de cabeça baixa. Lágrimas escorriam pelo seu rosto – "Tu não sabes o que eu tenho aguentado, o que fiz por ti, o que sinto…" – ela olhou para ele e dirigiu a sua mão no lugar onde se podia sentir o fraco pulsar dum coração partido – "Tu não sabes nada Li. Tu não prestas, não vales nada, tudo o que sinto por ti é nojo… nojo e ódio. 'Tou cansada de tudo… Das situações em que me pões, do que me fazes sentir – 'Cansada de te amar ' – ela pensou.

Hoje quero ir

-"…Eu desisto! Não vale mais a pena continuar assim. Eu de ti só quero distância. Quanto mais longe estiveres de mim melhor. E sabes que mais Li? Eu quero que tu te fodas! – E dito isto, virou as costas ao rapaz e correu o mais que pode em direcção da sua casa.

Ao fim desse olhar

Só para te sentir

'Adeus Shaoran Li ' – Ela pensou e enquanto corria, chorava para findar com aquela dor no seu coração.

O rapaz ficou ali. Não teve reacção. Sentia-se um lixo, um nada.

-"Sakura…" – ele sussurrou, enquanto uma lágrima escorregava pela face quente do rapaz e se confundia com as gotas da chuva.

Hoje vou ficar

Não entendia nada. A rapariga expôs ali, tudo o que estava preso na sua garganta.

Sakura tinha agora entrado em casa. Sentia-se horrível, sentia-se a pior pessoa do mundo. A pior não! O pior era o Li, esse sim. Relembrou da discussão que tiveram. De certa forma, sentia o seu coração um pouco mais leve, embora estivesse partido. Disse para ele tudo o que lhe vinha à cabeça, até uma ou duas mentiras mas valia tudo. Não o odiava por aquilo que ele era mas odiava as suas acções, as suas obrigações, a sua noiva. Sim, a sua noiva.

Hoje quero ir

Sakura continuava deitada no chão da entrada de sua casa. Chorava que nem uma desalmada.

-"Miauu" – ela ouviu. Kero estava junto dela.

Agarrou no seu bichano e desabafou tudo com ele, mesmo sabendo que ele não percebia.

Ao fim desse olhar

Só para te sentir

Shaoran caminhava em direcção da sua casa. Não ia insistir com ela, não agora. Sentia-se magoado, apesar de não ter esse direito. Passou em frente da residência Kinomoto e soltou um suspiro.

Só para te sentir

-"Eu não vou desistir Sakura." – Olhou de forma esperançosa para a casa e voltou a andar.

Vou ficar

§§

Uma semana tinha passado, mas a magoa que Sakura sentia continuava presente. Li tinha insistido muito com ela, para que voltassem a ser amigos, mas amizade ela já não lhe conseguia dar. Não fazia sentido.

'Se vemos uma faca, não vamos lá com os dedos pois podemo-nos cortar ' – ela pensou.

Com o Li era exactamente a mesma coisa. Sabia que se estivesse perto dele iria aleijar-se e não queria isso para si. Tambem tinha Amor por si própria.

-"Sakura" – ela ouviu a Chiharu chamar. A Chiharu era uma amiga de infância, assim como Rika, Yamazaki, Naoko e Tomoyo.

Virou-se para falar com a rapariga.

-"Olha, este sábado faço anos"

-"A sério?" – pensou logo no que iria oferecer a ela.

Ela confirmou com a cabeça – " E eu estou a pensar em fazer uma festa"

-"Que óptima ideia. E quando é?"

-"Na noite de sexta para sábado. É no bar do Suzuki, sabes aquele do karaoke" – ela completou quando viu a cara confusa da amiga.

-"Ah!" – ela exclamou – "Já sei qual é, esse bar é bem calmo, parece-me bem."

-"Pois, foi por isso que o escolhi. Tu, a Rika e o Li não gostam muito de confusões e de sítios com muito barulho" – ela disse.

-"O Li vai?" – Sakura perguntou perdendo um pouco a animação.

-"Vai. Vão todos do nosso grupo. Olha Saki, o que é que se passa?" – ela perguntou.

Tinha notado diferenças na disposição de ambos, já para não falar do distanciamento que havia entre os dois. Isso fazia-lhe confusão. A Sakura gostava de Li e este também parecia nutrir algum sentimento por ela apesar de ter namorada.

-"Não se passa nada Chiharu. Não te preocupes comigo, eu estou bem" – disse Sakura, respondendo à questão da amiga. Só teve pena de mentir para ela, mas não queria ser motivo de apoquentações.

-"Se tu o dizes…" – Chiharu não insistiu mais e resolveu respeitar a vontade da amiga – "Então, apareces lá amanha à noite? Posso contar contigo?"

-"Claro miga " – Sakura pode ver que Tomoyo se aproximava.

-"Então vá! Não faltes!" – Chiharu disse enquanto se ia embora.

-"Daidoujii" – Sakura ouviu. Era Shaoran que corria na direcção de Tomoyo. Viu que os dois se afastavam dali e pela primeira vez sentiu ciúmes e inveja da amiga.

Dirigiu-se para a sala de aula e sentou-se no seu lugar. Deitou-se sobre a mesa, com a cabeça enfiada no meio dos seus braços.

Porque tinha de chorar agora? Porque tinha de se sentir tão fraca, tão débil? Porque é que a sua consciência não conseguia ser mais forte do que o seu coração, dos que os seus sentimentos? Ele… a culpa era toda dele.

Toda não! A culpa também era sua porque permitiu-se amar assim. Agora quem lhe arrancaria aquele sentimento do peito? Ela! Sim, ela. Iria conseguir esquece-lo, nem que tivesse de mudar de casa. Sim, iria correr tudo bem. Depois de esquece-lo iria ficar tudo bem, ela convenceu-se.

'Mas será que é mesmo isso que eu quero? ' – Perguntou-se no momento em que Tomoyo e Shaoran entravam na sala.

'Lá se vai a auto-confiança ' – pensou, desapontada consigo própria.

Shaoran deitou-lhe um olhar de cãozinho abandonado. Só esperava que corresse tudo bem amanhã…

§§

Sakura acabava de entrar no bar do Suzuki. Viu um pequenino estrado onde estava apenas um microfone e o suporte em cima dele. Junto do estrado que servia de palco estava um pequeno ecrã onde iriam aparecer as letras das canções. Ao menos iria fazer um esforço para se divertir.

Sentou-se na mesa, acompanhada por todos à excepção de Tomoyo e Shaoran, que ainda não tinham chegado.

-"Bom, vamos então começar a cantar" – disse Chiharu. Levantou-se e dirigiu-se ao pequeno computador que estava perto do balcão. Escolheu a musica e chamou Naoko para que a acompanhasse.

A festa estava animada e já lá estavam à umas três horas, mas não se cansavam de cantar ou se fartavam do ambiente daquele bar. Tomoyo levantou-se.

-"Bom, agora é a nossa vez" – olhou de relance para Eriol que também se levantou.

Dirigiram-se ao habitual computador e em seguida para o palco. A música tinha começado.

Tomoyo pegou no microfone e falou:

-"Esta música é para a flor de cerejeira" – olhou para Sakura e sorriu.

Tomoyo e Eriol cantavam lindamente. A voz aguda da rapariga contrastava perfeitamente com a grave de Eriol.

Sakura ouvia a letra com atenção e pode perceber que não era Tomoyo que lhe dedicava a música, mas sim Shaoran. Era por isso que eles dois cochichavam tanto.

Sakura olhou para Shaoran que abriu a boca para dizer algo, mas Sakura falou primeiro:

-"Chiharu, eu não me estou a sentir muito bem… Ficavas chateada se eu fosse para casa?"

"Não Sakura. Podes ir para casa. Obrigado por teres vindo"

Sakura levantou-se a abraçou a amiga.

-"Parabéns" – ela abriu um sorriso doce.

-"Obrigado. Agora vê lá se te pões boa!"

-"Ok, Aproveita bem o dia. Adeus" – e com esta frase dirigiu-se para a saída.

-"Chiharu, eu vou só ali à casa de banho" – e o rapaz partiu na direcção de Sakura.

-"A casa de banho não fica para aquele lado?" – perguntou Naoko sem perceber nada. Chiharu só sorriu. Esperava que eles se acertassem.

Sakura apercebeu-se de que Shaoran começava a levantar-se da mesa. Saiu do restaurante e escondeu-se num beco que havia ali perto. Viu que Shaoran tinha acabado de sair pela porta e caminhou até ao meio da rua. Sakura conseguia ver todos os movimentos do rapaz e assegurou-se de que ele não conseguia ver nenhum dos seus.

A melodia continuava a tocar. Tomoyo e Eriol ainda cantavam. A rapariga dos olhos verdes iria ficar ali só mais um pouco a ouvir aquela canção porque afinal ela fora-lhe dedicada.

Não conseguia desviar o olhar de Shaoran. Ele parecia estar a sofrer tanto como ela. Os seus olhos tinham-se tornado tristes, pareciam até que estavam sem vida. Começou a arrepender-se de ter saído do restaurante, mas se não o fizesse, iria falar com ele e o mais certo era perdoa-lo.

Talvez devesse fazer isso…

Talvez devesse dar mais uma oportunidade a ele. Estavam ambos a sofrer, isso era visível. Talvez ela não devesse apagar o amor que sentia, mas aprender a viver com ele. Sim, iria fazer isso e quando reparasse já o tinha esquecido. Iria correr tudo bem.

Shaoran já tinha ido para dentro. Não iria lá, ele é que teria de lhe pedir desculpas. Era o seu orgulho que estava em jogo. Seguiu para casa mais alegre, agora que o tinha perdoado. Só faltava o Shaoran tomar conhecimento disso.

O rapaz caminhava agora para a mesa. Estava desolado. Mais uma tentativa que tinha falhado. Iria tentar mais uma vez e se não tivesse sucesso, não teria outra solução que não, se conformar e deixar Sakura em paz.

§§

Ainda pensava nos telefonemas da florzinha. Já tinha acontecido. Pegou no auscultador e marcou um número. Sorriu ao ouvir uma voz feminina tão conhecida por si do outro lado da linha.

-"'Tou sim?"

-"Olá" – ela saudou amavelmente.

-"Áh! És tu! Então tens novidades para mim?"

Ela sorriu ao ser reconhecida.

-"Tenho. A Sakura contou-me que aquilo que previ já aconteceu."

-"Já? Mas não deveria ser mais tarde?" – ela perguntou intrigada.

-"Deveria, mas sabes que o futuro não é totalmente previsível."

Ambas abriram um pequeno sorriso. Conheciam-se desde miúdas, estudaram juntas e só se separaram quando uma delas casou e teve de cumprir as suas obrigações como esposa em Hong-Kong. Mantiveram sempre o contacto através de cartas e telefonemas mas não era a mesma coisa. Quando o seu filho nasceu, Beth deslocou-se até lá e fez questão de ser madrinha do rapaz. Alias, fora-lhe prometido que quando Yelan tivesse o primeiro filho rapaz, ela seria a madrinha da criança.

-"E o que disseram as cartas?" – perguntou Yelan, uma senhora muito respeitada na China. Quando pequena, ela tinha muitos sinais fora do normal.

Conseguir prever o futuro não passou despercebido pelos seus pais e por isso foi levada a um psiquiatra. Fora convencida a esquecer o dom que recebera, até que conheceu Beth, uma inglesa que partilhava os mesmos poderes que ela. Juntas, eram uma dupla imparável. Eram tratadas como se fossem "bichos-do-mato" mas nada disso importava porque tinham a amizade uma da outra. Mas, à medida que o tempo foi passando, ambas cresceram, passaram pela adolescência e experimentaram o amor, mas tiveram sortes diferentes.

Yelan casou com o herdeiro da família Li e juntos tiveram quatro raparigas e um menino. Beth também casou, mas enviuvou cedo, não tendo tido de ser mãe. Por isso tratava Shaoran, seu afilhado, como se fosse seu filho. Podia ter casado novamente, constituir uma nova família, mas Beth nunca esqueceu aquele inglês que mudou a sua vida. Nunca conseguiu amar de novo.

-"Beth… O que disseram as cartas?" – ela repetiu pacientemente.

-"Ãn? Áh! As cartas… continuam a dizer o mesmo. Continua tudo como previsto." – Ela caiu de novo nos seus pensamentos. Revoltava-lhe o facto de Yelan ter desistido dos seus poderes, quando constatou que os seus filhos não os tinham herdado de si, para além de não precisar deles, até agora. Quando lhe contou sobre Azusa Kawamura e tudo o que a rapariga disse e fez, Yelan tentou fazer algo, mas era tarde demais. O seu dom tinha desaparecido, talvez porque ela tenha deixado de o usar ou porque não tenha se preocupado em evoluir na magia. Mas também… Yelan já tinha tudo o que queria, tudo o que precisava para ser feliz.

Se houvesse algum problema, ela sabia que tinha a sua amiga "bruxinha" para a ajudar.

-"E o que aconteceu?" – perguntou Yelan

§§

'ACABOU TUDO' – ela relembrou mais uma vez. Sentia-se um lixo. Tinha conseguido com que a Kinomoto se afastasse do seu noivo, mas não contava que ele acabasse o noivado. Tambem não estava à espera que Xiao Lang se apercebesse do que sentia, mas precipitou-se. Ele devia saber que podia cancelar o casamento, tinha todas as condições para o fazer.

Não tinha outra solução se não ir embora, já lhe bastava a humilhação que iria passar à frente dos anciões por ter sido rejeitada uma vez. Mas pensando bem… Ela iria deixar a Kinomoto vencer assim? Iria ver o que conseguiria fazer. Se não lhe restasse mais opção nenhuma, aí sim, iria embora para longe daquela cidade nojenta.

Telefonou para seu pai e contou-lhe tudo o que se tinha passado.

O Sr. Takuya, após ouvir a sua filha reflectiu um pouco.

-"Zuzu, quero-te aqui em Hong-Kong o mais rápido possível. Já chega de humilhação. Um bom jogador também deve saber quando desistir. Alem disso, já tenho uns planos novos para ti.

-"Mas pai…"

-"Zuzu, não insistas."

-"Posso saber ao menos que planos são esses que tens para mim?"

-"Claro querida. Eu já estava à espera que isto acontecesse e por isso eu já te arranjei um novo rapaz para tu casares."

-"O quê?" – não queria acreditar, o seu pai estava louco, só podia ser isso.

-"Pois é Zuzu… O Xiao Lang já comunicou a todos da família Li que o casamento estava anulado, mas não deu explicações. O que ficou acordado entre ele e os anciões ninguém sabe."

-"Ele não perde tempo…" – ela amuou.

-" Vais casar com um membro da família Li, mas não tão poderoso como o Xiao Lang. Ele dará tudo o que precisas e ficarás em boas mãos"

-"Não quero pai!"

-"Lamento minha querida Zuzu." – E com isto terminou.

Azusa pousava o telefone no gancho. Não queria acreditar. Queria ir embora mas não concordava com a decisão de seu pai, ainda mais quando tinha cancelado um casamento à tão pouco tempo. Iria para Hong-Kong sim, mas iria também por juízo na cabeça do seu pai.


Oi…Tudo bem com vocês?

Bom, queria pedir imensas desculpas pela demora mas eu tive uns problemas e não o pode postar mais cedo. Já acabei de escrever a historia e ela terá 9 capítulos.

Queria pedir também muitas desculpas mas não vou fazer agradecimentos pessoais, prometo que os faço no capítulo 8.

Muito obrigado pelos reviews, cada um dá-me igual força para continuar, Obrigado aos que lêem e que não deixam reviews.

A música que escolhi para este capítulo é interpretada por Mafalda Veiga e André Sardet. Não tenho a certeza se o nome da música é "Hoje vou ficar" mas como é o nome que eu aqui tenho, vou deixar estar (até rimou Hihihi)

Espero que tenham gostado deste capítulo, sei que o baile era muito aguardado. Só tenho pena dele não ter corrido bem

Bom, vou dar o go,

Beijinhos

kalilah