Disclaimers: Não me pertencem, mas eu adoraria... :(

Mais um pedacinho, mais um... fico tão contente que tenha gente gostando dessa história! E é a primeira vez que escrevo "em capitulos" assim, estou me divertindo bastante. Obrigada pelo retorno, hein :)


One II
by Ifrit

Parte III - Pra que serve o orgulho?

"Passion or coincidence
once prompted you to say
Pride will tear us both apart
Well now pride's gone out the window
cross the rooftops,
run away,
Left me in the vacuum of my heart

What is happening to me?
Crazy, some'd say,
Where is my friend when I need you most?
Gone away..."

A lua nova fazia daquela noite algo excepcionalmente escuro, quase tanto quanto o humor do cavaleiro de Virgem. Até então ele chegou a pensar que nada podia afetá-lo, ao menos não a ponto de fazê-lo sentir aquelas coisas. Uma vida inteira de meditações com certeza não o havia preparado para aquilo que sentia. Passou a tarde inteira tentando acalmar o próprio espírito. Ja era noite e ainda estava fervendo por dentro. Mas afinal, do que poderia reclamar? Que direito tinha?

"Imbecil!"

Praguejava alto contra si mesmo há horas. E não tinha o costume de praguejar, isso era coisa de seus companheiros mais esquentados. Mas já se considerava um fiasco no que dissesse respeito a controlar o que sentia. Queria esganar os dois. E sabia perfeitamente que não tinha o direito de se sentir assim. Não tinha o direito de sentir ciúmes de Mu. Mas se era realmente assim, então por que é que sentia-se como se os dois estivessem tripudiando sobre ele cada vez que apareciam juntos, com aquela felicidade toda?

"Imbecil! Imbecil! IMBECIL!" - Shaka socou a parede com força, formando uma enorme cratera no mármore.

Do lado de fora, Milo, que descia as escadas exatamente em frente à entrada da casa de Virgem, saltou para o outro lado, alerta. A explosão do cosmo lá dentro provocou seu reflexo de defesa. Depois de constatar que não estava sendo atacado, o cavaleiro de Escorpião olhou para dentro do templo, preocupado. O que tinha de errado com Virgem para ele estar tão perturbado? Decidiu averiguar, o loiro andava muito estranho ultimamente.

"Shaka de Virgem?" - Nenhuma resposta - "Shaka, estou entrando..."

Milo deu apenas alguns passos, até que a resposta viesse num tom que faria qualquer um sair correndo.

"Saia."

Milo franziu a testa. Shaka tinha todos os sintomas: estava estranho, não falava direito com quase ninguém e ainda por cima tinha aquela agressividade toda, não combinava de jeito nenhum com alguém considerado tão próximo dos deuses. Continuou entrando no templo, e notou que uma das paredes tinha um grande buraco. Talvez levasse uns murros, mas tinha que ver como o outro estava.

"Se está pensando que vai me assustar com esse mau humor do cão, vai desistindo, Virgem." - Milo o encontrou sentado no futon, de costas para ele - "Ah, aí está... então, vai me dizer o que te deixa tão irritado a ponto de furar buracos nas paredes do seu templo?"

"Eu mandei sair." - Shaka permanecia imóvel.

"Bem..." - Milo se aproximou e sentou-se de costas para ele - "Estou curioso e não vou sair daquí até você falar comigo como gente normal."

"Eu te odeio." - Shaka disse, simplesmente.

"Interessante." - Milo estava surpreso com o que Shaka disse, mas não demonstrou - "O que mais? Me odiar ainda não justifica tanta fúria vinda de você."

Silêncio. Milo se perguntava o porquê de ainda estar alí, tentando fazer a reencarnação de Buda contar para ele, justamente ele, o que estava acontecendo. Até porque já sabia. Aquilo era puro e simples ciúme. Só que ele sabia que Shaka era tão orgulhoso que jamais admitiria. E Mu jamais se abriria com ele. E ele jamais chegaria a falar com Mu. Alguém tinha que acabar com aquele ciclo maldito. Carma, não era essa a palavra que Shaka costumava usar? Que fosse.

"Só tem uma coisa que está te perturbando, Shaka, e eu sei que não é a minha mísera existência." - Milo desejou mais do que nunca ser cauteloso com as palavras, mas sabia que esse era um desejo impossível para ele - "Você sente ciúmes, fica furioso quando nos vê juntos, Mu e eu."

"Tolo." - Shaka replicou fracamente.

"Posso ser, sim. Mas sabe, socar paredes, odiar como você disse que me odeia, essas coisas não vão melhorar a sua vida. Eu não ligo a mínima se você virar a cara para mim, mas aquele ariano se afunda cada vez que você pousa essa sua cara de desprezo sobre ele. Acha que isso é coisa que se faça, acha?"

"Eu não tenho que ficar ouvindo essas coisas, Escorpião. Por que não vai logo embora? Aries deve estar esperando ansiosamente. Não era para lá que você ia? Vai logo então." - Shaka respondeu friamente.

"É, eu estava indo pra lá sim, queria ver como ele está, depois da sua cena de hoje à tarde ele ficou bastante chateado, sabia? Aliás, alguma vez você se deu ao trabalho de se preocupar pelo menos um pouquinho com ele ou com o que ele sente?" - Milo estava frustrado e não fez questão de esconder - "Eu duvido."

Milo se levantou e ajeitou os cabelos num gesto impaciente. Olhou mais uma vez a figura de Shaka sentado sobre o futon, na mesma posição em que estava quando chegou alí. Decidiu arriscar.

"Mu estava certo o tempo todo. Você não tem sentimentos, nunca daria uma chance a ele. Ele tem razão de não tentar se aproximar de você. Vou me lembrar de não tentar convencê-lo a fazer isso no futuro."

Com isso, Milo saiu do templo. Assim que se viu só, Shaka não segurou mais as lágrimas. Tinha vontade de ir atrás de Milo e impedí-lo de ir ver Mu, tinha vontade de ir ele mesmo até o templo de Aries e dizer tudo o que sentia, do jeito que saísse mesmo, sem medir as palavras. Sentiu vontade de sumir também. Minutos depois sentiu, com desgosto, a presença de Aiolia bem alí atrás dele.

"Shaka..."

Aiolia se abaixou, ficando em frente ao amigo. Shaka já não estava mais fora de sí, na verdade a conversa, ou melhor, o monólogo de Milo o havia feito recuperar o foco. Mas ainda chorava. Aiolia o fez levantar o rosto e olhar para ele.

"Shaka, o que houve? Por que está assim?" - Aiolia parecia realmente preocupado.

"Eu não agüento mais..."

Shaka se atirou no abraço de Aiolia. O cavaleiro de Leão apenas o abraçou, deixando que chorasse e aliviasse a tensão que sabia que o amigo vinha acumulando há meses. Não pôde deixar de ver um lado bom naquelas lágrimas. Elas sem dúvida significavam que Shaka estava muito perto de admitir seus sentimentos, e que talvez as coisas ficassem certas novamente. Alguns minutos depois, Shaka se afastou do colo de Aiolia, e o olhou, envergonhado. Aiolia sentou-se melhor na frente dele.

"Encontrei Milo saindo. O que foi que ele te disse?"

Shaka negou com a cabeça. Tirou os cabelos que caíam no rosto, parecia estar se preparando para falar algo muito grave. Aiolia tinha tanto medo de interrompê-lo que prendeu a respiração sem sentir. Shaka, depois de limpar o rosto com as costas das mãos, finalmente decidiu começar a falar.

"Eu..." - Começou - "Bem, o Mu..."

Estava achando aquilo um absurdo, não achava as palavras, e nem era Mu quem estava alí. Como faria quando tivesse que falar com o próprio? Aiolia o salvou.

"Shaka, eu sei que você ama o Mu há tempos. Não precisa ficar tão nervoso com isso..."

"Fala como se fosse normal..." - Shaka olhava para baixo novamente.

"E é. Amar é absolutamente normal, todo mundo passa por isso na vida."

"Como sabe? Nunca soube de você estar apaixonado por ninguém, Leão."

"Você nunca me viu fazendo drama por causa disso, isso sim! Meu coração e minha vida já têm dona, apesar de todos os limites, mas encaro com tranquilidade. Sei que um dia desses poderemos ficar juntos como queremos. Destino, Shaka. Nem antes, nem depois, apenas na hora certa."

"Mas eu não estou fazendo drama..." - Shaka replicou e Aiolia quase riu.

"E o que é isso que você está fazendo então?" - Aiolia deixou escapar uma breve risada - "Me diz, o que é que te impede de descer lá e dizer logo praquele ariano medroso que você gosta dele?"

"Eu não sei." - Shaka respondeu, irritado - "Eu não sei o que fazer, eu nem consegui falar direito pra você, como acha que vou chegar lá e falar com ele?"

"Se não tentar nunca vai saber..." - Aiolia respondeu, sem se impressionar com o súbito temperamento de Shaka.

"O Milo está lá com ele. Eles estão juntos. Não posso fazer isso."

"Shaka, Mu te ama." - Aiolia viu a expressão interrogativa de Shaka e completou - "Eu tive uma conversa com ele antes. Sabia que ele nunca falou sobre isso com você porque tem certeza de que seria rejeitado?"

Aiolia se levantou para ir embora. Já tinha se intrometido demais por um dia.

"Se continuar desse jeito vão continuar separados. E sofrendo." - Deu uma última olhada em Shaka, que permanecia sentado - "Pense nisso e faça alguma coisa. Tenha você a coragem de mudar essa situação, porque a única coisa que Mu tem nesse momento é medo."

Shaka se viu só novamente em seu templo. Se Mu tinha medo, e ele conhecia bem o ariano quando ficava na defensiva, então não tinha jeito, ele mesmo teria que fazer alguma coisa. O problema era "o quê" ia fazer. Resolveu, pela primeira vez na vida, seguir a primeira idéia que lhe viesse na cabeça. E sua mente gritou: "Vá agora!"

--- Falta só mais um pouquinho! ---


É! Nem imagino como vou fazer, mas esse mocinho loiro vai ter que dar o jeito dele pra arrumar as coisas! XD Vou demorar uns dias mais pra terminar essa fic, tem mais só uma parte, viu? Está na metade, mas é que eu queria que ficasse legal, afinal, é com os meus fofinhos né... :P Muito agradecida pela "audiência", viu? Beijinhos e até mais!