Disclaimers: Não são meus! São do Kurumada. A música é da Alanis Morissette, e chama-se "Head Over Feet".

Acabei! Me deu bloqueio, então não ficou do jeito que eu queria... mas era preciso terminar a história, né, não gosto de deixar coisas paradas... bem, de qualquer forma, fico muito grata pela audiência, ne! ;)


One II
by Ifrit

Parte Final - Head over feet

"you are the bearer of unconditional things
you held your breath and the door for me
thanks for your patience...

you're the best listener that I've ever met
you're my best friend, best friend with benefits
what took me so long?

I've never felt this healthy before
I've never wanted something rational
I am aware now... I am aware now..."

Shaka se levantou de uma só vez, tinha arrepios de pensar em como faria para falar com Mu, mas precisava ter coragem, como Aiolia disse. Não aguentava mais aquela situação, nem aquelas coisas que sentia, que ora eram boas, ora o faziam querer exterminar o mundo inteiro. Juntou os cabelos apressadamente numa trança e saiu.

Alguns minutos mais tarde, Milo, que estava sentado nos degraus da frente da casa de Touro, viu passar por ele um vulto loiro, e sorriu levemente. Aiolia apareceu logo atrás, e sentou-se ao lado do amigo.

"Não vai descer?"

"Eu?" - Milo olhou de esguelha para Aiolia - "Confesso que estou morrendo de curiosidade pra saber como Shaka vai se sair dessa, mas não vou lá bisbilhotar, não."

"Ora, Milo, não perguntei por isso..." - Aiolia ia parar pra pensar no que ia dizer mas não conseguiu - "Falo de Mu, não está... com ciúmes, ou coisa assim?"

Milo sorriu mais abertamente e de repente Aiolia não sabia se corria ou se ficava alí mesmo, morrendo de vergonha de ter a língua maior do que a boca. Milo o salvou do constrangimento.

"Aiolia, eu gosto muito do Mu, mas quero muito que os dois lá embaixo se acertem logo de uma vez, assim, pelo menos um de nós se salva nessa vida."

"Mas..." - Aiolia o olhava preocupado - "Milo, mas e você?"

"Eu? Eu vou ficar bem."

Aiolia apenas o olhava. Pelo tempo que conhecia Milo, sabia perfeitamente que o amigo não ia ficar tão bem assim. Provavelmente seguiria com sua vida escondendo, dia após dia, a falta que sentia de Camus. O que mais o admirava, no entanto, era que alguém tão jovem como ele ainda era capaz de considerar o bem estar dos outros, mesmo estando em uma situação tão irremediável. Se pegou blasfemando em pensamento, imaginando se Athena não poderia usar seu poder para trazer de volta a felicidade para o Escorpião. Notou que Milo o olhava de volta, e tinha um pequeno sorriso nos lábios. O sorriso de sempre, pensou.

"Está sentindo?" - Milo se levantou e olhou na direção da casa de Aries.

"O cosmo de Shaka... está tão estranho..." - Aiolia comentou.

"É... ele parece bem nervoso. Está irregular, o que será que está acontecendo, hein..."

"Ei, espera..." - Aiolia se levantou quando viu que Milo descia as escadas - "Onde você vai?"

"Não vou interromper nada, Aiolia, pode deixar..." - Milo riu da cara que Aiolia fazia - "Vai me dizer que não quer dar uma olhadinha mais de perto?"

Aiolia nem respondeu, seguiu Milo escadaria abaixo sem fazer barulho, afinal, não queriam interromper nada, certo?

Na casa de Aries, Mu sequer teve tempo de se preparar para receber o dono da presença que sentiu do lado de fora: Shaka entrou sem aviso, e num instante estava cara a cara com ele, um pouco próximo demais para seu próprio bem. Não se lembrava de Shaka chegar assim tão perto de qualquer pessoa que fosse, a menos que estivesse em batalha.

Para Shaka, não podia haver espaço para hesitação.Havia descido as quatro casas que os separavam correndo, sem deixar que nenhum pensamento em falso lhe tirasse a coragem. Agora que estava alí, tudo o que via era o rosto de Mu na sua frente, tão pertinho que até podia sentí-lo. Teve vontade de abrir os olhos e olhar realmente para ele, mas não o fez. Queria falar logo para ele o que havia planejado, mas as palavras, todas elas sumiram. Quando respirou fundo para conseguir equilibrar um pouquinho que fosse aquela sensação estranha que tinha na boca do estômago, o cheiro do ariano lhe invadiu totalmente os sentidos. O auto-controle já não existia mais, Shaka tocou levemente com os dedos a testa de Mu, parando um pouco sobre as pintinhas e sentindo a textura ligeiramente diferente delas. Mu franziu um pouco a testa, e Shaka achou graça da expressão confusa do ariano.

A primeira reação de Mu foi ficar bravo, sentiu-se como uma presa nas mãos do inimigo e não sabia realmente o que Shaka pretendia indo até alí. Mas logo a atitude dele o fez parar, ou melhor, paralisou completamente seus movimentos. Sentir o toque suave do virginiano em seu rosto teve o efeito de uma hipnose, foi algo imediato, a única coisa que conseguia se mover eram seus pulmões em busca de ar. Nem sabia que esteve prendendo a respiração! E quando viu um sorriso dançar nos lábios de Shaka, antes que pudesse calcular o que viria depois, suas mãos, seu corpo tomaram uma atitude.

Shaka ainda sorria da cara de espanto de Mu, quando foi interrompido por algo que não esperava. O ariano levou uma das mãos à sua nuca e, num movimento só, tomou seus lábios, forte e gentil ao mesmo tempo. Nunca havia experimentado algo assim, a boca de outra pessoa sobre a sua, nem aquela sensação de estar entrando na essência do outro. Nem a sensação de ser acariciado tão de perto, muito menos de sentir aquela energia estranha que lhe subia pela coluna mas que se acumulava em seu ventre, como uma serpente de fogo líquido. Não sabia o que fazer nem o que pensar, mas surpreendeu-se consigo mesmo, quando colou de vez seu corpo com o do ariano. Era assustador sentir aquele calor, as pernas fraquejarem, mas era bom demais para que parasse.

Do lado de fora da casa de Aries, Milo espiava a cena enquanto Aiolia, muito vermelho, fazia de tudo para não olhar. Milo sorria, se divertindo com o comportamento diferente do cavaleiro de Virgem. Jamais em toda a sua vida imaginou que veria a dita reencarnação de Buda beijando outro homem daquele jeito. Se bem que conhecia o talento de Mu e sabia que o virginiano jamais iria resistir. Aiolia resmungava alguma coisa.

"Vamos embora, deixa eles..."

"Ah, deixa de ser chato! Olha que barato... eu nem sabia que o Shaka sabia beijar... olha isso!" - Milo puxou um dos braços de Aiolia, que se viu forçado a olhar.

"Tá, tá, agora vamos!" - A face de Aiolia queimava - "Credo, Milo, você não sabe o que é privacidade, hein?"

"Com vergonha, Leão? O que é, nunca viu ninguém beijar na vida?" - Milo debochou, rindo - "Quero só ver o dia que você decidir ser homem e beijar logo aquela amazona ruiv..."

Milo nem terminou a frase, Aiolia já estava com ele preso pelo colarinho, louco para dar um corretivo. Milo apenas ria, tirar Aiolia do sério ainda era extremamente divertido.

"Me solta, deixa de ser chato!" - Aiolia soltou Milo e este ajeitou as roupas - "Fica aí todo esquentadinho mas sabe que eu estou certo, como sempre." - Milo sorriu novamente - "Anda, vamos logo. Amanhã vamos treinar cedo, né?"

Aiolia balançou a cabeça, vencido. Não tinha jeito mesmo, ainda ia demorar um tanto para aquele Escorpião crescer. Por enquanto, salvo uma ou outra brincadeirinha estúpida, estava satisfeito com o amigo do jeito que ele era mesmo. Seguiu o cavaleiro de Escorpião depois de dar uma última espiada na casa de Aries, aparentemente aquele lugar iria dormir com pelo menos uma situação bizarra resolvida.

Dentro da casa de Aries, Mu mantinha Shaka em seu abraço, não queria que aquele momento terminasse nunca, e Shaka correspondia ao seu beijo como se já fizessem isso há anos. Mas logo seus fôlegos se fizeram notar, e precisaram parar para respirar. Mu arregalou os olhos quando percebeu que Shaka tinha os dele bem abertos, e bem fixos nele. Shaka percebeu o espanto do amigo e logo justificou, preocupado com a expressão que via no rosto dooutro:

"Calma, eu... sei que estão abertos mas nada vai acontecer, eu prometo..."

Mu riu gostosamente da cara de preocupação dele. - "Eu sei, não perdí nenhum dos meus sentidos até agora..." - E o abraçou novamente.

"Mu..."- Shaka tentou começar uma conversa - "Eu... queria conversar com você, por isso vim aqui... eu..."

Shaka ainda estava brigando com as palavras, simplesmente não conseguia falar o que sentia para Mu, mesmo depois do beijo que trocaram. Mu permaneceu calado, paciente como sempre, dando tempo para que ele se organizasse. Os dois permaneceram abraçados, as testas unidas, mas em silêncio. Passaram-se mais alguns minutos até que Mu resolveu tentar "salvar" o amigo, que pelo jeito não iria conseguir falar mesmo o que queria. Mu puxou gentilmente Shaka por uma das mãos e o levou para a sala de dentro do templo. Fez com que se sentasse, e sentou-se ao lado dele. Passou uma das mãos nos cabelos loiros, e Shaka inclinou o rosto na direção da mão que o acarinhava, fechando novamente os olhos. Mu sorriu do jeito dele.

"Sabe, Shaka..." - Mu começou - "Assim que você entrou aqui eu não sabia o que pensar, não sabia nem o que fazer. Mas fiquei me perguntando, por que você veio, por que..."

"Eu tinha que vir..." - Shaka o interrompeu - "Eu tinha que te ver, falar com você..." - Ele abaixou a cabeça, constrangido - "...mas quando te ví, não sei, esquecí tudo o que ia falar."

Mu ia fazer uma brincadeira com o fato de Shaka ter tocado nele primeiro, mas decidiu não fazê-lo. Aquilo provavelmente iria constranger ainda mais o amigo, e isso podia estragar tudo. Decidiu também não discutir o fato de ele ter demorado tanto para notá-lo. Ele já estava alí, do ponto em que estavam não havia mais volta. Era como Milo havia dito, minutos antes de Shaka aparecer alí em sua casa: Shaka não era inatingível, era apenas... tímido. Fechado. Talvez nunca tivesse feito algo parecido em toda a sua vida. Anotou mentalmente que devia agradecer o amigo depois. Ele esteve do seu lado o tempo todo, e sabia bem que estavam os dois, Milo e Aiolia, espiando do lado de fora do templo. Admirou-se do fato de Shaka não ter percebido isso. Por outro lado, talvez ele estivesse nervoso demais para notar. Sentiu de novo um par de olhos muito azuis sobre ele.

"Mu... em que está pensando?" - Shaka parecia preocupado.

"Em você... nisso tudo." - Mu sorriu e Shaka sorriu também - "Você estava dizendo que esqueceu o que ia falar, mas sabe de uma coisa? Não precisa. Está bom assim."

Shaka sorriu mais abertamente, aliviado. Estava se sentindo muito bem alí, mas ainda não era capaz de lidar com naturalidade com aquela situação nova. Levaria algum tempo até que se permitisse realmente viver como um rapaz normal. Viu, nos olhos verdes de Mu, o amor que sentia e que era retribuido. Não precisava mesmo de palavras. Agora só precisava de tempo, e de ficar alí, junto dele. E Mu, como se estivesse lendo seus pensamentos, levantou-se, o puxou novamente pela mão, e o levou mais para dentro de sua vida.

--- FIM ---


Viu? Não ficou do jeito que eu queria e eu estou bem chateada com isso! Me perdoem? Um dia quem sabe eu consigo terminar as coisas decentemente. Beijinhos, até um dia desses, e obrigadeeenha :D