The Morning After

O devaneio de Christine Waters – parte 2 de 3

Beta-reader: Nenhuma, todas resolveram ficar sem internet!

Disclaimer: Nada me pertence. Só a idéia...


Cortado e machucado, como eu caio outra vez

Lamba minhas feridas como um cachorro outra vez

É isso uma luz no final do túnel

Que eu vejo, eu vejo

Por favor deixe-o ser mas não

Me acorde na manhã seguinte

Me acorde na manhã seguinte

Me acorde na manhã seguinte

( The Morning After – Linkin Park)


A Grande Sessão. Era como os estudantes a chamavam. A parte da biblioteca onde ficavam os livros mais complexos de Poções, Feitiços, Transfigurações, Aritmancia e DCAT. O nome nada era a respeito da importância daquela parte escurecida e mofada da biblioteca para os estudos dos aprendizes de magia, mas sim era ao tamanho dos livros. O menor, diziam os boatos, tinha 699 páginas. Ninguém nunca lera o maior para saber quantas páginas ele tinha.

Os estudantes evitavam aquele conjunto de 5 estantes como se fugissem do próprio Você-Sabe-Quem. Menos de dez pessoas haviam entrado ali desde o início do ano letivo. Além de escuro e mofado, ele ainda era gelado, mesmo no verão, o que transmitia uma sensação angustiante de solidão e silêncio.

Silencioso. Solitário. Frio. Ninguém gostava de ficar ali. Ninguém freqüentava aquele lugar por mais de quinze minutos. A Grande Sessão era mais vazia do que um cemitério no inverno. Corriam até mesmo boatos que fantasmas pouco amigáveis freqüentavam o local.

Por isso mesmo que Hermione Granger estava ali.

Estar na Grande Sessão era uma garantia que ninguém a encontraria. Ninguém mentalmente são se esconderia naquele lugar.

Mas Hermione Granger não era mais mentalmente sã. Não confiava no que via, no que ouvia, no que sentia. Não discernia mais fantasia e realidade. Se esconder na mais sombria parte da biblioteca de Hogwarts era algo que ela jamais faria em estado normal. Apenas sonhando. Mas tudo parecia real, palpável. Os livros antigos. As prateleiras desgastadas pelo tempo. A janela empoeirada de cristal que dava uma visão fantasmagórica da Floresta Proibida. Sua pele arrepiada pelo frio. Seus cabelos bagunçados, que ela não se dera ao trabalho de arrumar quando saiu correndo daquele quarto. As roupas amassadas. A blusa em qual faltavam vários botões. Os arranhões... os roxos... tudo tinha a essência dela. Por mais que tentasse mudar o rumo de seus pensamentos, eles sempre voltavam, numa atração fatal e sem controle, para ela.

Parkinson.

Ela a odiava. Parkinson a detestava. Ela xingava-a de vaca sempre que a via. Parkinson falava coisas ainda piores dela. Ela odiava os amigos da outra. Parkinson mais ainda. Não tinham nada parecido, nem mesmo um fiapo de cabelo. Então... porque? Não havia sido somente a outra. Ela também fizera coisas. Sabia disso.

Uma pergunta de apenas uma palavra. Duas horas de reflexão. Ainda sem resposta. Algo incomum no histórico da mente analítica e rápida de Hermione Jane Granger.

A janela de cristal estava empoeirada, mas bastou apenas limpá-la um pouco com a manga de sua blusa para tornar visível o exterior: um pátio abandonado de Hogwarts. Quase não se via o antigo chão de mármore. Grande parte já havia sido invadida pelo mato selvagem da Floresta Proibida, mas a parte que ainda era visível tinha uma mancha avermelhada que lembrava horrivelmente... sangue. A névoa suave que circundava o local dava a aparência de sobrenatural. Hermione pensou se talvez a fama de mal-assombrado do local não começara por causa da névoa.

Ela, agora perdida, mergulhada, imersa no turbilhão que eram seus confusos pensamentos, observava superficialmente hipnotizada o pátio... em alguns locais conseguia se ver plantas. Verde. Vida. Esperança. Uma luz no fim do túnel. Sua consciência, enquanto estava apoiada na janela, ia e vinha como um pêndulo. Sentia-se mal. Fraca. Cansada por tudo. Pela aquela guerra sangrenta e maldita. Tinha problemas demais. E agora Parkinson a deixa naquele estado... tão... tão...

Sozinha. Percebeu repentinamente que se sentia sozinha. Com uma estranha nostalgia formigante... da noite anterior.

Estava sentindo falta de Parkinson. Pansy.

"Maldição!"

Não teve tempo para se censurar. Logo depois de praguejar, sentiu um estranho calor espalhar-se pelo ambiente gelada. Logo depois ouviu uma respiração rápida a alguns metros dela.

Não precisou olhar para trás para saber quem tinha chegado.