13. Novo Convidado
Hermione desceu para a sala comunal no primeiro raiar do dia. Era um sábado, e os outros tinham voltado no meio da noite seguinte. Ela já tinha ido deitar, mas Lílian entrou em tal velocidade e com tanta sede de notícias que Hermione teve que levantar e contar para amiga tudo o que tinha acontecido durante o feriado. O mesmo acontecia no dormitório masculino. Sorrindo, se lembrando da alegria que sua amiga demonstrara com a novidade, ela chegou ao final da escada.
- Bom dia. - Remo sorriu para ela, se levantando da poltrona em que estava.
- Bom dia. - Ela respondeu, dando um leve beijo nos lábios dele e o abraçando. - Não esperava que você já estivesse acordado.
Ele deu de ombros.
- Os garotos passaram a noite toda me fazendo perguntas, querendo saber todos os detalhes do que tinha acontecido... Eles praticamente não me deixaram dormir. Quando eles finalmente sossegaram e caíram na cama, percebi que meu sono tinha sumido de vez. Aí resolvi descer e esperar que você acordasse.
Os dois iam caminhando de mãos dadas para fora do salão comunal. Os pés deles iam se movendo sem que nenhum tivesse noção do caminho exato que estavam fazendo. Nas duas últimas semanas eles faziam muito isso. Acordavam, se encontravam cedo na sala comunal e saiam caminhando para o café da manhã juntos. Quando perceberam, isso já tinha se tornado um hábito. E agora eles se sentavam no primeiro lugar vago na mesa da Grifinória, que estava vazia.
- Só agora vi que a gente não esperou pelos outros. - Remo disse, meio avoado. Para ele ainda eram só os dois, como nas duas semanas que ambos tiveram estado sem os outros amigos para atrapalhar. Ele viu Hermione sorrindo.
- Eu sei. Acho que nos acostumamos a ficar sozinhos nessas últimas semanas... Você acha isso ruim? - Ela perguntou, incerta. Afinal, do que ela sabia sobre eles, Remo nunca tinha ficado muito tempo sem os amigos por perto.
Ele balançou a cabeça negativamente.
- Definitivamente não. - Ela sorriu em retorno. - Acho que a gente podia aproveitar nosso último final de semana pacífico sozinhos... Já que na segunda vamos estar fadados a ficar o tempo todo com os outros.. Que tal?
Ela concordou, sugerindo que então eles tomassem o café-da-manhã rapidamente, antes que algum dos marotos aparecesse para interromper eles e arruinar o plano.
Minutos depois o casal passeava em direção ao lago, de mãos dadas e sem notar olhares que vinham do topo de uma das torres
- Eu fico tão boba de ver os dois assim... Demorou a acontecer alguma coisa. Mas fico feliz que eles tenham se encontrado... – Lílian suspirava, recostada em Tiago e olhando pela janela da sala comunal.
Sirius sorriu para a cena lá de baixo. Ele estava realmente feliz pelos amigos, mas algo dentro dele não deixava aquele sorriso ser completamente verdadeiro. Ele percebeu, com uma ponta de tristeza, que o que ele sentia naquele momento era inveja. Seus amigos todos estavam encontrando a felicidade com garotas fantásticas, que eles amavam. O que seria dele? Um dia ele também encontraria alguém assim?
Balançando os pensamentos pessimistas e sérios para fora da cabeça, Sirius cutucou Tiago.
- Vamos dar um pouco de privacidade para os dois... Hoje é o último dia que eles têm para ficar sozinhos. Vamos dar um tempo para eles...
Lílian olhou para ele com um sorriso divertido.
- Sirius Black sendo atencioso? Quem é você? O que fez com o Sirius que nós conhecemos e amamos? Nosso Sirius não teria deixado o casal de amigos escapar sem alguma piada ou brincadeira para os dois...
Sirius fez uma careta em resposta, dando um leve empurrão em Tiago que ria.
- Dá um tempo. Até parece que eu vou deixar os dois em paz amanhã...
O sorriso maroto no rosto dele fez com que os três amigos começassem a rir, sabendo que não teria como Remo e Hermione escaparem das garras de Sirius nos dias que iriam se seguir. Ou assim eles pensavam...
Enfermaria de Hogwarts, 1997.
Rony olhou para a garota deitada na cama ao seu lado. Harry, do outro lado da cama, acariciava, preocupado, o rosto dela. Nenhum dos dois tinha energia para pronunciar alguma palavra. Não que fosse realmente preciso. Dumbledore, que estivera alguns minutos lá, dissera quase tudo.
- Não se preocupem. Ela só precisa descansar por uns dias. Com os cuidados da Madame Pomfrey, ela estará pronta para enfrentar um trasgo em menos de uma semana.
Dumbledore disse, com um olhar gentil, para os garotos desanimados. O gracejo não pareceu fazer efeito. Rony apenas balançou a cabeça, como se nem tivesse ouvido o diretor, preso em seus próprios pensamentos.
- Vocês deveriam descansar também. Tenho certeza de que ela retornará em breve...
Rony olhou para o diretor, que tinha um sorriso assegurador. Por um instante o peito do garoto se encheu de esperança, e a memória do feitiço que esperava no banheiro da murta-que-geme surgiu em sua mente. O diretor estava certo, afinal, ele iria trazê-la de volta.
O diretor olhou com um sorriso triste na direção dos garotos. Mas quais fossem seus pensamentos, ele resolveu guardar para si mesmo, saindo da enfermaria e deixando os estudantes lá.
Levantando-se, Rony repousou a mão na cabeça de Gina, em um semi-carinho. Ele olhou para Harry, sério.
- Me desculpe, Harry. Desculpe fazer você e a Gina passarem por tudo isso...
Harry balançou a cabeça negativamente. Era verdade que ele estava cansado, talvez tão cansado e estressado quanto Gina. Ele tinha passado as últimas cinco horas na enfermaria. Primeiro cuidando de seus próprios ferimentos, e agora, acompanhando a garota que ele amava. Mas ainda assim, não fazia diferença.
- Ela é importante para nós também. Eu sei que a Gina pensa da mesma maneira.
Ele apertou a mão da garota, dando um leve sorriso triste. Depois olhou para o amigo, cunhado, e praticamente irmão, com preocupação e firmeza.
- Só tome cuidado... E traga ela de volta para nós.
Rony balançou a cabeça, sentindo-se cheio de coragem e esperança. Ele deu um último adeus, desejando boa sorte dos amigos, sem palavras, antes de sair da enfermaria, rumo ao banheiro da murta e, finalmente, para a garota que ele tanto queria ver novamente.
A principio, Rony teve a familiar sensação de estar usando uma Chave do Portal, sentindo ser puxado pelo estômago, mas logo notou a diferença. Ele não estava mais sendo puxado por nenhuma força estranha, e sim caindo quase como sem peso por algo que parecia um túnel. Olhando ao redor, ele viu imagens passando vertiginosamente rápido por ele, deixando-o levemente tonto e perplexo, ele não parecia estar caindo tão rápido assim. Se tivesse algum conhecimento do mundo trouxa e sua literatura, poderia ter feito alguma analogia com a queda de Alice através do buraco do coelho. Mas ignorante a isso, ele simplesmente decidiu fechar os olhos e esperar chegar logo ao seu destino, antes que aquelas imagens todas o deixassem fisicamente nauseado.
Antes que pudesse formular outro pensamento, no entanto, ele pode sentir o mesmo puxão pelo estômago e seus pés estavam novamente em chão firme. Ele abriu os olhos, tentando se manter em pé sem perder o equilíbrio, mas viu que a tarefa não foi tão difícil assim. A viagem não tinha sido tão violenta quanto parecia.
Rony olhou em volta, para o mesmo banheiro familiar, só que menos mofado e quebrado. Os gemidos chorosos de Murta podiam ser escutados vindo de algum lugar atrás da parede, soando abafado. Assim como as conversas de vários alunos passando pelo lado de fora, no corredor.
Respirando fundo e pensando em como iria encontrar Hermione, ele abriu a porta e saiu do banheiro, se misturando a um grupo de alunos que se dirigia para o grande Salão, prontos para começarem o dia.
Uma olhada para o salão, quando eles chegaram lá, deixou claro para Rony que Hermione não estava entre os muitos alunos que já tomavam o café da manhã. Coçando a cabeça ele se virou e começou a subir as escadas pulando degraus, em direção a torre da Grifinória, ignorando alguns rostos confusos que desciam.
Foi só quando parou em frente ao quadro da mulher gorda que ele se lembrou que não sabia a senha. A pintura o encarou por alguns minutos, estranhando aquele garoto parado na sua frente, olhando para os lados como que procurando a solução de um problema.
- Senha? – Ela disse, impaciente. Parecia que a cada ano aqueles garotos ficavam mais e mais estranhos...
Rony olhou para o quadro, sentindo o rosto ficando vermelho.
- Não sei... – ele disse baixinho.
- Se você não consegue se lembrar da senha, não há nada que eu possa fazer... – a mulher gorda disse, antes de se virar e chamar a amiga do quadro ao lado para comentar sobre os novos acontecimentos no castelo.
Rony encostou-se à parede e se deixou escorregar para o chão, apoiando a cabeça sobre os joelhos dobrados. Ele tinha que pensar em alguma coisa. Um plano. Hogwarts era enorme e ele sabia que Hermione poderia estar realmente em qualquer lugar. Por menor que fosse a possibilidade, a sala comunal da Grifinória ainda era a melhor chance dele descobrir o paradeiro da namorada.
- Mas Dumbledore realmente não sabe de nada? – Rony ouviu a mulher falar, em tom de desaprovação.
- Dumbledore... – ele sussurrou. – É isso! – E se levantou em um movimento brusco, disparando pelo corredor. Mas ele mal dera três passos quando a resposta do quadro ao lado chamou sua atenção.
- Não muito mais do que a gente, parece. Aparentemente a garota se lembra do sobrenome. Granger, ou algo parecido. Você sabe que aquela copiadora do quadro na enfermaria me contou. É assim que Dumbledore e os amigos dela a chamam. Hermione Granger.
Rony voltou em um pulo só, agarrando a moldura do quadro com tal força que teria arrancado a pintura da parede caso não fosse magicamente grudada nela.
- Onde ela está? – Ele perguntou. A mulher gorda deu um grito de susto, sem entender o porque daquele ataque à sua moldura. Rony apertou com mais força, perguntando mais alto ainda. – Onde está Hermione Granger?
- Alguém está chamando a Hermione? – Uma voz feminina e preocupada soou do outro lado do quadro, que se virou para abrir passagem. No mesmo momento Rony largou a moldura, espantado. Na sua frente, parecia se materializar uma imagem que ele só havia visto em fotos até então. Com aqueles mesmo olhos verdes, e aqueles cabelos ruivos. Rony de repente se viu mudo diante de Lilian Evans, viva e confusa com o olhar de espanto do garoto à sua frente.
NA. Eu sei que demorei séculos pra atualizar essa fic... Foi um bloqueio criativo, meu tempo fora do pc que eu precisava e meu vício por S/R (que me impediu durante um bom tempo de sequer imaginar Remus com outra pessoa). Mas estou me curando (não, ainda sou louca por S/R) e voltei a me empolgar com essa fic (graças aos inúmeros reviews da Kikis).
Por isso esse capítulo é dedicado à ela! Que me fez não querer desistir dessa fic... mesmo que o próximo capítulo volte a demorar um pouquinho (já que final de semestre na faculdade é impossível), espero que vocês não desistam da história!
