Capítulo IV
Idiota
Sirius arregalou os olhos, depois se martirizou mentalmente, não acreditava que tinha caído naquele truque tão velho de "eu já sei da história".
-Grávida? Quem falou isso? – disse a soltando e dando os primeiros passos para trás.
-Você!
-Não falei nada disso... – precisava sair dali urgente.
-Você disse que ela deve estar sentindo o mesmo que eu senti quando eu achava que estava grávida de você... Não me enrole Sirius Black!
-Vovó querida! – berrou acenando para a velha que dançava com seu tio mais adiante, e se embrenhando rapidamente no meio dos outros casais para despista-la na seqüência, para despistar Bellatrix.
Demorou mais tempo do que queria até conseguir encontrar Andrômeda. Ela estava conversando mais a frente, fingindo prestar atenção no que Malfoy e Narcisa diziam.
-Andie, preciso falar com você... URGENTE!– disse pegando ela pela mão e a tirando da roda sem nem olhar na cara dos demais.
-O que houve?
-A Bella... Ela já sabe. – Andrômeda semi-abriu a boca – Ai caramba, desculpa Andie, ela me enrolou e eu acabei soltando.
Ela levou a mão ao queixo, piscou algumas vezes, pensativa.
-Bom, precisamos arrumar um jeito de mantê-la calada então. Alguma idéia?
Ele arfou com desgosto.
-Se eu soubesse fazer isso minha vida teria sido bem mais fácil.
-Podia seduzi-la! Heim, o que acha? Como antigamente... – disse ela afoita – Ela não vai se preocupar em falar alguma coisa se estiver com a boca ocupada te beijando...
-Ah sim, claro. ... Só temos um probleminha aqui, o namorado dela, lembra?
-O que tem aquele paquiderme?
-Nada, Andie... Só que ele É O namorado dela... O que significa que ELA ESTÁ namorando... O que provavelmente é um indicio de que ELA GOSTA dele e, completando a linha de raciocino: Não gosta de mim.
-Primeiro, garanto que mesmo que ela não gostasse você encontraria um meio de persuadi-la a não abrir aquela maldita boca e segundo: ela gosta de você sim, sempre gostou e sempre vai gostar... Só que nunca vai assumir isso.
Ele levou as mãos à cintura e balançou a cabeça de um lado para o outro em negativa. Riu amargamente ao se dar conta do quanto a prima estava errada sobre seu caso com Bellatrix. Era ela quem sempre o seduzira e não o inverso. E duvidava que conseguisse inverter os papeis agora.
-Não Andie, não é uma boa idéia.
-Pois então trate de arrumar uma ótima idéia antes que ela conte pra todo mundo, Sirius! Ela não pode abrir aquela boca... Não aqui!
Ela estava certa, se Bellatrix falasse algo naquele jantar, com toda a família (e o resto da sociedade bruxa) reunida...
-Seria ser um desastre.
-O que seria um desastre, meu irmão?
Sirius olhou para o fedelho que se aproximou sem pedir licença. Na verdade Régulos não era mais um fedelho, já tinha seus 17 anos e breve estaria se formando em Hogwarts, o último dos Black a concluir o colégio. Várias foram às vezes que ele quis saber o que o irmão caçula planejava fazer depois de se formar, mas nunca tivera oportunidade... E aquela também não era a melhor hora.
Como não houve resposta o rapaz repetiu a pergunta.
-O que seria um desastre pior do que a sua presença aqui, heim?
Sirius deu de ombros.
-Não sei do que está reclamando, não aconteceu nada demais... Ainda. – e sorriu daquela forma que costumava amedrontar o irmão quando pequeno.
-Ainda não entendi o que pretende.
-Meu caro irmão. O dia que você conseguir acompanhar os meus pensamentos eu vou ficar realmente preocupado...
-Bom, seja o que for que está planejando aprontar chegou a hora, Sirius. O jantar vai ser servido em alguns minutos. – e se retirou.
Andrômeda o encarou antes de dar um suspiro.
-Não temos mais tempo.
-É, não... Ah não ser que... – havia uma possibilidade, se ele estivesse certo de uma coisa, mas precisava ter a confirmação primeiro – Vamos, precisamos acha-la antes de sentar para jantar.
Não foi tão difícil assim. Bellatrix ainda se encontrava no salão principal, como a maioria dos convidados, de mãos dadas com Lestrange e conversando com Narcisa e Lucio.
-Merlin queira que ela não tenha aberto a boca ainda. – sussurrou Andrômeda.
-Vá lá, distraia-os, preciso falar com ela sozinho... Diga que eu a estou esperando no lugar de sempre.
Andrômeda olhou para ele e sorriu maliciosamente.
-"Lugar de sempre" é? Vocês tinham até um "lugar de sempre"?
-Pare de me amolar e anda logo... E se ela disser que não vem, diga que quero tratar do NOSSO assunto. Ela vai entender.
