Neverending War...

Cap. 9 - A Guerra das Bruxas

(…)

...Os três rapazes permaneciam imóveis, cercados por diversas pessoas, todas portando armas de fogo, como rifles, espingardas e outros. Julian mantinha as mãos levantadas, fazendo sinal para que mantessem a calma enquanto Elliot suava frio e olhava de um lado ao outro. Spike também se mantinha imóvel, esperando apenas uma pequena brecha, para que pudesse desembainhar a Solar.

"Que audácia a de vocês! Bem, dessa vez nós não seremos bonzinhos!" Fala um dos homens ali.

"E-Estão cometendo um grande erro!" Diz Julian, um tanto apavorado. "Seja lá quem vocês querem pegar, não somos nós e..."

"Quieto! Vocês não estão em posição de falar aqui! Se quiserem viver mais um pouco, entreguem as suas armas depressa! Vamos!" Diz o homem.

"Er..." Julian olha lentamente para Spike.

"... Que foi?"

"Co-como assim o que foi?" Indaga Elliot. "Você é o único que tem uma arma aqui. Dá logo pra eles!"

"Mas isso nem pensar!" Grita Spike, quase se babando, abraçando a espada. " Eu prefiro que estes imbecis nos matem a entregar a Solar de mão beijada! Nunca vou fazer isso!"

"M-Mas eles vão..."

"Como é? O que estão esperando?" O homem, que parecia ser algum tipo de líder por ali, gritava impaciente, enquanto algumas das armas começavam a ser engatilhadas. "Entreguem suas armas! Não irei falar mais uma vez!"

"... Isso é sério. Eles não estão brincando. Melhor fazer o que ele disse... Como eu tenho certeza de que é um terrível mal entendido, depois nós recuperaremos a Solar." Diz Julian.

"... Bah!" Spike hesita por alguns instantes, mas logo arranca a espada da cintura, jogando-a contra um dos que estavam mais a sua frente, apontando um grande rifle. Ele a toma no ar, entregando rapidamente ao que liderava todos os demais.

O misterioso homem segura a espada pela bainha e levanta uma das sobrancelhas, observando-a de cima a baixo.

"Isto é alguma piada?" Ele grita. "Queremos que entreguem seus 'phaseres' e seus lançadores de raios!"

"..."

"Phaseres...?"

"Seus o que?" Indaga o rapaz, sem tirar os olhos da sua arma, que estava nas mãos da pessoa que os ameaçava.

"Escute, eu repito que isto tudo é um engano! Nós não temos nenhuma outra arma...!"

"Eu disse sem truques!" Fala o homem ainda apontando a arma, engatilhando-a. Julian dá um passo para trás, ligeiramente preocupado ao ver que, definitivamente, aquelas pessoas não estavam ali para conversar.

O garoto pensa em tentar um diálogo novamente, porém, antes que possa tentar, um som ao longe chama a sua atenção. O mesmo parecia aumentar, como se estivesse se aproximando daquele local. Logo era possível reconhecer o barulho alto do motor de algum veículo que acelerava velozmente naquela direção.

"O que é isso?" Pergunta Elliot para si mesmo.

O círculo a volta dos garotos se abre em um ponto e, repentinamente, uma moto totalmente negra adentra no interior do mesmo, vindo por uma das ruas daquela estranha cidade. A moto freia quase que instantaneamente, derrapando em frente aos três garotos e levantando uma grande nuvem de poeira que os engolfa.

"Cof, cof! Mas que... Cof!"

Após alguns segundos tossindo, a nuvem se dissipa e os três agora observam o recém-chegado indivíduo...

"Comandante Natasha." Fala o homem que liderava o pelotão de pessoas.

"Hum, então são esses..."

Acima da moto estava uma mulher jovem, de pele morena, com cabelos curtos e bastante brancos... Ela trajava uma roupa de couro, também preto, além de óculos escuros no rosto. Nas costas, estava presa uma grande arma de cano duplo e algumas balas ao redor de sua cintura.

"São os únicos que encontraram?" Ela indaga. "Tem certeza de que não há mais deles por aqui?"

"Sim comandante Natasha." Responde o homem. "Estamos vasculhando este setor há alguma horas, mas estes foram os únicos que apareceram."

"Hum, muito bem então." Ela sai de cima da moto e se aproxima dos três garotos, observando-os seriamente.

"Er, com licença..." Diz Julian, levantando a mão e tentando falar com a recém-chegada mulher. "Será que eu poderia..."

"... Mas vocês tem mesmo muita coragem de andar por aqui sozinhos, heim?" Ela fala, tirando os óculos do rosto, mostrando seus belíssimos olhos verdes. Ao mesmo tempo, apontava o dedo indicador há alguns centímetros do nariz do garoto. "E o que é melhor, sem todas aquelas suas arminhas secretas! Qual o problema? Estão facilitando para nós agora?"

"Argh... Que mulher escandalosa..." Pensa Spike consigo mesmo, rangendo os dentes.

"Senhorita, se me permite, está havendo um pequeno engano aqui..." Fala Elliot. "Nós somos apenas forasteiros. Viemos de muito longe daqui..."

"Hunf! Claro que são! E provavelmente também estão apenas passeando pela cidade, não é?" Ela berra, ironicamente. "Francamente, vocês poderiam ser mais originais, não? Existem métodos muito mais eficazes de se infiltrar no território inimigo. Ainda bem que vocês são burros!"

"... B-Burros?" Fala Spike, seriamente, com uma veia saltando da testa.

"Mas nós não..."

"Eu faço as perguntas aqui!" Ela fala em alto tom. "Agora nos digam o que pretendem invadindo os territórios de Eve! E porque estão sozinhos!"

"Er..."

"Eve?" Pergunta Elliot.

Os rapazes se sentem novamente encurralados, até que um novo som se escuta no local. Dessa vez, um agudo 'bip' vindo da própria Natasha.

"Hum... Provavelmente é o outro pelotão." Ela fala tateando o próprio corpo, como se procurasse por algo.

Ela coloca a mão em meio aos seios, abrindo levemente um decote que possuía dentro de sua jaqueta de couro, o que deixa Elliot e Julian momentaneamente estáticos com os olhos arregalados. Spike rangia os dentes pensando o quanto àquela mulher gritava, sem contar o fato dela ter chamado-os de burros! Burros!

Do meio dos seios ela retira um minúsculo aparelho, o qual ela coloca em um dos ouvidos e se afasta, fazendo sinal para que os demais vigiassem os três garotos. Imediatamente todos voltam a engatilhar as armas e as mantêm apontadas para Julian e os outros.

A tal Natasha, então, fala no que parecia ser um pequeno Walkie-Talkie.

"Natasha na escuta. Pode falar."

"Comandante... Natasha... Estamos... Atacados...!"

"Ahn?" A forte interferência dificultava a comunicação, mas era possível ouvir claramente, ao fundo da mensagem o que pareciam ser tiros. "Informem sua posição! O que está havendo aí?"

"Eles... Aqui...! Eles... Es... BUM!... Argh!"

"...?" A comandante se surpreende ao ouvir várias explosões ao fundo da comunicação... "Responda! Responda! O que está havendo? Quem está atacando vocês?"

".. São... Os... Julgador... Do... Julgador!..."

"O Julgador..." Ela fala, com uma voz pesada.

Apesar da interferência a mensagem parece ser entendida pela comandante, que levanta um olhar preocupado...

Em poucos instantes, naquele mesmo local, vários disparos luminosos podem ser vistos zunindo por cima e próximos às cabeças dos que estavam por ali, assim como o roncar muito alto do que deveriam ser, provavelmente, outras motos. Natasha volta a olhar para o pelotão atrás de si a tempo de observar três dos seus homens caírem, fulminados por vários disparos vindos do início daquela rua.

"Aaarrgh!"

"Estamos sob ataque!" Grita um dos homens, abaixando a cabeça e se protegendo como pode dos disparos luminosos.

"Eles estão aqui! São eles!" Grita outro.

"Eles...?" Pensa Julian, observando a direção da qual os disparos vieram.

Rapidamente, cinco indivíduos, em cima de grandes veículos, semelhantes a motos, podem ser vistos se aproximando do grande grupo de pessoas, incluindo Julian, Elliot e Spike, enquanto pilotavam em alta velocidade pelas ruas da cidade. Os três portavam estranhas armas nas mãos... Visivelmente mais tecnológicas que os rifles daquelas pessoas, além de vestirem roupas de couro escuro e mostrarem diversas tatuagens pelos rostos e braços.

Os veículos possuíam imagens de crânios por todos os lados e, assim como a moto de Natasha, eram totalmente negras, porém, não possuíam rodas. Estas flutuavam por meio de algum mecanismo muito avançado.

"Mas o que é isso?" Indaga Elliot, um pouco antes de abaixar a cabeça ao ouvir mais disparos, em meio as gargalhadas dos pilotos.

"Dispersem-se, rápido! E cuidem dos feridos!" Fala Natasha, indo até sua moto, abrindo o cano de sua arma e carregando com algumas balas. "Protejam-se como puderem!"

Após responderem fogo por alguns instantes, em vão, o grande grupo de pessoas começa a se afastar do meio da rua, escondendo-se próximos aos velhos edifícios e as calçadas, procurando abrigo atrás de qualquer coisa que encontrassem. Julian e os demais fazem o mesmo, sendo momentaneamente esquecidos por todos em meio ao caos que estava formado e, então, observando o que acontecia, atrás de alguns pilares de um grande e velho prédio.

"Mas, o que ela vai fazer?" Indaga Julian, ao ver a comandante sozinha, carregando sua arma no meio da rua. "Aqueles caras estão se aproximando!"

"Aposto que foi com eles que nós fomos confundidos." Fala Elliot, também espiando. "Mas seja lá quem forem, eu to começando a entender porque eles quase nos mataram."

"Hum..." Diz Spike observando Natasha. "... Vai lutar sozinha. Acho que vai ser interessante..."

Os cinco motoqueiros passam velozmente pelo local onde, anteriormente estavam todos. Imediatamente o piloto do centro levanta um dos braços e arremessa uma grande corrente, prendendo o pescoço de um dos homens que tentava se esconder e arrastando-o violentamente!

"Socor... Arrgh!"

"Bwahahaha! Vejam como ele está sofrendo! Bwahahaha!"

Julian e os outros vêem aterrorizados o tamanho sadismo daqueles homens, que gargalhavam alto enquanto arrastavam o homem, agora, inevitavelmente morto, pelas ruas da cidade, como se fosse um pequeno brinquedo!

Ao mesmo tempo, Natasha fecha o cano de sua arma após tê-la carregado totalmente e os cinco pilotos passam velozmente pelo seu lado, levantando uma breve nuvem de poeira e criando um rastro de sangue pela rua.

"Muito bem seus demônios..." Ela diz, colocando seus óculos escuros e acelerando sua moto. O roncar do motor é quase ensurdecedor naquele momento. "... Vamos ver se vocês podem rir deste jeito com uma bala no meio dos olhos..."

Após se distanciarem vários metros de Natasha, os cinco pilotos param e rapidamente dão a volta, acelerando as motos enquanto observam a comandante ao longe, fazendo o mesmo. Ambos preparavam-se para investir um sobre os outros.

O homem na moto do centro brande uma grande flâmula retangular e a coloca nas costas. Esta mostrava o desenho de um grande pássaro negro, de asas abertas, sob um fundo totalmente vermelho.

"A bonequinha ficou nervosa camaradas!" Fala o piloto com o emblema. "Vamos! Vamos fazer ela comer um pouco de poeira antes de decidirmos o que fazer com ela quando a derrubarmos de cima daquela lata velha!"

Os cinco novamente gargalham alto e então aceleram na direção de Natasha, agora se aproximando rapidamente da comandante. Natasha também acelera e solta o freio, agora voando baixo na direção dos cinco homens em suas motos tecnológicas.

"... Comandante!" Grita um dos homens escondido.

"Como ela vai conseguir vencer esses cinco maníacos?" Indaga Julian, observando.

Elliot observava igualmente surpreso e tenso, enquanto Spike não demonstrava muita preocupação, e sim, expectativa.

Os veículos vão se aproximando muito rapidamente, até que os pilotos levantam suas armas e disparam diversas vezes contra a comandante, que manobra o veículo velozmente, desviando de cada disparo com facilidade.

"Vão ter que fazer muito melhor que isso!" Ela diz, pilotando com uma mão e atirando contra um deles. A bala atinge um dos veículos flutuantes e este cai no chão, capotando e arremessando o piloto longe. A moto voadora despedaça-se completamente, explodindo em seguida.

Logo em seguida as quatro motos restantes passam pela comandante que também passa por eles. Rapidamente, ela manobra sua poderosa moto e se vira em direção dos quatro, puxando o gatilho e atingindo a traseira de outros dois adversários. Um dos veículos explode quase que instantaneamente, lançando o piloto para longe, enquanto que o outro perde o controle e pára apenas ao atingir uma parede de concreto, fora da estrada.

"Ora... Sua... Vadia!" Fala o piloto com o emblema, acelerando ao lado de seu comparsa. Os dois logo manobram os veículos e viram-se novamente, mais uma vez se dirigindo com grande velocidade até Natasha e disparando com suas armas. "Eu vou arrancar sua cabeça e pendurá-la em minha moto!"

"Vadia?" Ela grita, enquanto corria na direção deles velozmente, acelerando cada vez mais. Os garotos próximos dali observavam impressionados e Spike apenas dá um pequeno sorriso no canto da boca, com a mão no queixo.

Natasha desvia novamente dos disparos manobrando seu veículo enquanto dispara com seu rifle contra os pilotos. Estes se abaixam em seus veículos e manobram para escaparem das balas. Ela aperta o gatilho mais algumas vezes, até que escuta pequenos cliques que anunciavam o término da munição. Era impossível recarregar estando naquela velocidade.

"Como eu disse..." O homem com o emblema puxa a corrente que usara anteriormente de sua cintura e a gira no ar com uma das mãos. "... Sua cabeça é minha!"

A alguns metros antes de se cruzarem, o piloto arremessa a corrente contra Natasha, mirando seu pescoço. A comandante solta momentaneamente seu rifle, deixando-o cair na estrada e segura a corrente com uma das mãos, enquanto se aproximavam mais e mais.

Ainda com uma das pontas da corrente de metal em mãos, ela manobra a moto rapidamente e cruza-se com os dois pilotos, exatamente ao lado do comparsa do 'líder', atingindo o pescoço do mesmo com a corrente esticada. A velocidade é tremenda e o piloto inevitavelmente despenca do veículo, girando diversas vezes sobre a estrada enquanto sua moto mais à frente continua guiando sozinha até que perde o controle e tombar no asfalto, indo parar a vários metros dali, arrancando faíscas enquanto ainda se movimentava.

"...!" O líder puxa com força a corrente, arrancando a outra ponta das mãos de Natasha e recolhendo-a novamente para sua cintura. "... Isso não vai ficar assim sua maldita! Vai ter notícias nossas!"

O piloto acelera o veículo e rapidamente começa a se afastar dali, fugindo, desaparecendo em meio a espessa fumaça de uma das motos, em chamas...

Imediatamente, as pessoas que estavam escondidas saem de seus esconderijos, comemorando e vangloriando sua comandante, que agora se aproximava novamente com sua moto enegrecida.

"Ela... é incrível!" Diz Julian, ao ver a vitória da comandante.

"É verdade. Ela é muito habilidosa. Não é qualquer um que consegue acabar com aqueles... Ahn... Assassinos, assim, num piscar de olhos." Diz Elliot.

"É..." Continua Spike. "... Nada mal para uma mulher que não fez nada há não ser gritar."

Natasha volta para próximo dos garotos, desacelerando e freando bem em frente aos mesmos. Era possível ver um vapor quente exalando das rodas, devido a aceleração.

"Nossa, foi incrível!" Diz Julian. "Você é demais! Como foi que fez tudo isso!"

"Hum...?" A bela comandante desce da moto, retirando novamente os óculos. As demais pessoas se aproximam. "Ora foi fácil... Mas não se façam de santos! Agora que estes idiotas foram vencidos, nós podemos continuar com nossa conversinha, e..."

"Comandante Natasha..." Diz um dos homens armados, aproximando-se. "... Estes jovens foram atacados, assim como nós."

"Ahn? E daí?"

"... Bem, talvez eles estejam falando a verdade." Continua o homem. "Talvez eles não pertençam a Blood Pledge."

"..." A comandante fica imóvel por alguns instantes, com a boca aberta. Segundos depois, ela chacoalha a própria cabeça e continua falando, enquanto passava uma das mãos na nuca. "Eu não havia pensado nisso..."

"Blood Pledge?" Pensava Elliot, enquanto arrumava seus óculos.

"B-Bem, então agora acreditam em nós?" Indaga Julian. "Nós estamos aqui em paz. Somos realmente forasteiros..."

"Hum..." Ela fita os garotos novamente, com um semblante sério. Logo, ela retorna para a moto enegrecida e volta a colocar os óculos escuros. "Muito bem todos! Vamos retornar ao QG!"

"Sim!" Dizem as pessoas, em coro. Os três garotos apenas observavam em silêncio, enquanto viam as pessoas se organizarem, aprontando-se para partirem.

"E quanto a vocês..." Continua Natasha acelerando a moto novamente, pronta para partir. "É melhor que venham conosco..."

"..."

Ela acelera a moto uma vez mais e então, rapidamente, parte dali, seguindo velozmente pela estrada. As demais pessoas começam a seguir lentamente o mesmo caminho.

"Será que devemos mesmo ir?" Indaga Elliot.

"Eu acho que sim. De todo modo a gente não vai conseguir qualquer pista sobre onde está o Limiar se andarmos por aí, perdidos. Se bem que..."

"Hum?"

Julian olha para o horizonte escuro da cidade, pensativo...

"... Não foi nada..." Diz o garoto, com o olhar fixo, dando meia volta e indo junto com os demais. "É melhor irmos..."

Os três começam a seguir o grande grupo de pessoas, ao mesmo tempo que observam três pessoas carregarem os corpos dos que haviam caido durante o ataque dos cinco pilotos. Elliot parecia distante... Fixava seu pensamento nos veículos dos atacantes, que pareciam muito mais avançados que o de Natasha. Spike, por sua vez, lembrava-se da grande flâmula que um daqueles pilotos portava.

Com várias dúvidas em mente, os rapazes percebem apenas vários minutos depois que a medida que acompanhavam aquelas pessoas, começavam a se aproximar de uma enorme edificação. Com uma gigantesca chaminé na parte superior, tudo levava a crer que se tratava de algum tipo de usina, provavelmente abandonada por causa do estado, não muito conservado, em que se encontrava.

-/-

"Quem é você... Quem! O que quer?"

A cena muda para um lugar completamente escuro, tanto, que era impossível ver sequer o chão do local.

No meio da grande massa de trevas, um garoto, aparentando ter cerca de 13 anos, com cabelos curtos e negros, roupas azuis, um tanto espalhafatosas, se encontrava perdido e bastante assustado...

Ele anda sem rumo dando passos tímidos em meio a grande escuridão enquanto olha freneticamente para todos os lados, procurando por algo, ou, talvez, tentando escapar de alguma coisa...

"... Meu deus, me deixa em paz! Eu não fiz nada pra você! Me deixa em paz!" Ele grita. Sua voz ecoa pelo lugar.

Segundos depois, a escuridão completa é quebrada por um único ponto luminoso há alguns metros em frente ao garoto. Ele arregala os olhos, já lacrimosos, aliviado e rapidamente começa a correr em direção a luz.

Logo ele percebe que quanto mais se aproximava, maior era a intensidade da iluminação...

A apenas alguns centímetros de tocar na fonte de luz, a mesma repentinamente se expande, tornando-se fortíssima! O garoto pára de correr e protege os olhos, agora recuando alguns passos.

A enorme fonte de luz logo se transforma em um campo colossal de chamas e labaredas flamejantes. O jovem garoto agora estava em meio a um ambiente quase infernal...

As chamas a sua frente vai adquirindo, aos poucos, uma forma peculiar... Algo semelhante a uma pessoa com grandes asas de fogo...

Um anjo. Feito de chamas...

"...É ... Você..."

O jovem garoto cai de costas no chão, assustado, enquanto a entidade batia as asas lentamente e voava em sua direção... Ele podia sentir o calor do corpo do anjo que ficava cada vez mais forte.

Em poucos instantes, o seu próprio corpo era engolfado nas chamas expelidas pelo figura angelical a sua frente... Sentia que estava morrendo...

"Não! Deixe-me em paz! Não! Argh!"

-/-

"... Jacob!"

"Argh!"

Uma porta é aberta rapidamente por uma garota em um certo aposento. Neste, na parte central do mesmo, havia uma grande cama com lençóis brancos e aveludados. Sobre esta, estava o mesmo garoto da cena anterior, porém, deitado e com os olhos fechados, sofrendo as conseqüências do terrível pesadelo que estava tendo.

"Não! Saia! Me deixa em paz!" Ele gritava, se debatendo na cama.

"Jacob! Acorda irmãozinho! Calma!"

A garota que abrira a porta se dirige até a cama do garoto, apressadamente. Ela se senta na beirada da mesma e o coloca sentado, sacudindo-o levemente para que este acordasse.

Ainda com os olhos fechados, ele se debate com violência, suando frio, e acaba atingindo a garota no rosto com uma das mãos. Ela vira o rosto, sentindo a dor da pancada, mas, ainda assim, ela o abraça com força, enquanto ele se acalmava aos poucos...

"Calma irmãozinho... Sou eu... Calma." Ela diz, no seu ouvido. As mãos e os músculos tensos vão relaxando aos poucos e a respiração, antes ofegante, vai se estabilizando. "Não precisa ter medo, eu estou aqui com você... Calma."

"..." O garoto vai abrindo os olhos lentamente e, com dificuldade, vai reconhecendo o lugar a sua volta, depois de ter despertado daquele terrível pesadelo. "... Mana?"

"Você acordou. Que bom..." Ela fala, se separando dele, sorrindo. "Está melhor?"

Apesar de aparentar ter a mesma idade do jovem na cama, a garota agia como uma verdadeira irmã mais velha, mostrando-se bastante preocupada com o mesmo. Ela possuía uma face terna e doce, cabelos compridos e um pouco azulados. Os olhos tinham a mesma cor dos cabelos, mas eram mais vivazes e cheios de vida. Ela vestia uma roupa comprida, parecida com uma capa ou um manto azul escuro, com várias runas bordadas no tecido.

"... O que foi que aconteceu? O que foi que eu fiz?"

"Você teve outro daqueles pesadelos." Ela fala, passando a mão na cabeça do garoto, acariciando seus cabelos. "... Estava gritando... Eu escutei, e vim o mais rápido que pude. Fiquei assustada..."

"..." O garoto encosta-se na cabeceira da cama e suspira profundamente, exausto. "Esse pesadelo novamente... Puxa vida... Desse jeito eu vou ficar louco!"

"Calma irmãozinho... Por pior que tenha sido, agora já passou." Ela diz, acariciando o rosto do mesmo.

"Mas eu não suporto mais isso! Porque eu estou tendo estes pesadelos todas as noites? E..." Ele pára de falar assim que vê o rosto da irmã, e a marca de seus dedos próxima a sua bochecha. "... Essa não... Não me diga que eu fiz isso?"

"O que? Isso? Ah, não se preocupe, não foi nada demais. Você estava tão agitado que..."

"... Desculpa mana... Eu não queria..."

"Ssshh..." Ela coloca o dedo indicador sobre os lábios do irmão e o abraça novamente. Ainda envergonhado pelo que havia feito, ele corresponde o abraço. "Já está tudo bem... Não se preocupe. Eu vou ficar chateada se você ficar assim, está bem? Quer me ver chateada?"

"N-não..."

"Então se anime e levante daí, tá bem? Quero ver você feliz!" Ela acaricia o queixo do irmão, sempre exibindo um sorriso cheio de ternura. O garoto chamado Jacob concorda, sentindo-se muito melhor, depois de ter passado novamente por aquele terrível sonho.

"T-tá..." Ele diz, vermelho.

A garota se levanta da cama e, imediatamente, pode-se ouvir algumas batidas leves na porta.

"Hum? Entre..." Ela diz.

"Com licença senhorita." Fala um homem, trajado com algumas roupas, bastante esfarrapadas, colocando a cabeça para dentro do quarto. "A comandante Natasha acaba de chegar. Ela disse que, se não fosse muito incômodo, precisava falar com a senhorita."

"Hum... Natasha! Já faz algum tempo que não falo com ela..." Ela olha para trás, enquanto observa Jacob levantar-se da cama, saindo de baixo dos cobertores. "Muito bem, diga a ela que eu já irei até lá... Não vou me demorar."

"Como quiser senhorita..."

O homem fecha a porta novamente e a garota se mostra pensativa, agora com um semblante de preocupação. O jovem Jacob aproxima-se da irmã, ao ver a mesma tão distante.

"Aconteceu alguma coisa mana? Algo ruim...?"

"Não Jacob... Não aconteceu nada." Ela disfarça o seu semblante, voltando a sorrir. "A Natasha quer me dizer alguma coisa, é só isso. Agora vá se arrumar está bem? E não esqueça de escovar os dentes!"

"Ah, que coisa... Você parece a mamãe às vezes."

O garoto anda até uma porta que havia ali, provavelmente o que devia ser um banheiro, enquanto ela ri do comentário. Assim que ele entra, fechando a porta, a garota exibe um olhar triste no rosto...

-/-

Perto dali, mais precisamente em um aposento muito grande, diversas pessoas andavam de um lado para o outro, apressadas. Sobre várias macas e mesas, havia muitas pessoas feridas, doentes e com outras enfermidades. Os que pareciam estar bem, ou no mínimo, um pouco mais saudáveis que os demais, portavam alguma arma de fogo nas mãos e agiam como guardas, ou faziam o possível para ajudar e acalmar os que sofriam com as dores dos ferimentos.

Exatamente no centro daquele lugar movimentado se encontravam Julian, Elliot e Spike.Os três se encontravam um tanto confusos com toda aquela agitação daquele lugar. Natasha, um pouco mais à frente, falava com o homem que havia dado seu recado anteriormente.

"Hum, entendo." Ela diz. "Muito bem, nós vamos esperá-la naquela pequena sala. Obrigada."

O homem faz uma certa reverência à comandante e então sai dali, indo ajudar algumas pessoas que tratavam de um homem muito ferido.

"Natasha... Digo... Comandante Natasha." Arrisca Elliot, falando com a mesma. "Afinal, que lugar é este?"

"Este é o nosso QG. É o lugar onde nós cuidamos dos feridos em batalha, ou daqueles que perderam suas casas, graças aos bárbaros da Blood Pledge." Ela explica, enquanto observava o movimento. "É aqui, também onde fica o nosso centro de comando, onde planejamos nossa defesa..."

"Hum... Entendo. Vocês estão em guerra..."

"Como assim 'vocês estão'?" Ela pergunta, virando-se para eles. "Mesmo que tenham vindo de muito longe, provavelmente deviam ter ouvido falar da Blood Pledge. Afinal de contas, eu gostaria de saber, de onde vocês vêm, 'forasteiros'?"

"Er..." Julian engole em seco, pensando no melhor jeito para explicar. "... Nós viemos de muito longe..."

"Sei..." Ela fala, enquanto escutava. "De que parte?"

"Do Norte!"

"Do Sul!"

"..."

Spike dá um tapa na própria testa ao ver Julian e Elliot enrolados com a história, principalmente após terem dito ao mesmo tempo dois lugares diferentes. Natasha os observa e levanta uma das sobrancelhas, ligeiramente desconfiada.

"Do Norte ou do Sul?"

"Ahn..." Julian ia falar novamente, porém Elliot tapa sua boca. "Do Norte. Viemos do Norte..."

"Ora ora... Então os três vieram do Norte. Isso é bastante estranho garotos..." Ela fala, pensativa, andando de um lado para o outro.

"P-Porque?"

"Porque AQUI é o Norte!"

Três enormes gotas surgem na cabeça dos três garotos... E um silêncio pesado cai no meio da conversa. Julian e Spike olham tortos para Elliot.

"Bem eu tentei..." Ele fala, esfregando a nuca.

"Bom, é melhor deixarmos para lá por enquanto. Vamos! Eve já deve estar esperando por nós."

"Eve...?"

Natasha anda até um dos cantos do grande aposento, em direção a uma porta dupla de madeira. Ela abre a mesma e, antes de entrar, se vira para os garotos novamente.

"O que tão esperando? Não vão vir não?"

Os três se entreolham e, em seguida, dão de ombros, vendo que no momento só o que poderiam fazer era seguir a comandante... E conhecer a tal Eve...

Após atravessarem a grande porta dupla, os três agora se deparam com um aposento menor, bem mais 'luxuoso' que o anterior... Havia até mesmo alguns sofás e uma certa decoração, como abajures e candelabros com velas, estas, de cores variadas.

Natasha se senta em um dos macios sofás, enquanto os três rapazes permanecem de pé, imaginando o que aconteceria a seguir.

Alguns segundos depois, uma outra porta, dentro do mesmo aposento se abre e dela, surge a garota, que anteriormente cuidava do jovem Jacob... Com seus belos olhos azuis. Julian, Elliot e Spike observam, imaginando se aquela seria a pessoa de quem tanto aquelas pessoas falavam.

"... Natasha." Diz a garota, fechando a porta pela qual entrara na sala. "É um prazer lhe ver aqui novamente. Como está?"

"Evezinha!" A comandante salta do sofá e abraça a garota animadamente, levantando-a no ar. Julian e Elliot observavam com gotas escorrendo pela testa. "Eu estava com tanta saudade! Como você está? E o Jacob? Ele está bem?"

"... Então essa é a Eve?" Pensa Elliot, observando a garota.

"..." Spike começava a imaginar que a comandante deveria ser um tanto louca.

"Eu também estava com saudades de você..." Ela fala, sorrindo. Logo, Natasha a coloca no chão novamente. "Quanto ao Jacob, ainda está tendo aqueles problemas... Mas acho que logo vão passar. Estava falando com ele agora..."

"Oh, é uma pena! Pobre garotinho... Deve estar sofrendo tanto..."

"..." A jovem Eve estica o pescoço e olha os três garotos, que se mantinham em silêncio, logo atrás da comandante. "E quem são estes três rapazes?"

"Ah! Evezinha... Foi por isso que eu queria falar com você. Estes três foram encontrados por um de nossos pelotões nas ruas de Akaira..." Assim que Natasha fala o nome daquele lugar, os garotos parecem mostrar-se mais atentos. "... Inicialmente pensávamos que eles eram da Blood Pledge, mas, em seguida, fomos atacados por alguns daqueles porcos imundos! Então imaginamos que eles possam não ser nossos inimigos..."

"... Hum..." Eve anda até os três, com as mãos nas costas, como se os examinasse de cima a baixo. Julian e Spike, aparentemente, se mostram um tanto nervosos... Elliot tentava entender o que aquela garota estava tentando fazer... Além de procurar um motivo pelo qual ela parecia ser tão importante. Por fim, ela se afasta alguns passos e sorri para os três. "Realmente, eles não são nossos inimigos... Não temos que nos preocupar."

"Hehehe, finalmente alguém que acredita em nós..." Diz Julian, passando uma das mãos na própria nuca. "... Nós viemos em paz, somos apenas forasteiros, como dissemos antes."

"... AAAAHHHH! Eu sabia!" Natasha pula de trás da garota e cai na frente dos garotos, abraçando Julian pelo pescoço e apertando-o contra os próprios seios. O rapaz esbugalha os olhos, sem saber o que fazer, ficando completamente amolecido, como um boneco de pano, enquanto a comandante o abraçava, balançando-o no ar. "Bem que eu vi que eles eram bonitinhos demais para pertencerem àqueles bandidos! Aaaawww!"

"B-Bonitinhos...?" Indaga Julian, com o rosto no meio dos seios de Natasha, completamente vermelho. "Er..."

"Mas vocês ainda não disseram de onde vêm." Ela diz, soltando o garoto.

"Bem, nós viemos de muito longe daqui... Er... Ahn..."

"... E você pode dizer a verdade." Fala Eve, sorrindo novamente. "Você não precisa mentir para nós... Somos boas pessoas."

"É, bem diferente daquelas pessoas que vocês viram nos atacar naquela ocasião." Fala Natasha, logo atrás.

"Não! Não é isso! É que..." Fala Julian, nervoso diante das duas.

"Ah! Quer parar com isso?"

Spike dá um rápido e seco tapa nas costas de Julian que tosse levemente com o golpe. Elliot apenas arruma os óculos, logo ao lado, quieto, enquanto Eve ri dos dois.

"Mas... O que foi?"

"Diga logo para ela de onde viemos! De todo modo não podemos mentir para ela! Há magia em todo este lugar."

"Magia...?" Indaga Julian, olhando para Eve e Natasha.

"É... Eu também já havia percebido alguma coisa assim." Diz Elliot, olhando para os objetos ao redor. " O modo como tudo está arrumado, principalmente as velas, parece ser algum tipo de ritual. Mas não tinha certeza... Provavelmente trouxeram-nos para este lugar para evitar que mentíssemos."

"Vocês perceberam..." Fala Eve, abaixando a cabeça. "... Eu peço desculpas... Na situação em que o nosso mundo, Akaira, está... Nós devemos ter cuidado quando formos confiar em alguém que nos é estranho."

"Ahn... Tá tudo bem. Acho que vocês têm motivos para desconfiar de pessoas como nós." Continua Julian. "Mas bem, já que não temos o que esconder... Nós somos..."

"Julian e Elliot, de Phasiphaë, e Spike, de Solaria..." Ela fala, sorrindo. "... É um prazer conhecer os três garotos que estão a procura dos Limiares através das diferentes dimensões..."

"..." Julian fica imóvel e mudo... Ainda com a boca aberta, já não sabia o que dizer a seguir.

"Previsível." Continua Spike. "Desde o início estava lendo nossas mentes..."

"... Eu não posso ler mentes... Apenas escuto o que elas querem dizer." Fala Eve, sentando-se em um dos sofás, calmamente. "... Desculpem o meu atrevimento. Apenas pensei que poderia poupá-los de ter que repetir a mesma história que contaram a senhorita Nanae. É bom que conservem o gosto por esta história... Pois aposto que ainda irão contar para muitas outras pessoas. Além disso, vocês têm pressa no que vieram fazer aqui, não é mesmo?"

"É." Resmunga o emburrado Spike.

"Solaria? Phasiphaë? Limiar? Dimensão?..." Natasha parecia bastante confusa ao fundo, coçando a própria cabeça sem entender o que Eve dizia. "... Evezinha... Será que pode explicar melhor?"

"Vou tentar resumir tudo para você no momento, Natasha. Estes três rapazes vieram de um lugar muito distante daqui... Na verdade, uma outra dimensão, diferente da nossa. Eles vieram nos ajudar a acabar com um mal terrível que está assolando o nosso mundo, assim como, provavelmente, diversos outros mundos... Eu estou certa, rapazes?"

"Ahn? Sim... Isso mesmo..."

"..." A comandante fica imóvel, olhando atentamente para a garota. "... Ah... Er... Acho que entendi..."

"Então é compreensível porque eles estavam tentando esconder toda esta 'história absurda' de nós... Pensaram que provavelmente os acharíamos loucos." Diz a garota, fitando os três rapazes novamente. "Mas não se preocupem. Vocês podem confiar em nós..."

"Ahn, obrigado senhorita Eve... Acho que agora está tudo mais do que explicado, não é?" Fala Elliot, com uma gota na cabeça e um sorriso amarelo no rosto.

"Bem, já que a senhorita sabe o que viemos fazer aqui, então eu vou direto ao assunto. Nós procuramos os Limiares e, como viemos parar em Akaira, suspeitamos que exista um por aqui..." Continua Julian. "Vocês não saberiam nos informar sobre algo estranho que acontecera recentemente... Digo... Algo fora do 'normal'..."

"Sem todos estes nomes formais, por favor." Ela pede, levantando uma das mãos. "...Trate-me pelo meu nome apenas. Eve."

"Er... Está bem... Eve."

"Na verdade, nada do que está acontecendo em Akaira pode ser chamado de normal... Porém..."

"Hum?"

"Bem... Eu acho melhor explicar do começo. Eu sei que vocês têm pressa, mas eu acho melhor explicar tudo para que fique claro o que está havendo ao redor de vocês, está bem?"

"Claro..." Concorda o garoto.

"Temos tempo. Por favor, conte." Fala o garoto de óculos.

A garota oferece um dos sofás para os três e eles se desculpam pela ansiedade, sentando-se logo em seguida. Julian e Elliot mostram-se bastante atenciosos às palavras da garota, enquanto que Spike joga-se no sofá macio, colocando as pernas sobre uma pequena mesinha que havia no centro do aposento. Uma veia pula na testa de Natasha ao ver aquilo e esta pensa em chamar a atenção do rapaz, porém, Eve, sorrindo, faz um sinal para que ela não faça nada e mantivesse a calma.

"Muito bem..." Fala Eve, contando sua história. "Antes de tudo, deixem-me apresentar. Eu sou Eve, uma das altas bruxas de Akaira, o nosso mundo."

"Bruxas?" Indagam os rapazes.

"Sim... Eu vou explicar. Há muito tempo atrás, nosso mundo era dividido em vários reinos e cada um destes reinos era governado por uma pessoa... Esta pessoa se diferenciava das demais por um único motivo: a sua capacidade de saber lidar com os poderes que cercam todo o nosso mundo."

"Poderes?" Indaga Julian.

"Sim. Akaira é, acima de tudo, um planeta que emana energias místicas. Alguns conseguem lidar com esta energia e utilizá-la ao seu favor." Continua Eve. "... A estas pessoas, nós damos o nome de Bruxas."

"... Então ela é uma bruxa? Será que vai nos transformar em sapo ou coisa assim...?" Pensa Spike.

"Este termo é um pouco diferente de como é usado em Solaria, senhor Spike." Ela fala sorrindo. "As Bruxas de Akaira não são criaturas malignas e destruidoras... Felizmente, todas as pessoas que tem algum dom especial são pessoas de bem, que nunca fizeram mal a alguém, ou mesmo utilizaram seus poderes para benefício próprio."

"Ack!..." Spike se lembra de que devia tomar cuidado com o que pensava naquele momento.

"Bom, menos mal..." Comenta Julian.

"E, assim como eu, existem muitas outras bruxas em nosso mundo."

"Hum, compreendo... Felizmente, todas vocês são pacíficas não é?"

"..." A garota fica em silêncio e abaixa a cabeça, agora mostrando um semblante triste. "Sim. Isso é... Éramos..."

"Eram? Mas o que aconteceu?"

"Bem... Como eu dizia, o nosso povo vivia em paz, e as Bruxas que governavam os reinos nunca tiveram problemas... Até que... Uma delas mudou completamente o seu jeito, de uma hora para a outra e, então, os problemas começaram."

"..."

"... Esta Bruxa era muito poderosa... E chamava-se Morgan." Ela continua. "Ela possuía um poder fora do normal e tinha a capacidade de manipular como quisesse o poder que existia ao redor de Akaira. Como todas as outras bruxas, ela era uma pessoa pacífica, até um certo dia... Em que ela decidiu que o seu reino deveria se sobrepor sobre todos os demais! Ela achava que toda a Akaira deveria pertencer a ela e a mais ninguém..."

"..."

"Puxa..."

"... Ninguém sabia porque ela começou a agir assim... Mas, de todo modo, o povo pacífico do seu próprio reino não aceitou obedecer as suas ordens, e, após uma terrível batalha, ela foi expulsa, e nunca mais foi vista..."

"Hum... E o que aconteceu depois?"

"... O Julgador." Fala Natasha

"...Julgador? Quem é esse?" Indaga Spike, cruzando os braços.

"... Ninguém sabe quem ele é, ou de onde ele veio. Tudo o que sabemos, é que é uma pessoa extremamente influente. Ele surgiu, dizendo que pretendia conquistar toda a Akaira e, principalmente, o nosso reino. O reino de Eve... Com uma tecnologia poderosa ao seu lado, ele e seu grande exército se auto denominaram a Blood Pledge. Um grande clã de maníacos que só sabem matar, pilhar e destruir."

"Então eles são a Blood Pledge..." Fala Elliot, novamente se lembrando dos pilotos e das motos avançadas, além das armas de raios.

"Sim..." Continua a comandante."Desde então, nós vivemos intensamente em guerras, tentando nos defender dos ataques da Blood Pledge... E, apesar da tecnologia avançada do Julgador, nós estávamos conseguindo detê-los."

" 'Estavam'?"

"...Acontece que o pior, não é a Blood Pledge..." Diz Eve, com os olhos fechados, pensativa.

"... Mas então...?"

"Dias atrás, ficamos sabendo que Morgan voltou. E ela está aliada ao Julgador e suas tropas..."

"O que?"

Os rapazes mostram-se um tanto surpresos ao saberem daquela notícia. Um silêncio constrangedor permanece na sala por alguns instantes.

"E junto com ela... Eu posso sentir, ou melhor, todas as bruxas que existem em Akaira, podem sentir uma energia negativa extremamente poderosa... Por causa disso, muitos reinos se renderam a força de Morgan e o Julgador, enquanto outros foram dizimados sem piedade..."

Neste instante, Julian olha para Spike e Elliot e os três fazem um sinal de afimativo, com a cabeça.

"Isso só pode ser o Limiar que procuramos!" Fala Julian, levantando-se mais uma vez. "Provavelmente isso explica o fato deles estarem com tanta vantagem agora! Com essa força do lado deles, será difícil pará-los!"

"Eu nunca soube que energia era essa... Mas, agora que sei o que procuram em nosso mundo, eu tenho certeza absoluta de que é isso mesmo... Um Limiar." Continua a jovem bruxa. " Por causa dessa energia tão destrutiva, já perdemos as contas... De quantas pessoas morreram... Eu não agüento mais isso... Não agüento mais ver tanta gente morrendo..."

"Evezinha..."

Natasha senta-se ao lado de Eve e a abraça, pedindo para que ficasse calma. Os três garotos observam a cena sentindo um pequeno peso no peito. Não havia como não deixar de se sentir mal por ver Eve chorar...

"Desculpem... Eu acho que me descontrolei... Está tudo bem agora." Ela fala, enxugando os olhos na própria roupa.

"Não tem importância. É normal que você aja assim... Você se preocupa com os outros." Responde Julian. "Se não quiser dizer mais nada, não precisa..."

"Não... Eu estou bem agora, não se preocupe..."

"...Isso também explicaria o porque desta bruxa, que antes era boazinha, como você mesmo disse, ter se tornado tão sedenta por poder... Talvez esse Limiar esteja aqui há mais tempo do que pensávamos." Conclui o garoto, arrumando novamente seus óculos.

"É... Acho que você pode ter razão. Talvez tenha sido esta energia que...que... começou todo este pesadelo." Diz Eve.

"Ei Julian, você sentiu alguma coisa desde que viemos para Akaira?" Indaga Elliot.

"Sim... Antes eu não tinha muita certeza, por isso não disse nada. Reparei uma energia, bastante longe daqui, semelhante a que sentimos das últimas vezes. Agora eu tenho certeza. É mesmo a energia de um Limiar. E está bem forte..."

"Bem! Então é bem simples..." Fala Spike, novamente cruzando as pernas sobre a mesinha e colocando as mãos atrás da cabeça. "... Basta matarmos esta tal Morgan e então podemos reaver o Limiar. Logo depois, podemos quebrar a cara deste tal Julgador e, assim, livraremos Akaira de dois males com uma única cajadada, certo?"

Eve suspira profundamente neste instante e anda lentamente até a porta pela qual havia entrado na sala. Passando a mão sobre a mesma, ela continua em um silêncio gutural.

"Falei algo errado?" Indaga Spike, sentando-se corretamente no sofá. "Digo... Eu sei que você não deve apreciar batalhas, mas... Acho que é o único jeito, não é...?"

"É que tem algo mais em jogo para Eve do que somente uma Bruxa malvada que deseja conquistar Akaira..." Fala Natasha, ainda sentada.

"Tem? E o que é?" Pergunta Spike, levantando-se. "Tem algo que a gente ainda não saiba sobre essa tal Morgan?"

"..." A jovem garota abaixa a cabeça novamente, logo depois, erguendo-a e voltando a falar. "... Ela..."

"Hum?"

"... Ela é a minha mãe."

"...?"

Novamente os três garotos ficam em total silêncio. Mesmo Spike, que parecia tão determinado, agora, se mostrava bastante surpreso. Julian e Elliot também não sabiam o que dizer depois daquela revelação.

"S-Sua mãe?"

"É... Ou melhor, era..." Ela continua. "Eu tenho quase certeza que foi esse tal Limiar... Que mudou completamente a cabeça dela..."

"Então, o reino que você falou, que havia expulsado a Br... Digo, a sua mãe, era o seu...?" Fala Elliot.

"Sim. Mas, apesar dela ser quem é, eu sei que devemos fazer o que for necessário pára... Parar com essa loucura..." Ela diz, com os olhos lacrimosos. "Mesmo sendo quem é... Isso não torna a morte de tantas pessoas nas batalhas entre nós e a Blood Pledge menos importantes..."

"Mas espere!" Fala Elliot, aproximando-se da mesma. "Se realmente o Limiar é o responsável pelo comportamento de sua mãe, então ainda há uma esperança. Talvez nós possamos fazer ela voltar ao normal!"

"... Ahn?"

"Isso mesmo!" Diz Julian, levantando-se com um olhar determinado. "Se conseguirmos reaver aquele Limiar, a sua mãe com certeza vai voltar ao normal e tudo vai voltar a ser como era!"

"Vocês... Acham mesmo que isso é possível?" Indaga Eve. "Se for... Eu não saberei como agradecer a vocês pelo resto de minha vida."

"Pois está decidido! Nós vamos reaver o Limiar, acabar com a tal Blood Pledge, e, ainda, salvar sua mãe! É uma promessa, está bem?" Diz Elliot, sorrindo para a garota.

A jovem Eve suspira, sentindo um grande alívio dentro do peito. Percebia que podia confiar naqueles garotos. Ela corresponde ao sorriso de Elliot, fazendo o mesmo.

"Obrigada amigos... Muito obrigada!"

"Muito bem então. Vocês vão precisar de ajuda, de qualquer jeito. Eu farei o que puder para ajudá-los. Eu e todos os demais aqui." Diz Natasha, levantando-se. "Podem contar conosco, está bem?"

"Obrigado comandante... Vamos mesmo precisar."

"Ora, pára com isso! Vocês já podem me chamar de Natasha, tudo bem 'Ju'?." Ela fala, piscando um dos olhos.

"Ah, hehe... Er... Tudo bem, Natasha." Ele fala, um tanto sem jeito. "... Ju...?"

Neste instante, a porta logo atrás de Eve abre-se lentamente. De trás desta, Jacob aparece, e timidamente vai andando até próximo a irmã.

"Irmãozinho! Pode entrar!" Ela fala, enquanto segura a mão do garoto.

"Mana...?" Ele indaga, observando os três rapazes, juntamente com Natasha, logo atrás da irmã. "Oi Natasha! Ahn... Quem são estas pessoas?"

"Olá jovem Jacob. É um prazer revê-lo!" Cumprimenta a comandante.

"Rapazes, este é meu irmãozinho, Jacob." Continua Eve, apresentando o irmão. "Jacob, estes são Julian, Elliot e Spike... Eles... São antigos amigos nossos..."

"Antigos amig...ugh?" Diz Julian, porém, sendo interrompido pelo cotovelo de Elliot, que lhe acerta leve e discretamente a barriga. "... Ah, sim! Ahn, olá Jacob, tudo bem com você?"

"Hum-rum..." Ele balança a cabeça, afirmativamente. "... Tudo bem."

"Bem... Acho que está na hora de estudarmos, não é?" Ela fala sorrindo, enquanto o garoto concorda, novamente com a cabeça. "Você dormiu um bocado hoje, portanto tem que compensar o tempo perdido, está bem?"

"Ah mana..."

"Se você fizer tudo direitinho, eu vou dar sorvete para você depois, está bem?"

"Oba! Então assim, sim! Vamos lá!"

"Bem, vou ajudar Jacob a estudar... Natasha, por favor, se acontecer mais alguma coisa não deixe de me avisar está bem? E forneça o que os nossos três amigos quiserem para fazermos 'aquela coisa'... Logo eu voltarei para falar com vocês de novo..."

"Claro Evezinha, pode deixar comigo!"

Eve, então, pede licença e se retira, juntamente com Jacob... Natasha vai até a porta e a fecha, enquanto observa os dois se afastarem.

"Simpático o garoto." Fala Elliot. "Não é a toa... Ele é irmão da senhorita Eve..."

"O menino Jacob é a única família que restou à senhorita Eve..." Fala Natasha, um pouco triste. "Ela faz de tudo para mantê-lo longe dos horrores desta guerra e deixá-lo sempre feliz. Pobrezinha... Ela não quer que ele passe pelo que ela já passou."

"Hum. É uma boa causa... Mas ela não devia esconder a verdade do menino." Fala Spike. "Se ele descobrir o que está havendo por si só, isso pode vir a ser um choque terrível para ele."

"É, talvez, mas..."

"... Comandante!"

A porta dupla que dá acesso ao grande aposento dos feridos abre-se repentinamente chamando a atenção de Julian e os outros. Dali, surgem dois homens, portando rifles nas mãos e bastante nervosos.

"O que foi? O que está acontecendo?"

"Alguns de nossos sentinelas avistaram um grande grupo de guerreiros da Blood Pledge em um setor próximo daqui! Eles estão se aproximando deste lugar!"

"Hum... Pois bem, é melhor detê-los, antes que eles descubram o nosso esconderijo. Vocês três esperem aqui, eu não vou demorar." A comandante se dirige para a porta, juntamente com os dois homens que vieram chamá-la. Porém, Spike a segura por um dos braços, detendo-a. "...?"

"Espere um minuto aí. Resolvi dar uma olhada mais de perto nesses paspalhos da tal Blood Pledge. Portanto, decidi que vou com vocês para lá."

"O que?" Indaga Natasha, surpresa. "Mas... Tem certeza senhor? É muito perigoso e..."

"Soldado." Ele continua, interrompendo a comandante. "Eles estão em quantos?"

"Ahn... Bem, eles estão em cerca de 50. Dez deles estão pilotando veículos parecidos com aqueles que vimos hoje mais cedo."

"Só cinqüenta? Há! Eu poderia vencê-los sozinho se quisesse! Com todo o meu poder, eles não teriam sequer uma única chance! Bwahaha!" Natasha observa o rapaz com uma grande gota na testa.

"Em suma, ele quer que você devolva a espada dele." Fala Elliot, logo atrás.

"Er... Gasp É isso mesmo! Devolvam a minha Solar e então verão o meu magnífico poder! Esmagarei a Blood Pledge como ratos!" Ele diz, gritando, enquanto os dois homens logo a frente se encolhem de medo. Natasha coloca a mão na boca, rindo.

"Hahaha! Tudo bem, devolvam a espada do senhor Spike. De todo modo, se ele quiser vir conosco, acho que ele será mais útil com ela do que desarmado, não é mesmo?"

"I-Isso mesmo!"

Os homens se apressam em pegar a Solar e em pouco tempo a entregam para Spike, que arranca a mesma da mão de um dos soldados, segurando-a como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, enquanto dava beijos em sua bainha.

"Você sentiu saudades do papai, não é minha querida? Smack" Ele coloca a arma na cintura e então fita Elliot e Julian. "E vocês dois? Não vão vir?"

"Eu duvido que eu seja muito útil nesta batalha, por isso eu espero que não se importem que eu espere por vocês aqui. Acho que vou ajudar as pessoas a cuidar dos feridos e, logo depois, vou fazer mais algumas perguntas para a senhorita Eve. Ainda há coisas que não perguntei..." Anuncia Elliot.

"Bem... Então, acho que também vou ficar com o Elliot. Eu também não ia ser muito útil e..."

"Oh não, não, não! Você vem com a gente cara-de-lata!"

Spike segura Julian pela gola da jaqueta e o ergue, colocando-o nas próprias costas. O mesmo se engasga com a roupa e coloca a língua para fora, enquanto dois grandes 'X' surgem em seus olhos.

"Argh... E-Eu...?" x.x

"Sim, você mesmo."

"Mas... Ju... Você sabe usar algum tipo de arma? Já esteve em batalha antes?" Indaga Natasha, falando com Julian, pendurado.

"Ele não vai entrar em batalha." Fala Spike, seriamente. "Vai proteger os que estiverem feridos e ajudar os que estiverem recuando."

"Mas... Eu não sei se vou ser de grande ajuda..." Ele fala, atrás de Spike, balançando os pés no ar. "Mas acho que posso tentar."

"Não se preocupe, você vai conseguir! Digamos que você tem muita 'sorte' para este tipo de coisa! Muito bem, vamos!"

"Argh!" x.x

O rapaz se vira e vai saindo pela porta, enquanto leva Julian feito um saco de batatas. Este, continua imóvel, como um boneco de pano, sendo levado por Spike. Natasha os observa se distanciar, com várias gotas na cabeça.

"Bem, eu vou ir junto deles para ter certeza que o senhor Spike não vai matar o 'Ju'... Logo estaremos de volta, tudo bem Elliotzinho? Cuide de tudo aqui para mim, certo?" Ela fala, brincando, piscando um dos olhos.

"Hehehe... Claro... Eu cuidarei!"

"Muito bem! Nos vemos depois! Até logo!" Ela fala, fechando a porta. "Não puxe o pobrezinho assim!"

"Ah, ele vai sobreviver!"

" x.x "

Elliot agora se encontrava sozinho na sala repleta de velas... Ele se senta em um dos sofás, com uma mão abaixo do queixo, enquanto observava uma das chamas das velas se extinguir, tornando-se nada mais que uma fina fumaça...

"Tem alguma coisa errada acontecendo por aqui..."

-/-

"Senhor... A nossa tropa de reconhecimento encontrou alguns dos exércitos do reino de Eve. Eles acabam de iniciar um confronto."

"... Excelente."

Em algum lugar distante da usina usada como QG, em um aposento grande e repleto de aparatos tecnológicos, diversos homens operavam o que parecia ser um grande painel de controle. Várias telas indicando coordenadas, e outras imagens eram exibidas, assim como vários botões e alavancas.

Sentado sobre uma grande poltrona estava um homem trajando um grande manto marrom, e uma espécie de máscara de oxigênio, cobrindo parte do rosto. Seus olhos eram totalmente brancos e uma cicatriz profunda cruzava a bochecha direita...

"Morgan... Já começou." Ele fala, sem tirar os olhos de um dos visores do painel.

"Que ótimo..." Diz uma voz feminina, logo atrás dele. Das sombras, surge aos poucos, uma mulher, trajando um grande vestido vermelho sangue, com cabelos negros e esvoaçantes. Os olhos rubros contrastavam com a cor do vestido e do batom que havia em seus lábios. Ao seu redor, era possível ver uma tênue aura vermelha e mística. A aura mesclava-se no ar, criando efeitos macabros... Como rostos deformados, que pareciam gritar, um instante antes de se dissiparem...

"Senhor, acho que deveríamos mandar mais tropas para auxílio. Apesar de termos maior poder de fogo, eles estão em vantagem numérica." Fala um dos homens que operava o painel de controle.

"Hum... O que acha minha querida?" Indaga o homem, para a tal Morgan.

"Isso não importa, meu querido Julgador..." Ela diz, abraçando-o. "... Lembre-se de que quanto mais sangue for derramado, mais estas batalhas fúteis vão servir para alimentar meus poderes. Não importa de quem seja este sangue... Só o que interessa... É que haja muitos mortos..."

"... Hum... Como quiser."

Uma das principais telas mostrava a batalha entre os guerreiros da Blood Pledge e as forças de resistência do reino de Eve que era travada naquele momento... Por ali, é possível ver a imagem de Spike, Julian e Natasha, ambos os três, na moto da última, se dirigindo para o local.

"Soldado... Aumente a imagem..." Pede Morgan, apontando para a tela com uma de suas grandes unhas vermelhas.

"S-Sim senhora."

A imagem é focada nos três rapidamente... A bruxa fita a imagem com desprezo e desdém enquanto observa Natasha acelerar cada vez mais pelas ruas de Akaira, indo até a batalha. Spike e Julian se encontravam na garupa do veículo negro.

"O que foi minha cara? Você conhece essas pessoas...?" Indaga aquele, que seria o Julgador.

"... Não, mas..." A bruxa coloca uma das mãos entre os seios e retira um pequeno colar de dentro do vestido. "Mas... O meu precioso acha que... Eles podem ser perigosos..."

Na ponta do colar, havia um pequeno fragmento púrpura que expulsava energia freqüentemente... Um Limiar...

Ela acaricia lentamente o pequeno fragmento, como se falasse e se comunicasse com ele... O Julgador, logo atrás, apenas observava, seriamente...

"Provavelmente, são conhecidos de Eve..." Ela diz, colocando-o de volta entre os seios. "... Eles não poderão ser vencidos com estes guerreiros medíocres da Blood Pledge. Mesmo sendo tola... Ela ainda possui um grande poder.."

"Há...! Não se preocupe minha cara. De todo modo, eles irão tombar para a pequena surpresa que mandaremos em breve..."

A cena muda lentamente para um grande galpão totalmente equipado com aparatos tecnológicos, como braços robóticos e outros pequenos autômatos. Uma verdadeira 'mini-fábrica'. No centro do galpão, sobre uma pequena plataforma, alguma coisa era constantemente equipada, arrumada e acoplada a várias outras peças... Como se algo estivesse prestes a ser finalizado, algum tipo de arma, ou veículo...

"... 'Eagle' já está pronto?" Indaga o Julgador, para um dos homens na sala de controle.

"Os reparos estão 75 concluídos senhor. Dentro de duas horas ele estará finalizado." Responde um deles. "Só estão faltando a parte hidráulica e as turbinas."

"Excelente. Avise-me quando tudo estiver pronto. Eu mesmo quero ativa-lo..."

"Vai utilizar o Eagle contra eles?" Indaga a Bruxa, sentando-se no colo do misterioso Julgador, abraçando-o novamente. "... Você é tão cruel..."

"Heh... Eu faço o possível para ter uma vitória rápida sobre os meus inimigos. Nada mais."

Ela dá um beijo na bochecha do misterioso homem, sobre a sua cicatriz, enquanto este observava fixamente a tela onde Julian, Spike e Natasha apareciam...

...E a batalha continua de modo feroz em um dos pontos de Akaira...

Em uma das muitas telas do painel de controle... A imagem de uma mulher, sobre um grande edifício passa despercebida por todos que assistem a luta entre a Blood Pledge e as forças de resistência do reino de Eve...

Seus cabelos negros apenas balançam com o vento forte das alturas enquanto ela também observa a batalha, de longe...

"..."

Subaru desvia seu olhar na direção do que parecia ser um grande castelo... Ou um forte. Algo bastante longe da batalha... Uma massa de energia negativa se acumulava cada vez mais ao redor daquele local...

"..." Uma aura azulada surge ao redor da Tecnomage, e esta, voa velozmente na direção da grande estrutura...

Continua...

-/-