Neverending War...
Cap. 10 - Arma Secreta
(…)
"… Tem certeza que são apenas 50? Parecem bem mais do que isso!"
"... Bem, nós todos sabíamos que não seria fácil! E agora, rápido, me passe mais munição!"
Em um ponto bastante próximo do centro da grande cidade de Akaira, dois homens conversavam em voz alta atrás de um enorme monolito de concreto, em meio ao que parecia ser uma zona de batalha. O som dos disparos dos rifles tornava difícil a comunicação entre os soldados.
Apesar de estar em maior número, o batalhão que representava o reino de Eve passava por grandes dificuldades nas mãos dos terríveis guerreiros da Blood Pledge.
A batalha ocorria em um terreno baldio, onde antes havia um grande prédio que agora estava tombado. Havia escombros por toda parte e os dois grupos se utilizavam deles para se defenderem dos disparos inimigos. A todo instante, as balas das armas da resistência cruzavam o campo de batalha, bem como os disparos energéticos das armas avançadas da Blood Pledge.
"Hah! Isto está fácil demais! É tudo o que vocês podem fazer seus guerreiros medíocres?" Fala um dos homens ao lado dos exércitos do Julgador, segurando o emblema do pássaro negro sobre o fundo vermelho. Ele retira da cintura uma grande arma e dispara, repetidamente, lasers vermelhos que causam pequenas explosões ao atingir os monólitos de concreto.
"Argh!"
"Droga...!" A chuva de disparos atinge os monólitos e o chão à frente das 'barricadas' improvisadas. Inevitavelmente, alguns dos soldados caem diante da força do inimigo, sendo atingidos pelos lasers mortais. Os que sobreviviam recuavam para outra proteção enquanto tentavam revidar, disparando e engatilhando os rifles. "Eles estão ganhando terreno! Temos que impedi-los de algum modo!"
"Não gastem suas energias tentando nos parar! Logo nós teremos a cabeça de vocês e daquela bruxa, todas penduradas ao lado de nosso emblema! Será lindo ver o sangue de vocês escorrer lentamente!"
"Rápido! Levem os feridos para longe daqui!" Diz um dos soldados, fazendo sinal para outros que, rapidamente, carregavam alguns homens atingidos pelos tiros inimigos.
"Capitão!" Alerta outro soldado, atravessando o espaço entre dois monólitos, ficando ao lado de um companheiro com uma faixa vermelha na testa, indicando certa superioridade. "Nós estamos tendo muitas baixas! Eles estão conseguindo ganhar terreno muito facilmente! Precisamos recuar ou seremos trucidados!"
"..." O capitão espia o 'front' de batalha e observa os inimigos se aproximando cada vez mais. Enquanto dois ou três deles haviam sido abatidos, cerca de dez ou quinze aliados já haviam sido mortos, ou estavam agonizando... "Bem, parece que não temos escolha..."
"E então capitão?"
"Muito bem, atenção todos! Vamos recuar! Recuar!"
Os soldados começam imediatamente a se afastar, enquanto os guerreiros da Blood Pledge mostram-se vitoriosos... Porém, todos param ao escutar um roncar alto de motor próximo dali.
"Comandante Natasha!" Fala o capitão, escondendo-se novamente atrás de um grande monolito.
"Hah!" A moto enegrecida freia a alguns centímetros das tropas, bloqueando o caminho do recuo. "Onde estão indo? Será que não sabem que se deixarem que eles passem deste lugar eles vão encontrar o QG? Suas famílias dependem de todos nós agora!"
"Argh..." Spike, ainda zonzo com o 'passeio' de Natasha, desce de cima da mesma. Julian desce logo depois, observando o local ao redor. O ar estava repleto de disparos luminosos que passavam por cima de suas cabeças. "Hum, não é a toa que estão recuando... Estão ganhando terreno."
"Ahn...?" O capitão estranha a presença dos dois garotos juntamente com a comandante e volta a falar. "... Bem, é isso mesmo. Eles estão em menor número, mas aquelas armas os fazem inimigos terríveis! Não podemos contra uma força assim!"
"Certo." Continua Natasha. "Mas agora que nós estamos aqui, isso vai acabar. Diga-me, há muitos feridos?"
"Há cerca de 20 soldados feridos... E, infelizmente, alguns mortos. Ah sim, logo que chegamos neste lugar, encontramos alguns civis perdidos em meio à cidade. Estão seguros, junto dos feridos." Ele aponta para um local mais afastado dali, entre alguns grandes monolitos de concreto.
"... Hum." Natasha anda até Julian, que observava e escutava os sons dos disparos. Ele exibia uma expressão de angústia a cada vez que escutava os disparos dos rifles próximos dali... Ela coloca a mão em seu ombro e fala em seu ouvido. "... Muito bem, olha Ju, o seu amigo Spike lhe trouxe aqui dizendo que você poderia nos ajudar... Agora que está aqui, não vou fazer pouco da sua ajuda... Portanto eu quero que fique com aquelas pessoas ali. Elas precisam de um pouco de apoio, está bem?"
"... Comandante..." Ele fica em silêncio e volta a olhar para as pessoas no meio dos monolitos... Havia entre elas algumas crianças e pessoas idosas, todos tentando ajudar os soldados feridos. "..."
"Tudo bem?..."
"Sim..." Ele fala, voltando a encarar Natasha. "Eu vou fazer todo o possível..."
"Eu sei que vai!" Ela diz, esfregando a ponta do nariz no de Julian. O garoto fica paralisado por alguns momentos e logo se dirige até o local onde estavam os feridos e os civis. Natasha se aproxima do 'front' de batalha e observa a situação, de trás do mesmo monolito em que Spike se encontrava. "Hum... É perigoso deixarmos eles passarem deste ponto. Vamos ter que vencê-los aqui mesmo."
"Sim, exatamente o que eu pensei." Diz Spike, observando Julian, agora com os feridos. "... Hum, escute..."
"Hum?"
"É impressão minha ou você está mimando ele?"
"Mimando? Você acha...?"
"Bem, é que eu não acho que vá fazer muito bem pra ele se você continuar agindo assim, como a mãe dele."
"Ora que nada, eu só acho ele uma gracinha!" Fala a comandante, com as mãos nas bochechas. "Assim como o outro amiguinho de vocês, o Elliot. E você também é 'Spikezinho'... Mas já está bem mais grandinho que eles para receber 'mimo', né?"
"... 'Spikezinho'?" Ele diz, com uma veia saltando da testa. Um segundo depois, o capitão das forças de resistência se une novamente à comandante e os demais que estavam por ali, disparando e contra-atacando.
"E então comandante? O que faremos? Pensávamos que a senhorita viria com muitos reforços e..."
"Eles estão chegando capitão. Apenas resolvi me adiantar e chegar na frente para analisar a situação e, pelo que eu vejo, não vai ser nada fácil..." Natasha diz, abrindo o cano de sua arma e colocando algumas balas.
"Feh... Eles têm uma forte ofensiva, mas, não são guerreiros de verdade. Tudo o que sabem fazer é apertar o gatilho daquelas geringonças e nada mais! Nenhuma estratégia! Nada!" Fala Spike, olhando por cima do monolito.
"Como assim Spikezinho?"
"... Nem será preciso os reforços para acabar com estes imbecis. Podemos fazer isso antes que eles cheguem aqui. Ou melhor, eu mesmo posso acabar com eles sozinho!"
"... Mas, do que o senhor está falando? O senhor é apenas um e eles são quase cinqüenta! Além disso eles estão pesadamente armados!" Diz o capitão.
"Isso não vai ser um problema pra mim."
"Mas..."
O rapaz segura o cabo da espada embainhada e então se esgueira por trás dos obstáculos que protegiam as tropas aliadas... Natasha apenas o observa, sem entender, mas logo, engatilha a arma enquanto se prepara para agir.
"Comandante, será correto deixá-lo ir...?"
"Não se preocupe capitão, o senhor Spike sabe o que faz... Eu acho..." Fala Natasha, com uma gota na testa.
A alguns metros logo atrás, Julian ajudava as pessoas a cuidar dos que estavam feridos e dos outros civis. Enquanto pressionava o ferimento de um soldado, e pedia calma ao mesmo, ele consegue ver Spike indo em direção aos exércitos inimigos, por dentro dos edifícios que havia nas laterais do terreno...
Parece que ninguém mais havia notado a sua presença...
"O que ele vai fazer...?" Ele pensa consigo mesmo. "Seja o que for, espero que dê certo..."
Enquanto atravessa o campo de batalha sorrateiramente, com a arma em punho, o rapaz pode ver os muitos tiros de energia disparados repetidamente contra os aliados. Os sons dos disparos ficavam cada vez mais altos à medida que se aproximava do campo inimigo.
Logo, ele finalmente se encontra ao lado do famigerado grupo da Blood Pledge. Atrás de um dos pilares que sustentavam um velho edifício, ele observa a formação e a localização de cada indivíduo, cuidadosamente.
"Hum... Como eu pensei, nenhum desses idiotas me viu. Só estão interessados em atirar contra Natasha e os demais." Ele fala. "Acham que podem ganhar uma guerra assim..."
"Hahahaha! Mas o que aconteceu? Ficaram com medo? Vamos! Saiam de trás dessas pedras! Hahahaha!" Grita o líder da tropa, que portava o grande emblema.
"Vai ser mais fácil do que eu pensei..." Ele diz, saindo de trás do pilar e erguendo a Solar, correndo na direção do soldado mais próximo.
"Continuem atirando homens! Logo vamos ter o sangue desses idiotas inundando esta rua!"
"Eu tenho uma novidade! O sangue que vai inundar essa rua é o de vocês! BLAM!"
"Mas o que...?"
Com a Solar em mãos, o rapaz ataca de surpresa os flancos da tropa inimiga! Sem dar tempo para que reagisse, ele golpeia com força as mãos de um dos soldados, desarmando-o e, em seguida o atinge, nocauteando-o.
"Argh!" O soldado cai no chão pesadamente.
Imediatamente, os soldados mais próximos dali param de atacar as forças de resistência e disparam contra Spike. Este rapidamente salta para trás do mesmo monolito que o soldado vencido usava como proteção, desaparecendo da vista dos atacantes. A rajada de tiros arranca diversas lascas do bloco de concreto.
"Vamos ver quem vai ser o próximo..." Ele fala para si, atrás do monolito.
"Eu quero a cabeça desse maldito agora! Vocês cinco, vão atrás dele e matem-no!" Ordena o líder para os soldados mais próximos.
Os cinco soldados partem para outro lugar, diferente da direção onde estava Spike. O rapaz fica sem entender, mas aproveita o momento de distração e novamente surge de trás de outro monolito, surpreendendo mais um soldado, arrancando a arma de sua mão e golpeando-o poderosamente.
"Ugh!" O soldado cai no chão, nocauteado.
"Heh! Fácil demais! Se não fossem estes brinquedinhos, seria como arrancar doce de criança...!" Fala o Rapaz, escondendo-se novamente dos disparos atrás do monolito.
"Grrr! Maldito!"
Em seguida, o roncar alto de motores ecoa pelo lugar, ficando cada vez mais alto... Spike espia por um dos cantos do monolito e observa os cinco soldados mandados pelo líder, agora, retornando sobre os veículos futuristas, utilizados anteriormente por eles.
"Hum... Parece que resolveram apelar de uma vez."
Os cinco pilotos engatilham suas armas e disparam diversas rajadas de lasers contra o monolito do rapaz. Ao mesmo tempo, duas grandes metralhadoras giratórias surgem ao lado de cada veículo. As armas disparam balas, como as dos rifles da resistência, porém, muito mais rapidamente. O rapaz se afasta do monolito que é destruído e despedaçado pelos tiros.
"Acho que esses vão ser mais difíceis..." Ele pensa consigo, enquanto se afasta do exército, adentrando em um dos edifícios das laterais, mais precisamente, no antigo estacionamento de um. Spike faz o possível para se ocultar no emaranhado de pilares que havia ali, enquanto as motos rapidamente o perseguem.
"Senhor!" Fala um soldado, que atirava contra os exércitos de Eve. "Aquele que se infiltrou em nosso terreno escapou para as laterais. Devemos ir atrás dele?"
"Nada disso! Continuem atirando! Cinco pilotos são mais do que suficiente para dar cabo daquele infeliz! Eles cuidarão de tudo!" Fala o líder, também disparando contra as tropas de resistência.
"E quanto aos que estão feridos?"
"Deixe-os aí! Não podemos perder tempo com esses patetas que se deixam vencer por um homem praticamente desarmado!"
"S-Sim senhor!"
A Blood Pledge continua respondendo fogo, enquanto Spike se via praticamente perdido no meio daquele labirinto de pilares.
O roncar dos motores dos cinco pilotos ecoava de baixo daquele amplo espaço rodeado por muitos pilares que sustentavam o prédio.
Ele tenta correr rapidamente para despistá-los, mas é parado por uma rajada de balas e disparos energéticos, obrigando-o a se esconder novamente. As cinco motos se separam para cercar o alvo.
"Droga..."
"Desista seu molóide!" Fala um dos pilotos, aproximando-se velozmente. "Você não pode contra nós cinco! Está perdido!"
"O que? Quem é molóide?"
O rapaz salta de trás do pilar e brande a espada, correndo na direção do piloto. Este acelera ainda mais a moto e prepara-se para apertar o gatilho do grande arsenal que possuía...
"... PA!"
"Argh!"
A moto que se aproximava repentinamente é atingida por um tiro e desaba, arremessando o piloto para longe. Enquanto ela desliza pelo local arrancando faíscas do chão de concreto, Spike pára e dá um pequeno pulo para o lado, desviando-se do veículo, que se despedaça contra um dos pilares...
Até que escuta o som de uma brusca freada logo ao seu lado.
"...?"
"Fazer tudo sozinho, não é?" Fala Natasha, em cima de sua moto, segurando sua arma que exalava uma fina fumaça dos dois canos.
"... O-O que está fazendo aqui? Porque não está ajudando suas tropas? Eu disse que podia acabar com eles sozinho!"
"No momento acho que você é quem precisa de ajuda Spikezinho." Ela fala sorrindo. "Além disso, o Ju está lá e vai cuidar de todos por mim... Resolvi confiar nele tanto quanto você confia."
"Ack..."
A conversa é cortada imediatamente pelos sons de mais disparos que passam muito perto dos dois. Ambos escondem-se enquanto Natasha, ainda em cima de sua moto, engatilha sua arma novamente.
"Tudo bem... Você pode ajudar..."
"Achei que não ia pedir... Bem, vamos ver o que podemos fazer..."
"Ahn, só mais uma coisa..." Ele fala, com as costas no pilar, enquanto ouvia os inimigos se aproximarem rapidamente.
"O que foi?"
"Não me chame de 'Spikezinho'..." ¬¬
"Ah, hehe... Tá bem." Ela fala, sorrindo. "Vou tentar!"
Os quatro pilotos se aproximam velozmente, enquanto os dois aguardam atrás do pilar que os protegia.
Julian, ainda junto dos feridos e civis observa mais dois soldados serem trazidos, enquanto outros são atingidos e caem, bem diante de seus olhos...
"Eles estão nos pressionando ainda mais! Não sei por quanto tempo vamos agüentar!" Diz um soldado.
"... Calma! Nós vamos conseguir!" Diz o garoto, ajudando a carregar um homem ferido. "... Só precisamos confiar na comandante e em Spike!"
"..." O soldado coloca cuidadosamente o companheiro ferido no chão, com a ajuda de Julian e levanta-se, olhando o garoto fixamente. "Eu espero que você esteja certo... Porque se deixarmos que eles passem, muito mais gente vai se ferir ou perder a vida..."
O soldado toma novamente seu rifle em mãos e volta ao front de batalha... Julian fica pensativo por alguns momentos, sem palavras, enquanto olha para todas aquelas pessoas por ali...
Estavam todos em perigo...
"Nós temos que conseguir..." Ele pensa. "Nós temos..."
-/-
"Então você faz isso aqui, e isto. Logo, você vai chegar neste resultado, viu?"
"Ah mana... Isso é tão complicado! E chato também..."
"Nem tanto Jacob... Fica tudo bem mais fácil quando você resolve prestar atenção, sabia?"
Distantes da batalha que ocorria próxima ao centro da cidade, Eve e seu irmão Jacob se encontravam em um grande e bem decorado quarto, bastante parecido com aquele onde o garoto se encontrava adormecido anteriormente. Não havia lâmpadas ou candelabros, apenas muitas velas que iluminavam cada canto do aposento.
Próxima a porta de entrada havia uma grande mesa redonda e, sobre ela, muitos e muitos livros de diversos tamanhos, cores e formatos.
Em frente a grande pilha de livros estava Jacob, visivelmente chateado e segurando um lápis, ao mesmo tempo em que tentava prestar atenção às instruções da irmã; e Eve, que folheava um espesso livro azul, fazendo algumas anotações em uma folha em anexo ao mesmo tempo em que ajudava o irmão a resolver um complexo cálculo.
"Hum, você diz isso porque é bem mais inteligente do que eu..." Diz o garoto, emburrado. "Não tem nenhum problema com esse monte de números."
"Isso não é verdade..." Ela fala sorrindo, passando a mão no cabelo do garoto. "... Só o que eu fiz foi estudar bastante, por isso sei fazer todas essas coisas... Você também é capaz de fazer caso se esforce um pouquinho, está bem?"
"Ahn... Mas porque eu tenho que saber de tudo isso?"
"Porque um dia você vai liderar o nosso reino irmãozinho..." Ela continua. "E um líder tem que ser inteligente e saber das coisas, não acha?"
"..."
"É o que a mamãe iria querer..."
"..." O garoto cruza os braços novamente emburrado, mas logo suspira, vendo que não tinha muita escolha. "... É, acho que sim..."
"... Toc, toc, toc..."
"Um momentinho, sim?"
Ao ouvir as sonoras batidas na porta, Eve acaricia o rosto do irmão e logo em seguida vai até a mesma. Ela gira as chaves na fechadura e abre uma pequena fresta...
"Ah! Senhor Elliot!" Ela fala, ao ver o garoto em frente à porta, abrindo-a totalmente. "Em que posso ajudá-lo?"
"O-Olá, eu... Espero não estar atrapalhando..."
"Não, de forma alguma! Estava ajudando Jacob com seus estudos, mas agora já terminamos."
"Hum..." Elliot olha para Jacob que continuava fazendo suas lições e dá um pequeno sorriso. O garoto apenas observa o rapaz à porta, sem se expressar, bastante acanhado. "Estou vendo... Bom, nesse caso..."
"Aconteceu alguma coisa?" Ela indaga, ainda segurando a porta.
"N-Não... Não aconteceu nada... Isso é, exceto a bat..." Elliot pára de falar sobre a batalha imediatamente ao ver que Jacob estava perto demais. "... Digo, eu só vim até aqui porque, se não for muito incômodo, gostaria de conversar com a senhorita."
"Conversar? Claro! Pode entrar..." Ela fala, abrindo totalmente a porta. "Aqui não seremos incomodados, está bem?"
"Ahn, tem certeza de que posso entrar...? Espero realmente não estar incomodando... E podemos conversar em outro lugar se quiser."
"Claro que não... Não seja tímido, venha!"
Elliot adentra no aposento bastante acanhado. Ele observa impressionado o grande e decorado quarto, que se diferenciava e muito do resto daquele lugar.
Mas, com certeza, o que mais lhe chamava a atenção era uma doce fragrância que havia no ar...
"C-Com licença..."
"... Sinta-se à vontade." Fala a garota sorrindo, enquanto fecha a porta logo atrás do rapaz. "Espero que não se incomode com a decoração... Quartos de meninas são sempre desse jeito."
"D-De jeito algum! É um quarto muito bonito. É seu?"
"Sim..." Ela diz passando pelo garoto e indo em direção a uma grande cama com cobertores brancos que havia em um dos cantos do aposento. Ela se senta silenciosamente na beirada do colchão, colocando as mãos sobre os joelhos. "Sempre trago Jacob aqui para estudarmos. É o único espaço de... Paz... Que temos."
"Eu entendo." Ele vislumbra as muitas estantes que havia ao redor do quarto. Em cada uma delas, havia dezenas e mais dezenas de livros dos mais variados tipos. "Puxa... Você deve gostar de ler... Tem uma biblioteca inteira aqui."
"Admito que gosto. Mas só como um 'hobbie'... Tenho poucos livros didáticos por aqui e, quase todos, são utilizados para ajudar Jacob nos estudos, mas, a grande maioria deles são pequenos contos..."
"Hum..." Ele aproxima-se de algumas estantes e observa alguns dos livros. Fascinava-lhe ver tantos exemplares que nunca sequer tomara conhecimento que existiam... Mas logo, balança a cabeça e volta para a realidade, aproximando-se de Eve. "... Eu compreendo. Na situação em que Akaira está... Você deve querer fugir um pouco da realidade, algumas vezes."
"Sim... Mas..." Ela olha para uma das janelas que estavam espalhadas ao redor do quarto. Lá fora o céu acinzentado refletia um mundo angustiado pela guerra... "Mas todas as pessoas que estão do nosso lado, como Natasha e meu irmãozinho... Eles me fazem ter forças para continuar."
"..." O garoto apenas sorri, concordando com a cabeça.
"Mas e então senhor Elliot?..." Ela continua, encarando o rapaz. "Sobre o que o senhor gostaria de conversar?"
"Ah sim..." Ele aproxima-se novamente, mas, antes que comece a falar, Eve faz um sinal com as mãos para que se sentasse ao seu lado. O garoto hesita alguns instantes e, logo, senta-se na beirada do colchão. "Bem... Eu vou tentar ser direto para não tomar o seu tempo senhorita..."
"Como quiser... Mas você já sabe que não precisa me chamar por senhorita..." Ela diz sorrindo. "E também não vou mais tratá-lo por senhor. Certo Elliot?"
"Heh... Certo, Eve."
"Você dizia...?"
"Bem, como eu dizia, tentarei ser direto. Anteriormente, lembro-me que você falou sobre a existência de outras bruxas, estou certo?"
"Exatamente... Existem mais bruxas além de... Morgan, e eu." Ela continua, hesitando um pouco antes de falar o nome da mãe. "Mas porque a pergunta?"
"Eu gostaria muito de saber qual a posição delas neste conflito. Digo... Elas estão nos apoiando, ou estariam do lado de Morgan e o Julgador?"
"..." A jovem fica momentaneamente em silêncio, um pouco pensativa. "... Pra falar a verdade, tudo está muito confuso. Não se pode afirmar quem está do nosso lado e quem não está..."
"Mas como assim?"
"Bem, próximo ao nosso reino existiam dois outros reinos menores. Eles eram liderados cada um por uma bruxa... Mas depois que o Julgador começou seus ataques, para terem uma chance de resistir a alguma investida direta, elas decidiram unir suas forças e seus reinos... Agora unificadas, elas possuem um poder bem maior do que outrora... Mas elas se recusam a tomar parte nessa batalha, mesmo depois de saberem pelo quê estamos passando..." Ela fala, um pouco triste. "De um certo modo, eu posso entendê-las... Estão fazendo o possível para preservar as pessoas que as seguem... Coisa que... Não estou conseguindo..."
"Não diga isso..." Diz Elliot. "Você é uma pessoa muito responsável e bondosa. Está fazendo de tudo para ajudar as pessoas que estão, nesse momento, aqui dentro do QG, mesmo depois de tudo o que você passou."
"É, talvez, mas... Isso não faz com que outras pessoas parem de perder a vida, lá fora..."
Elliot mantém-se calado diante do semblante triste de Eve... Mesmo ele não sabia o que dizer para tentar animá-la. Tinha medo que acabasse piorando as coisas... Ele suspira antes de voltar a falar.
"... Bem... Voltando as outras bruxas..." Ele fala, tentando ser o menos rude possível. "... Será que elas não vêem que se continuarem agindo assim o seu reino pode cair e, provavelmente, elas serão o próximo alvo?"
"Acho que elas sabem disso." Ela diz.. "... Mas mesmo assim elas preferiram não se envolver."
"Hum, acho que elas pensam que poderão vencer sozinhas caso eles resolvam voltar-se totalmente contra elas."
"É, talvez..."
Elliot esfrega uma das mãos na nuca enquanto pensava novamente... Ele faz uma expressão de desagrado e pensa que tipo de pessoas eram aquelas outras bruxas.
"E além de você, e de sua mãe, elas seriam as únicas?"
"Ahn? Bem, não..."
"Hum, quer dizer que há mais delas? Quantas?"
"Pelo que sei, existem mais três delas, mas... Eu as vi pessoalmente uma única vez. Depois disso mantivemos pouco contato com elas e com o seu reino." Fala Eve, lembrando-se das tais bruxas. "Elas são bem diferentes das outras duas que estão próximas a nós. São pessoas encantadoras! Mas, francamente, eu não sei se elas iriam se aliar a nós... Além disso, seus reinos são pequenos em comparação com o nosso. Não sei se seria de grande ajuda... Ou se seriam apenas mais pessoas para morrerem nessas batalhas terríveis..."
"..."
"Natasha havia dito que elas não possuem um 'poderio militar' muito grande, logo, eles passariam por muitas dificuldades caso a Blood Pledge do Julgador resolvesse atacá-los. Nós, que possuíamos uma força considerável, estamos tendo muitas dificuldades de nos defender... E nos esconder... E..."
"...?"
Ela hesita antes de continuar prosseguindo e então fecha os olhos, suspirando e colocando uma das mãos na testa.
"Desculpe-me Elliot. Eu não sou a pessoa certa para falar sobre exércitos, guerras e batalhas..."
"... Não, tudo bem. Eu que peço desculpas." Ele diz, levantando-se. "Eu... Acho que não devia ter tocado nesse assunto e..."
"Está tudo bem... Só que Natasha poderá lhe responder este tipo de pergunta melhor do que eu... Eu sinto muito..." Lamenta a jovem Bruxa. "Na verdade... Se dependesse de mim, nem existiriam armas... Ninguém merece morrer nessas guerras sem sentido. Nem as pessoas que estão aqui, nem mesmo as pessoas que lutam ao lado da Blood Pledge. Estão todos sendo influenciados por aquele louco do Julgador e... Morgan."
"Você está certa..." O garoto fala, olhando para Jacob que se mantinha concentrado nos estudos, agora, lendo alguns tomos que havia sobre a mesa. Jacob dá uma rápida olhada para a irmã e Elliot e, assim que percebe que estava sendo observado, volta a fitar os livros. "Você e Jacob devem ter passados por muitos problemas, principalmente quanto a mãe de vocês..."
Ela abaixa a cabeça com os olhos fechados, enquanto começa a se recordar de várias imagens... Mas a que mais perdurava em sua cabeça era o rosto de sua mãe... E os seus olhos, o quanto eles haviam mudado desde aquele fatídico dia...
"... Desde que tudo isso começou, nós temos poucos momentos como este... O Jacob é a única pessoa da minha família que ainda está comigo... Tudo o que eu não quero, é perdê-lo também..." Ela fala enquanto uma brisa fria entra pela janela do quarto, balançando as delicadas cortinas. Os olhos se enchem de lágrimas que descem lentamente pela sua face. "Mas apesar de tudo... Também me sinto péssima, pois estou fazendo um grande mal para ele..."
"Fazendo um grande mal?" Indaga Elliot, surpreso. "Mas o que você está dizendo...?"
"Tem muitas coisas que eu não conto ao Jacob, para não vê-lo sofrer. Eu não iria me perdoar se fizesse ele chorar..."
Elliot observa em silêncio enquanto via Eve enxugar as lágrimas dos olhos...
"Ele já sabe sobre... Morgan?"
"..." Ela balança a cabeça, negativamente.
"O que você disse para ele?..." Ele indaga. "... Depois de tanto tempo, ele deve ter perguntado sobre ela, não?"
"Eu disse a ele que ela partiu para um lugar distante e que, um dia, ela iria voltar para nós, assim que tudo estivesse resolvido... Eu não sei como ele reagiria se soubesse que agora, a pessoa que está criando todo esse caos..." Ela fala, apoiando a cabeça sobre as mãos, visivelmente preocupada e nervosa. "... E, ultimamente, ele tem tido muitos pesadelos. Pobrezinho... Ele deve sentir tanta falta dela..."
"Hum..." Elliot observa o garoto fixamente, arrumando os óculos enquanto escutava Eve falar. "... É claro que ele sente muita falta da mãe, mas, você também deve sentir... O Limiar a tirou de vocês... Desde então você tem agido como uma mãe para o seu irmãozinho, e tem feito isso muito bem..."
"..."
"Mas qualquer um pode ver que você também sente falta de alguém que cuide de você, como sua mãe fazia..."
"..." Ela desvia o olhar, fixando um canto do aposento enquanto pensava nas palavras do garoto. "... Eu faço algo que deixe isso muito claro?"
"Não, mas..." Ele hesita, antes de falar. "Você tem um olhar bastante triste, mesmo quando está sorrindo..."
"..." Ela sorri com ternura, mas, ao mesmo tempo, com um sentimento amargo dentro do peito. "São poucas as pessoas que me vêem assim, deste modo... Você é uma delas Elliot. Obrigada."
"Er... E-Eu só estou dizendo que nem você pode ser forte o tempo todo." Elliot retira os óculos e esfrega os olhos, enquanto dá outro suspiro. Colocando-os novamente, ele volta a falar. "E é por isso que eu lhe fiz aquela promessa... Nós salvaremos sua mãe e Akaira do Limiar, não se preocupe. E você, assim como Jacob, serão felizes novamente. Eu juro."
"... E eu confio em vocês. Tenho certeza que vocês serão capaz de nos ajudar e muito." Ela volta a sorrir, enquanto responde. "Todos nós ficamos muito agradecidos!"
"Heh... Bem, eu acho que já falei demais... Vim perguntar apenas uma coisa e acabei me excedendo... Acho que vou deixá-los em paz agora e..."
"Espere!" Ela fala, segurando o garoto por uma das mãos. "Tem uma coisa que eu gostaria de lhe perguntar..."
"Sim...?"
"Esses Limiares... O que eles são?" Ela pergunta.
"... Pensei que já soubesse já que tinha lido as nossas mentes naquela ocasião..." Ele diz, com uma gota na testa.
"Naquela ocasião, vocês não estavam com o Limiar em mente... Além disso, agora não há qualquer feitiço e eu não estou lendo sua mente... Estamos conversando como dois bons amigos."
"Heh..." Ele coça levemente a nuca e então explica. "Bem, nós não temos certeza absoluta do que eles são... Tudo o que sabemos é que existem vários deles. Eles liberam e controlam uma grande quantidade de energia... Negativa... Da maneira que desejam. Com isso eles causam muitos cataclismas nos diferentes lugares em que se encontram."
"... Como Phasiphaë?"
"Sim... Phasiphaë, no momento, está sob grande perigo... Depois de alguns acontecimentos, Julian e eu começamos a, acidentalmente, ir atrás dos Limiares. De acordo com alguém que conhecemos, é a única maneira de impedir a destruição de nosso mundo." Ele fala, um pouco tenso, enquanto lembra de Keinzer e do primeiro Limiar no centro de Autonoe. "Com isso... Já passamos por diferentes lugares e conseguimos deter três Limiares. Além disso, Spike se uniu a nós, e ele nos ajuda bastante. Logo depois, chegamos aqui, em Akaira..."
"Puxa... Então vocês são mesmo heróis, não é?..." Ela indaga, sorrindo, apontando para o garoto.
"B-Bom... Não sei se podemos nos chamar assim. Acho que o Julian é o verdadeiro herói aqui... Ele parece ser o único que consegue tocar em um Limiar. Nem eu nem Spike conseguimos chegar perto daquelas coisas quando estão ativas. E esse último, bem... Ele sabe se defender, e defender os outros, muito bem..."
"Sei... Mas e quanto a você?"
"Eu? Eu sou apenas o garoto penetra da história... Hehehe." Ele ri, totalmente sem graça.
"Não diga isso... Você me pareceu ser um grande companheiro para com seus amigos..."
"Heh... Mas eu não faço nada demais..." O garoto fica bastante sem jeito enquanto Eve o olhava, sorrindo brandamente... De um certo modo se sentia um tanto... Inútil, às vezes. Aquela era uma destas vezes... "... Muito bem, agora vou sair... Verei se posso ajudar em alguma coisa lá embaixo. E também não quero incomodar você e seu irmãozinho."
"Tem certeza disso? Você sabe que não nos incomoda." Ela fala se levantando, assim que o rapaz se levanta do colchão.
"T-Tenho sim... Quero ver se posso fazer algo pelas pessoas que estão no QG. Também estou um pouco ansioso pensando como pode estar a batalha..."
"... Batalha?"
"Ahn, sim..." Ele fala, indo na direção da porta, sendo acompanhado pela garota. "Depois que você saiu, fomos informados por um dos seus soldados que um grupo da Blood Pledge estava se dirigindo para cá e foi abordado por um grupo da sua resistência. Natasha, Julian e Spike foram pra lá, juntamente com um grande número de soldados..."
"Oh..." Eve fica espantada ao saber da notícia, principalmente ao ouvir os nomes dos garotos. "... Então... Agora entendo porque você está preocupado..."
"Sim... Heh... Mas acho que eles vão ficar bem."
"Ainda assim... Mal chegam aqui e já estão envolvidos com esta guerra..." Ela diz, novamente triste.
"O Limiar é o responsável por tudo isso. Então, já estamos envolvidos desde o início..."
A garota fica com a cabeça baixa por alguns segundos e suspira, erguendo-a novamente.
"Por favor, me mantenha informada caso tenha alguma notícia desta batalha, está bem? Logo eu irei me juntar a você no pavilhão do QG, onde estão as pessoas."
"Claro, pode deixar."Ele diz sorrindo e acenando para Jacob e Eve, dando meia volta e saindo dali. Eve faz o mesmo e então fecha a porta, encostando as costas na mesma, enquanto pensava constantemente no que ele acabara de dizer.
"Meu deus... Eles acabaram de chegar... E já estão no meio de uma guerra... Espero que fiquem bem..."
"Falou alguma coisa mana?" Fala Jacob, próximo dali, ao ouvir a irmã falando sozinha.
"Ahn? Ah, nada não Jacob... Nada de importante..."
Eve aproxima-se novamente da mesa onde o irmão continuava lendo atenciosamente um dos muitos livros que estavam por ali.
Ela se senta ao seu lado e então apóia a cabeça sobre os braços, estes, em cima da mesa.
"Mana..."
"O que foi Jacob?"
"Sobre o que estavam conversando?"
"... Ei Jacob, sabia que isso é muito feio?" Ela fala, repreendendo o irmão, passando a mão em seus cabelos. "Era uma conversa particular, está bem? Não faça mais isso ou eu vou ficar zangada com você."
"Ah... D-Desculpa..."
O garoto mantém-se quieto e volta a ler atenciosamente o livro, baixando a cabeça. Eve o olha séria por alguns instantes e logo começa a rir.
"Eu estou brincando seu bobo! Você sabe que eu não fico zangada com você..." Ela diz abraçando-o. Jacob também dá um sorriso, mais aliviado. "Mas se você quer mesmo saber só estávamos falando sobre as pessoas que estão aqui conosco. Só isso..."
"Ah..."
Aparentemente sem interesse no que a irmã falava, ele continua folheando e lendo o grande livro de capa aveludada e vermelha que estava a sua frente, parecendo muito concentrado. Eve levanta-se logo depois e se dirige até a porta do quarto.
"Jacob, eu irei até o pavilhão falar com as pessoas, está bem? Não quero atrapalhar a sua leitura... Está tão concentrado..."
"Heh... Tá bem mana..."
"Ótimo... Daqui a pouco volto aqui está bem? Se quiser, pode dar uma volta pela usina depois, mas não se afaste demais."
"Tá..."
"Bom menino." Ela diz, brincando... E em seguida, fechando a porta.
Jacob se mantém pensativo e logo coloca o livro sobre a mesa, apoiando os braços e a cabeça sobre o mesmo... Fechando os olhos e caindo no sono...
-/-
O tempo passa e a batalha da resistência contra a Blood Pledge continua. Apesar de estarem em desvantagem graças às avançadas armas do inimigo, o grupo de Eve ganha algum terreno, graças a Spike e a comandante Natasha.
Estes últimos continuavam atacando e escapando dos quatro pilotos restantes, que os perseguiam em meio ao emaranhado de pilares de um edifício próximo ao terreno da batalha principal.
"Como eu havia dito...! Vocês não sabem fazer outra coisa a não ser apertar o gatilho de suas armas!" Fala Spike saltando de trás de um pilar e caindo em cima de uma das motos, atrás de um dos pilotos.
"O que...? Aargh!"
O rapaz joga o piloto para fora da moto e então crava a espada embainhada nos controles do veículo, danificando-os, saltando fora logo depois. A moto capota, perdendo o controle e então explode ao ir de encontro a um dos pilares.
Imediatamente um outro piloto aproxima-se atirando com sua arma de lasers. O rapaz esconde-se rapidamente atrás de um dos pilares e ergue a espada, esperando para investir contra o veloz atacante... O mesmo pressiona alguns botões no painel de controle do veículo e mais uma vez duas enormes metralhadoras surgem ao lado da moto.
"Agora é o seu fim maldi...!" A fala é interrompida por um grande estouro de bala, atingindo um dos cantos da moto. "Mas que diabo!"
O veículo perde o controle com a bala enterrada em seu sistema e então se destrói contra um dos pilares, explodindo bastante próximo de Spike, que protege os olhos da luz e do fogo. O piloto voa vários metros longe com a explosão do veículo.
O rapaz espia pelo canto do pilar e vê Natasha frear bruscamente próximo a ele, com o cano de sua arma exalando fumaça, como da vez anterior.
"Agora só restam mais dois Spikezinho..." Ela fala sorrindo. "Fique aí que eu vou dar um jeito neles, está bem?"
"O que? Nada disso! Esse último era meu! Pode deixar que eu acabo com eles!"
"... Mas... Os dois juntos?"
Os dois outros pilotos se aproximam rapidamente, um ao lado do outro. Eles atiram sem parar com as armas de raios, enquanto as duas metralhadoras ao lado das motos fazem o mesmo. Natasha acelera sua moto e prepara-se para se afastar dali, porém, antes disso, Spike salta sobre o veículo, sentando na carona.
"... Se quer ajudar, então acelere logo!" Ele fala, segurando o ombro da mesma, enquanto segura a espada com a outra mão. "Só preciso de uma chance para fazer eles calarem a boca!"
"Ah, obrigada por me deixar ajudar Spikezinho!" Ela fala, ironicamente, rindo alto em seguida.
"E pare de me chamar de...!"
Ela acelera velozmente, empinando a moto, fazendo com que o rapaz quase caia do veículo. Ela manobra habilmente a moto por dentre o labirinto de pilares, enquanto os outros pilotos fazem o mesmo, numa verdadeira caçada. Os disparos passavam perto, atingindo alguns pilares próximos.
Algumas balas raspam a lateral da moto de natasha, arrancando algumas faíscas...
"Aaaaaaah!"
"O que foi?" Ele pergunta, atrás dela. "Atingiram você?"
"A lataria! Eles arranharam a minha querida!"
"... O que...?"
"Grrrr!"
"Argh! O que está fazendo?"
Natasha range os dentes e então acelera ainda mais, empinando a moto mais uma vez. Spike arregala os olhos, quase despencando da moto, enquanto segura firmemente na comandante.
Assim que se afasta o suficiente, ela freia violentamente, fritando os pneus e virando-se contra os perseguidores.
"Grrrr! Tem certeza que consegue fazer isso, não é?"
"Er..." O rapaz observa a mesma, com um certo temor. "C-Claro que consigo!"
"Então se prepare!"
Ela acelera a moto e, depois de cantar os pneus, começa a se aproximar velozmente dos pilotos, que vinham na direção contrária, muito rápidos. Os tiros passavam perto da cabeça dos dois e algumas balas disparadas pelas metralhadoras da Blood Pledge atingiam a lataria da moto de Natasha, fazendo várias veias saltarem de sua testa. Os pilotos dos veículos futuristas observam e começam a suar frio ao ver o veículo inimigo na sua direção... Ainda assim, não diminuem a velocidade e continuam velozmente na direção da comandante e Spike.
Há poucos metros de colidirem uns com os outros, Spike fica de pé na carona da moto, equilibrando-se e com a espada e mãos. Natasha faz uma curva fechada, desviando rapidamente dos dois veículos, e literalmente lançando Spike contra os dois pilotos!
"Aaaaahh! CRASH!"
Com a Solar em punho, e literalmente voando na direção dos dois pilotos, ele os atinge com todas as forças, derrubando-os violentamente. Os dois caem no chão enquanto os veículos continuam o caminho sozinho, até que perdem o controle e colidem contra os pilares, destruindo-se.
Spike ainda rola por alguns metros, antes de finalmente parar, por causa da velocidade.
"Muito bom Spikezinho! Você deu a eles o que mereciam!" Diz Natasha, aproximando-se do mesmo com a moto. Ela então desce do veículo, preocupada. "Você está bem?"
"... Hum...?" Ele diz, ainda zonzo com tudo aquilo, levantando-se. "Acho que estou..."
"Buáááá! Você não está nada bem!"
"...?"
Só depois de recobrar-se completamente é que ele observa a comandante falando com a sua própria moto... Provavelmente, havia perguntado para o veículo se estava bem, e não para ele. Uma grande gota surge na sua testa, enquanto ele vê a comandante derramar uma cachoeira de lágrimas enquanto passa a mão na lataria da moto, danificada pelos tiros.
"Não se preocupe minha queridinha... Mais tarde vamos resolver isso, está bem?"
" ¬¬ "
Não muito longe dali, Julian observava a batalha atrás das trincheiras improvisadas, enquanto ajudava as pessoas que passavam por alguma necessidade. Ele observa de trás de um dos monolitos procurando por Spike e Natasha, visivelmente preocupado. Mas tudo o que via eram os soldados da Blood Pledge disparando sem parar.
A temperatura do local pareceu esfriar de uma hora para a outra... A respiração dos soldados e mesmo a do garoto eram visíveis, na forma de um vapor branco e gelado.
Julian afasta-se momentaneamente do front e toma em mãos um grande e velho cobertor que havia próximo aos feridos e civis, enrolando-se para se proteger da baixa temperatura.
"...?"
"Calma meu querido... Logo o frio vai passar... Não chore."
Próximo dele, sentado junto com as outras pessoas, estava um senhor idoso, com cabelos totalmente grisalhos, segurando nas mãos um frágil bebê, enrolado em vestes brancas e finas. O senhor tremia com o frio recém chegado e abaixava a cabeça por causa do som dos tiros. Ao mesmo tempo, tentava embalar a criança, que chorava alto.
"O... Senhor está bem?" Ele indaga, aproximando-se dos dois.
"S-Sim, eu estou... Obrigado por perguntar meu jovem... Felizmente, ainda estamos vivos." Ele diz, tremendo, de modo irônico.
"..." O garoto se desfaz do cobertor sem pensar duas vezes e entrega ao velho senhor, enrolando ele e o pequeno bebê no mesmo. "Está ficando muito frio... É melhor se cobrirem."
"Oh... Mas, tem certeza que podemos ficar com isto? Você vai passar frio meu jovem!"
"Vai ser mais útil para vocês dois do que para mim." Ele diz sorrindo. "Além disso, vocês parecem estar com bem mais frio do que eu, no momento... Não se preocupem, está bem?"
"Bem, então... Muito obrigado meu jovem." Agradece o senhor. O bebê pára de chorar momentaneamente. "Você está sendo como um anjo para todos nós..."
O garoto sorri agradecido e, logo depois, ajuda alguns soldados a carregarem outros companheiros, feridos pela batalha...
"Está nos ajudando bastante aqui rapaz." Diz o capitão, carregando e cobrindo com um cobertor um soldado, ferido na perna. "Continue cuidando deste local, certo? As pessoas estão muito agradecidas."
"Er... Obrigado... Só estou fazendo o que posso..."
"Vejam!" Fala um dos que atiravam, interrompendo a conversa. "A comandante Natasha! Ela apareceu novamente!"
Imediatamente todos escutam um grande estrondo ao lado dos exércitos inimigos. De um dos edifícios laterais, Natasha surge juntamente com Spike, sobre sua moto negra, praticamente voando para cima das tropas inimigas.
"O que?" O líder da tropa da Blood Pledge se mostra surpreso ao ver a comandante surgindo novamente, agora em meio aos seus homens. "Mas como podem estar vivos?"
"Achou que cinco daqueles patetas iam ser o suficiente para acabar conosco?" Diz Spike, saltando da moto e atacando os soldados mais próximos. "Agora vão ver o que acontece quando brincam comigo!"
"Vocês o irritaram! Agora ele é problema de vocês!" Fala Natasha, atirando de cima de sua moto e confundindo os soldados, correndo ao redor dos mesmos com a poderosa moto.
O fogo que era disparado contra a resistência de Eve é reduzido drasticamente quando metade dos soldados muda o alvo dos tiros para Natasha e Spike. A comandante pilotava a moto por entre as linhas inimigas, enquanto Spike atacava com a Solar, derrubando mais alguns.
Enquanto os soldados da resistência observavam os inimigos se reduzirem a um numero bem menor, imediatamente se escuta muitos passos logo atrás das trincheiras. Julian observa diversos outros soldados adentrando no local por trás das trincheiras, aproximando-se do front de combate.
"Capitão..." Diz um deles. "Os reforços acabam de chegar."
"Ótimo!" Ele fala, mais animado, levantando-se, com o rifle em mãos. "Não podiam chegar em hora melhor!"
"Perdoe nossa demora capitão!" Fala um dos soldados recém chegados. "Tivemos alguns problemas para encontrar o local e algumas ruas estavam bloqueadas com escombros."
"Sua demora pode ser redimida agora, meu amigo!" Fala o capitão, sobre um dos monolitos, falando a todos. "Agora é nossa chance! Devemos ajudar a comandante Natasha, que está em meio as linhas inimigas confundindo-os! Preparem as armas! Vamos avançar!"
Os soldados se preparam, engatilhando as armas e guardando mais munição para emergência. Segundos depois, ao comando do capitão, a tropa, agora em número muito maior, começa a surgir de trás das trincheiras e começa a avançar em direção aos inimigos, respondendo fogo.
Rapidamente o terreno começa a ser ganho e a Blood Pledge se vê prensada contra duas frentes de combate... O número de soldados havia praticamente triplicado, enquanto os inimigos diminuíam cada vez mais.
Julian observa, de um certo modo mais aliviado, e imediatamente vê que ninguém mais prestava atenção aos monolitos... Ele se dirige para os civis e feridos rapidamente.
"Vamos! Vocês todos devem aproveitar e sair agora! Recuem para um lugar mais seguro!" Ele diz, fazendo um sinal com as mãos para que fossem para o outro lado.
"O garoto tem razão! Vamos aproveitar e sair daqui agora! Vamos! Rápido, rápido!" Diz um outro soldado por ali, ferido em um dos braços, porém, ainda de pé.
Apressadas, as pessoas começam, uma a uma, a se levantar e a correr na direção contrária a batalha... Pouco a pouco o local onde estavam os civis começa a ser evacuado, sob a 'supervisão' de Julian e mais duas ou três pessoas, que faziam o possível para tentar ajudar.
Do outro lado do campo de batalha, em meio as linhas inimigas... O homem que portava o emblema da Blood Pledge observava furioso suas tropas perderem rapidamente o terreno que haviam conquistado...
"Grrrr! Vocês... Não perdem por esperar seu bando de idiotas! Não perdem por esperar!"
O líder do exército inimigo se vê sem muitas alternativas.
Quando muitos dos seus já caíram, mais e mais soldados da resistência chegavam até suas linhas. Esses eram vencidos um a um pela grande quantidade de soldados.
Ele joga a arma que possuía em mãos no chão e corre para trás de alguns grandes monolitos que havia por ali, passando e pisando por cima de alguns de seus próprios soldados.
"Hah! Está fugindo!" Diz Spike, enquanto derrubava mais um soldado, arrancando a arma de sua mão com um golpe da Solar. "É mais covarde do que pensei!"
"Humm..." Natasha, após derrotar outro soldado, freia momentaneamente sua moto e observa os monolitos. "... Não acho que ele vá se render assim..."
"Do que você está falando? Ele fugiu como um rato!"
"..."
Neste exato instante, um grande estrondo é ouvido de trás dos monolitos. Quase todos os soldados olham na direção dos mesmos, a tempo de verem um grande projétil flamejante subindo a vários metros de distância, para depois, cair pesadamente em meio aos soldados.
"Eu sabia!" Diz Natasha, com os olhos arregalados, olhando para o projétil, que se assemelhava a uma esfera escura, envolta em labaredas de fogo. "Espalhem-se agora!"
KBOOM!
Os soldados correm, cada um para um lado diferente, tentando sair de perto da zona de impacto, porém, era tarde demais para alguns se salvarem. O Projétil cai no solo, causando uma grande explosão de chamas. Os soldados mais próximos são carbonizados pelo disparo, enquanto que os demais são arremessados para longe com a força da explosão.
Tanto os soldados da Blood Pledge quanto os aliados a Eve haviam sido atingidos pelo projétil...
"Mas o que é isso?" Fala Spike observando os corpos carbonizados.
De trás do monolito, o líder surge novamente, mas desta vez com um estranho tipo de máquina...
Era um objeto pequeno, não maior que a sua cintura, com seis rodas para locomoção, na parte inferior e, na parte superior, um grande cano, fumegante... Provavelmente, aquilo havia disparado o projétil anteriormente, como um tipo de morteiro.
Os soldados mais próximos se afastam do líder, que segurava na outra mão, o grande emblema tremulante.
"Podemos ter perdido esta batalha, mas muitos de vocês também irão perder a vida!"
"Mas que maldito!"
Ele segura um pequeno cordão de metal, logo atrás da máquina e olha ao redor...
Ao longe, ele observa várias pessoas se afastando daquele local... Os civis e feridos...
"Hah! Segurem essa!"
"Cuidado!"
Ele dispara novamente com o morteiro e dessa vez ainda mais longe... Na direção dos civis e feridos! Julian, que pedia as pessoas para que se afastassem, olha para trás e nota o projétil flamejante se aproximando...
"Julian!" Grita Natasha, desesperada.
As pessoas que ainda não haviam se afastado desesperam-se e se encolhem atrás do garoto, enquanto vêem a bala de fogo se aproximar cada vez mais e rapidamente.
O rapaz mantinha-se imóvel, observando a bala fixamente...
... Em seus olhos... A imagem do disparo crescia cada vez mais a medida que se aproximava... Estava tão concentrado que não escutava nada ao seu redor... Tudo estava em silêncio naquele momento.
Seu olhar muda momentaneamente e ele salta sobre um dos monolitos que estava a sua frente, sem retirar os olhos da bala. Ele estica os braços na direção da mesma enquanto seu braço direito é envolto em um tipo de luz tênue e branca...
"...!" Todos observam, pasmos, assim que a bala pára no ar por alguns instantes... Natasha olha com uma expressão incrédula. Spike, logo ao seu lado, observa a cena com um pequeno sorriso no canto da boca.
"Mas o que é isso? Bruxaria!" Grita o Líder da Blood Pledge, segundos antes da bala voar vários metros para cima e explodir no ar, sem perigo.
KBOOM!
"..." O olhar de Julian logo volta ao normal e ele olha para o braço direito, sem entender o que havia acontecido... O brilho tênue havia desaparecido. "Er... Vamos! Fujam daqui, rápido!" Ele diz, enquanto as pessoas o olhavam, espantadas. Logo, elas voltam 'à realidade' e se distanciam daquele lugar.
"Maldito! Não sei como fez isso mas desta vez não vai esc...TAM!" Fala o líder dos inimigos, um segundo antes de ser atingido pela Solar de Spike na nuca, e cair sem sentidos no chão. "... TUM"
"Você já falou demais por hoje!" Diz o rapaz, colocando um dos pés sobre as costas do homem caído. "Melhor ficar quieto agora!"
A Batalha e os tiros cessam finalmente... Os poucos soldados sobreviventes da Blood Pledge jogam suas armas no chão, levantando os braços e rendendo-se, após verem o líder caído.
Alguns dos soldados comemoram a vitória, enquanto outros apenas descansam. Spike sai do local e se dirige até Julian, que descia do monolito naquele momento.
"Muito bem cara de lata." Ele diz, dando um tapinha em seu ombro.
"..."
Natasha se aproxima logo depois, freando bruscamente em frente aos dois rapazes. Ela desce da moto ainda incrédula com o que vira...
"..."
"Er..."
"Ju... Como foi que você fez aquilo?" Ela indaga, olhando para o garoto.
"Eu... Não sei..."
"Heh... No final, eu tinha razão quando disse que seria uma boa idéia trazê-lo, heim?" Fala Spike olhando pro campo de batalha logo em seguida. "E agora temos um trabalho a fazer... Se quiser explicações, você pede depois para o cara de lata."
"..."
O rapaz então, vai até os soldados sobreviventes... Todos estes recolhiam os corpos que estavam em meio a rua...
-/-
Longe dali, em um grande e pouco iluminado aposento, semelhante a um enorme salão com muitos aparatos mecânicos e tecnológicos...
"Então... Vejo que está pronto." Indaga o homem com a máscara no rosto.
"Sim meu senhor... Está completamente reparado. Adicionamos algumas placas a mais para garantir sua defesa impenetrável." Diz um homem, vestindo um jaleco branco, aparentando ser algum tipo de cientista ou coisa assim.
"É magnífico..." Fala Morgan, ao lado do homem de máscara.
Em meio a um grande salão semelhante a uma pequena mini-fábrica, estavam Morgan, o Julgador e mais de uma dezena de soldados pertencentes a Blood Pledge. Todos observavam o que parecia ser uma enorme máquina em meio ao salão... Mais precisamente, um veículo, por causa das esteiras com rodas que havia em cada lado.
"Explique." Diz o Julgador para um dos cientistas.
"Seis metralhadoras laterais, quatro tipos de escudo, incluindo um campo de força e um campo magnético; dois canhões lasers, lançadores de rede disruptora e, é claro, o canhão principal, feito a base de Íons..." Explica um dos soldados, apresentando a máquina a sua frente. Ele fala em voz alta, para todos que estavam no salão. "Apresento-lhes, senhores, o novo Tanque Eagle. A máquina de combate mais eficaz já criada por nós."
"Hum... Finalmente minha obra prima está reparada mais uma vez." Fala o Julgador, observando o veículo. Ele passa uma das mãos sobre a lataria do mesmo, como se admirasse a uma jóia preciosa. " Os pilotos já estão prontos?"
"Sim senhor. Vocês três, aproximem-se!"
Três soldados imediatamente aproximam-se e ficam em posição de sentido. Todos trajados de modo diferente dos demais soldados, com roupas negras e vermelhas coladas no corpo. Um pequeno emblema, símbolo da facção, era bordado do lado esquerdo do peito dos pilotos.
"Vocês três foram os mais qualificados a levarem Eagle com vocês e causar a destruição de nosso inimigo. Portanto, sejam responsáveis e, sobretudo, vençam!"
"Sim senhor!" Falam os três, em coro, ao mesmo tempo que uma escada é estendida aos três. Eles sobem rapidamente e adentram na máquina pela parte superior.
Dentro da grande máquina, os três posicionam-se, cada um em uma cadeira... Havia vários botões, alavancas e telas, todas necessárias para o funcionamento do tanque. Os soldados colocam, cada um, um fone em uma das orelhas. Do fone, uma pequena haste saía até a boca, como um microfone.
"Eagle com 100 de funções ativadas senhor." Fala um piloto pelo microfone.
"Excelente..." O Julgador esfrega as mãos, pensativo, enquanto imagina o estrago que sua grande arma poderia causar. Morgan o observa logo atrás, agora menos impressionada...
"Senhor! Senhor!" Grita um soldado, entrando no local por uma porta que é aberta violentamente.
"O que houve? Porque toda esta gritaria soldado?"
"Estamos sob ataque!" Ele diz, após recuperar o fôlego.
"O que? Mas quem ousaria nos atacar? Não podem ser aqueles tolos do reino inimigo..." Fala o Julgador, incrédulo.
"Bem senhor, trata-se de apenas uma unidade..." O Julgador levanta uma das sobrancelhas, assim que o soldado fala. "Mas parece ser muito especializada... Já tentamos atingi-la com nossos canhões de raios, mas são lentos demais para ela."
"Ora... Parece que a Blood Pledge é tão invencível que está tendo problemas com uma única pessoa..." Diz Morgan, sarcasticamente.
"Hunf... Coloque na tela."
Um monitor desce do teto do salão até próximo aos soldados e o Julgador. Na tela, um objeto se aproximava cada vez mais rápido da base e dezenas de tiros lasers vindo dos canhões não causavam sequer um arranhão no mesmo. A imagem é aumentada e logo mostra... Subaru voando em direção a base. Com grande facilidade, ela deflete os tiros que a atingem enquanto voa velozmente.
"Ela é incrível..." Fala o Julgador, impressionado. "... Não pode ser humana... Será uma bruxa?"
"Hum..." Morgan retira o Limiar do meio dos seios e observa que este pulsa freneticamente, liberando leves ondas de energia. "... Não, ela não é uma bruxa e deve ser destruída imediatamente. Teremos muitos problemas se ela adentrar em nossa base."
"..." O Julgador fica em silêncio, enquanto observava fixamente Subaru, maravilhado com sua performance. Ele olha lentamente para Morgan e logo para os soldados. "Muito bem, mandem as tropas aéreas! Façam o possível para detê-la!"
"Sim senhor!"
Segundos depois do comando, uma grande portinhola abre-se em um dos lados da base e dezenas de motos futuristas surgem de algum lugar da base e correm pelas ruas velozmente. Duas grandes turbinas na parte inferior dos veículos fazem com que elas voem! Todas elas vão de encontro a Tecnomage, disparando com as armas e as metralhadoras das motos.
Subaru pára no ar e espera por todos, sem se mover.
"Vejam! É só uma mulher!" Diz um dos soldados, nas motos.
"Isso vai ser fácil!" Diz outro. "Vamos derruba-la, agora!"
As motos aproximam-se da tecnomage e esta golpeia um dos veículos com uma das mãos, lançando a máquina a diversos metros de distância, destruída. O soldado desaba imediatamente, enquanto abre um pára-quedas.
"O que? Mas... Como pode ser tão forte?" Diz outro soldado, atirando... Os disparos e balas eram defletidos sem dificuldades por Subaru que, logo, segura com uma das mãos uma das motos que passava por perto, golpeando o piloto e derrubando-o.
"Argh!"
Imediatamente outra moto passa e ela a segura com a outra mão, 'freando-a' bruscamente, lançando o piloto metros a frente, abrindo outro pára-quedas.
Uma terceira moto se aproxima por trás, atingindo com balas as costas da tecnomage, sem qualquer efeito. Ela se vira rapidamente, com as duas motos, uma em cada mão e golpeia um veículo contra o outro, esmagando o atacante no meio das duas máquinas, explodindo os três! O piloto cai miseravelmente, desta vez, sem um pára-quedas...
KBOOM!
No monitor, o Julgador e todos os demais observam a batalha entre a tecnomage e os exércitos... Era mais do que óbvio que Subaru tinha muita vantagem sobre os atacantes, derrotando a qualquer um que se aproximasse dela facilmente, lançando e destruindo os pesados veículos, uns contra os outros, como se fossem feitos de papel!
"Grrr...! Já chega disso!" Fala Morgan, irritada. "Esses soldados imprestáveis não conseguirão nem arranhá-la! Use o Eagle, e acabe com isto de uma vez!"
"Hum... É uma boa idéia, minha querida. Será uma boa oportunidade de testar Eagle contra um alvo realmente forte." Ele fala, sarcástico. "Vocês! Saiam com o Tanque Eagle imediatamente e ataquem o alvo!"
"Sim senhor! Sistemas prontos!"
"Propulsão pronta!"
Após o anuncio dos sistemas totalmente funcionais, o poderoso tanque sai de dentro da base e começa a andar pelas ruas próximas a mesma... Subaru continuava no ar, desviando e destruindo os que a atacavam, sem perceber o tanque que se aproximava.
"Ativar arsenal básico!"
Seis grandes metralhadoras giratórias surgem nas laterais do avançado veículo de combate e disparam com grande velocidade contra a tecnomage. Ela percebe o ataque e move-se tão rápido que some da detecção dos inimigos. Os tiros acabam atingindo os próprios exércitos, ainda no ar, derrubando vários soldados e explodindo muitas das motos.
"Precisamos pará-la!"
"Certo! Ativar redes disruptoras!"
Das laterais do tanque, quatro grandes 'tampas' abrem-se e, de dentro destas, várias redes energéticas são lançadas pelo ar. Subaru escapa de todas facilmente, segurando uma das motos que a atacava e lançando-a contra o atacante. Uma das redes prende o veículo, fazendo-o perder a energia e cair no solo, destruindo-se completamente.
"Usem o canhão principal! Agora!" Fala o Julgador, de dentro da base, por um monitor.
"Mas a taxa de acerto é apenas 0,002 senhor! Ela precisa ser imobilizada... É muito ágil!"
"Hunf... Não se preocupem quanto a isso." Diz Morgan saindo dali.
"Onde vai Morgan?"
Sem responder, a bruxa sai do salão de construção por uma porta lateral e sobe calmamente algumas escadas que levam até o último andar da base. Segundos depois, ela surge em uma sacada e observa Subaru ao longe, destruindo mais dos atacantes, lançando-os contra Eagle, que defende-se com um grande campo de força ao seu redor.
"O Limiar disse que você deve morrer... Tola..."
Morgan move suas mãos ao mesmo tempo em que o pequeno fragmento em meio ao seus dedos brilha intensamente. Imediatamente uma luz violeta envolve os braços e pernas da Tecnomage, que pára de se mover...
"...?" Ela tenta se livrar da energia, mas parecia muito forte, mesmo para ela... Era como se enormes pesos estivessem presos aos seus membros. Esforçava-se até mesmo para continuar no ar. "...!"
"Está feito!" Diz o Julgador, pelo monitor. "Qual é a taxa agora?"
"99 deste ângulo senhor!"
"Ótimo! Acabem com ela de uma vez! Rápido!"
O tanque ergue, sobre si, um grande canhão e o aponta cuidadosamente para a tecnomage. Lá dentro, os soldados ativam o mecanismo de disparo e uma luz azulada, muito forte, começa a brilhar dentro da arma. Subaru observa a luz logo abaixo de si e tenta se livrar apressadamente da energia que a segurava, mas, em vão...
"Fogo!"
Um disparo energético é disparado pelo canhão de íons com uma força arrasadora, atingindo Subaru em cheio, causando uma grande explosão no ar!
Em meio ao estrondo, um grande clarão obriga todos, mesmo os que observavam pelos monitores, a proteger os olhos...
E assim que a luz se dissipa, os soldados novamente olham pelo radar... Logo depois que o tanque pára de tremer.
"E então?" Indaga o Julgador, por um dos monitores.
"... Alvo desaparecido." Diz um dos soldados, abrindo um sorriso. "Heh... Ela deve ter sido completamente destruída com a força tremenda do canhão..."
"Ótimo... Isso mostra que fizemos um excelente trabalho. Dirijam-se para o local do confronto agora. Já está mais do que na hora de utilizá-lo!"
"Sim senhor!"
O tanque começa novamente a se mover e então sai dali, se dirigindo para o local onde a batalha entre a Blood Pledge e as forças de resistência havia, há pouco, tido um fim.
Ao mesmo tempo, o Julgador observa outro monitor. Este, mostra a sacada onde, anteriormente, estava Morgan... Agora, vazia.
"Heh... Eu ia agradecê-la, mas acho que você dispensa esse tipo de coisa, não é minha querida?"
-/-
Longe dali, na usina utilizada como QG pela resistência, todas as pessoas se encontravam no pavilhão da mesma, onde estavam os feridos e os civis desabrigados. Mas mesmo aqueles que passavam por dificuldades observavam maravilhados o que acontecia, naquele momento, bem no centro do local.
"Nossa..."
"Que incrível..."
Em meio às pessoas, estava também Elliot. Todos fitavam Eve, ao lado de uma mulher, muito ferida...
A jovem bruxa abaixa-se ao lado da mesma e fala algumas palavras em seu ouvido, enquanto passava a mão em sua testa carinhosamente.
"Psss... Calma... Não tenha medo, está bem?"
"... Está... Bem..." Diz a mulher, com dificuldades para falar, por seu pescoço estar enfaixado.
Eve se levanta e coloca a mulher sentada em cima de uma maca, abraçando-a em seguida...
"O que está havendo?" Indaga Elliot para uma das pessoas ali.
"Dizem que ela perdeu todos os movimentos do corpo depois que foi atingida por essas armas do demônio que a Blood Pledge fez Agora a bondosa Eve vai curá-la..."
"..."
Uma luz branca começa a envolver a bruxa e a mulher rapidamente... As pessoas vislumbram tudo, impressionadas... Enquanto a mulher lentamente move os braços, sozinha, correspondendo ao abraço.
Elliot tira os óculos e olha aquilo, muito impressionado.
"Pronto..." Ela fala, separando-se da mulher. "Você está bem?"
"..." Ela levanta-se da maca e fica de pé. As pessoas ficam espantadas e maravilhadas com o que parecia ser um milagre. "... S-Sim! Obrigada minha s-senhora...!"
Ela simplesmente sorri e então pede para que outras pessoas por perto cuidassem da mesma, enquanto dá meia volta e se afasta, indo em direção a Elliot. O garoto continuava muito impressionado com o que vira.
"..."
"O que foi? Você parece tão impressionado." Ela fala, brincando.
"Pode apostar que sim..." Ele diz, colocando os óculos novamente. "É incrível! Seus poderes são impressionantes... Não é a toa que todas estas pessoas gostam tanto de você..."
"... Já disse que faço o possível para ajudar..." Ela fala, um tanto vermelha, mas logo depois, mudando de assunto. "Mas... Estou preocupada com Natasha e os outros. Será que estão bem?"
"Eu creio que sim... Se tivesse acontecido algo, teriam nos contatado."
"Assim espero... Tomara que não tenham se ferido..."
"Eu acho que n..."
"Senhorita Eve!" Fala um homem apressadamente, interrompendo a conversa dos dois. "Um telegrama para a senhorita acaba de chegar...!"
"Um telegrama?" Ela fala, recebendo a carta das mãos do soldado. "Mas de quem pode ser...?"
Ela abre o envelope e lê rapidamente o que havia escrito no telegrama. Enquanto lia, sua expressão ia mudando de calma para angústia...
"... Aconteceu alguma coisa?"
"Elliot..." Ela diz, terminando de ler. "Terei de sair..."
"Ahn? Sair para onde? E porque?"
"Esse telegrama é de algumas pessoas que estão sofrendo muito em um dos cantos da cidade... Eu preciso ir ajudá-las!"
"Mas... Não acha melhor que as pessoas sejam trazidas para cá? Pode ser arriscado você sair assim, sem mais nem menos!"
"Elas estão presas em um lugar rodeadas por soldados da Blood Pledge... Se trazermos elas para cá, eles com certeza nos acharão." Ela conclui. " Portanto eu irei até eles..."
"... E se for uma armadilha?"
"... Eu vou ter que arriscar..." Eve se dirige para a porta de saída da usina, mas antes pára por alguns segundos, se virando e sorrindo. "Fique aqui esperando por Natasha e os outros, está bem? Eu vou tentar não demorar. E, por favor... Cuide do Jacob."
"..." O garoto fica em silêncio, ainda pensando sobre aquele telegrama repentino... Mas, diante do rosto de Eve ele parece não ter muitas forças para discordar e abre, com força, um minúsculo sorriso. "... Está bem, eu cuidarei."
"Obrigada...!"
A bruxa se prepara para sair e junto dela saem quatro soldados. Enquanto esta vai adentrando no carro, outros soldados aproximam-se e entram no velho carro para acompanhá-la até o local.
Elliot vai até a porta e fica observando o veículo se afastar pouco a pouco, depois de partir...
O rapaz adentra novamente na usina e anda pensativo pelo pavilhão da mesma... Até que pisa em um pequeno pedaço de papel... Ele o toma em mãos e vê que se tratava do telegrama que Eve recebera.
"Estranho..." Ele diz, averiguando o mesmo. "... Os telegramas daqui são escritos à mão. Heh..."
O papel não passava de uma folha em branco, com um estranho símbolo em cada ponta da carta e, no centro, frases escritas em grafite, à mão... As letras emendadas redigiam toda a mensagem da carta... Ali estava um pedido de socorro, vindo de algumas pessoas longe daquele lugar.
Elliot observa a carta e levanta uma das sobrancelhas... Ele dobra a pequena carta e coloca em um dos bolsos. Ele atravessa todo o pavilhão e chega até a porta que dá acesso aos quartos.
Antes mesmo que possa tocar na maçaneta, a porta se abre e de dentro desta, surge uma idosa velhinha, juntamente com o garoto Jacob... Este esfregava os olhos freqüentemente.
"... Oh, você está aqui Jacob!" Diz o garoto, um tanto sem graça. Jacob o observa seriamente, bocejando.
"O senhor Jacob acaba de acordar e vou levá-lo para dar uma volta pela usina." Diz a velhinha, segurando uma das mãos do garoto, sorrindo. "Ele acaba de ter um pesadelo... Será melhor respirar um pouco, não é Jacob?"
"... Onde está minha irmã?" Ele pergunta.
"Ah sim, ela teve que sair com urgência... Mas ela falou que não demora, está bem?"
O pequeno garoto olha fixamente para um Elliot sem jeito mas logo, abre um pequeno sorriso.
"Tá..." Ele diz calmamente. "... Titia, agora vamos?"
"Muito bem, vamos... Até daqui a pouco senhor Elliot."
Os dois se despedem do rapaz e andam pelo pavilhão da usina de mãos dadas. Elliot os observa se afastar e adentra na porta, passando pela 'sala de estar' e se dirigindo para onde estavam os quartos.
Ele chega em frente a porta do quarto de Eve e gira a maçaneta da mesma, lentamente...
Já dentro do aposento, ele observa o lugar, tomando todo o cuidado para que ninguém percebesse sua presença por ali...
Abaixa-se e olha embaixo da grande cama de Eve e a seguir levanta-se novamente, indo até os bidês e abrindo as gavetas, fechando-as logo depois.
"... Hum..."
Ele aproxima-se da mesa onde Eve e Jacob estavam estudando anteriormente. Sobre esta, havia uma pilha de livros... Todos muito grandes e espessos.
Ao lado destes, estavam alguns cadernos de anotações... Ele o abre e observa alguns cálculos feitos por Eve e Jacob, e algumas coisas escritas por ambos... Regras e fórmulas matemáticas e suas respectivas explicações.
O garoto levanta uma das sobrancelhas, olhando todos aqueles grandes cálculos e equações e fecha o caderno em seguida, observando um último livro, fora da grande pilha, sobre a mesa.
"Hum..."
Ele abre o tomo e folheia algumas páginas, observando o conteúdo... A cada página virada o seu olhar muda, como se houvesse visto algo realmente escabroso... Alguns segundos depois de ver tudo o que pôde, ele fecha o livro rapidamente e sai do quarto, apressado, fechando a porta novamente.
Elliot corre até o pavilhão e lá, encontra alguns soldados fazendo sua ronda.
"Vocês... Dois...! Arf... Arf..."
"Ops! Calma amigo, o que aconteceu?
"Preciso que me façam um favor! É muito importante!"
"..." Eles se entreolham, estranhando o repentino pavor do garoto. "... Que favor?"
Cerca de dois minutos depois, um pequeno Jipe sai de trás da usina e corre rapidamente pelas ruas de Akaira. Os dois soldados se mantinham nos bancos da frente, enquanto Elliot se segurava no banco traseiro. Ele olhava para o horizonte da cidade, nervoso.
"... Eu espero que não seja tarde demais..."
-/-
De volta ao campo de batalha... Todos os corpos haviam sido enterrados sob o grande terreno baldio...
Com a ajuda de todos, diversas lápides são improvisadas, para homenagear aqueles que haviam perdido suas vidas naquela batalha, incluindo os próprios soldados da Blood Pledge.
Julian falava com Natasha, sobre um grande monolito, enquanto Spike ainda ajudava cerca de dez soldados que ainda estavam por ali, enterrando os corpos.
"... Tecnomage?" Indaga Natasha. "... Puxa, mas que história maluca."
"É..." Explica Julian. "Eu também acharia o mesmo se alguém tivesse me contado..."
"Então foi por isso que você conseguiu fazer aquilo?" Ela levanta o braço direito do garoto, olhando curiosamente.
"Eu não sei... Mas estou começando a achar que sim..." Ele responde, sem jeito.
"De todo modo, fez um bom trabalho Ju!" Ela diz, apertando as bochechas do garoto enquanto sorri. "Você parecia um animal aquela hora, sabia?"
"Ack... Er..." xx
"Mas..." A comandante volta a olhar pro grande número de lápides sobre o terreno, com um olhar triste e distante. "... No fim, eu não sei se tudo isto vale a pena... Eve não gostaria de ver isso."
"..."
"Ela sempre diz que qualquer vida vale muito... E tudo o que eu faço é destruir vidas... Eu acho que a faço chorar as vezes..."
"...Você gosta muito dela, não é?" Pergunta Julian, com as mãos sobre os joelhos, fitando a comandante.
"Claro... Eu a conheço desde muito tempo... Ela ajudou a mim e a minha família quando estávamos passando por grandes necessidades. Nossa casa havia sido destruída pela Blood Pledge... Nós nem mesmo tínhamos para onde ir e, então, ela nos acolheu... Infelizmente meus pais estavam muito doentes e acabaram falecendo com tudo isso...
"Oh, eu... Sinto muito..."
"Tudo bem... Depois disso, comecei a servi-la como eu podia... Ela sempre foi uma boa pessoa, e sofre muito com tudo isso..." Uma brisa fria bate, balançando os cabelos brancos de Natasha. "Eu espero poder protegê-la... Sempre... Eu devo muito a ela..."
Julian escutava sorrindo enquanto olhava para a comandante.
"Bem, estes foram os últimos..." Fala Spike, enxugando a testa com um dos braços, aproximando-se. "Vão ficar aí conversando muito? Devemos voltar para aquela Usina, agora."
"Como você é estraga prazer, Spikezinho... Estou tendo uma conversa em particular com o Ju!" Ela diz, abraçando o garoto, que quase sufoca em meio aos seus seios, parecendo um boneco de pano.
"Er..." xx
"Sei... Bem, que seja. Não sei quanto a vocês, mas eu estou voltando junto com os soldados."
"Vamos também Ju?"
"V-Vamos..."
Spike ia se distanciando juntamente com os dez soldados, e a Solar em mãos, tentando arrancar a bainha de sua lâmina, enquanto Julian e Natasha descem do monolito.
Natasha levanta-se e, antes de prosseguir, pára momentaneamente... Com um olhar distante.
"Comandante...?" Indaga o rapaz, ao seu lado.
"... Ouviu isso?"
"...?"
Spike e os soldados mais a frente também param. O primeiro se vira novamente, enquanto olha ao redor ao escutar um estranho ruído... Os soldados fazem o mesmo ao verem Natasha parada no mesmo local.
"... Escutaram também?" Diz Spike, juntando-se a Julian e Natasha.
"Sim." Ela diz. "Tem alguma coisa se aproximando..."
"..." Julian tenta prestar atenção aos ruídos que escuta ao redor, mas, tudo estava em grande silêncio... Apenas alguns segundos depois, ele percebe o que parecem sons metálicos, bastante baixos, ficando cada vez mais altos... Ele passa o olhar no ambiente e, então vê no início da rua, uma grande máquina aproximando-se. "O que é aquilo?"
Os três presenciam a chegada do Tanque Eagle, ao local da batalha... A poderosa máquina de guerra andava lentamente sob as esteiras na direção dos três e logo pára, a alguns metros dos mesmos.
Os dez soldados da resistência aproximam-se da comandante e engatilham as armas, apontando-as para o tanque.
"Alvos localizados senhor." Fala um dos homens pelo microfone, enquanto em um dos monitores surge o rosto do Julgador.
"Excelente... Brinquem com eles enquanto não recebemos o sinal. Até lá, tentem mantê-los vivos para descobrimos do que são capazes... E também, porque Morgan têm medo deles. Hehehe..."
"Entendido!"
Julian, Spike e Natasha observam o grande Tanque Eagle à frente deles, ameaçador... Prestes a atacá-los...
Continua...
-/-
