Neverending War...
Cap. 11 - Lágrimas da Rendição ( Parte I de II )
(…)
Uma brisa suave e fria empurrava levemente os balanços, agora vazios, de uma pequena praça deserta... Abandonada. Tudo estava em grande silêncio, este, quebrado unicamente pelo rangido agudo das correntes enferrujadas que iam de um lado para o outro, levadas pela brisa.
Os minúsculos grãos de uma caixa de areia espalhavam-se pelo local, escondendo as manchas de sangue que havia por todo o lugar... Nestas, estavam marcadas pegadas de solas de sapatos e botas, provavelmente militares.
Próximo ao pequeno 'playground', um carro acabara de chegar ao local e, de uma das portas, uma garota com olhar triste observava o lugar, antes preenchido por crianças, agora, com violência e morte.
"Senhorita...?" Diz um dos soldados, descendo por uma das portas, segurando um grande rifle. "Está tudo bem?"
"..." Ela não responde. Continuava fitando o local, enquanto pensava o que havia acontecido por ali... E quantas vidas deveriam ter se perdido.
Outros três soldados saem de dentro do carro e, enquanto outro deles posiciona-se próximo ao carro, os demais acompanham a garota, assim que ela resolve seguir adiante, afastando-se do veículo.
A pequena bruxa e os dois guerreiros vão passando por cada brinquedo cautelosa e cuidadosamente. Os dois olhavam de um lado para o outro, segurando suas armas, enquanto Eve, no meio, apenas continuava em frente, sem parar por um segundo.
"Veja senhorita..." Alerta um dos soldados, com voz baixa. "... Aquele é o local."
Ela olha para onde havia sido apontado e vê uma pequena casa, bastante simplória em relação aos muitos edifícios e habitações que havia por perto.
"Sim... Vamos rápido. Espero encontrar alguém vivo ainda..."
Os três apressam o passo e logo chegam até o lugar. Encostadas na porta de entrada estavam duas pessoas, caídas ao chão, em meio a uma grande poça de sangue...
Um dos soldados se aproxima e coloca dois dedos em seus pescoços...
"Estão mortos..." Ele diz, em um tom de voz pesado. Eve abaixa a cabeça, dando um suspiro enquanto sentia uma sensação amarga invadir seu peito. Após alguns segundos de silêncio, o soldado levanta-se e ela volta a falar, erguendo a cabeça.
"... Se alguém se salvou, provavelmente está aqui dentro. Vamos entrar, rápido..."
Os soldados se colocam em frente à porta e giram a maçaneta. Ela se abre lentamente e as dobradiças velhas rangem... O vento assobia por entre as frestas do lugar.
Depois de finalmente entrar, eles passam os olhos pelo único aposento que havia no lugar. Tudo estava em um estado lamentável. As paredes tinham grandes buracos provenientes de tiros e disparos, provavelmente das armas da Blood Pledge.
Havia ainda quatro corpos espalhados pela sala... Todos envoltos em roupas largas e grandes tecidos para esconder o rosto dos cadáveres embebidos em sangue.
Em um dos cantos mais afastados estava mais uma pessoa, encolhida, sentada ao chão, de costas para os recém chegados... Ela abraçava as próprias pernas, balançando-se, de modo perturbador.
"... Alguém vivo, finalmente!" Fala a Bruxa, um pouco aliviada. Rapidamente ela se aproxima da pessoa e se abaixa, aproximando o rosto de sua orelha, falando em um tom calmo e suave. "Você está bem? Foi você que mandou aquele telegrama para nós?"
"..." A pessoa não responde, apenas continua sentada, em silêncio, balançando-se.
"Está tudo bem agora... Estamos aqui para lhe ajudar... O que aconteceu aqui, foi a Blood Pledge?"
"... Sim." Responde uma voz feminina.
"..." Não muito surpresa, após novamente olhar os corpos ao redor, ela coloca a mão sobre o ombro da pessoa. "... Você agora não está mais sozinha, está bem? Eu estou aqui..."
"..." A pessoa pára repentinamente de se balançar e, desta vez, sua voz parecia mais clara... "... Isso é ótimo... Hehehe..."
"...?"
A misteriosa pessoa se levanta imediatamente e, para a surpresa de Eve e os soldados, os corpos a sua volta fazem o mesmo!
Antes mesmo que os soldados pudessem sequer levantar suas armas, os quatro 'cadáveres' retiram suas vestes, revelando ser, na verdade, soldados da Blood Pledge, armados com poderosas armas, agora, apontadas diretamente para os três!
Eve olha para a pessoa a sua frente, assustada.
"Como sempre, sua bondade virou sua fraqueza..." Instantaneamente os farrapos que vestia se dissolvem na frente dos demais...
"Você...?"
A figura revela ser, nada menos, que a poderosa bruxa Morgan, envolta em seu grande vestido vermelho e em uma aura translúcida a sua volta... Eve não acreditava no que via naquele momento. A bruxa que tanto lhe causara problemas estava bem diante de seus olhos... Mais uma vez.
"Como pensei. Eu sabia que você não hesitaria em vir ajudar pobres pessoas que estariam supostamente sofrendo com todas estas batalhas... Heh... Típico de você, minha querida."
"..." Eve continua em silêncio, enquanto os seus soldados são rendidos e, suas armas, retiradas pelos inimigos.
"Fico pensando como alguém como você planeja vencer uma guerra, se nem mesmo possui a capacidade de desconfiar daqueles que estão bem ao seu lado. Hahaha! Pensei que ao menos ofereceriam alguma resistência, mas vejo que foi mais fácil do que pensei."
"..." Ela olha para os soldados que a acompanhavam, rendidos. "... Você já tem a mim. É o que quer, não é? Deixe-os irem embora! Por favor..."
"... Hum... Tem razão. O que queremos, é você, e não este bando de idiotas..." Aproximando-se dos dois soldados, ela observa-os com um sorriso no rosto e retorna o olhar para Eve, com o mesmo sorriso. A seguir, ela levanta uma das mãos e dá um pequeno estalo com os dedos.
"PAH! Argh!"
Imediatamente os homens são atingidos na cabeça por quatro disparos dos soldados inimigos, matando-os instantaneamente. Eve arregala os olhos, desesperada.
"Não!" Ela corre até os corpos, movendo-os, na inútil tentativa de 'acordá-los'. "P-Porque...? Porque você fez isso?"
"Porque eu só tenho a ganhar com as mortes desses lixos." Ela diz, com desdém. "E agora lembro que há outros dois, provavelmente, lá fora. Vocês quatro! Vão atrás deles e matem-nos sem piedade!"
Os quatro soldados acenam positivamente com as cabeças e então saem rapidamente do aposento, se dirigindo até o local dito por Morgan.
"Não! Não façam isso!"
"..." Morgan levanta as duas mãos, envoltas em alguns brilhos e imediatamente, do solo e das paredes da pequena casa surgem diversas correntes negras que voam na direção de Eve e a seguram firmemente pelos braços, pernas, tronco e pescoço, destruindo as frágeis paredes e teto de madeira.
A garota tenta se libertar, porém, acaba sendo arrastada até o centro da sala pelos grilhões negros. Ao longe ela podia ver os soldados se distanciando e se aproximando dos outros dois que aguardavam no carro... Estes, com certeza, não teriam chance.
Imóvel e incapaz sequer de gritar, ela fecha os olhos enquanto uma aura azulada começa a circundar seu corpo, levantando seus cabelos. Morgan observa calmamente, agora com um pequeno sorriso no canto da boca, e uma das sobrancelhas levantadas.
A garota abre os olhos, que agora, apresentavam a mesma cor da aura ao redor... Pela primeira vez, Eve demonstrava um semblante de raiva.
"Solte-me! Solte-me ou eu vou...!"
"Ora! Finalmente você está falando sério! Vamos! Faça algo, agora! Reaja!"
"..."
A aura ao redor de Eve vai desaparecendo aos poucos e seus cabelos caem novamente sobre seus ombros... Seus olhos voltam ao normal do mesmo modo...
Morgan a olha com desdém, balançando a cabeça negativamente.
"Hunf! Fraca como sempre. Pensei que finalmente você faria algo contra mim, mas vejo que, nem mesmo matando aqueles que são fiéis a você, isso será possível."
"... Porque está fazendo isso?" Indaga Eve, com a cabeça baixa, e um tom de voz mais áspero. "... Fez com que viéssemos aqui somente para que eu visse você matar aqueles de quem gosto?"
"Hum..." A bruxa novamente ergue uma das mãos. De trás da garota, surge um comprido obelisco feito de aço negro, como as correntes que a seguravam. Estas últimas se enrolam sozinhas no poste de aço, prendendo Eve firmemente ao grande objeto. A garota sente as peças de metal apertarem seus membros e seu pescoço contra o grande obelisco. "De um certo modo sim... Sabe, me irrita profundamente estar lutando contra uma pessoa que sequer levanta a mão para você... Isso parece uma brincadeira de criança! Que tipo de guerra é esta em que seu inimigo sequer quer acabar com você? Isso que você presenciou é o que realmente acontece nos campos de batalha, sua tola!"
"... E... Foi pra... Isso que... Me trouxe... Aqui?" Ela fala com dificuldade, por causa da corrente que aperta sua garganta, com os olhos lacrimosos. "O que vocês chamam de... Realidade... Eu chamo de... Pesadelo... E loucura... Cof!"
"Uma garotinha tola como você não pode entender a maravilha por trás de certas coisas. Continue em seu pequeno mundo de felicidade... Isso não importa. O que importa é que você, agora, está exatamente onde queremos..." Morgan coloca os dedos entre os seios e retira o pequeno fragmento brilhante do Limiar. A luz violeta emanada pelo fragmento ilumina o local, enquanto Eve observa, assustada, ao ver tamanha energia maléfica.
A bruxa termina de falar e, com o Limiar ainda em mãos, dá meia volta, se dirigindo para a 'saída' do lugar. Eve abaixa a cabeça novamente, enquanto duas pequenas lágrimas começam a percorrer seu rosto. Sentia que precisava dizer algumas palavras... Mas não conseguia a força necessária para dizer qualquer outra coisa...
"... É só isso...?" Ela indaga, enquanto suas lágrimas caem sobre as correntes negras. Morgan pára imediatamente de andar.
"...?"
"Você... Me fez vir até aqui pára... Me falar só isso... Mãe...?"
"... Para onde você vai, não precisará saber de mais nada" Ela fala, sarcástica, sem olhar para a filha.
"... Jacob... Sente sua... Falta... Cof!"
"Hahaha! Não se preocupe. Tenho planos para Jacob, e para todos os outros que você esconde de nossos olhos. Logo eles farão companhia a você... Heheh..."
"..." Com o cabelo em frente dos olhos ela continua falando, enquanto as lágrimas caiam. "... Foi bom... Te ver de novo... Mamãe..."
Morgan levanta uma das mãos e fecha lentamente os dedos. Logo atrás, as correntes negras apertam o corpo e o pescoço de Eve ainda mais, fazendo-a sentir várias dores por todo o corpo.
"... Assim você pára de falar... Sua idiota." Diz Morgan com um tom sério, afastando-se do local em seguida, colocando o pequeno fragmento luminoso em meio aos seios novamente.
Eve levanta a cabeça, olhando para o teto, desolada e sem reação... Em meio ao silêncio do aposento, suas lágrimas escorriam pelas maçãs do rosto... Sentia o corpo fraco e pesado...
-/-
Longe dali, Julian, Natasha, Spike e os dez soldados que os acompanhavam continuavam em frente à poderosa máquina de guerra conhecida como Tanque Eagle. O tanque permanecia imóvel a cerca de vinte metros de distância de todos, enquanto expulsava uma grande quantidade de vapor pelas laterais... Era possível ouvir os sons das engrenagens e pistões que trabalhavam ininterruptamente dentro dos compartimentos do tanque.
"Mas o que é isso..." Indaga Julian, surpreso com o surgimento da máquina.
Dentro do veículo, um dos soldados observava Julian e os demais por um dos diversos monitores que havia dentro do veículo.
"O Julgador deixou claro que podíamos brincar com estes imbecis antes de prosseguirmos..." Ele diz, ativando algumas alavancas e botões.
"... Bah!" Resmunga outro, com um ar de chateação. "Não vai ter a menor graça! São só treze pessoas! Essa belezinha aqui serve para destruir exércitos inteiros!"
"É, você está certo." O primeiro soldado volta a olhar pelo visor e a figura do que parecia ser um grande alvo surge sobre a imagem de Julian e os outros. "Sendo assim, vamos acabar de uma vez com eles e prosseguir. Temos mais o que fazer."
"Certo. Pressão do tanque de plasma em 72 e subindo!"
"Níveis de temperatura estáveis..." Diz o terceiro, em um outro canto, observando em uma tela alguns gráficos que representavam vários fatores.
"Mira armada e travada."
Do lado de fora, o grande grupo dá um passo para trás ao ver um grande canhão surgir da parte superior do tanque... Os vapores exalados pela máquina tornam-se mais intensos e produzem um chiado agudo, enquanto um brilho azulado começa a surgir no interior do canhão...
"Eles vão nos atacar!" Grita um dos soldados. Imediatamente, engatilhando sua arma e se dirigindo para frente de Natasha e os rapazes, juntamente com os demais. "Comandante! Saia daqui, depressa!"
"Capitão!"
"Ative o campo de força."
"Sim!"
Ao redor da grande máquina de combate, surge um semi-globo formado por uma tênue luz violeta. As balas dos rifles dos soldados atingem o campo e ricocheteiam sem causar quaisquer danos à estrutura da máquina.
Segundos depois, a energia se desfaz e o canhão aponta diretamente para os soldados.
"Saiam daí! Afastem-se!" Grita a comandante.
"Fogo."
"Argh!"
FOUUSSHHH!
O poderoso canhão dispara contra os soldados um imenso feixe de plasma, engolfando a todos e criando um grande clarão de luz, cegando os demais momentaneamente. Natasha protege os olhos enquanto sente um dos seus braços ser puxado por outra pessoa.
A força do disparo é tamanha que arrasa até mesmo os edifícios mais próximos nas laterais da rua, causando um enorme estrondo em todo o local. O feixe de plasma energético percorre toda a extensão da rua, atingindo a muitos metros dali um velho e abandonado edifício, destruindo-o quase que instantânea e completamente.
KBOOM!
"Hum..." Os três soldados observavam os monitores do tanque, enquanto aguardavam a luz se dissipar. A tela começa a mostrar, em alguns segundos, o local do ataque. Tudo o que havia sobrado era um extenso e profundo rastro de destruição que percorria muitos e muitos metros em frente.
Uma fumaça escura e espessa era exalada do rastro do disparo, enquanto que, no monitor, era possível ver próximo a ele alguns dos rifles dos soldados.
"Alvos eliminados."
"Provavelmente foram todos obliterados. Bwahaha!"
"Com certeza..." O segundo soldado nota um pequeno ponto vermelho piscando em um dos monitores enquanto várias legendas e palavras surgem. "... Espere!"
"Ahn? O que há?"
"O radar ainda está detectando a presença de alguém no local."
"O que! Mas como? Ninguém pode ter sobrevivido a isto!"
Ainda no campo de combate, logo atrás uma grande rocha, estava Julian, Natasha e Spike. Este último se encontrava abaixado, escondido e espiando por cima da pedra, enquanto Julian olhava impressionado e assustado para o rastro de destruição causado pelo tanque. Natasha se levantava lentamente do chão, abrindo os olhos devagar. Uma nuvem de poeira ainda pairava sobre a área próxima a eles.
"Cof, cof!... Estão todos bem?" Indaga Spike, sem tirar os olhos da máquina.
"S-Sim." Julian, ainda estático e temeroso, sacode a cabeça e observa natasha se levantar, tossindo. Ele se aproxima e a ajuda a se erguer. "E você, está bem comandante?"
"Cof!... Sim, eu estou bem Ju, não se preocupe." Ela se dirige até a grande pedra e espia, enquanto o tanque permanece imóvel. "Não!... O Capitão... Os soldados..."
"É Impossível terem sobrevivido a esse disparo." Diz Spike, seco, observando Eagle. "... Provavelmente, tentaram lhe proteger, sabendo que isso aconteceria. Por causa deles, conseguimos escapar... Por questão de segundos..."
"... Obrigada..." Ela agradece o rapaz, mudando um pouco o tom de voz.
"Pode me agradecer se conseguirmos sair daqui com vida." O rapaz observa cuidadosamente o tanque que continuava imóvel, enquanto os vapores que saiam de suas engrenagens diminuíam de intensidade.
"Mas como faremos isso? Mesmo que consigamos fugir, essa coisa vai nos perseguir até a usina... E provavelmente vai destruí-la, com todos lá dentro!"
"Então teremos de destruí-lo aqui mesmo." Ele saca a Solar da cintura e, com a arma em punho, observa cuidadosamente o terreno.
"O que você vai fazer?" Indaga Julian, preocupado. "Aquela coisa é forte demais!"
"Espera aí! EU sou o forte demais aqui, esqueceu?"
"Er..."
"O Ju tem razão, Spikezinho... O que você pretende fazer?"
"Só preciso dar um jeito de entrar naquela coisa. Vejam, na parte de cima há uma comporta. Vou entrar e acabar com os miolos dessa coisa. Nada mais."
"Então vamos ajudá-lo!"
"... Agora é tarde para isso. Apenas se escondam, rápido." Fala o rapaz, olhando para os dois seriamente, levantando-se, e correndo para longe da pedra. "RÁPIDO!"
Natasha arregala os olhos e se levanta, correndo em outra direção, arrastando Julian por um dos braços. Imediatamente dois pequenos mísseis lançados pelo tanque atingem a pedra, destruindo-a em pequenos pedaços.
KBOOM!
Natasha e o rapaz saltam alguns metros de distância, lançados pela força das explosões, caindo atrás de outros grandes monolitos de concreto que havia por ali. Julian se levanta, tossindo e afastando a poeira que havia surgido com os mísseis enquanto olha para os lados.
"Onde está o Spike?"
"... Lá está ele." Ela aponta para um dos cantos da rua. Spike corria na direção de Eagle rapidamente, segurando a Solar com as duas mãos firmemente. "... Aquele teimoso... Espero que ele não se machuque!"
"..."
"Eles resolveram aparecer, finalmente." Alerta um dos soldados.
"Hah! E pelo que vejo este tem grande vontade de morrer! Tudo bem, destruam logo esse imbecil!"
"Certo. Ativar raios lasers laterais."
Após pressionar alguns botões, os dois compartimentos que haviam lançado os mísseis se retraem, ainda fumegantes, enquanto que dois pequenos lançadores de raios surgem em seus lugares, cada um de um lado da grande máquina. De suas finas pontas, dois raios finos, azulados e contínuos são disparados contra o rapaz, que desvia, rolando no solo e saltando por cima dos mesmos, enquanto os feixes luminosos cortam grandes rochas mais próximas como se fossem de manteiga.
"Isso vai ser fácil!" Diz Spike, se aproximando.
Os disparadores de lasers retraem-se e, das laterais, surgem seis grandes metralhadoras giratórias, três de cada lado. As grandes armas começam a girar velozmente enquanto disparam centenas de balas por segundo. A munição utilizada cai no solo em grande número ao mesmo tempo em que vapores são expulsos pelas engrenagens da máquina de guerra.
Spike se encontra em meio à chuva de balas, porém, sem parar de correr durante um instante. A maioria delas são repelidas pela sua espada enquanto as demais passam raspando pelo seu corpo.
"Ele vai ser massacrado!" Fala Natasha, observando tudo ao lado de Julian.
"... Não, espera! Ele... Vai conseguir!"
Assim que chega próximo o suficiente, o rapaz salta e fica de pé sobre o grande tanque Eagle. Ele segura o cabo da Solar com as duas mãos, enquanto tenta abrir a comporta de entrada, logo abaixo de seus pés, golpeando-a diversas vezes.
"E então sua coisa? Vai abrir essa 'boca' gigante ou não?"
Dentro da máquina, os três permaneciam calmos, sentados em seus respectivos lugares, enquanto o som das pancadas da Solar ecoavam no local. O primeiro soldado observa Spike por um monitor e abre um sorriso sarcástico.
"Ative o campo elétrico, agora."
"Certo. Campo elétrico ativado."
"... ZZAAAPPP! Aaaaargh!"
Um poderoso campo de eletricidade cobre o enorme tanque de guerra, atingindo Spike. A forte eletricidade percorre o seu corpo, segundos antes de lançá-lo a vários metros de distância, junto a fagulhas e faíscas.
O rapaz desaba pesadamente no chão, com o corpo fumegante, enquanto a Solar escapa de suas mãos, caindo a alguns metros mais à frente.
"Não!" Julian levanta-se de trás da pedra, juntamente com Natasha. O rapaz observa o amigo caído em frente à máquina de batalha, enquanto aperta os próprios punhos... Natasha desesperadamente olha para os lados, como se procurasse por algo. Ela coloca os olhos em algo ao longe e põe sua mão sobre o ombro de Julian.
"Eu vou buscá-lo! Me espere aqui Ju!"
"... Mas como! Aquela coisa não vai deixar você chegar muito perto!"
"... Mas eu vou tentar... Me espere!"
A comandante corre em direção a alguns escombros, empilhados e amontoados pelo disparo do tanque Eagle. Rapidamente, ela retira algumas das peças e então observa, abaixo dos pesados blocos de concreto, a sua fiel moto negra, um tanto danificada, porém, ainda utilizável.
Ela suspira, aliviada... Mas logo seu pequeno sorriso desaparece enquanto tenta retirar a moto de baixo dos blocos.
De volta ao interior da máquina de guerra, os soldados observam Spike caído, vitoriosos, enquanto gargalham sem parar.
"Hahaha! Esse imbecil pensou que ia ser fácil!"
"... Bem..." Diz o segundo soldado, mais sério. "O radar ainda está acusando a presença de pessoas no local..."
"Certo, vamos atrás deles então! E não se preocupe em desviar, pode passar por cima dele. É uma pena que voou longe com a estática... A essa altura seu corpo até se descarregou."
"Certo."
O grande tanque começa novamente a se mover sobre suas fortes esteiras, agora, na direção de Spike, ainda caído, desacordado.
Entre os sons dos vapores expulsos da máquina e as rodas dentadas das esteiras, o roncar de um motor parecia cada vez mais próximo...
"Uma das pessoas detectadas pelo radar está vindo na nossa direção!" O soldado se mostra assustado, enquanto observa o ponto vermelho móvel na tela. "E muito rápido!"
"... O que!"
Saindo de trás de uma grande cortina de poeira, Natasha acelera sua moto na direção do tanque cada vez mais rápido... O pequeno ponteiro do acelerador subia sem parar, tremendo levemente ao chegar próximo ao último valor.
"O que ela pensa que vai fazer?"
"Hunf! Quer se matar, como o seu amiguinho ali! Muito bem, vamos acabar com ela!"
"Certo."
As seis metralhadoras ao lado de Eagle novamente surgem, girando e atirando rapidamente contra a comandante. As balas passam zunindo pelo seu corpo, atingindo a lataria da moto, arrancando fagulhas. Em meio ao som do metal e das faíscas, Natasha repentinamente sente uma aguda dor no braço esquerdo, enquanto vê pequenas gotículas de sangue voarem no ar.
"... Ugh...!"
"Comandante!" Grita Julian, observando tudo atrás dos blocos de concreto.
Com uma das balas enterrada em seu braço, a comandante segura um grito de dor, enquanto que, com o outro braço, retira um objeto metálico, semelhante a uma pequena caixa, de suas costas, junto com as balas.
"... Não vou esquecer de você minha querida." Ela dá um beijo na pequena caixa metálica enquanto olha tristemente para o veículo. Rapidamente acopla o objeto ao lado da moto, ainda acelerando com o braço ferido. "Fique bem..."
Há poucos metros do grande tanque de combate, a comandante salta do veículo, caindo a alguns centímetros de Spike. A moto negra continua o caminho, agora fora de controle, tombando no asfalto destruído e colidindo contra o grande tanque, parando logo abaixo de uma das grandes esteiras, trancando-a.
"... O que ela está pensando? Será mesmo que pensa que esse pedaço de sucata pode acabar com o poderoso Eagle?"
Em um dos monitores, pode-se ver Natasha levantar apressadamente e carregar Spike com o braço sadio, enquanto o outro permanecia imóvel, ensangüentado.
O primeiro soldado observa a cena desfazendo o sorriso que tinha nos lábios... Ele aperta alguns botões e a cena no monitor mostra a moto sendo esmagada pelas grandes esteiras... Apertando outro botão, a imagem é aumentada e mostra a pequena caixa metálica acoplada ao lado da moto.
Duas luzes vermelhas piscavam freneticamente, cada vez mais rápido...
"... Droga! Ative o campo de força, agora!"
KBOOOM!
Apressado, o outro soldado aproxima a mão dos botões de ativação do campo de força, e os toca, ao mesmo tempo em que a moto de Natasha explode com uma grande força, abaixo do Eagle!
O impacto da onda da explosão faz Natasha cair junto de Spike, alguns metros para frente. Julian observa a explosão, surpreso, protegendo os olhos do vento. O tanque é engolfado por uma grande bola de fogo e fumaça, sumindo da vista dos demais.
"Incrível!" Grita Julian. "Você conseguiu!"
"... Esse deu trabalho... Mas bem, está acabado... Argh..."
A comandante se levanta, ainda com o braço ferido, e carrega Spike, afastando-se da grande nuvem de fumaça lentamente. Julian sai de trás das pedras e se dirige ao encontro da comandante...
Ele repara quando ela pára de mover repentinamente.
"Abaixe-se!" Ela grita para o garoto, enquanto diversas balas são disparadas do meio da grande fumaça da bomba.
"O que?"
Natasha cai ao chão assim que é atingida por três dos projéteis, dois em uma perna, e um em outra. Com os dois membros ensangüentados, ela desaba, derrubando Spike no chão... Julian fica paralisado por alguns instantes, aterrorizado, no chão.
Do meio da fumaça, surge o tanque Eagle, mais uma vez... Agora, com um poderoso campo de força a sua volta.
"Essa foi por muito pouco!" Fala um dos soldados, sorrindo, dentro do tanque. "Ainda bem que a resposta desta belezinha aqui é muito rápida."
"Mal... Dito... Agh..."
Julian fitava Natasha ao chão, baleada e imóvel e em seguida observava o grande tanque. Fechando firmemente os punhos ele se levanta e se interpõe entre a comandante e o tanque, olhando fixamente a máquina... Com um olhar diferente...
"Ora... O moleque decidiu parar de se esconder... Muito bem, vamos ver do que você é capaz!"
-/-
"Gostaria de saber o que aquele garoto pretende fazer."
"Ele deve ser maluco. Disse que queria falar algo muito importante para aquelas duas bruxas... Lembrei a ele que nós já tentamos conversar, mas elas não são o tipo de pessoa que você gostaria de conversar."
"Bom... Para querer falar com elas, mesmo sabendo disso, ele deve ter algo em mente."
Os dois soldados que haviam feito o favor a Elliot conversavam, encostados no jipe que utilizaram para chegar até o local onde estavam.
Era uma região não muito diferente e nem muito distante do reino de Eve... Havia muitos edifícios, porém, quase todos estavam abandonados. Tudo estava em mais pleno silêncio, este, quebrado apenas pelo vento suave e frio que corria pelas ruas e entrava pelas frestas das casas, além do farfalhar das árvores mais próximas.
Próximo aos soldados e ao jipe, havia uma grande praça, também vazia... Ou quase. Mais além dos bancos e da vegetação, o local possuía uma grande edificação que chamava a atenção pelo seu tamanho, embora estivesse em um estado de aparente abandono, como os demais prédios. Era uma espécie de catedral, com quatro grandes torres, uma em cada canto, e uma quinta ao centro, ostentando um enorme sino enegrecido pela fuligem.
Passando pela trilha em meio às árvores e adentrando na catedral, um tanto sombria, era possível ver muitas runas, inscrições e objetos antigos, decorando o grande corredor de entrada.
O corredor levava até o aposento principal, enorme, repleto de bancos e cadeiras... Todos, vazios...
Próximo a um palanque, estava Elliot, em frente a duas outras figuras sobre o mesmo... Duas belas mulheres, ambas, com longos vestidos negros e vermelhos. A primeira possuía cabelos encaracolados, negros, que tocavam o chão, enquanto a segunda possuía cabelos lisos e compridos, que quase tocavam o solo.
Os três haviam começado uma conversa desde que Elliot chegara no local.
"... Mas eu não entendo! Porque não!" Indaga Elliot, tenso.
"Os seus motivos são muito nobres, jovem Elliot." Fala, a mulher de cabelos negros. "Mas a nossa decisão é irreversível."
"Não sairemos daqui sob quaisquer circunstâncias." Diz a outra, ambas, seriamente.
"Mesmo sabendo que atacarão seu reino? A força que eles lançarão contra vocês vai ser devastadora! Estão correndo perigo enquanto continuarem aqui! E quanto as pessoas do seu reino? Vocês não se importam? E quanto a Eve?"
"As pessoas de nosso reino já estão em um lugar mais seguro. Como deve ter visto assim que chegou a este local, tudo está abandonado e vazio."
"Eles ficarão bem. Quanto a nós, permaneceremos aqui o tempo que for necessário, mesmo que isso signifique a nossa destruição."
"Viveremos..."
"... E pereceremos junto de nossa terra."
O rapaz abaixa a cabeça, dando um suspiro, sentindo suas esperanças se esvaírem. Após uma longa conversa, as tais bruxas a sua frente continuavam firmes, rejeitando o pedido de Elliot... Insistiam em ficar em seu grande reino, sozinhas, mesmo depois do rapaz ter dito coisas aterradoras.
"... Podiam, pelo menos, explicar o porquê desse desejo de morrer?" Ele indaga, erguendo a cabeça, um pouco revoltado.
"..."
"... Porque a vida do que é passado deve se esvair para que a vida do que é novo tenha espaço em nosso mundo... Akaira."
"Nosso destino é dedicar nossa vida ao nosso reino, e nada mais. Não podemos interferir em uma guerra que pertence às bruxas de alto nível."
"..." Elliot se mantém em silêncio, ainda pensando nas palavras sobre passado e vida... Mas logo atenta para o que dissera a última bruxa. "Bruxas de alto nível?"
"Sim... Em Akaira, as bruxas são caracterizadas pela dimensão de seus poderes."
"Eve e Morgan são bruxas de Alto nível. Ambas possuem poder o suficiente para desgraçar reinos inteiros..."
"Porém..." Volta a falar, a bruxa de cabelos negros dando uma rápida pausa na fala. "... A primeira se nega a libertar esses poderes destrutivos de sua mente e corpo, e a segunda, tem sede por mais poder... E deseja apenas que mais e mais pessoas morram em batalhas. Não importa quem seja."
"Muito poderosa Morgan é... Mas muito tola acabou se tornando. Tola o suficiente para se deixar enganar por..."
"... Uma energia maligna desconhecida." Conclui a bruxa de cabelos loiros.
"... O Limiar..." Pensa Elliot, enquanto as bruxas olham uma para a outra, ao verem o garoto pensativo e distante.
"... Eu, Suzanne..."
"E eu, Soraya..."
"... Possuímos um poder intermediário. Ainda somos insignificantes perto de Eve e Morgan. Por isso, elas terão de resolver isto sozinhas..."
"Certo... Acho que eu perdi meu tempo vindo aqui..."
O rapaz suspira novamente e dá meia volta, se dirigindo para a saída do local, em silêncio. As duas bruxas o observam se afastar.
"Talvez você esteja certo quando diz que perdeu seu tempo vindo aqui." Fala a bruxa de cabelos negros. Elliot pára de andar, e escuta, de costas. "... Quando chegou aqui, disse que sua amiga, Eve, corria um grande perigo neste instante. Também disse que todas as outras bruxas corriam perigo..."
"... Então porque não foi ajudar sua amiga, ao invés de nos ajudar?"
"..." Ele se vira, sério. "... Porque é o que ela iria querer. E também... Eu tenho que confiar um pouco nela."
Novamente as bruxas ficam em silêncio, enquanto Elliot dá meia volta mais uma vez e se afasta do local... As duas bruxas se entreolham e então passam os olhos pela enorme catedral, como se pela última vez...
-/-
"Ju..."
"..."
De volta ao campo de batalha, Julian permanecia imóvel, entre Eagle, Natasha e Spike, esta primeira, se mostrava muito ferida sem poder se levantar, enquanto Spike continuava desacordado...
O grande tanque aponta as grandes metralhadoras giratórias para o rapaz... As armas começam a girar lentamente, ficando cada vez mais rápidas.
"Hehehe... O moleque deve ter ficado muito zangado pelo que aconteceu aos amigos. Muito bem! Vamos dar o mesmo a ele! Atirem a vontade! Atirem!"
"Certo. Fogo!"
As metralhadoras disparam velozmente, lançando uma chuva de balas contra o rapaz e os demais. Natasha apenas coloca o braço sadio sobre a cabeça, tentando se proteger e Julian estende imediatamente o braço direito...
A chuva de projéteis colide em uma fina e quase invisível barreira na frente do garoto, caindo no solo sem qualquer perigo. Julian vai lentamente se aproximando do tanque, sem deixar que as balas ultrapassem a tênue barreira.
"O que diabos é isso? Porque não estamos acertando-o?"
"O radar detectou uma espécie de campo de energia vindo desse garoto. Não vamos conseguir atingi-lo desse jeito!"
"Campo de energia?"
As metralhadoras continuam a girar, até que as balas param de sair finalmente...
"A munição das metralhadoras foi totalmente esgotada!"
O rapaz desfaz o campo rapidamente e salta para cima do tanque. Ele segura firmemente uma das grandes metralhadoras com o braço metálico, arrancando-a do tanque com violência, revelando fios e engrenagens de ferro. Faíscas saltavam para todos os lados no local destruído.
CRASH!
"Ele danificou o sistema das balas! Agora vai ser impossível recarregar!"
"Então o tire de lá! Rápido! Ative os lasers!"
Duas pequenas comportas abrem-se uma de cada lado do grande tanque. Julian observa o compartimento logo a sua frente e, antes mesmo que o disparador de laser pudesse sair, ele esmaga o mesmo com a perna esquerda, destruindo-o facilmente.
O laser do lado oposto aponta para o mesmo e dispara um fino feixe laser... O disparo raspa o seu rosto, fazendo um pequeno e fino arranhão em sua bochecha. Duas gotas de sangue escorrem pelo ferimento, enquanto ele olha para a arma e salta em sua direção, cravando o braço metálico na arma e arrancando-a do compartimento, destruindo diversos fios e engrenagens.
CRÁS!
"Sistema laser inutilizado!"
"Droga! Tire ele de lá! Ative o campo elétrico!"
A forte descarga elétrica envolve todo o tanque Eagle em forma de fagulhas e estáticas. Julian é pego pela eletricidade e sente a forte corrente percorrer o seu corpo. Seus cabelos erguem-se enquanto ele luta para resistir à eletricidade tremenda. Lentamente ele continua se movendo, agora em direção a comporta de entrada dá máquina.
"Ele continua sobre o tanque!"
"Então aumente a força! Agora!"
A eletricidade torna-se ainda mais forte e o rapaz pára de se mover pela máquina, sentindo o corpo estremecer diante de tal força. Ele se apóia em um dos joelhos e em uma das mãos enquanto tenta se mover... Mas logo, a eletricidade o lança para longe do tanque, criando um rastro fumegante no ar, até que pára a alguns metros à frente do mesmo, caindo no asfalto.
"Argh..." As estáticas ainda percorriam o seu corpo, enquanto esforçava-se para continuar respirando.
"Sobrecarregamos o campo elétrico."
"Grrr!" O primeiro soldado aperta os punhos com raiva, ao ver o garoto se levantar lentamente, ainda enfraquecido pela eletricidade, mas novamente de pé. "... Já chega! Quem este maldito pensa que é para desafiar o poder de Eagle? Vamos lhe dar algo que nunca vai esquecer! Atinja-o com a rede disruptora!"
Uma comporta abre-se em frente à máquina e lança de seu interior um veloz e brilhante objeto. O mesmo se expande, revelando ser uma rede luminosa que atinge Julian e imediatamente o envolve, prendendo firmemente seus braços e pernas contra o seu corpo. Ele cai no chão, imobilizado, fazendo um esforço para tentar se libertar... Mas ainda se sentia fraco por causa da eletricidade.
"Certo! Isso vai assegurar que ele fique quieto! Agora vamos destruí-lo com o canhão principal!"
"Entendido."
Eagle lentamente aponta o grande canhão principal para Julian, e um brilho azulado pode ser visto em seu interior.
"Nível de energia em 80 e subindo."
"Alvo travado e seguro. A margem de acerto é de 100."
O garoto esforça-se para se libertar da rede, mas esta continua segurando-o firmemente... Seus músculos ainda pulsavam com a eletricidade do campo elétrico, enfraquecendo-o.
"Nível de energia em 90 e subindo."
Julian pára repentinamente de se mover e observa fixamente o tanque... Eles refletiam a imagem da máquina a sua frente...
"... Eu não posso morrer aqui... Eu não posso!"
O garoto se esforça e coloca-se de pé com dificuldade... Esquecendo-se da estática que percorria o seu corpo, e usando uma força descomunal, ele abre pouco a pouco os braços... Até que finalmente a rede cede, livrando-se violentamente!
"O que? Ele... Se livrou da rede!"
"Energia em 100! Canhão pronto para disparar!"
"Certo... Mesmo assim, dessa distância, ele não vai poder desviar... Atire, agora!"
Julian observa o brilho do canhão aumentar, logo depois que a rede cai no solo... A luz azulada aumenta enormemente, até que Eagle dispara a sua arma principal. O enorme feixe de plasma destruidor vai na direção do rapaz com uma força arrasadora, destruindo tudo o que havia ao seu redor.
"Segure isto! Bwahahaha!" Fala o primeiro soldado, sarcástico.
O rapaz observa fixamente a grande luz azulada se aproximar cada vez mais, enquanto seus cabelos balançam violentamente com o vento forte produzido pelo disparo e a imagem do feixe refletida em seus olhos.
Instantaneamente, ele coloca o braço direito na frente do corpo e o poderoso plasma atinge o mesmo com força monstruosa, arrastando o garoto por cerca de dois metros... Mas, para a surpresa de todos, ele continua de pé, detendo o tiro com apenas o braço direito...
"Impossível!" Fala o primeiro soldado do tanque, espantado com o que via na tela. "Isso não pode acontecer!"
Enquanto resistia a força descomunal do canhão, Julian podia ver seu braço e corpo tremerem com a energia destrutiva tão próximas de si... O impacto era incrivelmente forte e a terra tremia ao redor do rapaz.
"E-le... Está bloqueando o plasma!" Diz o segundo soldado, observando a cena em um dos monitores.
Em meio a um grito, o rapaz deflete o poderoso plasma, lançando-o para longe! O laser segue para uma região distante dali, atingindo um edifício abandonado, destruindo-o completamente.
KBOOM!
Um grande clarão pode ser visto longe dali enquanto à frente de Eagle estava um Julian ofegante, ainda com o braço na posição que lançara o disparo para longe...
Do canhão, um vapor branco e escaldante é expulso...
"... Ele... Repeliu o ataque do Eagle..." Fala o segundo soldado, quase sem palavras. "... Ele... Não pode ser humano..."
O rapaz sente uma dor aguda no braço metálico e se apóia sobre um dos joelhos. Uma fumaça idêntica a do canhão envolvia seu corpo, principalmente, seu braço. Sente a cabeça e o corpo incrivelmente pesados... E, em segundos, desaba no chão, respirando com dificuldade.
"Heh... Não sei como ele fez aquilo, mas, de todo modo, não poderá fazer novamente. Atire mais uma vez com o canhão principal!"
"Mas... Se atirarmos agora, os tanques de plasma podem superaquecer. Devemos esperar alguns minutos antes de..."
"Isso não importa! O importante agora é destruir aquela coisa! Aproveitemos agora, que está caída! Rápido! Dispare! É o único modo de o destruirmos!"
Os outros dois soldados olham um para o outro e, um tanto hesitantes, dão de ombros e começam a ativar novamente o grande canhão principal de Eagle. Em meio aos rangidos das engrenagens e os vapores expulsos pela máquina, um brilho azulado novamente começava a se formar, no interior da arma...
"Nível de energia em 80 e subindo."
"Mira travada. O alvo não apresenta resposta... Não há margem de erro."
Julian ergue a cabeça com dificuldade, sentindo dores por todo o corpo... Seus olhos refletem a imagem do grande canhão a poucos metros a sua frente, prestes a disparar.
Ele tenta se levantar... Mas seus braços parecem não obedecer... Sentia-se pesado e cansado... Observava seu braço direito com algumas estáticas ao redor, provavelmente, pelo impacto do disparo anterior...
"Natasha... Spike..." Ele pensa, enquanto cai novamente, enfraquecido.
"Nível de energia em 90 e subindo." O soldado ativa mais algumas alavancas e botões, enquanto observa Julian colocar a cabeça no chão novamente, por um dos monitores.
"Temperatura dos tanques de plasma instável! Se atirarmos com mais força, eles poderão explodir!" Alerta, assustado, o terceiro soldado.
"Hum... Então dispare com essa energia! É mais do que suficiente para matá-lo, agora que está no chão! Vamos! Acabem com ele!"
"Certo. Disparar!"
O brilho azulado aumenta de intensidade e então um novo feixe de plasma destrutivo é disparado do canhão de Eagle... Este parecia não ter a mesma força do primeiro, mas era tão letal quanto.
Julian nota o plasma se aproximar velozmente, sem conseguir mover qualquer músculo... Ele se esforça para tentar sair da rota do disparo e... Se surpreende ao sentir duas mãos, puxando-o para um dos lados.
"Mas o que?..."
O poderoso disparo segue pela longa rua, criando um novo rastro de destruição enquanto avança... Ao fim, ele parece perder a força e dissipa-se, antes de colidir com alguma das edificações da cidade...
Após o grande estrondo do disparo, em meio a grande nuvem de poeira levantada pelo plasma, Julian abre os olhos vagarosamente. Repara que estava há cerca de um metro distante da rota do disparo... Sinal de que havia sido salvo no último instante.
"... Heh... Você é mais forte do que eu pensei, cara de lata..."
"... S-Spike?" Indaga o garoto surpreso, ao ver o rapaz ao seu lado, apoiado em um dos joelhos, ofegante, ainda um tanto ferido. "Mas... Você... Natasha..."
"Parece que você ficou furioso que não viu quando saímos de trás de você, não é?"
"... E a comandante Natasha, onde está?"
"Ela está segura. Eu a levei para trás daqueles monolitos." Ele aponta para alguns escombros um pouco distante dali... Era possível ver a comandante caída, desacordada, bastante ferida, principalmente nas pernas. "... Mas precisa de ajuda... E rápido..."
Os dois desviam rapidamente a sua atenção para o grande tanque Eagle, à frente... Via-se claramente diversas faíscas saltando das engrenagens e partes metálicas expostas. O vapor exalado das engrenagens aumenta consideravelmente.
"O que está havendo?"
"Parece que os tanques de plasma aqueceram mais do que pensávamos!"
"Droga! Tente ativar o sistema de segurança para resfriar os tanques!"
O soldado clica e aperta vários botões e, antes que algo possa ser efetivamente feito, o painel repentinamente solta diversas faíscas e fagulhas! O soldado protege o rosto e logo, os monitores explodem em diversos pedaços, superaquecidos com o plasma. O soldado voa pára trás e colide contra uma das paredes do local, inconsciente.
O terceiro soldado levanta-se e se afasta do painel... Porém, este explode com tanta força que lança diversos pedaços contra o homem, fazendo-o cair instantaneamente, sem reação.
"Não! Isso não pode acontecer! Somos invencíveis!" O último soldado levanta-se e, relutante, tenta abrir a comporta de escape. Mesmo usando todas as suas forças, a mesma não cede... E logo todo o sistema interior literalmente implode, soterrando os três em toneladas de metal superaquecido... "Argh!"
CRASH!
Do lado de fora... Julian e Spike observam o tanque parar totalmente. Escutam o som do metal se desfazendo, e várias engrenagens e peças sendo destruídas pelas chamas que agora se criam...
Uma explosão seca, rápida e abafada toma conta do Tanque Eagle, engolfando-o em uma enorme nuvem escura de fumaça...
Julian mostra um pequeno sorriso no canto da boca... E sente as dores agudas pelo corpo, mais uma vez. Ele fecha os olhos... E tudo fica escuro...
Spike, ainda um pouco zonzo com o choque de antes, observa Julian caído, desacordado, e observa Natasha um pouco ao longe, do mesmo modo...
"... Acho melhor voltarmos agora... Já ficamos tempo demais por aqui..."
-/-
Nesse mesmo instante, bastante longe dali... Em uma grande sala repleta de monitores e aparatos tecnológicos...
"Senhor... Perdemos contato com a unidade Eagle..."
"Idiotas... Se impressionaram com o poder de minha máquina e se deixaram levar. Tentaram ultrapassar seus limites."
O misterioso julgador permanecia sentado em sua cadeira, em meio a grande sala de controle. Ao seu lado estava Morgan, que observava a cena de Eagle, engolfado em fumaça, com um sorriso nos lábios.
"Ora, o que importa é o que estamos fazendo agora, não é querido?" Ela acaricia os ombros do grande líder, sorrindo.
"É verdade. Nós já recebemos o sinal de nosso contato. Está muito claro para nós onde se encontra o QG agora." Cruzando os dedos das mãos, ele apóia os cotovelos nos braços da cadeira e permanece alguns segundos em silêncio, voltando a falar em seguida. "Pelo que sabemos é uma velha usina, próxima ao centro da cidade. Feh... Se Eagle não pôde chegar até ela, Phoenix fará isso... Facilmente..."
"Então chegou a hora...?"
"Sim minha querida... É hora de começarmos uma nova era para Akaira."
"Senhor...?" Indaga um dos soldados, esperando alguma ordem.
"Ative o sistema principal Phoenix. Vamos partir para o local marcado no radar, imediatamente! Tem as coordenadas, certo?"
"Sim senhor." Os soldados mais próximos ativam diversos botões e controles no grande painel. Imediatamente toda a sala começa a tremer levemente... E um som alto, ao fundo, como de turbinas, pode ser ouvido.
"Não se esqueça... No caminho precisamos visitar antigas amigas, antes de irmos até a tal usina. Elas merecem um pouco de nossa atenção também."
"... É claro. Como quiser Morgan... Como quiser..."
Do lado de fora, era possível ver a grande base da Blood Pledge... Agora, levantando vôo lentamente, erguida por gigantescas turbinas! Muitos e muitos homens armados observam a base começar a se distanciar, enquanto ficam atônitos...
Três destes pouco se importavam com a base que se distanciava, apenas continuavam o que faziam. Ambos procuravam algo em meio a muitos pedaços de destroços...
"Puxa, o Julgador sequer nos avisou que partiria com a Phoenix." Diz um deles, levantando e averiguando embaixo de uma grande placa de metal.
"Bem, de todo modo, ninguém pode contra aquela coisa tão grande. Parece que ele não vai precisar de nós para fazer o que quer que vá fazer... Por enquanto, vamos terminar o nosso trabalho. Já encontraram algo!"
"Bah!" Fala o terceiro, chutando um pequeno pedaço de concreto para longe, chateado. "... Nos incumbiram de procurar aquela mulher voadora... E disseram que ela caiu por aqui, mas tenho minhas dúvidas. Ninguém ficaria inteiro depois de um tiro como aqueles vindo do tanque Eagle."
"Bem, talvez alguma parte 'interessante' tenha sobrado... Ela era muito bonita... Hehehe!"
"Hum, agora que você fal... CRASH!"
Dois dos soldados param imediatamente de procurar e olham para os lados, ao escutarem o som dos pedaços de metal se movendo rapidamente. Eles apontam as armas para todos os lados, enquanto olham cuidadosamente... E notam que um dos companheiros já não estava mais ali.
"Onde está aquele idiota...?"
"... Não sei. Mas fique alerta." Diz com a arma em punhos, fazendo sinal para que o outro procurasse pelo outro lado.
Os dois se separam e andam lentamente sobre a grande pilha de escombros e pedaços de metal... Cuidadosamente, eles observam cada canto do local, a procura do companheiro.
"Ei! Você está por aqui?" O soldado chama pelo companheiro, enquanto levanta algumas placas de metal. "... Droga... Não está."
"Encontrou algo?" Grita o outro soldado, mais distante.
"Não! Mas... CRASH!"
"O que?"
O soldado restante corre na direção onde estava o companheiro e se surpreende ao não encontrá-lo por ali... Havia desaparecido completamente. Assustado e, ao mesmo tempo irritado, ele olha para todos os lados enquanto procura pelo que quer que estivesse fazendo aquilo.
"... Droga! Onde estão vocês dois! Apareçam!"
Enquanto anda pela grande pilha de escombros, o nervosismo o impede de observar duas mãos que surgem rapidamente de dentro do mar de objetos e agarram seus pés.
"... Mas o que é isso!" Ele indaga para si mesmo, já desesperado, atirando contra as mãos. Os disparos apenas repelem, sem qualquer efeito. As mãos o puxam para baixo dos pedaços de metal facilmente, soterrando-o com velocidade. "Argh! CRASH!"
Cerca de alguns segundos depois do sumiço do último soldado, os escombros e pedaços de metal são arremessados para longe, em um dos pontos do local... De baixo dos pesados escombros e pedaços de concreto... Surge Subaru, levantando-se lenta e seriamente, enquanto limpa o corpo da poeira...
Ao redor de seu corpo havia uma luz tênue e brilhante... Um campo de força. Provavelmente, fora erguido segundos antes de ter sido atingida pelo forte canhão do Eagle.
Fora as manchas de poeira espalhadas pelo corpo, nenhum outro dano havia sido feito à tecnomage.
Seus grandes cabelos negros agora estavam soltos, balançando com o vento... O disparo havia arrancado a pequena presilha prateada de seus fios...
"..."
Subaru observa com os punhos cerrados, a grande base Phoenix se distanciar... Ainda com o mesmo semblante sério, ela suspira, e dá meia volta... Se dirigindo para o local onde a base estava anteriormente...
Próximo ao local, muitos guardas, pesadamente armados, observam a mesma se aproximar lentamente.
"... Quem é aquela? Atenção todos! Preparem as armas!"
"..."
-/-
A cena muda para um ambiente bastante diferente... O lugar não apresentava grandes e enormes edifícios, mas sim muitas casas e árvores... Como o subúrbio de alguma cidade.
Outro fator que diferenciava do resto dos outros reinos, como o de Eve, era a presença de pessoas nas ruas... Muitas e muitas pessoas andavam de um lado para o outro... Crianças, jovens, adultos, idosos, homens e mulheres...
A maioria, porém, não parecia muito contente de estar naquele lugar... Na verdade, muitas delas pareciam assustadas... Era como se estivessem em um lugar estranho e assustador...
Em meio a uma das ruas arborizadas, Elliot e os dois soldados que o acompanhavam andavam lentamente com o jipe, observando as pessoas ao redor.
"Puxa... Não sabia que nessa parte da cidade havia tanta gente assim." Diz um dos soldados, enquanto guiava o veículo.
"E não há." Elliot, com um semblante sério, acabava de desligar um walkie talkie que havia em mãos, respondendo ao soldado. "... E pelo que estou vendo, aqui é perfeito."
"Sem querer ser intrometido, mas com quem estava falando garoto?"
"Com as pessoas do QG... Estava 'adiantando' algumas coisas... E estava perguntando sobre os meus amigos. Parece que ainda não voltaram da batalha."
"Hum... Não se preocupe. Eles estão com a comandante Natasha! Tenho certeza de que ficarão bem!"
"É..."
O jipe vai andando pelas ruas enquanto as pessoas observam, assustadas... Apesar da quantidade de gente, o local estava em grande silêncio. Não se podia escutar qualquer voz ou pessoa conversando umas com as outras...
Há alguns metros dali, observando o veículo de uma das esquinas, uma pessoa observava o jipe se aproximar lentamente... Ela fita cada um dos tripulantes e, então, corre dali, se dirigindo para uma pequena casa, um pouco maior que as demais...
Ela abre a porta rápida e apressadamente, revelando um grande aposento, repleto de almofadas de diversas cores, velas, incensos e tapetes coloridos...
Em um dos cantos havia uma pessoa sobre uma mesa redonda, observando algumas cartas com diversas figuras, talvez uma espécie de tarô. E, em outro canto, outra pessoa, deitada sobre as almofadas, adormecida...
"Meninas!" Fala a recém chegada, revelando ser uma jovem garota, com um vestido verde e comprido. Seus olhos eram da mesma cor de seu vestido, e seus cabelos castanhos, com dois rabos de cavalos, um ao lado do outro.
"... zzz... Ahn? O que foi Sally? Porque toda essa gritaria?" A garota de cabelos curtos e avermelhados, vestido branco e olhos rubros desperta repentinamente das almofadas, bocejando. "Só se tem escutado sua voz por aqui ultimamente."
"Hum...?" A garota sentada em frente à mesa, observando as cartas, possuía um cabelo encaracolado e negro, chegando a tocar a metade de suas costas. Seus olhos castanhos escuros contrastavam com seu vestido azul marinho e o chapéu pontudo que havia em sua cabeça, da mesma cor do vestido. "... Algum problema?"
"Acaba de chegar alguém em nosso reino! Eles estão em um carro! São três! Acho que dois deles são soldados de outro reino!"
"... Soldados? Bem, então acho que devemos uaaa... Nos preocupar."
"... Hum... As cartas não haviam dito que alguém chegaria até nosso reino. Muito menos soldados." Ela vira algumas das cartas e volta a embaralhá-las. "E... Quem é o terceiro?"
"Eu não sei!" A garota na porta abre um grande sorriso no rosto enquanto as bochechas ficam vermelhas. "É um jovem rapaz... Bastante bonito, por sinal!"
"Bonito!" As outras duas dizem, em coro, levantando-se imediatamente e saindo de dentro da casa, arrastando a denominada Sally junto. "Porque não disse antes?"
"É! Onde eles estão? Onde? Onde?"
As três garotas se encaminham pela rua apontada pela chamada Sally e logo observam o jipe aproximar-se lentamente... Ao chegarem em uma das esquinas, o carro pára e os três começam a descer. As pessoas mais próximas se mostram assustadas e se afastam, desconfiadas.
Elliot olha para todos os lados a procura de algo... Não demora para que ele note as três figuras coloridas atrás de uma grande árvore próxima dali, espionando-os. Levantando uma das sobrancelhas, ele retira o óculos e o limpa contra a camisa, recolocando-o.
"... Er, olá?"
As três arrepiam os cabelos no mesmo instante e se escondem, assustadas. Elliot observa com uma grande gota na cabeça, enquanto os dois soldados encostam-se no jipe, com os braços cruzados.
"Acho que eles não são maus! Não vamos precisar mata-los!"
"Ai, que ótimo! Fazia tanto tempo que eu não via um garoto assim!"
"Calma lá meninas..." Diz a de chapéu pontudo. "... Não podemos agir dessa forma, temos de manter nossa dignidade e, pelo menos, agirmos como desinteressadas. Entenderam?"
"... Claro irmã Erica! Claro!"
As outras duas concordam, e então, a garota Erica sai de trás da árvore, aproximando-se lentamente dos soldados e do rapaz. As demais a acompanham, escondendo atrás de suas costas, com as bochechas vermelhas.
"E quem são vocês três...?" Ela indaga seriamente, com as mãos nas costas. "Não é comum ver soldados por aqui."
"Ahn... Bem, desculpem-nos por chegarmos desse jeito... Mas procuramos pelas bruxas deste reino." Ele indaga sorrindo. "... Seriam vocês três?"
"Hum, ele é mesmo muito bonitinho Sally!" Fala a garota de cabelos vermelhos, cochichando atrás da garota de chapéu.
"É mesmo não é Wendy! E está procurando pela gente! Aaaah!" Diz Sally, com corações nos olhos.
"E se formos nós...?" Continua a tal Erica. "... Algum motivo em especial para estar nos procurando?"
"Ahn... Na verdade sim. Viemos falar com vocês sobre a Blood Pledge e esta guerra sobre Akaira. Seria possível conversarmos...?"
"Hum..." Ela se vira para as irmãs, pensativa. As duas fazem sinal positivo com a cabeça, enquanto esta passa a mão no queixo... "... Bem, acho que não vai ter problema. Tudo bem, podemos conversar... Mas vamos logo. Somos pessoas muito ocupadas."
"... Tudo bem, prometemos não fazer quaisquer delongas."
"Certo, venham conosco. Conversaremos melhor em nossa casa."
As três jovens bruxas se adiantam e vão seguindo em frente, enquanto os soldados e Elliot as seguem. Ambas cochicham enquanto olham para o garoto de óculos e ficam vermelhas.
"E então, o que vamos fazer com ele?" Indaga Sally.
"Hum... Me deixem com ele algumas horas no meu quartinho, por favor! Por favor!"
"Feh... Se quer saber eu achei ele com cara de nerd." Retruca Erica, seguindo, emburrada.
Elliot, que escutava atenciosamente o que diziam, fica com muitas gotas sobre a cabeça e os olhos arregalados...
