Hotel Vermouth - A Casa dos Espelhos

Em parte, Gina estava se sentindo agradecida por estarem viajando de primeira classe. Não pelo luxo, nunca ligou para esse tipo de coisa. Mas pelo fato dos assentos serem separados, como bancos de carro, mas com encosto para o braço. Se Draco Malfoy quisesse tocá-la, teria de se levantar ou pelo menos inclinar-se. Mas ele não parecia interessado em nada disso. Conversavam sobre os planos para encontrar o espelho, ora ou outra limpando o nariz, que ainda escorria um filete de sangue, fingindo que nada havia acontecido nas últimas seis horas. Mas, muito pelo contrário, tiveram uma tarde muito cheia, a começar com o maldito beijo, terminando com a ida ao "tio Harry".

"FLASH BACK"

Depois que finalmente cessaram o beijo e se recompuseram, Gina avisou que iria levar Tyler para a casa do tio. Draco se propôs a acompanhá-lo, argumentando que de lá iriam direto para o aeroporto, juntos. Harry estava em um jogo em St. Petesburgo, Rússia. Por sorte, a esposa dele, Hermione, estava em casa. E por um grande azar, Rony e Luna também.

- Oi, Mione! - cumprimentou a ruiva ao chegar na casa da "cunhada".

- Oi, Gin... Olha, eu...

- Tem certeza que não vai ter problema nenhum se eu deixar o Ty aqui? É que nós estamos quase atrasados...- perguntou, recebendo um olhar desesperado da amiga.

- Nós, Ginevra? Posso saber aonde a srta. vai e com quem? - o irmão apareceu na sala de surpresa, com um olhar inquisitor.

- Ela vai para a Jamaica, com o "tio Draco" - Tyler respondeu, trazendo a mala com a ajuda de Draco Malfoy.

- Anh, tá... O QUÊ? - Rony gritou e Gina suspirou. "Ser mãe é padecer no paraíso..."

- Eu fui contratada para fazer uma busca e cuidar da saúde dele. Era isso ou meu emprego - ela explicou, fazendo questão de sublinhar a palavra emprego.

Para Rony, quem não tinha emprego, não era digno de nada. Emprego era uma das coisas mais importantes para ele. Isso porque desde jovem, lutou para subir de nível social. Agora que conseguira, prezava isso acima de qualquer coisa.

- Perdesse o emprego. Sabe que não precisa mais disso, Gin. Você não vai com ele. Entendeu? Não vai! - Berrou Rony, as orelhas ficando cada vez mais vermelhas.

- Oh, ela vai. Já comprei as passagens e já estamos de saída... Até mais ver, Weasley - Draco se pronunciou em voz baixa.

- Ei! Sem baixaria na minha casa - Hermione disse em voz alta. - Luna, leva o Tyler para o quarto, ver tv. Ty, vai com ela... Ronald, na minha casa quem grita sou EU! Malfoy, não provoca, qualquer coisa que eu faça é legítima defesa e Gin... mantenha a calma, vamos resolver isso - terminou, em voz de comando.

- Desculpe, Granger - começou Draco, com pose - mas não há o que ser resolvido. Nós viemos apenas trazer o... - não pôde terminar.

Rony avançou nele, sem varinha, e o acertou em cheio no nariz, fazendo com que ele sangrasse. A primeira reação de Hermione foi estuporar os dois.

- E agora, o que eu faço? Não posso sair levitando esse corpo até o taxi... Me ajuda a carregar ele até lá, depois eu me viro - Gina disse, dois minutos depois.

E assim Hermione fez. Carregaram juntas o loiro, colocando-o dentro do taxi. Gina se despediu, pediu desculpas e agradeceu e saiu com o loiro."

- Gina, você ouviu a minha pergunta? - o loiro perguntou sem paciência.

- Não, desculpe. Estava distraída. O que...?

- A passagem de volta está marcada para depois de amanhã. Será que conseguiremos achar a droga do espelho até lá?

- Claro! Não deve ser muito difícil, ele não é um espelho comum... - ela respondeu, educada.


Draco se sentia, pela primeira vez na vida, idiota. Ele queria puxar algum assunto, mas não tinha coragem de abrir a boca. Isso não era normal: ele nunca se sentira assim antes. Todos os assuntos pareciam bobagens, até mesmo a rápida discussão sobre a casa dos Weasleys. Ele não se importava nem um pouco por ter sido estuporado, o pai dele fazia isso constantemente antes de morrer.

- Você já viu? - ela perguntou, os olhos perdidos em algum ponto do oceano.

- O que?

- O espelho. você já se viu nele? - ela repetiu, virando-se para ele.

- Já, quando estava em Hogwarts. Você não? - ele perguntou.

- Vi, mas em outra ocasião - ela voltou-se para o oceano lá embaixo e novamente se perdeu.

Um silêncio pesado pairou entre eles. Achou que ela contaria o que viu. Mas, ele já sabia. Deve ter visto o marido vivo... alguma coisa da espécie. Ou, se fosse antes de casar, viu-se casando com Potter. Ou os pais...

- Via Lúcio me abraçando. Foi exatamente na época em que briguei com meu pai e saí de casa. Pouco tempo depois, ele morreu - Draco falou, tentando encorajá-la a dizer o que viu.

- Vi a mim mesma. Sabia que era o espelho porque Rony e Hermione estavam comigo e cada um via o que queria. Primeiro, me senti envergonhada por ser tão completa. Depois, feliz por saber que tenho tudo o que preciso e o que quero - ela respondeu, levantando os ombros - isso foi há dois anos.

- Só via a você mesma? Não tinha nada a seu redor, ninguém, nem um pequeno detalhe?

- Não. Via a mim, vestida como estava no momento, parada e me olhando, com um sorriso no rosto.

- É meio estranho saber que se é completo, não? - ele perguntou, tentando aumentar a conversa. Sua cabeça doía e provavelmente tinha um bom "galo".

- A princípio sim. Mas essa informação não muda em nada a sua vida. A plenitude é uma coisa que se vive. Quem ainda não vive, tenta achar; quem vive, tenta continuar vivendo... - ela discursou, encarando os olhos dele - Já sabe aonde vamos procurar primeiro?

Por um momento, Draco estranhou a pergunta. Depois entendeu: ela não se referia à plenitude. Se referia ao espelho.

- Ainda não. Mas Zabinni nos deixou instruções no nosso quarto - o loiro respondeu, tentando esconder a confusão.

O resto da viagem foi tranquila. Os dois estiveram calados a maior parte do tempo. Decidiram contratar um guia trouxa, para guiá-los por toda a Jamaica. Seria mais fácil perguntar sobre mistérios e coisas anormais a um trouxa do que a um bruxo. Mal saíram do aeroporto já encontraram um guia. O preço era absurdamente alto, mas não sentia-se nem um pouco disposto a pechinchar. O negro parecia conhecer mesmo o lugar.

- Fala inglês? - Gina perguntou, bastante amigável.

- Claro. A maioria dos jamaicanos fala inglês, dona. Algumas palavras são diferentes, claro, mas de resto, sabemos muito do inglês de vocês - o guia respondeu. - e então, o que procuram na Jamaica? Praias paradisíacas, aventuras...

- O que de... misterioso, atraentemente... estranho é possível achar nessa ilha? - Draco foi direto, tirando mais algumas notas da carteira e colocando na mão do rapaz.

- Bom, esse é um pedido meio incomum... Mas, apresento a vocês, a estranha Jamaica!

Não era bem oq ue eles estavam procurando, mas no final, até que estava sendo uma visita bastante agradável. Bob, o guia, era um rapaz bastante gentil e agradável. Além de facilmente corrompível. Quando ele ou Gina precisavam de alguma informação a mais, ou precisavam entrar em algum lugar, era muito simples: bastava tirar uma nota da carteira. No final da expedição, provavelmente Bob estaria rico. E era bom que Draco estivesse curado.

Estavam em um centro místico dentro de Kingston, a capital da Jamaica. Draco não tinha muita esperança de encontrar tão rapidamente o espelho, mas resolveu ficar por ali. Estava distraído, olhando para aquele amontoado de gente de cores tão distintas.

- Malfoy, ali! - Gina puxou seu braço, indicando um lugar que logo despertou a curiosidade dele. Uma casa de espelhos. Uma coisa bastante incomum para um centro místico. E mais estranho, parecia fechado, em pleno final de semana. - Bob, como fazemos para conseguir entrar ainda hoje, na casa de espelhos?

- Não podem - Bob desculpou-se, sorrindo. Mas, Draco já sabia o que fazer. Abriu a carteira e tirou de lá, uma nota de 10 libras - não, é sério. Não precisa mais me oferecer dinheiro. Só que vocês realmente não podem entrar. Muitas pessoas ficaram loucas entrando aí. Era um grande sucesso, há um ano e meio atrás. Depois, pessoas começaram a vir aqui duas, três, quatro vezes. Foi a maior loucura aí dentro, os mais antigos diziam que se tratava até de magia negra...

- O que era? - Gina perguntou, interessada.

- Um espelho. Não mostrava o futuro, nem o passado. Não mostrava a pessoa mais gorda, mais magra, não mostrava deformação nenhuma. Mas mostrava muito mais do que o que estava visível aos olhos. Mostrava tudo o que você mais queria. Te colocava mais perto da felicidade, por cinco minutos e por vinte pratas. Depois, pessoas começaram a enlouquecer... as pessoas começaram a achar que era coisa do demo e pararam de aparecer. O número de pessoas diminuiu até que um dia, ninguém mais veio. E o negócio faliu.

- Nós queremos ver. Queremos entrar. Te damos 100 pratas para nos colocar lá dentro. Ainda hoje - Draco disse, rabrindo a carteira e falando quase freneticamente. Em geral, era uma pessoa controlada, mas desde que fora enfeitiçado, parou de reprimir certas atitudes e emoções.

- Não posso! Eu tenho é medo de entrar aí! - Bob desculpou-se mais uma vez. Draco aumentou a proposta, colocando mais duas notas de 50 pratas em cima do capô do carro. Bob olhou para o dinheiro, e dele para o loiro. Pensou durante alguns segundos e aceitou - mas eu não vou entar com vocês. Vocês vão e eu fico na porta!

No final da tarde, enquanto a maioria das pessoas saíam para se arrumar para a tradicional festa na praça, eles entraram na casa de espelhos. De fato, parecia abandonado. Portados apenas de suas varinhas, e uma lanterna, pro caso de Bob aparecer, eles entraram sorrateiros, seguindo pelo labirinto de espelhos. Se alguém entrasse ali com a estima baixa, com certeza mudaria de opnião quando saísse. Draco nunca se vira tão deformado em toda sua vida. Baixo, alto, gordo, magro, ampulhetado de todas as formas possíveis, impossíveis e imagináveis. Olhava cada espelho atentamente, procurando qualquer coisa que lhe parecesse anormal para um espelho trouxa. Em um determinado ponto, uma bifurcação separou Draco de Gina, pois decidiram que para acabar mais rápido com aquela procura, o ideal seria que cada um fosse por um lado.

Draco andou, andou e andou. Numerando magicamente os espelhos a medida que passava por eles, o loiro tentava ao máximo não se perder entre tantas imagens. Até que ouviu um grito abafado.

- Ginevra? - Draco gritou, tentando se fazer ouvir - É você? Aonde você está, droga!

- Estou aqui... Eu.. eu achei o Ojesed! Venha p-pelo lugar aonde eu passei, está numerado em vermelho nos espelhos. - Draco ouviu a ruiva gritar em algum lugar da galeria.

Voltou exatamente por onde tinha vindo e encontrou os números vermelhos, seguindo-os em seguida. Mal tinha passado do espelho marcado pelo número 31, deparou-se com a ruiva olhando-se em um grande espelho, que estava inclinado, tirando o reflexo dele de todos os outros.

- Eu achei. Eu estava passando por aqui e então achei - Gina respondeu, meio corada. Entregou um pergaminho velho a Draco e saiu da galeria.

" Senhor Malfoy,
Espero que esteja aproveitando a sua estada na Jamaica. Infelizmente, não pude ficar aqui para desfrutar da sua companhia, mas suponho que se talvez você viesse ao meu encontro, resolveríamos esse problema com seu boneco. Quem sabe com uma grande quantia de dinheiro? Acho que Cinquenta Mil Galeões resolveriam o meu problema... E, que coincidência! O seu também.
Quando você sair com esse pergaminho, encontrará um corvo em cima da casa de espelhos. Apenas entregue esse recado a ele, e entrarei em contato para marcarmos o nosso encontro.

Agradecida,
Sua vida.


Gina saiu, os sentimentos misturados em medo e excitação. Não se sentia assim desde os onze anos, quando ganhou o diário de Tom Riddle... Draco saiu em seguida, procurando com os olhos o corvo. Quase que automaticamente, um borrão escuro passou por diante de seus olhos, pousando suavemente no telhado da casa. Pegou com Bob uma caneta e escreveu duas palavras, antes de entregar o pergaminho ao corvo. Despediram-se do guia e voltaram para o Hotel.

Depois da visão do espelho, desejava manter-se distante ao máximo de Malfoy. Não viu aquilo, foi apenas uma ilusão da sua mente... Nada naquele homem a interessava, nada. Ela não queria estar com o loiro em lugar nenhum, nem ali, nem no hotel e muito menos em um altar. O único lugar aonde ela tinha certeza que queria estar agora, e sozinha, era naquela banheira, tomando aquele relaxante banho... e bem longe de Draco. Mas parece que quanto mais se quer uma coisa, menos se tem...

- Gina? Gina, você está aqui? - a ruiva ouviu o voz do loiro vinda do quarto - ah, aqui está você. Porque não respondeu ao meu chamado? - ele reclamou entrando sem cerimônia no banheiro. Por sorte a espuma formada era tão espessa que não havia chance de ele ver nem um milímetro do seu corpo submerso.

- Er... Eu não sei se você percebeu, mas eu estou no banho. Dá pra você esperar lá fora? - Gina pediu, sentindo a face queimar.

- Eu percebi, sim. Mas agora estamos quites... Vim te chamar para tomar um banho de mar, o que me diz? - ele convidou, e Gina sentiu, ou desejou sentir, uma nota de embaraço na voz dele. Ela ia abrir a boca, mas ele insistiu - é, eu sei que está tarde, que já escureceu, mas eu... não gosto muito de sol.

- Não sei se é uma boa idéia, Mal...

- Achei que tínhamos superado essa parte, Gina... E então, vamos? Afinal, você precisa cuidar de mim... e eu vou. Imagine o quão mal você se sentiria se descobrisse que eu sofri um ataque no meio do mar e você não estava lá pra me socorrer? - ele disse, em tom de gracejo.

- Isso não vale! Você está praticamente me chantageando! - Gina reclamou, risonha. - tá, tá bom. Mas eu só posso sair daqui quando você sair pelo menos do banheiro, não acha?

- Tem certeza que quer que eu saia? Po...

- Tenho sim, Draco. Cai fora! - Gina o expulsou, rindo.


Quinze minutos depois, eles estava entrando na água morna da praia de Montego Bay. Gina não estava muito animada antes de entrar na água, mas as ondas a fizeram relaxar um pouco. Estavam se divertindo a quinze minutos, quando Draco mergulhou a alguns metros dela e emergiu a alguns centímetros.

- Draco, você me assustou - Ela disse, chegando um pouco para trás, arfante.

-Do quevocê foge? - ele perguntou, sério.

- Eu não estou fugindo. Estou apenas nadando um pouco - ela respondeu, dando um mergulho e aparecendo a alguns metros.

Alguma coisa ali não estava nos conformes. A ruiva estava muito estranha, desde que encontrou o espelho de Osejed. "Vi a mim mesma. Sabia que era o espelho porque Rony e Hermione estavam comigo e cada um via o que queria", ela disse no avião. Mas ela estava sozinha na casa de espelhos, como poderia reconhecê-lo, sem moldura?

- Gina, como você reconheceu o Osejed? Quer dizer, sem moldura, você deve ter visto alguma coisa... o que você viu? - Draco perguntou, por fim.


N/A: Realmente, demorei, né? Fiquei super-bloqueada o mês todo... não quis forçar a mente, e acabou que demorou isso tudo... Mas, como sempre, ao menos tentarei não demorar.

Muitos beijinhos para Helena Malfoy, Lilica Soneghet, Miss.Leandra Friendship Black, Jamelia Millian, IBlack LadyI, Ann Di Angelis, Rafinha M. Potter, DannyWMalfoy... Mais Reviewsss!