Capítulo 7 – Um beijo no escuro
N/A: Sei que tinha prometido antes, mas deu pau aqui no meu pc e num deu pra enviar. Sorry!
Remus ainda estava com o rosto enterrado nos braços quando madame Pince veio chamá-lo preocupada. Ele deu a famosa desculpa da lua cheia e saiu.
Não sentia fome, queria dormir antes que os outros entrassem no dormitório. Não queria ver Sirius, pelo menos não nas próximas doze horas, ou o inchaço e a vermelhidão dos seus olhos sumissem. Passou pela frente do salão principal. Viu a mesa da Grifinória agitada, parecia alguma confusão. Mas ali haviam professores suficientes, Remus não era necessário. Voltou a caminhar.
Chegou ao dormitório, tomou um banho rápido e se largou na cama. Dormir? Não, isso era impossível. Sua mente divagava sobre Sirius e todas as chances de possuí-lo. Sabia que nunca adiantaria e pensou numa maneira de aperfeiçoar seu plano.
"Droga" Sirius murmurou irritado para James.
O amigo ria baixinho, tentando abafar o riso no pescoço da namorada.
"Você foi o culpado" Lily retrucou.
"EU?"
"É lógico! Você que deu o primeiro golpe."
James se ofendeu.
"O Sirius deu o primeiro golpe físico. O Snape deu o primeiro golpe moral."
"Então por que ele não revidou moralmente?"
"Porque fisicamente é mais rápido com o Seboso!" Sirius riu.
"Mas agora você está em detenção!"
Black se largou na cadeira sorrindo.
"Já me acostumei."
Lily meneou a cabeça incrédula. Olhou sério para ele, um braço enlaçando o corpo do namorado.
"Mas o que ele disse?"
Onde está o lobinho, Black? Ele já está uivando por aí? Fora exatamente o que Snape dissera. Aquilo subira a cabeça já quente de Almofadinhas, e ele partiu para a agressão física.
"É Sirius, o que o Ranhoso disse?"
"Cadê a Kathy, não a vi jantando... ela vai ficar doente" levantou e começou a vasculhar a mesa até acha-la, então sentou com ela.
Assim que terminou o jantar ele subiu, direto para o dormitório, não queria falar com ninguém, nem mesmo Kathy, na verdade muito menos ela, já que sua namorada lembrava um certo alguém. Subiu e tomou um banho rápido, só então percebeu que uma das camas estava ocupada. Se Pet e James estavam lá embaixo seria apenas... uma vontade louca de vê-lo dormindo apossou-se de Black. Ele caminhou até a cama do lobisomem, abriu as cortinas da cama vagarosamente para não acorda-lo.
Ele ressonava baixinho, os lábios entreabertos, o cabelo claro esparramado no travesseiro. Black se ajoelhou para ver melhor. As pontas do cabelo dele estavam umedecendo o travesseiro. As mãos pousadas na sua frente e as costas levemente arqueadas. O animago colocou uma mão entre as dele e a outra sobre elas. Sem pensar subiu na cama, no espacinho minúsculo entre Lupin e a borda, ficando tão junto quanto conseguia para não cair, e com segundas intenções também. Tirou a mão de cima das dele e acariciou o seu rosto. A maldita lembrança voltando, e o pior, junto com o beijo da banheira, que tão vitoriosamente ele tinha varrido de sua mente. Os lábios macios de encontro com os seus. Como resistir, principalmente a uma proximidade tão perigosa.
A mão que acariciava o rosto correu até a nuca, e bem presa ali o puxou, ao mesmo tempo em que seu dono avançava, pousando seus lábios docemente sobre os de Remus. Se segurando para não tentar nada mais que um simples selinho, Sirius ficou ali parado, às vezes passando a língua sobre os lábios doces do amigo, às vezes se aventurando a deixá-la penetrar um pouquinho na boca do outro, mas sempre evitando aprofundar o toque.
Porém Remus estremeceu ao seu lado. Isso levou Sirius ao desespero. Se ele acordasse e o visse ali, o segurando, o beijando. Black se afastou de Lupin o mais rápido e silencioso que pôde. Como o espaço era minúsculo ele caiu da cama, ficando estatelado, porém calado, no chão.
Aluado imaginara que Sirius estava ao seu lado, que o estava acariciando e beijando. Não quis abrir os olhos para constatar que era sua imaginação fértil. Mas ele tinha. Tinha que provar para si mesmo que estava sozinho. Abriu vagarosamente os olhos. Viu sua cama vazia, exceto por ele, mas as cortinas estavam abertas e havia um certo volume no chão ao lado da cama. Ele se inclinou para ver o que era. Sirius olhava para ele, levemente surpreso. Remus sorriu amigavelmente. Se ele soubesse o que havia sonhado, talvez nunca mais falasse com Lupin.
"O que faz aqui?"
"Via sua cama preenchida e não te vi no jantar, tive medo que estivesse doente."
Remus sentou dando a mão para Black. Que aceitou e sentou ao seu lado. Se ele soubesse o que havia feito nunca mais falaria com ele novamente. Não só seu amor estaria perdido, mas um de seus melhores amigos. Remus nunca poderia saber.
"Remmie, o que aconteceu para não ter ido jantar?"
"O que aconteceu para você estar no chão, Almofadinhas?"
"Eu escorreguei, me responde" inquiriu irritado.
"Calma, eu só fiquei com o estômago embrulhado, e não tava a fim de ficar rodeado de pessoas, coisas de pessoas como eu."
Lupin levou a mão até os cabelos de Sirius que estavam muito bagunçados. Começou a arrumá-los, mais para ter motivos para tocar o homem a sua frente, do que para ajeitá-los.
Sirius usou toda sua força de vontade para não tremer ante o toque do amigo. Mas seu corpo não queria obedecer a sua mente, e toda vez que a mão de Remus escapulia para sua pele seu corpo inteiro estremecia.
Lupin também estava se segurando para não cometer nenhuma loucura, fazia um grande esforço para evitar tocar a pele do moreno a sua frente, mas não adiantava. Isso era estranhamente excitante, o que ele não sabia era que o sentimento era mútuo.
Eles continuaram assim, quietos calados, cuidando um do outro até que James entrou no dormitório. Ele pegou os amigos nesse estranho ritual de arrumar os cabelos, agora que Black também tentava arrumar os cabelos claros de Lupin. Pontas ficou em pé sob os umbrais observando a cena. Seus amigos se encaravam apaixonadamente, mas não conseguiam perceber que se amavam. Ele meneou a cabeça. Tinha que parar aquela cena. Fechou a porta silenciosamente, e voltou a entrar de maneira espalhafatosa, fazendo os amigos levarem um grande susto e se afastarem repentinamente.
"Nossa! O que houve aqui?" ele disse divertido.
"Nada" responderam em uníssono, levemente constrangidos.
"Sei. E por que o quarto estava tão escuro?" James perguntou malicioso.
Essa foi a hora em que ambos perceberam que o quarto estava um completo breu, iluminado apenas pela lua crescente, já bastante preenchida. O olhar do lobisomem foi para a janela. Ele estremeceu. Não gostava quando a lua estava assim, porque ficava cada vez mais perto do seu tormento. Sirius colocou uma mão sobre o ombro do amigo, assim que percebeu o que ele mirava. James se aproximou deles. Mal sabiam eles que pela primeira vez em todos aqueles anos atormentados Remus Lupin, o Aluado, desejava a vinda da lua cheia.
Na manhã seguinte estavam todos estranhamente animados. Lily pronunciara bem alto para James Potter ouvir que enquanto eles estivessem assim "animadinhos" ela estaria a metros de distância. Então James lhe mandou um beijo e saiu com os amigos a deixando furiosa.
Era sábado, jogo de quadribol, lógico que não era com a Grifinória. Senão você não veria os Marotos antes do jogo começar. Mas no momento eles estavam discutindo sobre a mesa, literalmente, quadribol.
Sirius estava em pé na mesa mostrando como havia defendido James de um balaço que seria certeiro se não fosse o 'melhor batedor do mundo'.
"Aí eu me larguei na frente com o meu bastão e..."
"SIRIUS BLACK!"
"Opa... monstro vermelho a frente" zombou, porém recebeu um tapa certeiro assim que desceu da mesa. "Lil, amor da vida do meu melhor amigo!" falou animado.
Nem James entendia o porquê de tanta animação, podia ser o quadribol, mas era animação demais comparada a como ele estava nos últimos tempos.
"Sirius Black" ela respirou fundo, uma brecha pra uma piada.
"Eu realmente caso esses efeitos nas garotas."
Outro tapa certeiro o atingiu.
"Pontas, tua mira tá melhorando!"
"Você não deve subir em cima da mesa, Black!" a ruivinha ralhou.
Sirius sorriu, um riso mesclado com diversão e safadeza.
"Bom, subir embaixo da mesa eu ainda não consigo!"
Evans gritou e sentou ao lado do namorando esbravejando para ele dar um jeito no amigo. Potter riu e a beijou. Ela passou os braços em volta do pescoço do namorado. Lily realmente acordara irritada aquela manhã. Black sentou ao lado de Remus que comia calado.
"Ela não falou que ia passar longe da gente?"
Lupin levantou a cabeça para ele.
"E desde quando ela resiste ficar longe da maior diversão dela?"
"Realmente o Pontas pegou a garota de jeito."
"Eu estava falando sobre dar detenções... nós somos a maior fonte de detenções do colégio!"
Sirius riu e o abraçou de lado. Só depois de estar com Aluado colado em seu peito que ele percebeu quem era que estava abraçando. Corou furiosamente e o soltou devagar para que o outro não percebesse.
Porém Remus estava ocupado demais se segurando para não deixar transparecer a sua vergonha que não percebeu como Sirius ficou levemente mais desastrado depois do abraço de amigos. Era bom estar com Sirius como antes, mas a intimidade que eles tinham ficava afetada, já que Remus sempre se constrangia quando estava muito próximo do garoto. Ele levantou rápido.
"Aonde vai?" o animago perguntou.
"Banheiro... urgente!"
O outro riu. Largou-se no banco olhando o casal a sua frente. Ele fez um gesto de quem segura alguma coisa com uma mão, e com a outra jogou maldosamente um pedaço avantajado de pão neles. James virou emburrado e viu Sirius, sua mão e um sorriso cínico, então caiu na gargalhada. Lily não entendeu tão rápido.
"O que é isso?" perguntou, a voz num tom levemente irritado, por causa da briga anterior com o garoto.
"Estou segurando vela!" disse ainda sorrindo.
Lily soltou uma risada. E Pet não se segurou, estava do outro lado do maroto, gargalhou salpicando parte da comida que estava na sua boca na mesa.
Essa cena Remus ainda vislumbrou antes de passar pelas grandes portas de carvalho do salão principal e seguir para o sétimo andar. Chegou relativamente rápido à sala comunal. Subiu para o dormitório masculino, entrando no banheiro e tomando um banho.
Estava a bastante tempo na banheira quando num vislumbre algo retornou a sua mente.
"Algum problema?" perguntou.
"Não" Sirius estava completamente louco, se aproximou suavemente da banheira.
Ajoelhou para ficar da altura de Remus e o beijou de maneira doce e muito rápida nos lábios. O toque macio de ambos os lábios fizeram seus donos corarem.
Eles já haviam se beijado! Como pudera ter esquecido disso, que acontecera há apenas três dias. O gosto da boca do outro maroto retornou a sua cabeça. E o momento ficou marcado. Ele não esqueceria de novo. Fechando os olhos e mergulhando na banheira ele sorriu. De repente lembrou do plano. Tinha que esquecer do maroto por quem sentia afeição. Tinha que ficar longe dele, e só com a lua cheia, no momento de lucidez faria isso.
Saiu da banheira e entrou no quarto enrolado precariamente com a toalha. Sirius estava sentado em sua cama.
