Capítulo 8 – Um jogo perdido

"Si.. Sirius? O que faz aqui?"

"É meu quarto também" disse corando.

Imaginava que Remus estivesse fazendo as necessidades biológicas de um ser humano, não tomando banho. Ou seja, esperava o amigo vestido. Não estava preparado psicologicamente para ver Remus Lupin seminu e molhado. Isso era sensual demais para o animago resistir, apesar de já tê-lo visto nu. Apertou com uma força descomunal a coberta, se segurando para não avançar. Mas sua força de vontade não era tão grande assim.

Remus estava sem entender a resposta, apenas admirando Sirius sentado, apertando a ponta do lençol. Não estava preparado quando Black levantou de um salto e cobriu a distância entre eles muito rápido. Ainda não tinha percebido o que havia acontecido quando uma das mãos do seu amado envolveu sua cintura segurando a ponta da sua toalha e a outra percorreu suas costas até chegar a sua nuca. Ele apenas sentiu um calor estranho emanando do local onde Sirius tocava.

O animago ainda estava fora de si, sem entender o que fazia. Imprensou Lupin na parede, puxou sua cabeça e levou a sua para perto da dele o beijando fervorosamente. O beijo que há muito desejava. Pôs todo seu desejo no beijo. Sua língua não se conteve como da última vez. Dessa vez explorou cada canto da boca do lobisomem. Ele ainda prendia-o para que não escapasse. A mão que segurava a toalha a afrouxando devagar e acariciando o traseiro do garoto.

Remus só percebeu o que acontecia quando sentiu a língua de Black invadindo sua boca. Seu autocontrole havia ido para o espaço no momento e estava ocupado demais em corresponder o beijo para pensar no que a mão ousada dele estava fazendo passeando pelas suas nádegas, tirando sua toalha. Apenas se sentia mais excitado, sem saber direito o motivo. Mas era apenas um detalhe sua mente estar incapacitada.

Sirius só percebeu o que fazia pouco antes de Remus começar a retribuir o beijo. Já estava para afrouxar o abraço quando Remus começou a beijá-lo de volta. Ele não pensou duas vezes o apalpou mais ainda, o acariciou, o apertou mais. As mãos de Remus aos poucos começaram a ir até seu corpo. Primeiro os ombros, depois descendo para as costas e enfim brincando com o cós de sua calça. Ele se sentiu espetacularmente feliz. Mas Lupin parecia querer brincar com sua loucura momentânea. Primeiro desprendeu sua camisa da calça, depois acariciava a pele levemente onde a calça tocava e então retirava a mão. Ele repetia o movimento de carícia e fuga diversas vezes incitando o animago. Quando a quase nula paciência de Almofadinhas acabou ele passou a beijar o pescoço de Remus, os ombros e um pouco do tórax. Seu objetivo? Obrigar a Remus parar com o joguinho e tirar logo suas calças. Embora ele mesmo ainda não houvesse tirado a toalha dele totalmente, para poder aumentar a expectativa.

Aluado não podia negar que queria muito que Sirius tirasse a sua toalha. Mas ele não queria nada tão rápido, estava nervoso. Não sabia direito o que queria. Só sabia que não era para aquele momento parar. Sentiu então a boca de Sirius sugando o seu pescoço, era completamente excitante. Sentiu sua própria mão apertar a nuca de Black, enquanto a outra adentrava na calça do maroto acariciando o traseiro que uma vez havia reparado ser empinado. Apertou uma nádega suavemente e sentiu Almofadinhas soltar uma risada abafada em seu ombro, onde agora beijava.

Aquilo foi o que bastou para que a magia se rompesse e Sirius voltasse a si. Empurrou Remus para longe, delicadamente, e se ocupou em arrumar suas vestes.

Lupin segurou sua toalha e a prendeu firmemente em volta da cintura, sua pele reclamando pela separação inesperada.

"Me desculpe" Black falou, arfando. "E-Eu não sei o que deu em mim. Sei apenas que não era eu naquele momento. Esqueça o que aconteceu, Remmie. Por favor. Não foi a minha intenção. Você devia estar pensando na Evans, né?"

Remus assentiu com a cabeça. Claro, Sirius imaginava que ele se vira beijando a garota que supostamente dominava sua cabeça.

"E em quem você pensava?"

"Narcisa" falou o primeiro nome que lhe veio na cabeça. Você, eu te beijei, porque eu QUERIA beijar você! era a resposta que martelava em sua mente.

"'Sua prima? Pensei que havia sido sua namorada."

Sirius percebeu sua mancada, mas ele era bom mentiroso. Mas ele não queria mentir mais para Remus, mas era necessário, pela sua amizade.

"É, eu também acho que deveria ter pensado nela, mas foi a Narcisa que tomou forma em minha mente. Foi mal, cara" soltou um riso zombeteiro, hora de consertar a situação. "Pelo menos eu beijo bem?"

Remus riu e fez que sim com a cabeça. Sirius se largou na cama de Lupin enquanto o dono da cama pegava uma roupa. Black se pegou olhando para a bunda dele. Seu corpo estremeceu. Então Lupin começou a colocar a roupa devagar, quase como se quisesse provocá-lo. Sirius levantou uma sobrancelha enquanto observava o outro se vestir.

"Ao menos você me perdoa?"

Remus riu, Como não perdoar o cara que me deu um momento espetacular? Que me deixou beija-lo?

"Lógico, cara!"

"Você gostou do beijo?" Black perguntou sem mais nem menos. Ele próprio se surpreendeu. Pensou em algo para consertar aquilo.

"Em termos sim, considerando que eu pensava em outra pessoa" mentiu no momento em que Sirius ia falar algo. "Mas se levar pelo lado em que eu beijei um homem, que ainda por cima é meu melhor amigo..." ele ressaltou o é.

Sirius suspirou aliviado. Pelo menos eles continuariam se falando. Não suportaria ficar longe do seu amado. Você acabou de cometer a maior burrada de sua vida, e ainda fica chamando ele de seu amado? Realmente. Tinha que passar a formular algum plano para ficar longe do maroto e esquece-lo.

"Que bom, tive medo que você não quisesse mais falar comigo."

Por um momento Remus pensou que ele ia falar sobre o fato de ter gostado do beijo, que se oferecesse para outro. Ele estava pensando em outra pessoa uma garota, entendeu? Lógico que entendera. Mas queria muito não ter compreendido.

"Você acha que eu pararia de falar com você por causa de um acidente" sorriu. Abaixou-se para por uma calça. "Ainda mais um acidente tão agradável" murmurou tão baixo que apenas ele escutou.

Quando ele se levantou sentiu dois braços o envolvendo. Braços fortes, definidos pelo quadribol e só estavam duas pessoas naquele dormitório. Ele corou com toda força.

"Você é mais importante para mim do que imagina."

Black o soltou tão repentinamente quanto abraçou. Quando Lupin virou viu apenas a porta se fechando.

Sirius ia correr até o campo de quadribol. Mas antes disso viu James vindo irritado do buraco do retrato, sendo acalmado por uma Lily Evans assustada. Só então ele lembrou, fora a primeira vez que a ruivinha assistia a um jogo com o Pontas. Ela não sabia como ele ficava extremamente chateado quando o time pelo qual torcia perdia. E nunca tinha visto o Potter perdendo o jogo. Ele nunca perdera um oficial, mas os amistosos de fim de semana ele perdera uns dois, e quase matara o vencedor, que por acaso era Sirius, imagina ele perdendo um oficial.

"Alguém devia ter me avisado dos xingamentos e do temperamento dele" ela resmungou.

"Na cara dele, Almofadinhas, na cara do apanhador da Lufa-Lufa! Mas a droga do apanhador deixou passar e o sonso capturou" sonso era o nome genérico que os marotos davam para os sonserinos.

"Nossa."

"Onde você tava?"

"Conversando com o Lupin."

"Licença garotos, mas eu tenho que fazer umas coisas."

"O quê?" James perguntou ciumento, passando a mão em volta da cintura da namorada puxando-a de costas para um abraço e beijando o topo da sua cabeça.

Lily riu e se virou nos braços do namorado. Acariciou seu rosto e sorriu apaixonada.

"Vou falar com o meu amante!"

James começou a tossir. E ficar visivelmente vermelho. Estava bravo.

"James" ela ralhou entre risos. "Deixa de ser bobo! Eu não tenho amante, mesmo se tivesse eu não falaria para meu namorado que tinha. Vou ver a McGonagall, resolver o caso da subida na mesa de Black. E tentar livrar o pescoço dele."

"Cara, Lil, se você não estivesse tão bem presa nos braços do Pontas eu te dava um beijo."

Remus havia saído do dormitório nessa hora. Seus olhos marejaram e ele voltou para dentro. Ela. Ele a queria. Natural. Ele não era um homossexual como Lupin. Por isso você deve esquecê-lo. Ele já sabia, cansara de escutar a si mesmo ordenar para esquecer o garoto que lhe dominava a mente. Só de pensar nele seu corpo trazia de volta a lembrança do beijo de há pouco.

Não queria chorar, mas seus olhos não pareciam obedecer a suas vontades. Até que ponto se deixara apaixonar? Até que ponto fora relaxado confiando em seu plano, deixando que o garoto de pele levemente bronzeada entrasse ainda mais em seu coração? Até que ponto ele resistiria àquela tortura? Um dia isso o mataria.

Não, teria que resistir. Teria que se manter firme. Agora seu plano era tudo que restara. Tudo. Evitaria Sirius por um bom tempo, até a lua cheia, e então seu plano afastaria o moreno e enfim ele voltaria a sua paz de sempre.

"James. Por favor! Eu tenho que falar com você."

"Mas a Lil..."

"Ela foi falar com a McGonagall!"

"Certo. Vamos para algum lugar mais calmo... alguma passagem. Tá com o mapa aí?"

Sirius riu marotamente. Puxou do bolso uma coisa e mostrou a ponta de um pergaminho velho para Potter. Pontas devolveu o riso maroto do amigo e recebeu o mapa.

"Juro solenemente não fazer nada de bom!" o de óculos sussurrou orgulhoso.

Um belo mapa do colégio se formou com todas as passagens. Ele procurou por uma passagem que tivesse menos pessoas por perto. Olhou para uma bem próxima e vazia.

"Mal feito, feito!" sussurrou agora Sirius, que havia seguido o olhar do amigo e encontrado a tal passagem.

Saíram pelo buraco, ao mesmo tempo em que Remus adormecia no dormitório e sonhava com um certo animago de nome de estrela. Caminharam até a passagem. James tentava arrancar de Black sobre o que era que ele queria falar. Mas Sirius se mantinha calado até que eles entraram na passagem e o mais alto lançou um feitiço para que o som não se propagasse.

"Caraca, o assunto é mais grave do que eu poderia imaginar."

"É."

"Sirius, cara, fala."

Black suspirou. Sentou no chão e olhou para o teto, como se esperasse que o ajuntamento de tijolo que os protegia possuísse uma resposta para facilitar a maneira de contar aquilo.

"Só não ria."

"Certo."

"Eu acho... não... eu estou."

"Está?"

"Não me apresse, mas bem. Eu estou apaixonado pelo Remus" James teria rido, se Sirius não houvesse falado muito sério e levemente melancólico.

"Eu já sabia" não contaria toda a verdade. Black teria descobrir a melhor parte, por si mesmo

"Já sabia?"

"É. Eu convivo cada segundo com você" pausa. "Você chegou a achar que me enganaria?"

"Eu imaginei que me enganaria."

"Mas não conseguiu."

"Não, e pior. Eu beijei ele."

O sorriso de James sumiu por um momento. Depois ele riu. Gargalhou tanto que precisou bem uns cinco minutos só para relaxar.

"Qual o motivo da risada?"

"Não. Nada. Mas é que ficou tão engraçado quando você contou."

"Mas isso é desesperante! O que eu faço agora? Me declarar para ele está fora de questão. Não quero perder a amizade dele."

"Seja sincero... é tudo que eu tenho para falar."

"Não dá! Me ajuda a esquecer o Remmie! Por favor. Eu não consigo sozinho!"

"Desculpa, cara" ele disse com um sorriso divertido. "Mas eu jogo no outro time, entende?"

Sirius olhou para James segurando o riso. Mas não resistiu e soltou sua famosa risada-latido. James passou a mão no ombro do amigo o carregando para fora da sala.

"Sabe, deixa passar. Um dia passa."

Black lhe deu um sorriso.

"Tá bom. Mas se não passar eu te bato."

"Certo" riu de volta e saíram rindo.

"E como foi o jogo?"

"Péssimo, você não perdeu nada... na verdade, acho que ganhou" zombou.

Remus estava quieto e solitário num canto afastado da sala comunal. Descera fazia pouco tempo. Queria ir para seu cantinho reservado na biblioteca. Mas agora que a pessoa que ele menos queria que soubesse conhecia o lugar, ele preferiu se esconder na própria sala comunal, por mais impossível que fosse, sendo um dos garotos mais populares da escola. E com um Peter Pettigrew zoneando a área a sua volta.

"Você está muito calado? Que houve? Por que não foi pro jogo? FALA ALGUMA COISA!" finalizou sentando no sofá, na verdade eu usaria o termo pulando em cima do sofá.

Remus apenas o olhou de esguelha e se levantou. Pet o imitou.

"Não me siga."

Saiu até o buraco do retrato, mas em seu caminho Anna Wallet apareceu sorrindo.