2. Descoberta Pelo Bem e Mal

-Querida, é só um final de semana. – Danny falou enquanto esfregava o cabelo nervosamente, observando a terceira mala ser colocada no porta-mala do carro – isso tudo é mesmo necessário?

-É sim, Danny. – ela disse tranqüilamente – Tem as coisas do Luke também, esqueceu?

-Não imagino que um bebê tão pequeno precise de uma mala tão grande. – ele falou enquanto abria a porta para que ela entrasse no carro.

-É porque você nunca viajou com um. E alem do mais, coloquei fraldas extras.

Ele não pode deixar de rir. Aquela ruiva realmente fazia com que qualquer aborrecimento acabasse em risadas para ele, que sempre fora mais seco com as outras namoradas, isso não era comum em seus relacionamentos. Mas como os amigos estavam lhe dizendo, qualquer homem se tornava um idiota quando apaixonado. E ele estava muito apaixonado.

O hotel que iam ficava há três horas afastado da cidade. Era um bom refugio para escapar do estress e apreciar uma bela paisagem de montanhas. Ginny observou algumas pessoas montando cavalos na entrada, e fez um registro para pedir a Danny que fossem dar um passeio mais tarde.

-E agora minha querida, o que você quer fazer? – ela riu ao ver a cara maliciosa do namorado.

-Sinceramente, estou faminta.

-Pois então, faça bom proveito! – Ele se jogou na enorme cama abrindo os braços enquanto ela ainda ria.

-Isso seria ótimo. Mas a minha fome no momento é realmente de comida.

-Neste caso – Daniel se levantou fazendo cara de falsa ofensa – o chá da tarde está sendo servido no restaurante da varanda.

-Ótimo! Vamos descer então?

-Tenho uma idéia melhor. – Daniel deu uma olhada em Luke dormindo em seu berço – porque você não vai descendo enquanto eu tomo um banho e vejo se o Luke acorda?

-Está bem. Então vou esperar os dois lá embaixo. – ela sorriu e antes de sair, se virou novamente para o namorado – querido, muito obrigado, o hotel é maravilhoso!

-Você merece. – andou até ela e lhe deu um beijo, antes que a ruiva deixasse quarto.


O lobby do hotel estava cheio. O loiro olhou em volta desconfiado. Havia algo de estranho ali. Sabia que a qualquer momento algo iria acontecer, e torcia apenas para que não fosse reconhecido de imediato. Observou Roan McDugol entrar no hotel e se dirigir direto ao caixa. Não podia ser visto por ele ali, afinal fora um dos comensais com quem trabalhara, e que com certeza perceberia a armadilha caso o reconhecesse.

Resolveu se dirigir calmamente para a varanda onde alguns trouxas estavam comendo. Sentou-se em uma mesa redonda e puxou um jornal para que pudesse esconder seu rosto, que estava modificado com um bigode, aquilo fora tudo que dera pra fazer dentro do minúsculo banheiro trouxa de cabines, antes que alguém entrasse e notasse o homem fazendo modificações no rosto com uma varinha. E ele não podia por a missão a perder.

-Com licença, o senhor se importaria se eu me sentasse aqui? Todas as outras mesas estão ocupadas. - Foi disperso de seus pensamentos por uma voz feminina infestando seus ouvidos. Ia responder que se importava, e para ela ir embora, quando viu seu rosto.

Não conseguiu responder. Apenas fez um sinal com a cabeça, e ela se sentou. Não podia ser... Ginny Weasley estava morta. Pelo menos era o que ele achava, depois de todo aquele tempo desaparecida, todas as buscas feitas. Não podia ser...

Apesar de alguns ainda terem esperanças. Tolos os Weasley, Granger e logicamente, o namoradinho, Potter.

Mas, apesar de toda a sua descrença, ali estava ela, pedindo para se sentar com ele. Alguém que ela provavelmente ainda achava ser um Comensal. Algo não estava certo ali.

-Sinto muito mesmo interromper a sua leitura. – ela disse educadamente, lhe dando um sorriso.

-Não tem problema. – Draco olhou-a estranhamente. Não sabia qual era a brincadeira dela, mas resolveu entrar no jogo – Este jornal é de ontem, mesmo.

Ela riu enquanto mexia seu café.

-Está hospedado aqui faz tempo?

-Não. Acabo de chegar.

-Eu também.- disse ela, mesmo sem ele perguntar - Foi uma longa viajem. Estava faminta! – ela o olhou sentindo-se tola por tentar puxar conversa com aquele homem, que não parecia estar nada interessado em conversar - Veio sozinho? – tentou ela novamente.

-Sim. Estou aqui a trabalho. – limitou-se a falar, mas ao notar o olhar desconcertado da ruiva a sua frente resolveu dar continuidade à conversa. – E você?

-Querida? – Danny chamou a atenção da namorada, parando o carrinho de Luke próximo a mãe.

-Não – respondeu ela se dirigindo ao loiro - Este é meu namorado. – Draco ergue-se da cadeira olhando rapidamente do bebê para Ginny e então para o homem a sua frente.

-Daniel Miller. – Daniel esticou a mão para apertar a do homem a sua frente.

Draco relutou alguns instantes, mas apertou a mão do outro.

-Draco Malfoy.

Ginny o olhou nervosamente e empalideceu. Sentiu um forte aperto no peito. Aquele nome não lhe era estranho. Teve vontade de perguntar se já se conheciam, mas se conteve.

-Querida você esta bem? – Danny notou a variação na namorada e pegou seu pulso. Uma de suas manias de médico, sempre checando seu pulso ao sinal da menor tontura ou dorzinha de cabeça.

-Sim. Foi apenas uma tontura. Já passou.

-Me desculpe a inconveniência. – Draco disse tentando parecer casual – mas não me lembro o seu nome.

-É porque não lhe disse. – ela sorriu levemente – Sou Ginny Wilde.

Draco se conteve. Quem ela estava tentando enganar ali?

-E o bebê é filho de vocês? – ele se mexeu desconfortavelmente. Não gostava de ter aquele tipo de conversa, e realmente não lhe caia bem tentar ser simpático. Sua voz saia ligeiramente rude.

-Meu filho. Este é Luke. – ela ajeitou desnecessariamente a manta do bebê.

-Mas quem sabe ele não ganhe um padrasto logo, logo. – Daniel ressaltou passando o braço pelo ombro da namorada, enquanto se sentava. Draco notou a ruiva ligeiramente desconcertada.

-Foi muito agradável conhecer vocês, mas estou na minha hora. – Não os olhou novamente depois de ter cortado o assunto, suas palavras foram secas, e realmente demonstravam o mesmo prazer tê-los conhecido, ou ter pisado em um saco de estrume.

Ginny se virou para ver o estranho homem partir, mas em um segundo, ele já se fora.

Sentiu um vento forte atingir seu rosto. Algo estava para acontecer. Sentia isso em seu coração sem ter a menor idéia de como podia ter tanta certeza.


-Tudo que está sendo feito em Hogwarts diz respeito apenas ao Ministro da Magia, os ex-professores da escola e aos integrantes do grupo especial que foram rigorosamente selecionados. – a voz saiu forte e determinada, como todas as vezes que se dirigia a imprensa, sem nenhum sinal de incerteza ou hesitação – Pedimos mais uma vez a colaboração de todos que queiram manter sua sanidade e suas vidas que não tentem se aproximar da escola.

-Sra Granger, mais uma pergunta! – uma repórter gritou do meio do salão, atraindo a atenção de Hermione.

-Sim, temos tempo para uma ultima pergunta. – Hermione se virou encarando uma jovem jornalista seriamente.

-É verdade que Harry Potter esta dando treinos de combate enquanto a escola esta desativada? E a Ordem da Fênix realmente existe? E vocês vão tentar reativar Hogwarts no próximo ano?

-Foram três perguntas, creio eu, mas vou responde-las mais uma vez. Em primeiro lugar, já dissemos que Hogwarts esta servindo apenas para reuniões estritamente sigilosas, e que a tal Ordem da Fênix é uma antiga lenda. O grupo que combate os Comensais ou qualquer outro grupo de Artes das Trevas que exista, é a elite do Ministério, os Aurores, treinados especialmente para isso dentro da lei. Lembrando que qualquer grupo clandestino pode ressaltar em pena de formação de quadrilha e mandar os integrantes, direto para Azkaban. Quanto a reativar Hogwarts, ainda estamos checando todas as possibilidades de risco de atentados. Não podemos reabrir a escola colocando alunos em risco.

Ouviu o burburinho dos repórteres insatisfeitos com as declarações, e sem hesitar anunciou a coletiva de imprensa encerrada. Estava cansada dos malditos repórteres atrapalhando as ações contra os Comensais.

Voltou o mais rápido que pode á sua sala. Era agora a chefe do departamento de Execução das Leis Mágicas. Lidava com todos os processos jurídicos, magias proibidas, execução de magia por menores e todos os casos relativos. Ficava no Ministério até a noite, e então seguia para Hogwarts para supervisionar o trabalho que faziam lá.

Estava tão exausta que às vezes cochilava sentada sob algum processo em sua mesa.

-Dormindo? – Hermione acordou sobressaltada ao ouvir a voz.

-Não. Apenas descansando os olhos. – disse irritada – Como foi a missão que te mandei?

-Tudo como planejado. – Draco sentou-se em frente à morena, mesmo sem ser convidado – McDugol foi preso lá mesmo e será julgado pelo Ministério Americano. Me certifiquei que ele pegue um bom tempo.

-Ótimo. Muito bem Malfoy. Passei sua próxima missão para os seus arquivos, você não checou?

-Sim, eu vi – disse displicente examinando suas unhas.

-Então há algo mais que eu possa fazer por você? – ela perguntou irritada quando notou que ele continuava ali.

-Não – ele se levantou e parou na porta do escritório de Hermione, segurando-a aberta – Só que encontrei Ginny Weasley.

Ele estava se virando para sair com toda naturalidade, quando Hermione o chamou de volta. Deu um sorriso de meia boca antes de se virar de volta para ela.

-Quero que me conte tudo. – ela exigiu, sem notar que pela porta, alguém escutava a conversa dos dois.


-Eu sou o pai dele, Hermione. Não tem motivos para não deixa-lo comigo!

-Christopher, nós já conversamos sobre isso, e você sabe que eu jamais deixaria o bebê sozinho com você!

-E por que não? Eu sou o pai! – Chris gritou irritado.

-Você é o pai, mas não sabe cuidar nem de si mesmo! – Ela explodiu – alem do mais, olhe só a sua atitude! Não vou deixar o meu filho aqui para você esquece-lo e ir fazer shows!

-Eu poderia leva-lo aos shows, Hermione.

-Eu já te falei um milhão de vezes que você não vai leva-lo a nenhum show de rock, Christopher!

Molly Weasley observava calada o casal brigando. Não entendia o motivo de Hermione ainda estar com o marido, já que há algum tempo os dois só brigavam. A morena se sentou no sofá demonstrando seu cansaço. Passou as mãos nervosamente pelos cabelos.

-Olha Christopher, está sendo muito difícil pra mim, ter que deixar o Chris aqui. Mas isso é realmente importante, então, por favor, pare com isso. Não torne as coisas mais difíceis. Você mesmo sabe que não vai dar conta de ficar com ele o tempo que ele precisa.

-Você realmente não me da uma chance, Mione. – ele sentou-se ao lado da esposa – parece que tudo que eu faço é errado pra você. Eu sei ser responsável, e eu sei cuidar do meu filho. Mesmo ele sendo um bebê de oito meses, eu posso fazer isso.

-Você mal sabe trocar uma fralda – ela falou baixinho – Nem se da conta da guerra que acontece a sua volta, Christopher.

-Esta bem. Quer saber, dane-se. Depois não diga que eu não tentei! – ele se levantou irritado, deu um beijo na testa do bebê que estava sentado no chão brincando com uma vassoura que voava em volta dele, alienado de toda a discussão dos pais, e saiu da Toca batendo a porta.

-Você está bem querida? – Molly entrou na sala e sentou-se ao seu lado.

-Não. Mas vou ficar. Não sei porque ainda tentamos salvar esse casamento Molly. Nossa relação está tão desgastada.

-Então Hermione escute o que te digo, pois sabe que é como uma filha pra mim. Se você não o ama mais, se a paixão esta apagada, vá procurar quem possa te fazer feliz. Ainda é jovem e pode encontrar um novo amor, mas não deixe o tempo passar meu bem.

Hermione sabia exatamente do que a senhora Weasley falava. Prometeu a si mesma que quando voltasse de viajem iria resolver as coisas com seu marido. Por mais doloroso que fosse.

-Muito obrigado por cuidar dele para mim, Molly. Não posso te contar agora, mas se tudo der certo, teremos uma ótima surpresa.– Deu um beijo na sra Weasley e um abraço em seu bebê e então seguiu para sua viajem.


-À parte de escritórios já esta toda locada, os espaços que temos são apenas para montar coisas na área de alimentação, como o senhor disse que queria, Sr Dolohov.

-Sim. Acho que podemos fechar negocio imediatamente, Srta Wilde.

-Pois não – Ginny sorriu feliz, era o ultimo lote do prédio que locava, e tinha certeza que dobraria seus lucros assim que o prédio começasse a funcionar na segunda feira que seguiria – Pode passar amanha no meu escritório para assinarmos todos os papeis.

-Sinto muito, Srta Wilde, mas só estarei no país até amanha, e creio que minha secretaria não vá poder assinar por mim os documentos. Não tem uma maneira de fazermos isso ainda hoje?

Ginny se calou. Não poderia perder aquela oportunidade de ter todo o prédio locado na inauguração.

-Sim, pensando bem, tenho um contrato em casa. O Sr se importaria de nos encontrarmos mais tarde para assinar tudo?

-Sinto muito, mas terei uma noite ocupada. Se fosse possível poderia ir agora até seu apartamento para assinar logo isso.

-Está bem. – Ginny olhou o rosto marcado do senhor a sua frente. Parecia judiado pela vida ou batalhas de guerra. Teve a sensação de que parecia muito mais velho do que realmente era.

Pegaram um táxi até o prédio em que morava, e já que não iria sair mais aquele dia, aproveitou para pegar Luke no apartamento da frente com Lucy. Notou quando o homem deu uma boa olhada por cima de seu ombro no apartamento de Lucy, mas resolveu não se importar.

-Este é seu filho? – Dolohov perguntou passando a mão nos cabelos escuros de Luke, e sem que ela notasse, tirando alguns fios da cabecinha do bebê.

-Sim. Este é meu filho, Luke.

Segurando o bebê em um braço e abrindo a porta com a outra mão, nem notou que no momento seguinte, Dolohov já não estava mais ao seu lado. Praguejou de raiva ao entrar no apartamento. Não devia ter perdido a chance de assinar aquele contrato, mas afinal, aquele homem não lhe parecia mesmo dos mais sinceros.

N/A: Aqui está o segundo capitulo! Ainda morno, mas a história esta começando a acontecer. No próximo capitulo Hermione chega nos EUA para ver mesmo se encontra Ginny. E o que Dolohov queria pegando alguns fios do cabelo de Luke!

Também um pouco da vida do Rony e do Harry!

Mayumi Evans Potter e Hermione J G Potter fiquei muito feliz com o comentário de vocês! Obrigada!

Como ainda estou escrevendo, aceito sugestões sobre rumo da fic!

Beijos para todos e mandem reviews mesmo para xingar, viu!