4. Uma bruxa?

Hermione Granger não pensou no choque que iria causar em Ginny quando puxou sua varinha, a ruiva já parecia demasiadamente nervosa com a situação, e de fato não fez nenhum comentário enquanto a morena sacudia a varinha fazendo a cadeira que estava suspensa no ar pousar delicadamente entre as duas mulheres.

Com um novo movimento que Ginny pareceu nem notar enquanto tentava desamarrar Lucy, Hermione conjurou papel e uma pena e logo depois tirou do bolso um pequeno chaveiro, que com um toque de varinha, tornou-se uma coruja parda que piou descontente olhando para sua dona.

-Sinto muito ter te transformado. – disse à coruja enquanto amarrava o papel em sua perna – Mas é realmente importante. Ache o Ministério da Magia daqui.

Voltou sua atenção para a ruiva quando a ouviu dar um grito frustrante por não conseguir desamarrar Lucy da cadeira e nem faze-la falar. Os lábios da velha senhora estavam selados de uma maneira que a ruiva nunca vira, impedindo-a de falar.

-Afaste-se. – disse Hermione levantando novamente sua varinha, e logo, as cordas que prendiam Lucy estavam no chão.

Fácil demais, pensou a morena. Os Comensais queriam que Lucy falasse o que havia ocorrido, do contrario teriam-na matado. Nada os impedia de matar quem quer que fosse.

-Lucy, onde esta o Luke? – Ginny se jogou em frente à velha, que secava as lagrimas dos olhos, ainda parecendo em choque.

-Eles o levaram, Ginny. – disse a outra fazendo força para permitir que as palavras saíssem. – Eu tentei chamar ajuda, mas...

-Quem, Lucy? Quem levou o meu filho? – falou o mais calmamente que pode, enquanto as lagrimas de desespero rolavam por seu rosto alvo.

-Os homens de capuz. – disse tremendo da cabeça aos pés. - Os bruxos maus. Pergunte a ela. – disse apontando para Hermione, ainda tremendo da cabeça aos pés.

-Quem é você? – Ginny perguntou, se levantando para encarar Hermione. A voz fria como gelo e muito mais calma do que poucos momentos antes. – O que vocês querem comigo?

-Eu não tenho nada a ver com essas pessoas que levaram seu filho. – disse Hermione muito calmamente – Eram Comensais, Ginny...

Foi interrompida pelo barulho nas escadas. Sabia que eram os Aurores.

O Ministério dos EUA era quase tão bem preparado quanto o da Inglaterra. Agradeceu intimamente por terem chegado tão rápido. Mais alguns momentos sozinha com as duas mulheres, e teria que estuporar a ruiva para que pudesse acalmar os nervos.

-Sra Granger. Sou Jonathan Grant, viemos assim que recebi sua carta. – o homem alto de cabelos negros estendeu a mão para Hermione.

-Muito obrigado. – disse Hermione, enquanto observava o apartamento ser invadido por outros aurores.

-A Marca Negra. Alguma vitima fatal? – perguntou um outro homem olhando da marca para Hermione e então para Ginny com os olhos inchados.

-O que está acontecendo aqui? – gritou Ginny, atraindo toda atenção dos recém-chegados para si. – Quem são vocês?

-Fique calma senhora, somos do Ministério da Magia. Logo tudo vai estar bem.

-Nada vai ficar bem! – gritou Ginny se descontrolando – Levaram o meu filho! O meu filho. Ele é só um bebê.

Dois aurores a seguraram quando ela tentou se jogar em cima de Grant. Queria ferir alguém, queria um culpado por sua dor. Sem razão aparente, um dos antigos abajures de Lucy explodiu quando a fizeram sentar.

-Ginny, você precisa se acalmar. Estamos aqui para te ajudar. – Hermione se aproximou da cadeira em que Ginny fora colocada. Estava com o rosto escondido entre as mãos.

-Quem levou o Luke? – perguntou, ainda sem tirar as mãos do rosto – Para que o levaram.

-Ainda não tenho certeza. Mas vamos descobrir. - Hermione sentou-se ao seu lado - Podemos recuperar o seu filho, Ginny.

Um longo silencio se fez entre as duas enquanto ouviam os Aurores falarem nervosamente sobre a situação do lugar e interrogarem Lucy.

Ginny levantou os olhos para encarar Hermione. Seu coração batia tão rápido como jamais sentira. Queria vomitar. Controlando todas as suas ânsias, e seu desespero, falou com a voz mais calma que conseguiu.

-Farei o que for preciso para recuperar meu filho.


Nenhuma das duas desejava perder mais tempo ficando ali. Hermione sabia bem para onde devia ir e quem deviam procurar se quisessem recuperar Luke.

Mandou Ginny arrumar uma pequena mala e pegar a caixa que Tom havia mencionado ter sido encontrada com a ruiva no deserto. A misteriosa caixa que ninguém conseguia abrir.

-Para onde vamos? – perguntou Ginny tentando acompanhar os passos de Hermione, que praticamente corria pelo porto de Manhattam.

-Vamos para a Inglaterra. – disse sem dar muita atenção á outra.

-De navio? – falou sarcasticamente.

-Sim.

-Vamos chegar lá em uma semana! Você não esta entendendo a gravidade da situação. – falou a ruiva irritada. Como a outra poderia ao menos pensar na possibilidade de perder uma semana em um navio?- Se você quer fazer um cruzeiro, acho que não estamos nos comunicando muito bem.

-Neste navio estaremos lá no máximo em duas horas, acredite. - Chegaram a beira do ultimo píer do porto. – E eu sinceramente odiaria fazer um cruzeiro. Agora, vamos, é aqui.

-Muito engraçado. – disse Ginny carrancuda olhando para baixo, onde apenas se via o mar denso – não vejo nenhum navio aqui, e alem do mais, se você não sabe, este porto esta desativado para viagens internacionais ha anos.

-Não é um porto para trouxas. – Hermione suspirou, cansada – vamos, pule.

-Você só pode estar maluca! – Reclamou a ruiva, tentando se afastar da beira do píer.

-Está bem então. – Hermione agarrou seu braço, e sem que a outra pudesse protelar, pulou no mar, a arrastando junto.

Ginny ia começar a gritar com a outra, mas ao ver que realmente estava em terra firme, perdeu a fala. Olhou para os lados analisando tudo atentamente. Qualquer um que caísse ali, diria que era como um metro, só que freqüentado por pessoas muito excêntricas.

-Venha. – Hermione fez sinal para que a outra a seguisse. Ginny observou enquanto a morena trocava moedas estranhas por duas passagens. – o nosso sai em quinze minutos. – anunciou olhando o relógio. – melhor nos apressarmos.

Ginny ia logo atrás, torcendo o pescoço para observar as estranhas pessoas que passavam por elas, e as lojas que havia ali, venda de poções, mascotes raros, uma loja de artigos para quadribol (o que quer que fosse aquilo), e tantas outras que não teve tempo de ver.

-É aqui. – Hermione indicou uma porta para que Ginny entrasse. Assim que as duas entraram e a porta se fechou. Sentiram uma enorme pressão nos ouvidos, e a sensação de estarem descendo.

A porta se abriu novamente e as duas saíram o mais rapidamente que puderam para entrar em um corredor muito mais arrumado. A porta atrás delas se fechou, e Ginny pode sentir poucos minutos depois que estavam em movimento.

Seguiram pela tapeçaria vermelha até a cabine que haviam comprado.

-Não recomendo que abra a janela. Da ultima vez quase vomitei. A água passa muito rápido por nós. – Disse Hermione se acomodando em sua poltrona, enquanto Ginny olhava em volta ainda parecendo assustada.

-Estamos viajando de submarino? – perguntou a outra se sentando também.

-Mais ou menos isso. – Hermione se inclinou levemente, como se para contar um segredo à ruiva – trouxe a caixa?

-Aqui esta. – Ginny pegou de dentro da sua bolsa a caixa de que Tom havia falado, e que Hermione insistira tanto para que pudesse ver. – Já te disse que não adianta tentar, a caixa simplesmente não abre.

-Porque você não tem uma destas, minha cara. – disse Hermione puxando sua varinha. Fez um movimento longo, e Ginny observou boquiaberta a caixa se abrir. – estava fechada por magia, por isso vocês não conseguiram abrir.

-Mas quem poderia ter feito mágica em uma coisa minha? – perguntou a ruiva, olhando para a caixa estranhamente.

-Você. – revelou Hermione, depois de alguns segundos de silencio.

Ginny a olhou descrente.

-Eu não sou uma bruxa.– falou com insegurança. - Saberia se fosse.

-Acha que foi coincidência saber os números dos dados no cassino como Tom contou? Ou explodir as coisas quando sente raiva descontrolada? – Hermione balançou a cabeça tristemente - Você não sabe quem é de verdade.

-Como se você soubesse. – a ruiva falou com cinismo e irritação. Detestava ter as coisas fora de seu controle, e aquilo tudo estava deixando-a cada vez mais confusa e amedrontada.

-Eu sei. – Hermione puxou a tampa da caixa e pegou a varinha que tantas vezes vira Ginny usar – Você é Ginevra Weasley, - esticou a mão fazendo a ruiva pegar sua varinha – uma bruxa de família tradicional, ex-estudante de Hogwarts, a única filha dos Weasley que sempre foi protegida por seus seis irmãos mais velhos.

Ginny emudeceu. Seus olhos transmitindo toda sua descrença, e ao mesmo tempo sentindo seu estomago se desfazer.

Um ano tentando adivinhar quem era, fantasiando sobre seu passado, e logo agora, que tudo na sua vida começava a ir bem, sentia-se tão perdida quanto em Las Vegas, quando despertara de seus delírios sem nenhuma lembrança do passado.

-Eu não sei o que te aconteceu, Ginny – disse Hermione pela primeira vez com a voz embargada – mas nós vamos descobrir. Por um ano todos te procuraram. Até o Ministério encerrar o caso te dando como morta. – Hermione puxou um jornal de dentro da bolsa onde o rosto de Ginny aparecia sorrindo e então mostrando a língua - Todos já tinham perdido as esperanças de te encontrar...

A ruiva abaixou a cabeça perturbada. Sentia como se fosse explodir com tantas informações. Olhou o nome da matéria do jornal que agora segurava, seu rosto na foto sorrindo para ela embaixo dos dizeres: "Ministério encerra busca de Ginevra Weasley".

-Por favor, pare. – Encarou Hermione, tentando segurar o bolo de sentimentos que estavam escapando em forma de lagrimas por seus olhos. Devolveu-lhe o jornal tremula. – Acho que você já me disse muitas coisas por hoje. Preciso descansar um pouco.

Virou-se em sua poltrona e fechou os olhos, tentando ter qualquer lembrança. Qualquer coisa. Nada lhe vinha a mente, a não ser o rosto de Luke.

Fingiu que estava dormindo. Não queria ter que conversar, não queria ter que saber mais nada sobre seu passado. Estava perturbada demais.


Remo Lupin olhou o relógio pela terceira vez em menos de cinco minutos. Estava inquieto. Sabia que toda vez que era convocado por Harry, Rony ou Hermione para uma reunião de emergência, havia uma bomba por vir.

Conhecia os três bem o suficiente para saber que sempre havia uma surpresinha por trás de cada ato inexplicável.

-Que bom que você pode vir! – a figura de Hermione surgiu ao seu lado parecendo ainda mais cansada e tensa do que de costume.

-É bom que seja algo importante mesmo Hermione. – disse ele aflito – não foi fácil despistar o pessoal em Hogwarts. Estamos com trabalho dobrado.

-Juro que é uma coisa muito importante Remo. Precisamos ir a algum lugar seguro.

-Achei que você estava hospedada aqui. – ele olhou em volta examinando o local curiosamente.

-Sim, tenho um quarto aqui, mas não podemos ir para lá. Está ocupado...

-Hermione, se isso for a respeito do seu casamento, Christopher já esteve falando comigo e eu realmente acho que não devo me meter... – começou Lupin, nervoso.

-Não tem nada a ver com o meu casamento. – Foi a vez dela se irritar. Porque todos sempre falavam disso? - Venha aqui, vamos nos sentar mais afastado.

Acomodaram-se no lugar mais afastado no bar do hotel em que Hermione havia arrumado um quarto para que pudesse deixar Ginny. Em sua casa Christopher com certeza iria ficar atormentando a moça, e isso era tudo que a ruiva não precisava no momento.

-Eu encontrei a Ginny, Remo. – disse muito séria. - Não tinha outra pessoa a quem recorrer, e tenho certeza que você é o mais indicado para me ajudar.

Remo suspirou longamente.

-Hermione, sei que ela era sua melhor amiga. Acredite, também fique assim depois que o Tiago se foi, e depois o Sirius, mas vai passar... – ele disse olhando-a de maneira compreensiva. – pelo menos melhora.

-Não. Remo me escute! Ela está aqui. – insistiu a morena, olhando-o seriamente, com urgência na voz. – E eu tenho uma longa história para te contar.


N/A: E Ginny esta na Inglaterra finalmente! E agora já sabe que é uma bruxa, e que tem uma família que procurava por ela, mas como vai reagir quando conhece-los?

Qual o plano de Lupin e Hermione para recuperar Luke das mãos dos Comensais, agora?

Ainda muitas coisas por vir!

Desculpem se o capitulo esta pequeno, mas não tive muito tempo!

Amanha vou tentar coloca o outro!


Muito obrigada pelas reviews, e continuem mandando, heim!

Beijos a todos!