Capítulo III - Seis Dias.
No dia seguinte acordou bem cedo e isso não era uma coisa normal. Sempre era a última do dormitório a acordar, muitas vezes tinha que ser sacudida por Hermione ou alguma outra menina. Mas dessa vez acordou antes que todas. Tomou banho e vestiu-se com o uniforme de Hogwarts. Não entendia por quê tinha que ir às aulas morreria em seis dias mesmo. Obedeceu às ordens de Dumbledore, afinal não desafiaria assim o mestre.
Desceu para o café da manhã e a única pessoa que lá também estava era Draco Malfoy. Percebeu que o dia não seria muito bom, já que a primeira pessoa que via era ele. Mesmo assim, seguiu para a mesa da Grifinória e lá fez sua refeição. Logo depois foi para a Ala Hospitalar, segundo ordens médicas, teria que tomar a poção para o coração todo dia. Ela sempre se perguntava o porquê, visto que seu caso era sem solução.
Mas foi na aula de Poções que começou a sentir os primeiros sintomas da sua doença. Estava quase dormindo, olhando para Snape, quando uma pontada forte tomou conta de seu peito, impedindo-a de respirar. Ajeitou-se na cadeira e tentou respirar fundo, mas cada vez que tentava puxar o ar, a pontada aumentava. Não morreria em seis dias coisa nenhuma, ia morrer naquele minuto e já podia dizer que estava odiando. Sempre pensou que a morte fosse indolor, mas agora constatava que não era coisíssima nenhuma. Tentava encontrar um pouco de ar, mas não conseguia, então sem agüentar mais começou a chorar. O professor percebeu que Ginny sentia-se mal e rapidamente pegou um frasco que estava no bolso de suas vestes e deu um pouco à garota. Lentamente, a dor foi passando e tudo melhorou em poucos minutos. Olhou para Snape em forma de agradecimento, mas tudo o que o homem disse foi:
"E quinze pontos a menos para a Grifinória por ter atrapalhado minha aula."
Quase que morrera e ainda perdia pontos? O dia não podia ficar pior.
Mas é como dizem: "Se está pior, calma, que depois piora". Assim que saiu das masmorras deu de cara com Rony.
"Oi, Rony. Tudo bem?"- disse sorrindo para o irmão.
O garoto fingiu que Ginny era apenas mais uma parede e sem dar ouvidos ao que ela dizia, foi embora.
Seguiu para fora do castelo e sentou-se em um lugar qualquer do jardim. Não se importava com os professores brigando com ela por estar fora de sala, queria apenas descansar. Afinal não é todo dia que "quase se morre".
Sentou-se no gramado do jardim e fitou um ponto qualquer da paisagem. Sentia-se muito mal. Percebia que por onde passava as pessoas a olhavam de maneira reprovadora. Certamente, a achavam uma covarde por ter tentado suicídio. Até seu irmão a desprezara por isso, por que os outros não fariam o mesmo?
Então, sem algum motivo determinado, pôs-se a chorar, como não fazia desde que era muito pequena e um dos seus irmãos a chamavam de "baixinha" ou de "foguinho".Abraçou as pernas numa tentativa de sentir-se mais protegida. Deixou o pranto lavar seu rosto e sua alma, até que depois de muito tempo parou de chorar, estava sentindo-se um pouco melhor. Levantou o rosto, que antes estava escondido pelos seus braços e viu um par de olhos acinzentados fitando-a com atenção. E pela a segunda vez naquele dia quase morrera, mas agora de susto.
"Ah, Malfoy. O que você está fazendo aqui?"- disse com uma mão no peito.
"Nada."
"Nada? E por que me olhava?"
"Por nada, Weasley, já disse."
Os dois ficaram calados por alguns minutos, até Draco voltar a falar:
"Então, eu soube que hoje de manhã você sentiu-se mal na aula do Snape."
"Por quem você soube?"
"Ah, Weasley, é o assunto de hoje da Escola."
"Será que nem morrer em paz eu posso?"
"Por mim tudo bem, não vai fazer falta mesmo."
"Eu sei, Malfoy. Aliás, não é só para você."- disse tentando segurar as lágrimas- "Até meu irmão acha isso. Não sei por que me socorreram naquele dia."
"Eu também não sei."- disse Draco
"O quê?"
"Porque me socorreram no dia que eu tentei suicídio."- disse o garoto abaixando a cabeça.
Por um minuto Ginny esqueceu que fez o mesmo e disse a Malfoy:
"Por que você fez isso?"
"Não vou dizer a você, Weasley. Mas saiba que não foi por uma idiotice como a sua. Eu tive motivos e ainda os tenho."
"Então não me dê a boa notícia que você vai tentar de novo?"- disse Ginny com sarcasmo.
"Não. Eu não sou igual a você, Weasley. Eu sei muito bem que naquele dia no Hospital você estava atrás de algo para tentar de novo. Tudo é em vão, Weasley. Agora não teremos paz. Se você olhar para o alto da Torre de Astronomia vai perceber que tem alguém nos vigiando. Eles estão em todos os cantos, se duvidar até nos nossos dormitórios."
A garota olhou para a Torre e pôde ver que alguém os olhava lá de cima.
"Então é isso? Agora somos prisioneiros?"
"Exatamente."
Os dois calaram-se novamente durante muito tempo, até Draco voltar a falar:
"Está na hora da sessão de terapia. Você vem?"- disse Draco estendendo a mão para Ginny levantar.
A garota estranhou tal delicadeza vinda de Malfoy, mas aceitou a mão que ele estendia e juntos foram para a Sala Precisa. Chegaram em cima da hora, assim que sentaram-se, o Dr. Timmonhs começou:
"Boa Noite."
"Boa Noite."- responderam os pacientes.
"Hoje vamos começar com a história da Srta.Weasley."
Ginny se assustou em ouvir seu nome, talvez tivesse ouvido errado, até que o médico repetiu e ela, de muito mau gosto, começou:
"Bem, todos sabem que meu nome é Ginevra Weasley."
"Ginevra, por favor..."- disse o médico.
"Tudo bem. Meu nome é Ginevra Weasley, tenho 16 anos e tentei o suicídio, mas infelizmente, vocês podem perceber que eu não morri. Mas isso é só por enquanto, porque em seis dias vou morrer e não vou ter que ver o rosto de vocês me recriminando, nem ouvindo os cochichos cada vez que eu passo num corredor."- disse sentando-se logo em seguida.
Todos ficaram calados, inclusive o médico que só se recuperou minutos depois, quando conseguiu dizer:
"E por que a Srta. fez isso?"
"Bem, porque a vida é um saco!"
"Só por isso?"
"Sim. Olha Dr. Eu pensei que podia agüentar toda essa baboseira, mas não vou, ok? Prazer em conhece-lo e até mais."- e saiu sem dizer mais nada.
Estava cansada de tanta besteira. Morreria, mas com dignidade, por Merlim! Não ia passar a última semana da sua vida agüentando aquele médico idiota. Voltou para a Grifinória e assim que entrou no Salão Principal todos a olhavam cheios de curiosidade ou nojo. A garota os ignorou e seguiu para seu dormitório. Lá encontrou uma coruja esperando-a, com uma carta no bico. Pegou o pergaminho e abriu a carta, já devia imaginar que seria de Dumbledore.
"Srta. Weasley,
Pensei que tínhamos um trato. Espero que compareça amanhã, na mesma hora, à Sala Precisa e que isso tudo não tenha passado de um engano.
Alvo Dumbledore."
Odiava-se por ser incapaz de desobedecer a uma ordem de Dumbledore. Teria que voltar amanhã e ver a cara do médico novamente. Mas não entendia o porquê de ser obrigada a freqüentar aquela sessão. Ia morrer em poucos dias, do que serviria os conselhos daquele médico? De nada! Serviria para Draco, já que ele não ficou com nenhuma seqüela (pelo menos ela não sabia).
Vestiu a camisola e resolveu se deitar. Não faria as tarefas, até porque nem sabia quais eram, visto que faltou as aulas. Para quê fazer tarefas? Deitou-se e sem pensar em mais nada adormeceu logo em seguida.
O.O. O.O. O.O. O.O. O.O. O.O. O.O. O.O. O.O. O.O. O.O. O.O. O.O. O.O. O.O.
Nota da Autora: Gente, to decadente...hehehehe...ta ruim esse capítulo...estava com uma idéia, mas esqueci...Mesmo assim obg p/ quem comenta... Beijos e até mais!
Manu Black
