- Ainda acho você escandalosa... Depois de tanto tempo...- eu sorri, olhando-a voltar a vestir alguma roupa para dormir.

- Você deveria ter uma namorada muda na adolescência... - ela me beija antes de virar para dormir.

- Você nem imagina...- eu ainda dei um beijo na orelha dela antes de apagar a luz.

Acordei e vi que faltavam dez minutos pra tocar o alarme do meu despertador. Já eram quase oito horas e eu tinha ainda duas horinhas pra fazer tudo o que devia essa manha. Deixo-o dormindo e me levanto da cama vestido um moletom por cima do que vestia. Abro a porta do quarto e vou atrás de ver se Lauren já havia acordado. Passo pelo corredor e avisto sua porta aberta. Aberta? Eu tenho certeza de que havia fechado isso ontem antes de dormir..

- Bom dia mãe.. – Julie estava sentada próxima ao berço segurando um livro em suas mãos.

- Bom dia.. – me aproximo delas vendo que Lauren também estava acordada em seu berço – há quanto tempo você esta acordada?

- Pouco tempo.. – ela não desvia o olhar do livro – vi que vocês ainda estava dormindo e vim ler um pouco pra Lory..

- Ler? – eu me sento ao seu lado vendo um livro de imagens – depois você lê pra mim?

- Você sabe ler mãe.. – eu larguei o livro e a encarei – ela não..

Mamãe ficou sorrindo pra mim. eu queria perguntar a ela umas coisas mas era melhor que o papai acordasse também pra eles juntos poderem explicar tudo melhor.

- Papai ainda ta dormindo? – perguntei me levantando da cadeira e indo ate a porta do quarto.

- Uhum- ela logo foi pegando Lory- tá com fome, bebê?- aproveitei que ela se distraiu com minha irmã e fui pro quarto deles, coletar mais dados.

- Pai?- escuto a pequenininha entrando no quarto. É nessas horas que agradeço a Abby por ser tão "cuidadosa" e deixar a porta aberta.

- Fala, princesa- ela sobe na cama, mas tudo estava sob controle. Afinal, pra que servem os lençóis?

- Dormiu bem?- ela me encarava duro com aqueles olhinhos brilhantes.

Vejo-a acenar e no mesmo instante deitar sobre onde Abby dormia. Eu virei de lado, ainda me cobrindo e vi ela encarar o teto. Aquele rostinho não me enganava. Tinha alguma coisa ali!

- Que houve, filha?- eu sei que tinha alguma coisa.

- Nada-eu ouço Julie respondendo ao pai, assim que entro no quarto, ainda com Lory no colo.

- Nada o que?- eu queria saber o que estava acontecendo naquele quarto.

Julie pula na cama e senta se encolhendo no canto. Ai tem, tem muita coisa. Olho pra John e percebo que ele ainda estava como eu o deixei quando sai do quarto. Sentei na cama e coloquei Lauren perto na cama. Logo ela foi engatilhando pro meio de Julie e John e ficou puxando o lençol que o cobria.

- Quer dizer.. – Julie cortou o silencio e tornou a falar – tem uma coisa sim... mas.. eu não sei se posso perguntar..

- Porque não? – eu cortei aquela duvida. Oras.. nós estávamos aqui pra isso mesmo.. tirar todas as suas duvidas – você sabe que pode perguntar tudo o que quiser..

Bom.. já que a mamãe que afirmou isso eu não tinha que ter medo em perguntar nada.. eu só não sei se eles iam entender bem a minha duvida.

- É que... – eu olhei ao redor do quarto e procurei alguma resposta para o que eu queria saber – eu ontem, tava vindo dar um beijo em vocês.. e ouvi umas coisas..

- Ouviu? - eu senti que o papai não estava esperando uma pergunta dessas. Olhei pra mamãe e ela tinha ficado pálida. Xi.. o que será que eles estavam escondendo?

- É...- eu não sabia muito bem como falar. Não sei se era algo errado ou normal, mas realmente, era algo estranho.

- Exatamente o que você ouviu, Julie?- eu estava quase em choque. E via que Abby já tinha passado por todas as cores do arco-íris

- Ah...- quanto mais ela enrolava, mais amedrontado eu ficava.

- Fala Julie!- eu ouço Abby explodir. Se eu bem conhecesse a mulher que tinha, se Julie falasse algo do que eu estava esperando que ela falasse, eu iria ficar de "castigo" por um bom tempo. Ela sempre achava que a culpa era minha em situações como essas.

Nervosa, louca da vida, anciosa, com medo do que a minha própria filha tinha a dizer. Meu coração quase saltava pela boca. Eu passei por isso na infância, e de maneira alguma gostaria que a minha própria filha passasse por algo similar. Eu pedi a tudo que ela não falasse o que eu temia e prometi que se ela falasse que tinha escutado um gato miar, eu nunca mais fazia sexo na minha vida!

- Eu ouvi.. – para o meu desespero ela começou a falar pausadamente – que vocês falaram que eu não podia ouvir.. – ate ai eu respirei aliviada. Era isso.. ainda bem que ela so ouviu isso – e que.. – o que! Ainda tinha um porem? – há.. – ela encara as mãos e eu encaro ele sem saber o que fazer – ouvi coisas muito estranhas..

- O que era estranho?... – John incentivou para que ela parasse de enrolar.

- Sei la.. – ela mexeu os ombros – uns barulhos... estranhos.. – eu me controlei pra não rir nesse momento. Imagine uma criança de 6 anos ouvindo isso? Vai imaginar de tudo e não vai chegar a conclusão alguma – tipo.. hum.. ai... parecia que vocês tavam sentindo muita dor..

- Dor? - papai me encarou com uma "cara" que só vendo. Será que eu tinha ouvido tudo errado?

- Não sei. Algo parecido com o que Lory faz quando mama..- será que eu tava me expressando mal, porque a expressão deles só piorava!

- Julie, se explique melhor...- eles estavam mais nervosos do que eu pensei que poderiam ficar.

- Não sei, mãe!- e assim, me deixavam nervosos também. É ruim falar de algo que você não sabe.

- Você viu alguma coisa, filha?- eu precisava me certificar de que não era tão grave.

- Não, pai - eu me tranqüilizei 50, mas o mesmo não acontecia com Abby definitivamente.

- E então...- eu precisava saber, e mais do que tudo, fazer Abby perceber que nada demais tinha acontecido...Ou eu estaria perdido.

- Não sei pai!- acho que era muita pressão da cabecinha dela- afinal, o que vocês estavam fazendo?

- Fazendo? - eu ainda tentei ganhar alguns segundos pra pensar em uma resposta conviencente. - Oras.. - eu olhei pra John que ao inves de me ajudar foi se "distrair" com Lory - nós não estvamoas fazendo nada demais...

- Era massagem.. - ele de repente falou e Julie se virou completamente para encara-lo.

A cara dela passou por todas as feiçoes. Sera que essa desculpa tinha colado?

- Ahhhh - ela finalmente sorriu e eu fiz o mesmo me sentindo aliviada - então pai.. - ela começou a escalar pra cima dele e eu lembrei que ele ainda nao havia se trocado. - porque voce nunca fez em mim?

- Ele depois faz, amor... - eu tratei de me levantar da cama pra tira-la dali - vamos dar um banho em Lory? Você vem me ajudar?

Prontamente ela pulou da cama e eu me aproximei pegando Lauren dos braços de John.

- Massagem ne? - falei baixinho para que Julie nao ouvisse.

- De certa forma.. - ele sorriu e me deu um beijo. - Vê se nao demora.. você tem plantao jaja...

Plantão? Pois é. Nessa confusão tinha até me esquecido. Fui para o quarto de Lory e Julie ficou só nos olhando. Eu sabia que ajudar, ela não ia mesmo, mas pelo menos não me fez mais nenhuma pergunta.