Eu até podia colocá-la numa outra situação, mas quis poupá-la. A situação lá do quarto já tinha sido o suficiente pra me vingar da curiosidade que havia passado na noite anterior. Mesmo não tendo acreditado muito naquela coisa de "massagem", melhor deixar assim...Pelo menos por enquanto.

Olho aquela cena e pego a toalha quando mamãe me pede. Logo ela estava trocando Lory e eu queria é saber quando iria rolar o meu passeio.

- Volto já.. - saio do quarto e vou atrás de meu pai. Eu tinha que relembrá-lo do que ele me prometeu. Bati na porta do quarto e não ouvi nenhuma resposta. Bati de novo e nada. Acho que não tem problema se eu entrar.

- Pai? - eu falo abrindo a porta - você tá ai!

- No banheiro.. - eu sigo a sua voz e coloco meu rosto na porta do banheiro.

- Que foi? - eu pergunto deixando o barbeador de lado vendo-a envergonhada na porta do banheiro.

- Tava vendo se você tava vestido... - ela foi andando pelo banheiro e se aproximou da pia observando os meus movimentos.

- Tem medo de me ver nu? - enquanto ia conversando com ela conferia no espelho se não havia faltava nada pra tirar.

- Não.. - ela fala firmemente enquanto eu ja estava lavando o meu rosto - Pai... - ela tornou a falar - e o nosso passeio? Onde nós vamos?

Passeio? Mas do que ela estava falando? Eu já ia interrogar quando me lembrei da promessa feita, diante da "necessidade" de ontem.

- Ah!- eu sorri, antes que ela percebesse meu esquecimento- aonde você quer ir?

- Não sei...- ela encolhe os ombros- pensei que você soubesse- eu sorri a carinha de anjo dela.

- Sou todo seu, hoje- ouço Carter dizendo no banheiro, quando entro no quarto pra me trocar pra ir trabalhar.

Pego uma roupa no armário e encaro o relógio, vendo o meu horário já apertado. Nem um banho poderia tomar. Coloquei a roupa rapidamente, indo até o banheiro pra deixar as instruções com o "homem da família" pra enquanto eu estivesse fora.

- Ei- eu o vejo quase pronto e Julie sentada na pia, conversando com ele animadamente.

- Oi- eu ouço papai respondendo a mamãe, quando ele a enxerga.

- Se os senhores me derem licença, eu preciso terminar de me arrumar.. – ela já foi entrando no banheiro, jogando-o de lado e pegando sua escova de dentes.

- Cadê a educação que eu te dei Abby? – papai não saiu do banheiro e eu permaneci na minha, caladinha, assistindo a cena.

- Você sabe perfeitamente onde eu a enfiei.. – ela cospe a pasta na pia e o papai ri dela. Será que aquilo foi uma piada?

- Olha a boca suja... – ele a abraçou por trás – vou ter que lavar sua boca com sabão..

- Ixe.. – eu falei vendo-os perceberem minha presença – papai já vai fazer massagem na mamãe?

Eu olhei pra Abby e não sabia se ria ou fazia a mesma cara de drama que ela estava fazendo. Será que ela agora ia inventar de insistir nesse assunto de massagem pra qualquer coisa que a gente viesse fazer?

- Vou me atrasar assim... – Abby mudou totalmente o assunto e pegou um perfume borrifando um pouco em seu corpo. Ficamos olhando ela se arrumar enquanto eu pensava em um bom lugar para levar essa menininha...Agora ela tinha me pegado...

Tratei de ficar prontinha e os dois bobões me olhavam de cima a baixo. Eu teria que correr e com alguma sorte sair de casa antes que Lory começasse a chorar. Parece que toda vez que eu não queria trabalhar, ela chorava bem na hora em que eu estava saindo, pra dificultar ainda mais a minha partida.

Fui pro quarto, buscando a minha bolsa. Encontro tudo e me lembro ainda de pegar um casaco antes de descer. O tempo parecia começar a virar, para desespero de Julie, que tinha ganho a promessa de um dia no parque, caso o tempo cooperasse.

Saio de casa depois de me despedir dos três. John era bastante responsável com as meninas, e cá entre nós, lidava com as duas juntas melhor do que eu, mas sei lá.. Eu sempre ficava mal em deixá-las sozinhas com ele.

Assim que a mamãe saiu de casa, papai serviu pra gente um copo de leite e uns biscoitos dizendo que pra onde a gente fosse iríamos comer outra coisa. Comemos rapidamente e subimos as escadas atrás de tomarmos um banho rápido e de nos arrumarmos para sair. Como Lauren já havia tomado banho, papai deixou-a em seu quarto, eu fui ao meu e tratei de me ajeitar rapidinho.

Sai do banho e vesti uma roupa que ele havia deixado em cima da minha cama.

- Vamos Julie... – ouvi sua voz vinda do corredor – estou com medo que esse tempo mude... quero aproveitar pelo menos um pouco da manhã lá...

- Calma pai... – eu gritei tentando me apressar. – eu não consigo me vestir rápido não..

Eu entrei em seu quarto e me deparei com ela toda enrolada pra se vestir. Sorrio a cena e me aproximo sentando na sua cama esperando que ela viesse me pedir ajuda, o que não iria demorar mui..

- Pai! – ela procurava o lado certo de vestir a calça - Ajuda aqui!

Termino de trocá-la e ainda pensava onde iria levar essas duas. Todas as minhas idéias originais deviam ter ido para o ralo com a água do banho. Ela me encarava sorrindo, como se soubesse que eu não sabia o que fazer.

- Que tal um sorvetinho?- ela riu, me comprando pela necessidade. Será que não teria uma idéia na qual Abby fosse me bater menos?

- Pô, Julie- eu fui indo pro quarto de Lory- assim você mata o papai, né?- ela sorriu, como se fosse exatamente essa a reação esperada.

Peguei a menor no colo e, na sala, peguei tudo que precisaríamos para um simples sorvete.

Chego no County no horário pela primeira vez em um mês. O movimento normal me deixava satisfeita.

Olhei em volta e passei a trabalhar depois de deixar as coisas no meu armário. Fechei a porta dele e encarei a plaquinha no armário ao meu lado "Dr. Carter". Eu sabia o segredo, mas pra que olhar? Sabia o que tinha dentro...

Não foi a falta do que fazer que me levou a abri-lo. Mas as coisas parecem ser feitas mesmo. Quando eu iria imaginar que encontraria isso aqui?

- A gente só vai tomar sorvete? – eu pergunto assim que descemos do carro e nos encaminhamos pra dentro da sorveteria.

- O que mais você quer fazer? – opa! Hoje ele tava topando tudo o que eu queria. O que será que tinha acontecido?

- Ah.. – eu pensava enquanto estávamos na fila do caixa pra comprar – eu tava pensando em sair por ai.. comprar umas coisas..

- Pode ser.. mas, comprar o que? – ele diz segurando minha mão e me puxando pra onde a gente pedia as coisas.

- Não sei.. – ela sorri pegando o sorvete e indo a mesa. – lá nós vemos isso..

Peguei também o sorvete que havia pedido e me sento a mesa com Lauren no meu colo. Se eu conseguisse tomar isso segurando um bebê eu seria um gênio.

- Quero mais cobertura.. – Julie se levanta da mesa e vai ate o balcão tentar por mais cobertura no sorvete.

- Ow... – eu ouço uma voz vinda por trás de mim – que bebê mais linda.. – eu olho pro lado e percebo uma mulher que nunca vi na minha vida puxando uma cadeira e sentando ao meu lado – quantos meses ela tem?

Eu sorrio cordialmente tentando ser agradável ao máximo. Abby, particularmente, odiava quando as pessoas vinham "babar" nas nossas bonequinhas. Eu sempre tinha que fazer média, porque já sabia que ela seria uma grossa.

- Dez meses...- eu falo e ela se aproxima mais, pegando no pezinho de Lauren, que, puxando a mãe, parecia não gostar muito do assédio também.

- Que coisa mais linda...- eu olho Julie voltando a mesa. A cara não era das melhores.

- Quem é pai?- Julie atropela a conversa da mulher sem mais nem menos.

- Oh, mais uma?- a tal mulher parece encantada. E o pior era que todo esse encantamento só a fazia chegar mais perto de mim.

- É- eu respondo sem graça- Julie essa aqui é a..- eu paro um pouco até que ela toma a iniciativa de se apresentar.

- Rebecca- ela sorri a Julie que dá a mãozinha a ela- você se importa se eu segurá-la?- não, né? Já tava com meia mão na minha filha. Não ia deixar ela com a mão voando...

- Imagine..- eu sorrio mais uma vez, passando Lory para ela.No começo ela resmunga um pouco, mas até parece gostar do "novo" colo.

- Qual o nome dela?- ela começa a passa a mão no cabelinhu de Lory.

- Lauren- eu respondo, vendo Julie com a cara mais infeliz do mundo.

- Lindo- ela sorri estranho pra mim- e são só vocês três?- Três? Como assim? Estava escrito "viúvo" na minha testa?

- Não, tem a minha mãe!- Julie toma vida de novo, respondendo com aquela voz que eu já conhecia de outros Carnavais.