Eu me sentei no chão e comecei a brincar sozinha. Por enquanto, isso aqui não estava muito "povoado", mas aos poucos eles iam chegando. Espalhei meus brinquedos no chão, vendo tia Vicky com Lory no colo. Tudo ia bem até que ela começou a chorar. Fiquei atenta pra ver se iam cuidar bem da minha irmãzinha. Sorri ao ver que depois de trocarem a fralda, ela sorriu.

- Tia, deixa ela ficar aqui comigo?- tia Vicky a sentou do meu lado, ficando por trás dela pra que ela não caisse.

- Você gosta de brincar com ela, Julie?- que pergunta mais tonta! Como eu não iria gostar, ela é minha irmãzinha.

- Gosto...- eu respondi, dando uma boneca pra ela, mas ela sempre acabava pondo elas na boca.

- Fique ai que jaja venho te atender.. – indiquei ao sr. Roger que teimava em perambular pelo hospital. – Malik.. – eu indico pra maca – vê se dá um jeito no Roger porque hoje ele está impossível...

Sai daquela muvuca e peguei uns exames pra examinar melhor. Parei por um momento e peguei um dinheiro que estava no meu bolso pra tirar um refrigerante.

- Paga um pra mim! – me aproximo vendo-o lutando com a maquina.

- Se você conseguir.. – ele me entrega o dinheiro e eu calmamente tento coloca-lo na maquina. – por onde você estava?

- Estava fazendo um exame nada agradável... – ele sorri se abaixando pra pegar a lata de refrigerante – e as meninas? Ficaram direitinho?

- Espero que sim.. – olho pro lado e vejo a confusão que estava na triagem. – Bom.. temos que ir...

Ele tomou um gole grande do refrigerante e jogou a lata fora, me seguindo através do corredor.

- Acho que ela quer água.. – falei pra Vick vendo que Lauren não parava de chorar..

Ela foi até a mala de Lory, pegando a mamadeira de água, enchendo até a metade.

- Deixa que eu dou...- peguei a mamadeira da mão dela, colocando na boquinha dela., Ela chupou fundo, acho que estava morta de sede. Quando soltou o bico da mamadeira, eu pus de lado e a levei pra Vicky de novo.

- Acho que agora ela quer nanar- eu sorri e Vicky entendeu. Pegou ela no colo e foi lá pra sala de dentro, onde ficavam os berços e camas.

- Aquela adolescente está me dando mais dor de cabeça do que eu pensei- ouvi Abby dizer pra Susan, enquanto eu ia me aproximando do balcão da recepção.

- Ah, é, por que?- apoiei os braços e quis fazer parte da conversar.

- Imaturidade é foda...- eu sorri com o palavrão. Sempre tão boca suja- vou deixar ela passar meia horinha com as nossas anjinhas pra ela cair na real...

- Nossa, você não costumava ser assim- eu sorri irônico e Susan me piscou - cadê sua paciência com as jovens ingênuas...- no fundo eu sabia que ela estava era brincando. Abby morria de dó.

- A paciencia foi embora com a maternidade...- vi que Susan olhava os relatórios, mas nunca deixando de prestar atenção na nossa conversa.

- Somos duas então..- sorri ao comentário.

- E de ingênuas elas não têm nada... Sabem bem o que tem de fazer...

- Opa! A conversa esquentou...- Susan não se continha nos meus acessos de raiva momentâneos- e falando em conversa quente...- eu arquei as sobrancelhas. Sobre o que ela iria falar que nos dissesse a respeito- tudo confirmado hoje lá em casa?- claro, tudo a ver.

- Vão desligar o ar condicionado? – eu ia falar algo mas Carter me cortou. Adorava quando ele me vinha com piada sem graça. Nós olhamos a ele dos pés a cabeça. – Vai fazer calor.. – ele implementou a piada. Eu troquei um olhar com Susan e peguei uma ficha.

- Vou voltar a trabalhar que tem mais futuro..

- Isso ta um tédio.. – guardei um brinquedo e olhei pro relógio tentando adivinha a hora – se eu pelo menos soubesse saber que horas são...

Andei pela sala e fui atrás da minha irmã. Se eu pudesse ia era lá pra baixo ver meus pais em ação. Eles são os melhores médicos desse hospital e do mundo.

- Tia.. – me aproximei de uma enfermeira – que horas são hein?

- Essa hora não passa mesmo – olhei pro relógio depois de jogar as luvas no lixo. Penso em dar uma escapadinha pra ver minhas meninas, mas eu sei que Julie iria começar a perturbar pra ir embora e ai já viu. Sentei do lado de fora do hospital e comecei a tomar um pouco de café. Já estava anoitecendo, pelo menos isso era um bom sinal.

- Vai trabalhar dr. – Abby se aproxima sentando ao meu lado.

- Estou esperando uma ambulância.. – tomo um gole de café e o entrego a ela.

- Daria minha vida por um cigarro.. – falo depois de terminar seu café.

Hoje é ele quem me olha com "aquela cara". Eu sei que prometi, parei mas sempre dava aquela vontade, principalmente em horas de espera com essas.

- Nem adianta começar...- ele vira o rosto, encarando a rua. Eu faço um careta por de trás dele, o que o faz virar pra mim instantaneamente.

- Eu vi isso, sabia?- ele mostra a língua pra mim e eu me aproximo bem dele, mordendo-a.

- Ai ai...- lá vinha o chorão- isso dói, sabia? Ele me olhou de canto de olho e eu fui agradá-lo pra me redimir.

- Quer que eu de um ponto na linguinha?- eu fiz o melodrama que ele queria.

- Vai te catar, Abby- ele cruzou os braços, percebendo o som da sirene da ambulância ao longe.

- Oh, bebê...Não fica bravo...- eu beijei o rosto dele. Vi que a ambulância tinha chego, e fomos pegar o paciente.

Aquilo estava definitivamente um "sa-co". E olha que eu ainda nem sei separar sílabas. Olhei em volta, ninguém. Tia Vicky conversava com as outras moças, uma delas no telefone.

Os bebês, a maioria, dormindo e só um garoto isolado na sala. Eu não agüentava mais. Se eu fosse pedir informações, diria "mamãe chega a hora que o ponteiro grande chegar aqui". O único problema, que ninguém entendia, é que aqueles ponteiros malditos não se mexiam!

Olhei mais uma vez, e as vi distraídas. Será que eu faria muito mal em dar uma voltinha?

- Dez minutos.. – olhei pro relógio que ficava na recepção.

- Dez minutos pra que? – uma nova residente do hospital pergunta me tirando do transe que eu estava.

- Pra ir embora.. – ela sorri se aproximando de mim e coloca o que estava carregando no balcão.

- Realmente, tem dia que eu também fico contando as horas.. e olha que eu ainda sou residente...

De longe, no meio de uma conversa com a ultima paciente vejo Carter conversando animadamente com a nova residente. O que será que eles estavam falando?

- Volto já e venho lhe dar sua alta.. – indiquei a paciente e sai da sala indo ate onde ele estava. – Qual a piada? – pergunto vendo-o com um sorriso enorme em direção da tal criatura.

- A do ar condicionado! – ele continua com o sorriso no rosto e eu já sinto que não vou gostar muito daquela medica. – Deixe de besteira viu? – ele nem espera que eu pense bobagem e me puxa pra um abraço.

- Opa.. vamos, trabalhando.. aqui não é lugar pra namorico não – Susan passa rindo por nós agarrada com sua bolsa.

- A chefe foi embora.. – eu espero Susan sair pra não ser pega no "flagra". – Vou aproveitar e pegar as meninas... Julie já deve estar pra bater a cabeça na parede de tanta espera.

Dou mais uma olhada, e niguém me via ali. Eu queria saber onde estava a mamãe. Será que estava com papai? E tia Susan? Eu queria perguntar do Cosmo... Abri a porta em silêncio, olhando pros dois lados do corredor Que dúvida! Será que eles iam ficar bravos?

Vejo de logo passar os casos pra Neela e Luka que começavam seus plantões naquele instante para acompanhá-la. Vou pelas escadas e ainda consigo chegar mais rápido do que ela.

- Ganhei- eu a abraço e vamos andando juntos pra dentro da creche. Entramos e não vimos Julie brincando. Olho pra frente e vejo as moças conversando desapercebidas, sem nem notarem nossa presença.

- Ei - eu chamo a atenção, fazendo com que Vicky virasse pra nos olhar. Vejo que os olhos dela também percorrem a sala, notando falta da minha filha.

- Cadê ela?- Abby já pergunta com um tom meio alterado. Será que esse negócio de "intuição de mãe" funcionava mesmo?

- Estava aqui agora mesmo- ela dá uma olhada, e entra no quarto dos berço. Vai ver era isso. Julie estava com Lory.

- Ela não esta aqui.. – Abby se aproximou do berço de Lauren pegando-a nos braços. – Onde diabos vocês enfiaram minha filha!

- Calma Abby.. – eu me aproximo dela antes que ela se exaltasse demais. Julie era pra estar aqui, nos iríamos achá-la, eu espero.

- Calma? – eu me viro já sem saber o que fazer ou pensar – você me pede pra ficar calma quando nossa filha ta lá não sei onde fazendo lá não sei o que?

- Sra. – Vick nos interrompeu – ela deve estar brincando de esconde esconde.. ou algo do gênero..

- E se ela não tiver? – me virei encarando-a – que responsáveis vocês são, parabéns, nota dez pra todo mundo..

Saio chutando o que vejo pela frente. John me segue mas não antes de falar alguma coisa pra aquelas pessoas. Eu devia era processá-las. Mas, quem sabe ela ainda não teria saído do hospital. Ainda teria uma chance de alcançá-la.

- Essa é a voz da mamãe? – pensei assim que estava pra descer de escadas – será que ela já veio me pegar? Fui voltando onde estava para ir logo pra casa da tia.

Abro a porta, vendo que eles estavam todos lá. Todos conversando, animados, mamãe já gritavava...ops...acho que...

- Julie!- ela grita assim que me ve entrando - onde foi que você se meteu, menina?- ela veio e me abraçou forte.

- Fui até o corredor pra ver se achava vocês, mãe- ela dizia como se fosse a coisa mais normal do mundo. Abby estava totalmente aliviada, mas eu sei que as meninas não voltariam tão cedo pra cá.

- Vamos embora- ela disse e eu fui lá dentro pegar Lory, mas Vicky já a trazia nos braços.

- Obrigada- eu fui ao menos educado.

- Desculpe, Dr., eu realmente não percebi. Isso não vai acontecer de novo...- ela tentava se justificar, mas Abby não dava ouvidos. Tinha até pego Julie no colo, coisa que não fazia há tempos, e ia saindo. Agora era a minha vez de pegar filho, bolsa e mamadeira e ninguém me ajudar.

- Que absurdso, viu!- ela continuava resmungando quando chegamos no carro. Eu sorri a ela e finalmente ela parece esquecer daquilo. Não tinha remédio. era só agradecer por não ter acontecido nada demais.

- Vamos passar em casa?- eu disse, constatando minha dor de cabeça. Se eu pudesse falaria com Susan e adiaria o nosso encontro familiar.

- Mas mãe, você disse que a gente ia direto...- Julie já dava o contra.

- Quero tomar banho, Julie...

- Ah não.. – eu já estava imaginando o que viria – você vai chegar em casa e não vai querer mais ir.. toma banho mais tarde mãe..

Mamãe se virou e ficou me olhando. Eu sabia que ela tava cansada, mas poxa, ela prometeu.. eu passei o dia sonhando com isso e agora ela me diz que vamos pra casa? Mas não vamos mesmo. Tratei de fazer aquela carinha que não tinha jeito.

- Mas Julie.. – mamãe ia falar algo e eu não pude evitar de deixar uma lagrima cair.

- Vamos Abby.. – eu a incentivei vendo Julie pelo retrovisor – depois eu prometo que faço uma massagem em você..

Ops. So depois de falar esqueci do duplo sentido da mensagem.

- Massagem de massagem.. – eu repito vendo-a sorrir.

- Esta certo Julie.. – ela tornou a se ajeitar no banco – vamos pra Susan..

Chegamos la sem demora. Pegamos todas as nossas tralhas e eu fui na frente, ajudando Julie a apertar a campainha.

- Julie! – Cosmo atende com um sorriso enorme – eu estava pensando em você agora mesmo..

Ela deu um abraço nele e fomos entrando pela casa. John ficava olhando eles se abraçando com aquele sorriso que eu bem conhecia.Era bem parecida com a nossa, o número de quartos era o mesmo, suíte...A única coisa era o jardim um pouco menor, e é lógico, a ausência do membro mais querido da minha família, Carby.

Eu ia com Lory no colo até ver que Chuck estava na cozinha. Se eu bem conhecesse minha amiga, deveria estar ainda no banho.

- Ei- eu chamo a atenção dele, que vira pra nos cumprimentar.Julie e Cosmo já corriam fazendo bagunça pela casa.

- Ela já vem...- ele dizia, ia com a gente até a sala- tomando banho pra variar- eu sorri e sentei ao lado de John no sofá. Começaram a falar do jogo de basquete e eu boiava. Comecei é a prestar mais atenção nas crianças, que brincavam.