O dia mal clareia e eu lá estou eu de pé. Minha ansiedade era enorme e a possibilidade dos meus pais já terem chego só me fazia ficar mais e mais eufórica. Nem vou ao banheiro antes de sair do quarto e descer as escadas.

Um silêncio total na casa. Será que estavam todos dormindo? Vou até a cozinha onde as cozinheiras já estavam preparando o café.

- Minha mãe já chegou?- eu arrisco perguntar. Será que alguém sabia de alguma coisa?

- Vamos, Abby!- eu grito do quarto pra ela que já estava há mais de 20 minutos no chuveiro. Íamos acabar perdendo o vôo desse jeito.

- Pronto, calma- ela diz saindo do banheiro, ainda enrolada numa toalha- cadê a Lory?- eita mãezinha preocupada.

- Na sala com a sua mãe...

- Você ta pronto?- ela tinha alguma dúvida? Encarei, dando minha resposta com o olhar- já entendi, já entendi- ela sorriu pra mim e foi se trocar

Prontamente eu também já estava vestida e pegava minhas coisas, indo a sala onde todos estavam sentados esperando por mim.

- Prontinho... – eu me aproximei e ajeitei minha bolsa conferindo as passagens – vamos? – eu parei e os encarei por um instante.

- Bom... – Maggie se levanta e Eric a acompanha – tenha uma boa viagem...

- Venha nos visitar mais vezes.. – Eric me abraça e logo se afasta – eu brevemente também vou vê-los.. provavelmente mais perto do natal...

- Obrigada por tudo.. – eu abracei Maggie e pisquei a Eric que já estava na porta abrindo-a – eu prometo vir depois com menos pressa...

- Ainda não.. – Tina respondeu e aquilo não estava me agradando nem um pouco.

- Será que demoram? – eu me sentei em uma cadeira e ela me olhou mexendo os ombros.

- Acho que não... – ela ajeitava uma cesta e se virou pra falar comigo – devem estar chegando...

Ah.. se eles estão pra chegar não sou eu que vou pra aula pra perder isso. Quem sabe um pouco de manha ajude a convencer meus avós a me deixar ficar aqui e espera-los.

Pegamos o carro e fomos para o aeroporto. O lugar em que alugamos o carro ficava bem em frente. Logo eu paguei tudo e atravessamos a rua, 10 minutos antes do horário previsto par ao embarque.

- Pronto- corremos um pouquinho e chegamos em tempo. Embarcamos e Lory não parecia estar nada empolgada para dormir.

- Eu esqueci de trocá-la antes de sair...- Abby lembra com pesar.

- Troca agora, ué- nada parecia mais óbvio.

- Não, John- o espanto dela me espantava- não acho legal fazer isso em avião...- eu sorri a carinha dela.

Encostei a minha cabeça na poltrona e descansei um pouco, antes que Lory começasse a reclamar.

Enquanto eu relaxava, senti que a mão dele pegava na minha. Sorri olhando para ele que me pediu um beijo com os olhos. Sorri e fiz um charme antes de encostar minha boca na dele e fazer o que há um tempo considerável não fazíamos.

Por um milagre, nós pousamos antes que ela chorasse. Pegamos o carro que ainda permanecia no mesmo lugar (com alguma sorte que tivemos) e fomos correndo pra casa dos Carters. Eu não via a hora de ver a minha pequena.

Fui pro meu quarto e me troquei, escovei os dentes e ai sim fiz xixi. Voltei lá pra baixo e tomei meu café. Logo pude ver tia BArbie descendo, dessa vez sozinha, ainda de camisola.

- Bom dia, garotinha- ela estava tão feliz. Talvez fosse dela que eu tinha...como é que dizer mesmo? Ah, sim! Herdado o bom humor de manhã.

- Bom dia, tia- eu sorri, oferecendo pão doce pra ela, que logo aceitou, pondo na boca enquanto se sentava na cadeira ao meu lado- sabe, meus pais estão chegando..- eu não podia deixar de contar a novidade.

- Ah, é mesmo?- ela sorriu, passando a mão no meu rosto.

- Vamos sinalzinho vermelho.. – incrivelmente eu tinha dado a sorte de pegar todos os sinais fechados. Eu já estava ficando nervoso. Julie já deveria estar indo pra escola e eu sabia o quanto que ela ia ficar chateada de não ver a gente.

- Calma.. – Abby ri e coloca a mão na minha coxa. – eu duvido que alguém a faça ir a aula hoje...

- Como você tem tanta certeza disso? – eu buzinava enquanto já imaginava no gênio da minha mãe. Faltar aula somente se estiver em caso de morte.

- Eu conheço minha filha.. – eu sorri vendo seu "nervosismo" – acredite...

Enquanto isso eu imaginava. E quando essas meninas virassem adolescentes e viverem em festas e cheias de namorados? Ou se pelo menos puxarem a mãe um pouquinho? Ele vai enfartar com certeza... vai espantar todos eles de casa ou prende-las no quarto.. Ainda vou ver muita briga por causa disso lá em casa.

- Rindo do que? – eu nem reparei que tinha começado a rir da minha imaginação.

- Nada.. nada... – eu tentei disfarçar. Isso ainda ia demorar muito, que ele se preocupasse com isso depois.

Terminamos logo de comer. Vi que o "outro John" descia das escadas e logo a tia Foi abraçar ele na escada. No mesmo instante, eu ouço um barulhinho e sinto que agora eu não estava errada. Eles haviam chegado.

- Mãe?- eu vou correndo pela casa, até abrir a porta da sala. Desço as escadas, vendo o carro deles estacionado lá embaixo- mãe?- eram eles, não tinha mais dúvida.

Parei o carro e logo pude ver aquela criaturinha correndo pra fora. Não tivemos nem tempo de descer do carro e lá estava ela pra nos dar as boas-vindas.

- Pai!- eu sou o primeiro a descer do carro. Abby fica lá dentro, tirando Lory.

- Que saudade princesa!- ela pula no meu colo e eu dou um selinho dela, enquanto ela me abraça forte.

- Também senti saudade, papis!- ela pisca pra mim e já se faz descer, indo agarrar Abby. Ainda bem que ela estava com Lauren no colo. Caso contrário, ela não se livraria de Julie no colo tão facilmente.

- Meu amor- eu vejo ela correndo agora pro meu lado. Mesmo com o neném no colo, me ajoelho no chão, ficando da altura dela.

Eu nem acreditava que estava pertinho deles de novo. A gente nunca sabe que vai sentir tanta falta, até que fica longe. Dei um beijinho na testa de Lory e ela pegou no meu cabelo. Continuava a mesma, apesar de eu achar que ela estava maior.

Mamãe pegou na minha mão e fomos entrando. Olhei pra trás e via que papai pegava alguma coisa no porta-malas. Seria o meu presente?

Fui ao carro pegar a bolsa de Lauren e tentei apressar o passo pra acompanhá-las. Elas já haviam entrado na mansão quando eu coloco o meu pé pra dentro da casa.

- John? – Barbara estava abraçando Abby quando me viu. Ela logo andou m minha direção e me puxou pra um abraço – Saudades... – ela se afastou e eu andei ate Abby – Julie já contou pra vocês?

- O que? – eu olhei pra Julie que estava perto dela.

- Ela ta esperando um priminho do outro John.. – Julie apontou pra barriga e eu sorri sem acreditar.

- Serio! – eu me afastei pra olha-la melhor.

- Enfim mais uma criança na família.. – me aproximei para parabeniza-la – parabéns mesmo... vocês não vão se arrepender...

John estava enfeitiçado.. se aproximou dela e coloco a mão em sua barriga. Ele adorava fazer isso em mim quando eu estava grávida.. e confesso que tinha ate um pouco de saudades disso.

- Legal ne mãe? – Julie segurou minha mão e ficou sorrindo pra mim.

- É sim, bebê- eu pisquei e quando Barbara pediu pra segurar Lory, para conhece-la melhor, eu quis fazer um agrado e peguei Julie no colo- poxa, você tá pesada, hein?- por um momento eu achei que não ia conseguir carrega-la.

Que gostoso. Fazia tempo que mamãe não me pegava no colo. Eu sentia tanta falta disso...Bom, logo vi que vovó se aproximava de nós.

- E você tá de quanto tempo, Barbara?- mamãe não deu muita importância a presença dela e continuou a conversar com a titia. Elas se davam muito bem.

- Sete semanas...- ela não parava de sorrir. Mamãe logo me pos no colo e a tia Barbie continuou com Lory no colo. Lembrei, então, que essa era a primeira vez que ela se viam.

- Então, tia? Ela não é quase tão linda quanto eu?- perguntei na maior naturalidade. todos riram de mim mais uma vez. Adultos são estranhos.

Abby estava certa. Essa intuição feminina muitas vezes não se engana, mas eu nunca iria imaginar que Barbara viria pra dizer que eu iria ser "titio". A primeira vista era uma notícia bem legal, já estava na hora dela dar um ruma a própria vida.

Agora, por outro lado, eu já imaginava a reação da minha mãe, ao saber que a filha estava grávida de um cara que só vimos uma vez antes.

- O almoço já vai sair- Eleanor finalmente diz uma palavra. A "satisfação" dela era notória na cara de poucos amigos. Um rapaz se aproximou da roda que estávamos e foi apresentado a mim como o "noivo" de Barabara. Hahaha. Essa minha sogra era rapidinha.

- John Denelly- ele estende a mão se apresentando. "John"? Sério? Eu não poderia deixar de fazer uma piada.

- Que original você, Barbara- ela sorriu, entendo a minha mensagem- isso pode não ser muito legal em algumas horas...- eu disse no ouvido dela, mas num tom suficientemente alto para o namorado-noivo-futuro marido e Carter escutassem. Se Eleanor ouvisse, eu poderia me considerar uma pessoa morta.

Mas afinal, eu estava no meu direito. Eu era a única que não conhecia o cara ainda, considerando que no jantar em que ele foi apresentado, eu estava de plantão.

- E o meu presente? – eu vi que todo mundo ria abobado e por mais uma vez eu não entendia nadinha.

- Em casa Julie.. – papai fala e eu já não gostei daquilo.

- Porque não agora? – que custava ele me dar meu presente já que ele era meu e somente meu?

- Porque vai dar trabalho.. – mamãe o ajudou a me convencer – esta no fundo da mala.. deixa pra mais tarde..

Julie cruzou os braços e fez cara de poucos amigos. Típico. Daqui a alguns segundos ela esquece tudo e jaja esta tagarelando de novo pela casa.

- O papo esta bom mas a comida já esta na mesa.. – Eleanor saiu da sala e nos deixou um encarando o outro – quem quiser venha, quem não quiser morra de fome.. – ela ainda falou alto fazendo com que Bárbara balançasse a cabeça e começasse a ir pra sala onde estavam servindo a comida.

- Vamos comer aqui! – perguntei a Abby que ainda estava falando algo com Julie.

- Porque? – olhei pra ele – por acaso você vai cozinhar quando chegarmos em casa?

- Eu não.. – ele sorriu pra Julie que conhecia bem minha coragem e a dele de cozinha – vamos aproveitar a boca livre..

- Tem bolo.. – eu segurei na mão de papai e fui levando-o a sala – tem doce.. tem sorvete.. tem tudo pai..

- Então é aqui mesmo que vamos ficar- ele piscou pra mim e nos sentamos todos na mesa. Vovó mandou Tina ficar com Lory para que mamãe pudesse comer em paz. Apesar das caras e bocas, ela o fez, sentando assim do meu lado.

- Vocês vão casar quando?- já que ninguém falava nada eu ia é conversar com a minha tia. Senti uma cutucada por debaixo da mesa de mamãe, mas não dei muita importância. Acho que foi sem querer, afinal, que mal há em falar nisso?

- Logo, Julie, logo- titia sorri, e baixa a cabeça, sorrindo, olhando a cara da vovó.

Continuamos a comer e fizeram algumas perguntas pra mamãe sobre o tal parente que tinha morrido. Ela respondeu normalmente, mas eu ainda não tinha captado quem era que havia falecido.

O clima não era dos melhores e cada assunto que era posto em discussão só piorava tudo. Logo terminamos de almoçar e eu agradeci por meus pais serem ricos o bastante pra não termos que arrumar a cozinha e lavar a louça, ou outra sessão tortura estaria a vista.

Fomos pra sala e Julie correu lá pra cima pra pegar as coisas. Voltou logo em seguida e eu via nos olhos, testa e todos os membros possiveis de Abby a frase "vamos sumir daqui logo".

- Vamos pra casa abrir os presentes? – eu tratei de achar um incentivo pra irmos logo embora dali.

- Claro! – Julie pulou no meu colo assim que Bárbara passava pela sala.

- Vocês já estão indo? – ela parou ao meu lado e eu acenei vendo que todos da minha família concordavam. – É uma pena.. – ela se aproximou de Julie e lhe deu um beijo passando a mão em seu rosto – te cuida menina..

- Porque vocês não vão la em casa nessa semana? – eu me aproximei dela vendo um sorriso em seu rosto – afinal vocês nunca foram la.. não é mesmo?

Ela olhou pro John dela e eu olhei pro meu John sorrindo.

- Claro.. – ela abraçou a mamãe – depois eu ligo pra combinar tudo...

- Vamos pai? – eu falei no ouvido do meu pai. Eu queria logo ver o que eles haviam trazido.

- Vamos.. – finalmente eles se despedem de todo mundo e saímos da mansão entrando em nosso carro.