disclaimer: ER e seus personagens (com exceção de Marjorie e alguns figurantes) são propriedade da WB, NBC, bla bla

"O Retorno a Kisangani"

Dr Lockhart

Parte II

Lounge - algumas horas depois

Luka entrou na sala apressado, Pratt, Chen e Susan encararam-no aflitos.

"O que houve?", perguntou Susan angustiada, "Carter está bem?"

"Não sabemos ainda". Luka passou a mão pelos cabelos, visivelmente preocupado.

"O que houve afinal?", perguntou Pratt.

"Abby recebeu um recado na caixa de mensagem do celular dela, uma mensagem de Carter"

"E o que ele disse", perguntou Chen igualmente curiosa.

"Se despediu dela"

Susan levou a mão à boca ao ouvir as palavras de Luka, "Oh meu Deus, como assim?"

"Não sei direito, há muito ruído na gravação. Do que a gente entendeu, ele diz que sente a falta dela e pede a ela para se despedir do pessoal por ele"

"Não pode ser...", disse Chen incrédula, e Luka prosseguiu com a história

"Nós ligamos para a aliança e disseram que ele está desaparecido há mais de duas semanas"

Pratt encarou Luka com medo em seu olhar, "Acha que ele está..."

"Eu não sei...", Luka admitiu com o coração apertado, "Há uma guerrilha na área e ninguém entra sem autorização especial das tropas. Mesmo que eu entre com o pedido, só conseguiria uma autorização em um mês"

"E onde está Abby?", perguntou Susan.

"Foi com Marjorie até o prédio da telefonia para tentar rastrear a ligação"

"Marjorie?", perguntou Chen.

"Dra Everhart, a nova cirurgiã", esclareceu Susan, "Ela é oficial médica das forças armadas"

"E conhece muita gente influente", completou Luka

"Alguém ligou para os pais dele?", perguntou Pratt

"Weaver achou melhor não dizer nada até termos certeza", Luka disse cada vez mais angustiado, "Droga, eu tenho que arranjar uma maneira de ir até lá, mas não há como"

Eles ainda conversavam quando Marjorie, uma médica ruiva de olhos claros aparentando uns trinta anos, entrou na sala. Todos voltaram-se para ela apreensivos.

"E então?", Luka caminhou até ela ansioso, "Alguma novidade?"

"De acordo com a companhia celular, a ligação veio de um telefone satélite portátil. Eles rastrearam a ligação até algum lugar ao sul do Sudão, com margem de erro de uns 2km"

"Oh meu Deus", Susan angustiou-se de vez, "Não acredito"

"Eles também limparam a gravação e nós conseguimos entender o resto da mensagem", continuou Marjorie, "Ele diz que se arrepende de ter deixado Abby, e ele parece estar confuso... A voz dele treme bastante, Abby acha que estava com febre"

"Precisamos fazer alguma coisa", disse Pratt levantando-se do sofá.

"Abby veio com você?", Luka perguntou a Marjorie, que por um momento pareceu ter receio de responder.

"Não... Ela tinha que cuidar de umas coisas"

A porta da sala de abriu novamente, desta vez era Jerry. Ele trazia nas mãos cinco ou seis cabides de roupas cobertas por capas pretas.

"Dra Everhart", Jerry disse entregando as roupas, "Um homem deixou agora há pouco"

"Obrigada, Jerry", ela disse pegando os cabides. Todos olharam curiosos.

"O que é isso?", Susan foi a primeira a perguntar.

"Meu uniforme. Somente militares conseguem entrar no perímetro da guerrilha"

"Você vai para o Sudão?", Luka perguntou espantado.

"Eu não. Abby vai"

"O quê?", Susan correspondeu à surpresa geral de todos presentes, "Como assim Abby?"

"Eu conversei com uns amigos meus no alto escalão da aeronáutica e consegui um lugar em um vôo militar com mantimentos que sai amanhã, de Paris para Kisangani, no Zaire. Com a minha patente, não vai ser difícil atravessar a fronteira. Abby vai como oficial médica, Comm Lockhart"

"Marjorie", Luka colocou-se imediatamente negando com a cabeça, "Eu não acho que seja uma boa idéia"

"Eu não achei também, mas tudo o que posso fazer é apoiá-la na decisão dela e ajudá-la como eu puder. Ela disse que iria à África nem que tivesse que ser clandestinamente"

"Onde ela está agora?", perguntou Susan ainda incrédula com a decisão de Abby.

"Em casa, fazendo uma mala e dando uns telefonemas. Tem um vôo que sai hoje às 11 da noite para Paris, sem escala. Ela chegará a tempo de partir com a força aérea francesa. Ela pediu que eu falasse com vocês.. Ela queria vir, mas não há tempo"

"Inacreditável..." Chen disse quase sussurrando e Pratt voltou a sentar-se ao lado dela, "É tão surreal..."

"Bem, eu já vou", Marjorie voltou-se para a porta, "tenho que passar em casa pra pegar umas coisas e levá-la ao aeroporto"

"Eu vou com você,Marjorie", Susan disse retirando o jaleco e voltando-se para Chen, "Chen, você..."

"Eu te cubro", Chen concluiu por Susan, "pode deixar. Manda um beijo pra Abby e...Boa sorte"

"Eh, ela vai precisar..." Pratt disse em tom de lamentação"

Marjorie, Susan e Luka saíram da sala apressados, Pratt e Chen entreolharam-se.

"Acha que ele ainda está vivo?", ela perguntou

Pratt pensou em responder com palavras, mas as temia acima de tudo. Apenas olhou para Chen e para o armário que um dia fora ocupado pelo Dr Carter...

Aeroporto

Abby caminhou em direção ao portão de embarque ao lado de Susan, Luka e Marjorie. Abby e Marjorie estavam perfeitamente vestidas em uniformes militares, Marjorie de branco, Abby de preto. O grupo avistou um oficial e caminharam até ele

"Almirante Bradley", Marjorie cumprimentou o senhor de barba e cabelos brancos, e este lhe dedicou um sorriso

"Comandante Everhart, bom vê-la novamente. A aeronáutica precisa de cirurgiões como você"

"O serviço público também, Sr", Marjorie voltou-se para Abby "Esta é Abby Lockhart"

"Comm Lockhart a partir de agora", ele entrega a ela uma insígnia com o nome dela. Luka e Susan ainda estão incrédulos com toda aquela situação. Abby partiu para cumprimentar o homem com um aperto de mão

"Desculpe... Eu ainda estou tentando aprender o lance da continência"

"Não se preocupe com isso, a sua patente é alta demais. Quando chegar ao acampamento, os outros soldados é que farão reverencia. Eu vou te explicar o básico da burocracia durante a viagem. Bem, está pronta?"

"Sim, Sr", Abby confirmou tentando se sentir mais segura, e voltou-se para os amigos"

"Muito bem, você sabe o que fazer", Marjorie disse primeiro, "Procure alguém na fronteira, um carro, uma moto de preferência. Tem cinco mil dólares no meio da bagagem entre as meias, use para conseguir um avião de volta caso algo dê errado, ok? Ligue quando chegar em Kisangani"

"Pode deixar...", Abby e Marjorie se abraçaram emocionadas, "Obrigada por tudo, Marjorie"

"Se cuida...", Marjorie concluiu, e Abby voltou-se para Luka. Ele estava claramente nervoso e discordante daquela viagem.

" Ainda há tempo de desistir dessa loucura...", ele disse encarando-a

"Não realmente" Abby olhou para o uniforme que estava usando, "acho que já estou bastante envolvida"

"Toma cuidado", ele disse no momento em que a abraçou forte, "Por favor, toma cuidado"

Abby soltou Luka e virou-se para Susan. Esta estava chorando e Abby acabou deixando as lágrimas descerem também

"Você é louca, sabia?", Susan disse enquanto enxugava as lágrimas, "Totalmente louca!"

Abby sabia disso, mas era mais forte do que ela. As duas se olharam por um instante e Abby abraçou Susan com força.

"Eu sei que ele está vivo, Susan. Eu o deixei pra trás uma vez, eu não vou fazer isso de novo"

"E eu sei que você vai encontrá-lo. Eu sei que vai"

"Dá um beijo no Cosmos, ok?"

"Se cuida, pelo amor de Deus..."

"Eu vou", Abby enxugou as lágrimas e sorriu para os três. Pegou uma maleta e passou pelo portão de embarque ao lado do Almirante. Marjorie, Luka e Susan acenaram e a observaram até ela sumir da vista. No fundo, a sensação que eles tinham era a de que não a veriam mais.

"O que acham?", Luka perguntou um tanto desolado com a possibilidade de perder a amiga

"É difícil, mas ela está muito determinada", disse Marjorie, "Eu acho que se ele estiver vivo, ela vai encontrá-lo"

"Ela vai encontrá-lo, eu posso sentir...", Susan disse para os dois, os olhos vermelhos das lágrimas. Vivo ou morto, eu sei que ela vai encontrá-lo...

Continua...