N/A- No cap anterior eu me confundi sobre a localização do corujal, que na verdade é na Torre Oeste! Por enquanto é só. Enjoy!
Todos os Sentimentos
- Isso é muito grave, isso merece expulsão sem sombra de dúvidas. O que acha professora?
A atmosfera dentro da enfermaria era de pura inadmissão pelo fato ocorrido entre os dois estudantes sonserinos e Sirius Black. O resultado dessa perversidade por parte de Malfoy e Lestrange foi que Madame Pomfrey teve de recorrer a uma dasPociones Muy Potentes para recuperar o sangue perdido pelo grifinório enquanto sob efeito do feitiço. Fora o esforço para deixar menos mutilado seu corpo, que estava coberto de cicatrizes, a maioria costurada mágicamente. Por sorte, a pessoa vítima do feitiço Chagas Corpus não ficavam para sempre com as marcas dos ferimentos, pois eles desapareciam com um tempo. Uma ironia, pois quem era atingidao por esse feitiço geralmente não sobrevivia para ver seu corpo voltar ao normal sem nenhuma cicatriz.
Neste momento estavam prostrados ao lado do leito do animago seus amigos James e Remus e a diretora de sua Casa, professora McGonagall. Wormtail se auto-declarara traumatizado demais para ir com eles e preferia dormir para esquecer o que havia acontecido com ele e Sirius.
- Concordo com você, sr. Lupin. Mas não cabe a mim essa atitude.
- Eu espero que isso não fique barato!- exclamou contido um James extenuado- Ou eu acho melhor proibirem aqueles malditos de andarem pelo castelo enquanto eu estiver acordado!
No mesmo instante recebeu um olhar incisivo e carregado de repreensão por parte da professora.
- Devo lembrar-lhe sr. Potter, que isto é parte culpa de vocês. Eles se vingaram de uma detenção em que vocês os colocaram. E embora um erro não justifique o outro eu o aconselho a não se meter mais com os sonserinos agora que sabe do que eles são capazes.
- Eu não tenho medo, professora, se eles conhecem magia negra eu conheço a antiga arte do quebrar a cara—
- E não se esqueça também de queeu posso fazer com que sejam expulsos já que são da minha Casa.- completou ela ameaçadoramente. Diante disso James se calou e deu lugar a Remus, que até agora não se conformava em ter sido o último a saber do que tinha acontecido com Sirius, que agora dormia num sono forçado por uma poção restauradora. E Prongs estava até certo quando, ao ouvir esta reclamação, respondeu que a culpa era dele que não largava aquela maldita matéria de Poções nem para saber onde estavam os amigos.
- Eu também acho que vingança não levaria a nada. Eles já vão ter o que merecem pelas mãos do professor Dippet.
"Você não diria isso se o tivesse visto como eu vi" pensou o rapaz de óculos, antes de Madame Pomfrey voltar do leito de outra aluna, uma menina da Lufa-Lufa que estava se recuperando de um acidente com bulbos na aula de Herbologia em que eles também haviam estado de manhã.
- A senhora acha que ele vai se recuperar logo, Poppy?- perguntou a professora com seu coque e seus óculos fininhos.
- Não sei Minerva. Ainda é muito cedo pra afirmar isso ou qualquer outra coisa. Mas este feitiço que o lançaram é muito perigoso, é magia negra avançada. A sorte é que eu sei reverter muitos desses encantamentos, porque o sr. Black não resistiria a mais cinco ou dez minutos sangrando daquele jeito.
James e Remus engoliram seco.
- E temos muito que agradecer ao sr. Potter que foi muito inteligente e eficiente em me chamar e trazer o sr. Black da forma correta até o meio do caminho.- disse a enfermeira sorrindo e passando a mão delicadamente sobre o cabelo revolto de Prongs. O garoto também sorriu encabulado e respondeu ao elogio com toda sinceridade.
- Não foi mais que minha obrigação como melhor amigo.
E Remus ao seu lado sentiu uma cutucada de ciúmes, muito incômoda por sinal.
- Poppy tem razão, mas agora eu tenho certeza de que os dois estão muito cansados e precisam ir para seus dormitórios dormir porque amanhã é um dia como todos os outros, e inclusive têm aula comigo.- anunciou McGonagall dispensando claramente a presença dos garotos na enfermaria.
- Ah ok...- disse James desanimado, começando a retirar-se de lá, olhando de novo para Sirius que jazia inerte em sua cama. Mas dessa vez sabia que estava tudo bem, que ele estava fora de risco.
Moony no entanto arriscou se aproximar do amigo inconsciente, afagar seu cabelo que agora não parecia tão desalinhado, e depositar uma de suas mãos em cima de uma das mãos de Sirius, enquanto olhava fixamente em seus olhos fechados. Em sua mente ecoaram duas palavras que ele não ousaria dizer nunca em alto e bom som. "Te amo..."
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- Remus, você acha que é tarde para ir até o banheiro dos monitores?
O lobisomem o olhou e depois ergueu a manga esquerda de sua capa para checar as horas. Meia-noite e meia.
- Eu acho que sim, Prongs. Olhe no mapa, veja se ela ainda está te esperando.
Como se uma última chama de esperança houvesse acendido em seu peito ele tirou do bolso o Marauder's Map, que havia tomado de Peter logo depois que o mandara chamar a enfermeira, e abriu-o esbaforidamente. Porém, a primeira coisa que viu foi o nome Lily Evans no dormitório feminino da Grifinória. Seu olhar caiu desolado em Remus.
- Ela havia dito que se eu me atrasasse um segundo ela não estaria mais lá...- depois seus olhos fixaram o chão e as palavras já não podiam mais representar seu estado de espírito destroçado. Moony entendeu. Seu amigo parecia sentir a mesma impotência que ele sentiu ao ver Sirius deitado naquela cama da enfermaria, e não ter podido fazer nada para impedir.
- Olhe Prongs, ela vai entender quando souber o que aconteceu. Aposto que ela faria o mesmo por uma amiga, ou por qualquer pessoa que tivesse passado o que o Paddy passou.
- Você acha, Moony?- ele perguntou mesmo sem encarar o rosto do amigo.
- Sim, pelo pouco que a conheço sei que o que não falta nela é bom senso pra entender as coisas.
E em poucos minutos eles estavam chegando e entrando no Salão Comunal, flagrando dois elfos domésticos limpando o ambiente, um deles repondo lenha na lareira.
- Ah, que bom que você está fazendo isso- disse Remus ao elfo que estava entretido demais em jogar madeira na lareira, ainda com resquícios flamejantes- Pois acho que vou passar a noite aqui.
- Então boa noite Remus, mesmo que eu não ache isso possível.- disse James com um sorriso conformado. Impressionante como ele estava certo de novo, pensou Lupin, jogando-se na poltrona e vendo o elfo sair dali depressa demais, percebendo que ele estava na verdade era com muita vergonha.
- Ei- o lobisomem chamou o elfo antes dele sair pelo buraco de entrada. A criatura o olhou com tanta polidez que o fez imaginar se estava sendo grosso ou algo parecido- Seria muito abuso se eu lhe pedisse que mandasse para cá umas duas jarras de cerveja amanteigada e uma taça?
- Não, senhor...- e o elfo se virou rapidamente e saiu quase que correndo, enquanto o outro agia bem mais normalmente.
"Eu hein, que elfo estressado...". Fechou os olhos e deitou-se no sofá mais próximo do fogo que estrepitava radiante, novo em folha. Ia quase dormindo quando um estalido no ar o fez abrir os olhos e constatar que seu pedido havia sido entregue. Aquela ia ser uma longa noite de pensamentos e bebida.
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"Nunca havia sentido uma proximidade tão quente como ali, com ele. Ele que era a sua mais almejada conquista nos últimos meses. Quando oquele garoto começou a importuná-la, há pouco mais de um ano, ela só conseguia ver nele um mimado idiota que precisava chamar atenção de todos, e principalmente de garotas. Mas ele se tornou mais que isso num espaço de tempo que ela não podia definir. Tinha quase certeza de que no mesmo período ele começou a gostar dela como dizia gostar, e ela acreditava. Agora que estava cara a cara com James, sentindo no rosto sua respiração compassada (e achando isso incrível porque ela mal podia conter seus próprios ofegos), e olhando dentro da íris castanho-escura de seus olhos, por detrás daquele oclinhos redondos que ela já não conseguia vê-lo sem, percebia o quanto fora burra em deixar que este momento demorasse tanto em acontecer. Ele era lindo demais, tudo o que mais queria era sentir aqueles lábios provocantes, que sempre lhe exibiam sorrisos perniciosos, nos seus, que sempre se ocupavam em formar palavras grosseiras para lhe atingir. Ele parecia também desejar muito isso, pois no instante em que ela olhou ansiosamente para sua boca entreaberta, ele tomou-a num beijo que de tudo, fora maravilhoso."
E Lily abriu os olhos inchados (não era de sono) e amaldiçoou este sonho. Este e todos os outros que lhe assombravam a mente com aquele palhaço do Potter. A partir desse dia ela tinha certeza de que estava iludida por uma falsa imagem daquele garoto, que não passava mesmo de um calhorda egocêntrico. Virou a cabeça pro outro lado e fechou os olhos abruptamente, decidida a não chorar mais.
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"Estava admirado. Admirado em como aquele simples gesto parecia lhe satisfazer todos os anseios e desejos que tivera em um longo período de tempo. Só sentindo a maciez daqueles longos cabelos vermelhos ondulados escorregando como seda por entre seus dedos. Só sentindo o leve arquejar de seu peito encostado ao seu corpo, enquanto ela respirava calma, como um bebê sendo ninado. Só sentindo o ar quente sair de seu belo nariz e roçar sua nuca, coisa que às vezes lhe causava um arrepio profundo e intenso de prazer. Se ao sair dali fosse atingido por um feitiço mortal ele morreria satisfeito e feliz, pois realizara um sonho.
Quando ela se afastou um pouco de seu aconchego para lhe olhar nos olhos, sentiu-se puxado para o buraco negro de emoções que aqueles olhos verdes possuíam, e num ímpeto viu-se encaixando os lábios na boca de Lily, que prontamente retribuiu. Foi como mergulhar num rio de águas mornas, tal a paz que aquele beijo lhe proporcionava. Foi único..."
Ninguém viu, nem o próprio James, mas num ato sonâmbulo ele puxou o travesseiro de debaixo de sua cabeça para agarrá-lo com a possessividade de quem abraça a pessoa amada. Seus sonhos ainda iriam longe aquela noite...
