N.A 1: "Shounen ga Hitori Tooku ni Mieru Eu Posso Ver de Longe um Garoto". Este é um trecho da música "Innocence Inocência", a primeira música de Soujirou Seta.
N.A 2: Os trechos de músicas são de "Stop Crying Your Heart Out Deixe Seu Coração Chorar". Esta música pertence à banda Oasis.
N.A 3: Não segui a linha original de sua história. Por isso, a fic ficou curta, retendo alguns pequenos acontecimentos e por partes, os diálogos não são os mesmos (só o lema do maníaco é o mesmo! XD). Portanto, não me apedrejem tanto.
SHOUNEN
GA HITORI TOOKU NI MIERU
Petit Ange.
Hold
on
(Segure firme)
Don't be scared
(Não
tenha medo)
You'll never change what's been and gone
(Você
nunca mudará o que aconteceu).
Meu nome é Soujiro Seta. Sou filho do pai deles, sou um bastardo... Eles não gostam de mim. E se me prezam, só prezam minha parte trabalhadora. Não é exatamente "eu" que eles prezam. Mas tudo bem... Eu não me importo... Seria bom se eles não me batessem, mas está tudo bem. Ou melhor, não está. Eles bebem. Vivem cheirando a bebida. Todos eles. Me colocam para trabalhar como um animal de carga. Eu levo sacos de arroz de um lado para outro. Eu estou cansado. Quero descansar. O sol queima minhas costas, minha vista está embaçada, meus pés doem, formigam. Mas ninguém liga. Eu caio no chão, meu rosto queima quando encosta nele, mas ninguém liga. Chorar? Pra quê? O que vai resolver eu ficar chorando? Eu me controlo para não chorar muito, mas às vezes, eu tenho muita vontade, e às vezes ele me escapa.
Dói. Estou sentindo
muita dor. Meus músculos doem, meu corpo dói, minha
vista está pesada, meu coração dói...
Tudo dói. Eles estavam caminhando por ali bem naquela hora.
Eles me vêem. Eu os vejo, mas tento ignorar. Um deles ficou
irritado com aquilo. Engulo em seco. Sei o que me espera. Então,
tropeço e derrubo um saco de arroz no chão quente,
esparramando ele pelo mesmo. Os três ficam irritados agora. Não
tenho como escapar... Estou com medo... Alguém... Eles se
aproximam de mim. Estou com medo. Alguém me ajude, por
favor...
- SEU BASTARDO! OLHA O QUE VOCÊ FEZ! – grita um
deles.
Meu rosto pega fogo. Levei uma bofetada. Ele arde. Meus
lábios estão sangrando, sinto o gosto de sangue na
boca. Levo um chute no estômago. Muito forte. Minha vista fica
ainda mais pesada. Minha barriga dói muito. Caio com tudo no
chão, mas eles me levantam pelo cabelo. Dói demais.
Socorro...
- AGORA VOCÊ VAI APANHAR, BASTARDO!
Eles me
batem. Os três. Me chutam, me dão socos, me batem muito.
Eu choro. Dói muito. Mal sinto meu corpo. Dói. Socorro,
alguém me ajude, por favor. Eles se divertiam com aquilo.
Queriam me ver sofrer. Gostam de me ver sofrer. Então, com
esforço, dou um sorriso. Eles me olham atônitos. Eu
continuo sorrindo para eles. Então, param de me chutar.
Murmuram palavrões e vão indo embora. Dizem que eu vou
pagar aquilo... Tudo bem. Eles saem. Eu suspiro. Enterro minha cabeça
na terra batida e choro. Choro. Choro muito. Choro por tudo que eu
queria e jamais poderei ter ou fazer. Choro por ser um bastardo.
Choro pela imensa dor. Sei lá, apenas choro.
Eu estava caminhando pelas ruas. E vejo um homem.
Parecia frio. Cruel. Não sei porquê, mas gostei do seu
olhar. Mas fiquei com medo. Parecia que ele ia me matar, assim como
talvez matou alguém. Mas ele ficou me olhando. Ouvi o barulho
da polícia, e me escondi. Ele não fez nada. Os
policiais o viram, e nem deu pra ver direito, quando percebi, os
policiais estavam mortos no chão. Aquele sujeito me olhou de
novo. Se aproximou de mim. Eu estava com tanto medo. Ele apontou sua
espada pra mim. Sorri. Tinha muito medo, medo demais, mas de certa
forma, ia ficar extremamente feliz dele me matar.
- Pode me matar,
senhor. Estará me fazendo um favor. – sorri.
Ele não
disse nada. Só me olhou. Aquele olhar me cativava, mas me dava
muito medo. Ficamos nos olhando por alguns momentos, e então
ele colocou sua espada na bainha novamente. Não sei porquê,
mas gostei dele. Queria ser assim quando crescesse...
- Garoto,
você tem ataduras? – ele me pergunta.
- Eu? Sim! Tenho
sim! – digo, ainda arriscando um sorriso.
- Posso ficar
escondido em sua casa por algum tempo?
May
your smile shine on
(Talvez seu sorriso brilhe)
Take
what you need
(Pegue apenas o necessário)
And be
on your way
(E siga seu caminho)
And stop crying your
heart out
(E deixe seu coração chorar).
Ele se escondeu no lugar
onde colocava os sacos de arroz, um pequeno galpão de casa.
Sentou em cima deles. Eu peguei ataduras, como ele pediu, e dei minha
comida para ele. Ele me pediu pra sair, e eu saí. Quando
voltei, ele tinha trocado as ataduras e colocado as que tinha lhe
dado. Então, começou a comer. Eu me limitei a
observá-lo.
- Como se chama, garoto?
- Eu me chamo
Soujiro Seta. – sorrio. – E o senhor... Como se chama?
-
Shishio. – seu tom de voz era direto e não deixava tempo
para outras perguntas. Gostei daquilo. – Eles te detestam, não
é?
- Ah, sim. Mas tudo bem... Eles me batem, mas aí
eu sorrio e eles param. Já me acostumei com isso, portanto,
está tudo bem! – sorrio de novo.
- Você é
fraco. – suspira ele.
- O quê?
- Está agindo
como um fraco. A lei da natureza diz claramente que 'o mais forte
sobreviverá, o mais fraco morrerá'. Você é
um fraco, eu sou um forte. Poderia te matar. Você precisa ser
forte.
A cabeça dele está em prêmio. Já
se passaram muitos dias, eu estou lhe dando muitas ataduras, toda a
comida que posso... Mas agora sua cabeça está a prêmio.
Eu mesmo vi. O que eu faço? Minha família começou
a desconfiar. E se eles descobrirem? O que eu faço? Preciso
falar com ele. Eu gosto dele, de certa forma... Admiro o senhor
Shishio, não quero que ele morra. À noite, eu o
encontro no mesmo lugar.
- Senhor Shishio!
Ele estava
levantado. Estava embaiando sua espada. Ele ia sair, eu sentia. Já
sabia também de sua cabeça à prêmio. Eu o
chamo e, quando ouve minha voz, me olha de novo. Aquele olhar que eu
odeio e admiro. Ele se aproxima de mim. Sinto minhas pernas tremerem,
como se fosse a primeira vez que via um assassino ali.
- Escute
garoto, agradeço por tudo que fez por mim, mas preciso ir
agora... – mas então, ele me entrega sua espada. – Fique
com isso. "O mais forte sobreviverá e o mais fraco morrerá".
Lembre-se sempre disso.
E então, ele sai. Eu fico olhando,
sem saber o que fazer ou dizer. Momentos depois, aparece meus
parentes. Eles tinham expressões irritadas. Me viram segurando
uma espada estranha, viram também as ataduras no canto do
galpão. Eu engulo em seco de novo. Eles já sabem... Vou
apanhar novamente, vai doer. Não... Foi pior. Os mais velhos
sacam sua espada. Olham com um olhar mórbido pra mim. Não...
Não podem ser tão loucos. Ou melhor, podem sim. Eles me
odeiam, por que não? Eles vão me matar. Não,
não...
- Seu bastardo, estava acolhendo um assassino, não
é? – um deles brada.
- Não, eu... – murmurava,
ainda sem palavras para poder explicar toda aquela situação.
E não adiantaria nada, já que eles iam me matar de
qualquer forma.
- Sem explicações, seu maldito, você
vai morrer agora!
Eles vêm em minha direção.
Me desvio de seus ataques. Agarro firmemente aquela espada e começo
a correr. Desesperadamente. Pra bem longe. O mais longe que eu
consigo correr. Só pra bem longe. Chega de sorrisos. Agora eu
estava com medo.
Get
up, come on
(Levante-se, venha)
Why you scared/ I'm
not scared
(Por que está assustado/ não estou
assustado)
You'll never change what's been and gone
(Você
nunca mudará o que aconteceu).
Eles queriam me matar, e
depois matar o assassino para pegar a recompensa. Por quê? Por
que comigo? Droga! Por que eu grito e ninguém vem me ajudar?
Eu grito pelo senhor Shishio, por ajuda... Mas ninguém vê.
Ninguém ouve. Só corro. Só a chuva. Só o
medo. Eu me escondo debaixo de um estabelecimento qualquer. Ouço
seus passos. Eles estão ainda atrás de mim. Um deles me
vê, por desgraça.
- Ele está aqui! – meu
'irmão' indica-me para os outros e em seguida, abaixa-se e
me olha com olhos insanos. – Aí está você! Vem
cá! Não vamos te machucar. Além do mais, essa
espada aí não é pra criança. Você
ganhou de quem?
Ele vem se aproximando de mim. Agarro-me com mais
força a minha espada. Tenho medo. Sei que ele está
mentindo. Vai me matar. Está cheirando a bebida como sempre.
Me lembro então, das torturas, dos sacos de arroz, do sol
escaldante, dos chutes, das palavras... De tudo de ruim. E então
eu não consegui mais pensar. Só agi. Gritei. Não
sei o que gritei. Só sei que, quando me dei por mim, a espada
estava cravada no coração dele. Eu matei meu
meio-irmão. E não me senti mal.
Os outros dois ouvem
sons e deduzem que ele me matou. Vêem sua mão estirada
com sangue no chão e deduzem o contrário. Ficam
apavorados. Mas me olham com raiva, quando eu saí dali. Não
me importava... Pouco me importava o que eles iam dizer, fazer ou
qualquer coisa. Sangue. Dor. Morte. Só queria vê-los
mortos, bem na minha frente, com expressões de horror. Só
queria vingança por mim. Só. Avanço na direção
deles. De forma desajeitada, mas letal.
Quando me dou por mim
novamente, eles estavam todos mortos e a chuva piorava
gradativamente. Não me importei. Só sorri. Estava
feliz. Eu matei. Mas não estava com remorso. Só chorava
por dentro, como a chuva.
- Viu o que fez, garoto? – eu ouço
uma voz. Era o senhor Shishio. Eu reconheci sua voz. Nem me importa
como e de onde ele veio. Só estava ocupado com meu falso
sorriso, com minha dor verdadeira. – Está arrependido?
-
Não senhor. Nem um pouco. – sorrio. – Pelo contrário!
Ele
me pegou pela mão, me arrastou com ele. Eu não fiz
nada. Gostei, até. Eu o admirava, queria ser como ele. E iria.
Não iria mais chorar. Só sorrir. Sorrir confunde os
inimigos. Então, sorrirei. Sorrir fazia meus parentes não
me baterem. Então sorrir é uma boa estratégia.
Sorrir e esconder a dor.
Pouco me importa o que acontecerá
daqui pra frente...
É só eu sorrir...
