Draco Malfoy
Em meio àquele amontoado de pessoas presas na intragável indecisão entre se lamentar e festejar, Draco levantou-se, angustiado com a confusão em sua cabeça.
Ele não compartilhava daquele misto de felicidade e tristeza, sua cabeça rodava, cheia de emoções muito mais complexas do que o simples alívio pelo fato da guerra ter enfim acabado ou o luto por aqueles que não conseguiram sobreviver.
Começou a caminhar devagar, pensando no rosto decepcionado de seu pai, no último suspiro de sua mãe e na dor aguda em seu braço, exatamente no lugar onde antes estivera a Marca Negra. Percebeu, com um certo alívio, que nada restara dela em sua pele, a não ser um pequeno traço curvo e avermelhado.
Enquanto examinava a fina cicatriz que parecia serpentear em seu braço, alguém se aproximou por suas costas e lhe deu um soco amigável, porém não muito fraco, no ombro.
"E aí, Malfoy? Espero que esteja contente, conseguiu finalmente arranjar uma cicatriz só pra você! Quer que eu te faça uma na testa também?"
Draco riu e devolveu o soco, talvez exagerando um pouquinho na força.
"Cale a boca, Weasley!" ele debochou, voltando-se para encarar Rony. Eles então baixaram a cabeça e deram uma risadinha constrangida.
"Ei, Rony, Draco!" chamou Hermione de longe, acenando para os dois.
"Sabe..." falou Rony baixinho quando eles começaram a andar em direção a ela "eu ainda não te agradeci por... você sabe..." Rony respirou fundo. "Eu não estaria vivo não fosse por você."
"Sem sentimentalismos, Weasley." Malfoy respondeu friamente, mas seus olhos acinzentados brilharam.
Ao alcançarem Hermione, ela jogou-se nos braços de Rony e o beijou, para logo em seguida abraçar Draco, que ficou por alguns segundos completamente sem reação, até que ela o soltou, parecendo meio sem jeito.
Pela primeira vez em muito tempo, um sorriso sincero iluminou seu rosto pálido e, naquele momento, Draco livrou-se do aperto que estava sentindo por saber que lutara ao lado daqueles que haviam causado a queda de seus pais.
Ele escolhera o lado certo, afinal.