"Rápido, Hermione!" Lupin falou, com um tom apressado e nervoso "Precisamos terminar logo com isso, antes que o nosso tempo acabe!"

"Mas eu ainda tenho dúvidas, professor! Não podemos arriscar, se errarmos a poção estaremos colocando em risco a vida de todos eles lá dentro!"

Lupin suspirou, sentindo-se mais cansado do que nunca, e caiu sentado em uma grande cadeira ao lado dos cinco caldeirões ferventes nos quais Hermione estava trabalhando.

"Sim, sim, você tem razão."

A garota, após diminuir um pouco o fogo que cozinhava o conteúdo dos caldeirões, ajoelhou-se logo a frente do professor e colocou a mão direita em seu ombro. Lupin tentou esboçar um sorriso.

Com muita dificuldade, ele levantou-se da cadeira, lançando à Mione um olhar decidido.

"Vou buscar Snape, ele saberá o que fazer."

Saiu então percorrendo corredores e mais corredores de pedra até ir parar na sala onde Snape disse que estaria, mas encontrou-a vazia.

A um canto, uma lareira crepitava com um fogo verde muito forte, enquanto no outro havia uma grande mesa de madeira coberta por instrumentos de prata, onde Edwiges descansava em sua gaiola. O professor entrou devagar, mirando a lareira com uma certa desconfiança.

Foi nesse instante que ele viu e, no momento em que viu, ele soube.

A dor forte que a revelação lhe causou apertou-lhe o peito, mas ainda assim ele conseguiu reunir forças para manter-se de pé.

Rapidamente, pegou um pedaço de pergaminho em branco e, com as mãos trêmulas e o rosto tão pálido quanto a lua quase cheia que aparecia pela janela entreaberta, escreveu duas palavras apenas, amarrando o pergaminho em Edwiges logo em seguida.

"Leve para Dumbledore, está bem?"

Assim que a coruja alçou vôo, Lupin despencou no chão.

Não podia acreditar como conseguira ser tão cego a ponto de não perceber nada, como pudera ser burro a ponto de depositar sua confiança em algo tão instável. Alguém tão instável. Depois de tudo o que fizeram por ele...

"Todo mundo!" ele sussurrou para si mesmo com raiva "Conseguiu enganar todo mundo..."

Enquanto isso, as duas palavras sobrevoaram os destroços do que havia sido a residência da família Black, indo parar nas mãos de seu destinatário, que examinava os arredores da ex-mansão, a procura de pistas.

Os olhos azuis de Dumbledore brilharam por trás dos óculos de meia-lua com uma tristeza indescritível quando leu o conteúdo do pergaminho amassado. Com a decepção aparente em sua voz, repetiu baixinho o que acabara de ler para os aurores que o acompanhavam.

"Foi Snape."