Até a eternidade
Cap II
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Sesshoumaru desconcentrou-se de seu livro, atraído pelo som da maçaneta aberta com força. Kikyou havia entrado, batido a porta atrás de si e se escorado contra essa mesma. Escorou-se firmemente, como se quisesse se proteger do resto do mundo, como quisesse fugir de algo ou alguém. Sua respiração estava trêmula, contendo uma menção de choro. Em suas mãos havia um envelope, meio amassado e sujo. Sesshoumaru notou seus olhos avermelhados, denunciando que havia chorado pelo caminho, e seus cabelos levemente desgrenhados. Estava em frangalhos.- O que aconteceu? – Ele perguntou, assustado, indo em direção a ela.
Kikyou fechou os olhos, enquanto lágrimas escorriam de seus olhos e soluços de sua garganta. Sesshoumaru abraçou-a, buscando confortá-la. Kikyou envolveu-o com os braços, e disse, com a voz embargada:
- Desculpa, meu amor... Desculpa...
Sesshoumaru alisou os cabelos da jovem, e olhou-a sem entender.
- Desculpar... Pelo quê?- Ele perguntou, com a voz mansa.
Um outro soluço saiu da garganta de Kikyou, antes que ela pudesse dizer.
- Eu... eu não posso ter filhos... Nós nunca vamos poder... – Ela desatou a chorar novamente.
Sesshoumaru olhou-a, penalizado. Permaneceu alisando os cabelos de Kikyou, até que ela se acalmasse.
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Sesshoumaru estava sentado no sofá da sala, com um pequeno porta-retrato nas mãos. Nele, Kikyou estava com o rosto pintado de hidrocor, pelas crianças da creche que haviam decido preparar-lhe uma festa de aniversário surpresa. Ela ria, enquanto as crianças prendiam-na no chão, fazendo cócegas. Sesshoumaru havia se acostumado a ver Kikyou feliz daquele modo, fora assim que conhecera a jovem. Alegre e bem disposta. Porém, ele nunca poderia afirmar se fora com a descoberta da infertilidade que ela começara a ficar triste, isolada. Ele sabia de apenas alguns problemas da vida dela, como a morte da avó que praticamente a criara, as notas que começaram a cair, e, pelo o que ele se lembrava, pela briga de Kikyou com as amigas.
'Era só brincadeira!' Ele se lembrava de ter ouvido de Kagura, aos prantos, no dia da morte de Kikyou.
Pelo o que ele sabia, Sango, Kagome e Kagura haviam chamado Kikyou para uma festa com os alunos da faculdade, e disseram que jamais falariam com ela se ela não fosse. Kikyou não pôde ir devido a tudo: Trabalho extra da creche, deveres extras, pela dependência em algumas matérias... e por falta de vontade também, festas não eram mais o que ela precisava.
E, vingando a promessa, elas não falaram com Kikyou. Elas riam sozinhas, fingindo caras e bocas quando Kikyou passava, mas riam da situação até na frente dela. Qualquer um em sã consciência veria que era uma brincadeira, mas Kikyou não. Ela sentiu-se cada vez mais triste, pela indiferença das amigas, que, no meio de tantos problemas, seriam as únicas que poderiam ajudá-la. Mas depois havia sido tudo diferente. As amigas haviam ido até ela, com um jeito tipicamente infantil de demonstrar carinho e pedir desculpas, mas, pelo o que Kagome havia dito, Kikyou se levantou do lugar de onde estava e disse, com desprezo:
"Ah, então é bom se sentir ignorada, né?"
E foi embora. Foi a última coisa que elas ouviram de Kikyou.
Sesshoumaru alisou com os dedos o vidro do porta-retrato, sorrindo com as lembranças que vinham em sua mente. Foi tirado delas com uma pessoa, que havia parado à sua frente.
-... E então? Vamos? – O rapaz pôs as mãos nos bolsos. Era mais jovem que Sesshoumaru, e suas feições eram parecidas. Tinha os cabelos castanhos e compridos, e os olhos idem.
Sesshoumaru ergueu os olhos e sorriu, melancolicamente para o irmão caçula.
- Vamos. – Disse, pro fim, pegando a última mala que restava.
O caminho de volta foi particularmente silencioso. InuYasha olhava, vez ou outra, para o irmão, que parecia com certeza melhor, do que seis meses atrás, mas nunca igual a como estava antes dos acontecimentos de seis meses antes. Ele lembrava, entristecido, como havia sido dura para o irmão mais velho a morte da namorada... As imagens daquele dia sempre o deprimiam. Como havia sido duro ver o irmão mais velho, que sempre havia sido um exemplo de força, determinação e equilíbrio da forma como estava, entregue ao desespero, à tristeza, condenando-se a viver para sempre preso à memória de Kikyou.
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Kagome havia entrado correndo na república, com as roupas encharcadas pela chuva forte, os olhos assustados, nervosos, desesperados. InuYasha e Miroku, que estavam sentados nos sofás, levantaram-se de sobressalto com o estrondo.
- Meu Deus, olha pra você! – InuYasha exclamou, indo em direção à ela – O que aconteceu com você?
Kagome abriu a boca, para dizer algo, mas sua voz não saía. Tentou falar várias vezes, enquanto seus olhos despejavam mais lágrimas, e ruídos indefinidos saíam de sua garganta.
- Espera, eu já volto. – Miroku disse, indo correndo até a cozinha.
- Calma, calma, calma. – InuYasha esfregou os braços da jovem, buscando confortá-la.
Miroku voltou, apressado, trazendo um copo de água, com Kagura e Sango assustadas atrás dele.
Kagome bebeu três ou quatro goles, trêmula, tossindo vez ou outra. Todos os olhares estavam centrados nela, apreensivos.
- Agora respira e diz: O que aconteceu? – Kagura perguntou, calmamente.
- Me ligaram agora do hospital... – Kagome disse, soluçante - ... A Kikyou se matou...
Kagura levou as mãos até a boca, prendendo um soluço, enquanto seus olhos marejavam-se e molhavam sua face. Miroku e InuYasha olharam um para o outro, pálidos, sem saber o que fazer.
- Ai... Sango levou uma das mãos até o cenho, sentindo uma forte agulhada. Fechou os olhos, e desses, jorraram lágrimas. Cambaleou levemente, tentando apoiar-se no sofá, até cair no chão, desacordada. Miroku correu para socorrê-la, enquanto InuYasha perguntava, desesperado, para Kagome:
- E o Sesshoumaru? Cadê ele?
- Disseram que ele levou a Kikyou até o hospital, passou um tempo lá e saiu, que parecia meio estranho... – Kagome fechou os olhos com força, e um choro baixo saiu de sua garganta – Eu quero ela de volta, InuYasha...
InuYasha abraçou-a, buscando consolá-la.
- Calma, Kagome... Agora já foi, só nos resta aceitar... – Ele olhou para ela, e ergueu o queixo da jovem para que ela olhasse diretamente para ele – Você precisa ser forte agora, está bem?
Kagome fez que sim, como uma criança.
- Miroku! – InuYasha gritou para o jovem, que havia posto Sango deitada no sofá e agora tentava, junto com Kagura, recuperar os sentidos da jovem – Cuide das garotas, eu vou procurar o Sesshoumaru.
Miroku fez que sim. InuYasha pegou as chaves do carro de Miroku, e foi novamente em direção a Kagome.
- Eu volto logo, sim? – Ele beijou-a na testa, enquanto ela balançava a cabeça afirmativamente.
E saiu. Ironicamente, estava andando exatamente como Miroku pedia sempre para não andar. Como um louco. Olhou por cada canto de cada rua que via pelo caminho, em busca do irmão. Sabia o quanto ele gostava de Kikyou, e temia do fundo do peito, que ele fizesse alguma besteira.
Passou no apartamento. A porta estava aberta, chamou o nome do irmão seguidas vezes até contestar que ele não estava lá. Na cozinha... na sala... no quarto... Até chegar ao banheiro. Sentiu um aperto no coração, como estivessem pisoteando-o. O corpo de Kikyou não estava mais lá, mas ainda haviam marcas do seu sangue do chão. E um ramalhete de flores, meio amassado e murcho na porta do banheiro. Ele baixou os olhos, pesarosamente, tudo haveria de mudar.
Saiu novamente, com a chuva ainda mais forte. Olhou por todos os lados, aflito, mas não havia nenhum sinal do irmão nas ruas escuras. Sobressaltou-se quando, em um banco branco de uma praça, encontrou uma figura de longos cabelos prateados que ele rapidamente reconheceu. A franja prateada lhe caía sobre os olhos, encharcada pela chuva que caía impiedosamente contra si. InuYasha estacionou o carro de qualquer jeito e correu até lá. Sesshoumaru estava sentado no banco, parecendo procurar um ponto perdido no céu, e não notou InuYasha se aproximando.
- Sesshoumaru... – InuYasha disse, penalizado– Vamos pra casa, você vai se resfriar...
- Me deixa, InuYasha. – Sesshoumaru disse, baixa e friamente, sem olhar para o rosto do rapaz que o chamava,
- Por fav...
- Eu disse me deixa, InuYasha! – Sesshoumaru vociferou para o irmão caçula. InuYasha ficou em silêncio, enquanto, dos olhos raivosos do irmão, ele podia facilmente ver uma vermelhidão de lágrimas, e algumas que ainda brotavam dos olhos de Sesshoumaru, mesmo com a chuva. Sesshoumaru desviou o olhar de InuYasha.
InuYasha suspirou, poderia até dizer que entendia a frustração de Sesshoumaru, mas soaria falso, já que ele mesmo admitia não fazer idéia da dimensão da dor que ele deveria estar sentindo. Ele viu o corpo do irmão tremer, com alguns breves soluços contidos, apesar de não poder ouvir, devido aos grossos pingos de chuva que abafavam o som. Pôs a mão no ombro do irmão, buscando dar-lhe apoio. Ficaram ali por muito tempo, sem nenhum dos dois falar nada, mas com InuYasha apoiando e Sesshoumaru aceitando seu apoio.
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- Ainda é aqui? – Sesshoumaru perguntou para InuYasha, desconcentrando-o de seus pensamentos. Sesshoumaru indicava com a cabeça uma grande casa, sem tirar os olhos da direção.
- Se não criou pernas e saiu andando... – InuYasha brincou. Vangloriou-se interiormente quando conseguiu arrancar um riso de Sesshoumaru.
Sesshoumaru e InuYasha tiraram as malas do porta-malas e entraram na casa. Estava tudo escuro e silencioso. InuYasha estranhou.
- Mas que diabos...?
As luzes se acenderam, estouros de serpentina foram ouvidos, em meio a apitos e gritos animados. Sesshoumaru piscou seguidas vezes sem entender, enquanto InuYasha era coberto por Miroku, Sango, Kagome, Kagura e Kohaku, que havia ido morar com a irmã há algum tempo.
- Seja bem vi...! – Era dito em uníssono, até notarem que agarraram a pessoa errada.
- Ah, é só o InuYasha... – disse Kohaku.
Os gritos, os estouros e os apitos se repetiram, enquanto eles trocavam de alvo. Sesshoumaru riu enquanto eles o soterravam, cantando algo indescritível, que o máximo que ele entendia era algo como 'Seja bem vindo Sesshou', 'Daqui você não vai escapar' e 'Beba até cair'.
Horas depois, os vestígios da festa ainda eram visíveis. A faixa de 'Seja bem vindo, Sesshoumaru!' Pendia na parede, haviam serpentinas de todas as cores sobre os móveis, a pequena caixa de fogos de artifício, que todos impediram que Miroku, depois de sete doses de sakê soltasse pela casa, a escova de cabelo que InuYasha usara como microfone quando, depois de nove doses, decidira que havia nascido para ser cantor, fora as várias garrafas e copos de sakê vazios, espalhados pela casa.
Todos dormiram na sala. Kagura, Kagome e Sango desabaram sobre o sofá maior, enquanto Miroku e InuYasha acabaram por dormir no chão. Kohaku apagou a luz antes de ir para a cama, mesmo que meio zonzo pelo sakê que Miroku o oferecera, longe dos olhos de Sango. Sesshoumaru também ficou na sala, sentado no sofá pequeno. Estava particularmente feliz, e não era apenas pelo sakê.
'Vira! Vira! Vira!' Ainda ecoava em sua cabeça. Ele ria mesmo adormecido, lembrando-se do dia. Fazia muito tempo que não era feliz, como se tivesse passado um longo tempo num coma profundo e somente agora tivesse despertado. Morar na república foi a melhor coisa que já o haviam obrigado a fazer, e ele agradecia a si mesmo por não ter recusado.
Olah, pessoas 8D
É realmente misterioso como essa fic está fluindo, recebeu um novo capítulo sem nem mesmo criar teias de aranha o.O Se eu contar que esse capítulo foi feito depois do capítulo III vcs não vão acreditar, mas é verdade XD Dá-se a entender que o 3° capítulo já está pronto, mas sinto dizer que não vou postá-lo agora senão vcs ficarão mal-acostumados u.u
Ai: Obrigada pelo review XD (emocionada ;-;) Fico feliz que você tenha gostado da fic Espero que continue acompanhando /o/
Bai bai o/
