Até a eternidade
Cap III
Kikyou olhou mais atentamente para o estranho homem que surgira. Belo, de fato, mas o que a interessava foi a frase sediça. Por fim, sorriu ironicamente.
- Lúcifer, sim? – Ela disse – O anjo decadente.
- Vejo que leu a Bíblia. – Ele disse, ignorando o apelido dado pela jovem – É de se impressionar, levando em conta a razão de você estar aqui. – Ele provocou – Não está escrito na Bíblia de Deus que aqueles que vendem suas almas para mim são esquecidos por Ele?
- Não vendi minha alma para você. – Ela disse, calmamente.
- Me deu a chance de comprá-la. – Ele riu, depois estreitou os olhos, maliciosamente – E isso dá no mesmo.
- Então somos condenados ao fazer coisas querendo algo melhor?
- Ah, isso depende. – Ele sorriu ardilosamente – Matar uma pessoa para se defender não é um crime para os humanos, certo? Mas é um crime. Um crime contra o outro, e isso, nós consideramos. Mas uma pessoa que enlouquece, perde o controle sobre si e se mata não pode ser condenado. O problema maior é saber o que está fazendo, senão... – Ele sorriu mais uma vez.
- Saber o que está sendo feito, hein? – Ela sorriu, com sarcasmo – Você sabia o que estava fazendo, Lúcifer?
Para a surpresa de Kikyou, Lúcifer permaneceu sorrindo. Pôs as mãos nos bolsos do sobre-tudo e andou na direção de Kikyou.
- Sabe... – A voz dele mudou para uma voz feminina, e, quando Kikyou olhou, ele se tornara uma mulher de cabelos loiros – Você é insolente, audaciosa... E admiro-a por isso.
- Devo agradecer ao elogio? – Ela perguntou, olhando-o atentamente.
- Agradeça por ser como é e ter chamado a minha valiosa atenção. – Ele sorriu, passando para a forma de um menino.
- Hmpf – Ela bufou, impaciente – E de que me vale a sua 'valiosa atenção'?
- Mais do que a sua mente humana poderia imaginar. – O menino disse, formalmente – Gula, Avareza, Ira, Inveja, Luxúria, Vaidade e Preguiça. Em sete pecados existem milhares formas de se vir para o Inferno, e, em cada forma, existem cerca de 1 milhão de almas... Somando-se, existe cerca do triplo de pessoas que vivem na Terra pagando seus pecados no Inferno. Entre todas elas... Eu vim em pessoa ver você.
- Sempre pensei haver coisas mais importantes para se fazer no Inferno.
- E eu as estou fazendo! – Um homem de meia-idade surgiu e exclamou, animado – Olhe ao seu redor, minha cara. Cada milímetro que você tocar me pertence. Cada grão de areia em que você pisa é meu. – Ele estreitou os olhos, ameaçadoramente – A sua alma é minha.
Kikyou permaneceu calada, enquanto ele explicava.
- Deus não é onipotente, onisciente, onipresente em seus domínios? – Ele sorriu mais uma vez – Nos meus domínios eu também sou. Posso estar aqui e estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
- E por que você está aqui?
O homem cruzou as mãos nas costas e caminhou alguns passos, com um semblante pensativo. Depois lançou para a jovem um sorriso provocante.
- Kikyou... – Ele iniciou – Quem diz que Deus e o Diabo são inimigos têm uma ponta de razão, mas não é bem o correto. O mal já está na Terra, é como se fosse o caminho para o Inferno, em os humanos seguem apenas se quiserem. Esse é apenas um dos pontos em que eu discordo Dele veemente. Segundo ele, se não é o caminho dele, é o caminho errado. Abortar uma criança não é o caminho de Deus, então é o mal? Não querer emprestar o seu carro caríssimo para um morador de rua é egoísmo, sendo assim é o mal?
- Aonde você quer chegar? – Kikyou perguntou impaciente.
- Sabe o que é o suicídio, Kikyou? – Ela sobressaltou-se, quando ele se transformou nela – É você usar o seu livre-arbítrio contra Deus. É agir contra a vontade Dele, por isso é considerado um pecado. – Ela viu sua própria imagem sorrir, maliciosamente – Mas o livre-arbítrio é mais poderoso do que você pensa, Kikyou.
Kikyou permaneceu em silêncio.
- Os humanos crêem que são influenciados ao tempo todo por anjos e demônios, que eles acreditam que são mais poderosos que eles. Não sabem, mas são eles que influenciam a gente, ninguém mais tem o poder de decidir quantos mais irão para o Paraíso e quantos mais irão para o Inferno. E aí que entra o livre-arbítrio. O livre-arbítrio é como uma chave, que transita seu usuário entre as três esferas: Terra, Inferno e Paraíso. Mas para uma porta se abrir do lado de cá, alguém precisa abri-la lado de lá.
- Ou seja...?
- Sabe que lá todos que a conheceram desejam a sua volta. Principalmente... – Kikyou gelou, quando Sesshoumaru surgiu à sua frente – Ele.
Os olhos de Kikyou queimaram pela fúria, e isso apenas divertiu Lúcifer.
- É dele a razão de você estar aqui, não é? E é por ele que você quer voltar. Resumindo... – Ele aproximou o rosto do dela. Ela desviou o olhar daquele rosto que a lembrava tantas coisas que ela queria esquecer – O seu namoradinho tem a chave pro lado de lá.
Kikyou estreitou os olhos. Estava começando a entender.
- E por que você me faria voltar? Se fosse tão simples assim o mundo estaria repleto de mortos vagando sobre a Terra. – Ela perguntou.
- Aí que está! – Ele riu – Não acha que todo demônio em que a família quisesse de volta poderia voltar, não é? Caridade não faz o meu feitio, de pobres diabos que merecem caridade o Inferno está cheio. O seu caso me interessa.
- E por quê? – Kikyou contia a ansiedade na voz, queria se mostrar o mais impassível que pudesse, apesar de a esperança de voltar ter-lhe interessado.
Lúcifer, ainda na forma e voz de Sesshoumaru, rondou Kikyou, como uma fera selvagem, esperando para atacar. Enfim, parou e disse:
- Vou lhe fazer uma proposta, Kikyou. Permito-te uma hora na Terra, para rever o seus amigos, sua família, etc etc etc.
Kikyou permaneceu em silêncio. Sorria interiormente, sentindo seu peito arder novamente, como se seu coração ainda batesse. Poderia sair gritando, se não quisesse deixar transparecer nenhuma emoção.
- Mas... – Ele continuou – Nada é de graça. É a lei da compensação. Você terá que fazer algo por mim...
Kikyou sorriu, melancolicamente. Claro, era muito óbvio que ela não receberia jamais algo de graça, agora que no Inferno. Não poderia jamais dizer que não havia ficado decepcionada, mas não iria deixar transparecer sua ingenuidade humana.
- E o que seria? – Ela suspirou, friamente.
Lúcifer sorriu maliciosamente para ela, e sibilou:
- A alma do seu namorado.
Kikyou não disse nada, como se estivesse tentando processar em sua mente o que ele havia dito, ou simplesmente confirmar, não poderia ter sido aquilo mesmo que ela ouviu.
- O quê? – Ela sibilou, incrédula.
- Foi como eu disse, minha cara. Nunca disse que seria barato.
- E o que o faz pensar que eu faria isso! – Ela vociferou, entre os dentes.
- O fato de você saber perfeitamente que nunca mais verá o seu namorado. Bom, gentil, provavelmente já tem uma vaga no Paraíso. E desse, você nunca verá a cor...
Kikyou baixou a cabeça, apertando os punhos com força. Lúcifer permaneceu andando em volta dela, e encostou-se em seu ouvido, sussurrando:
- Pense. Toda a eternidade ao lado do seu afeto. Juntos, pagando a mesma pena no Inferno...
- E o que eu ganho com isso? – Ela perguntou, enojada com a proposta repugnante que lhe fora feita.
- Poder. – Ele sussurrou novamente – Você é apenas mais uma alma no Inferno. Com mais poder, você se tornará um demônio. Poderá transitar entre quaisquer esferas do Inferno, e ir até a Terra influenciar os mortais. E não mais passar o resto da eternidade caminhando nessa areia fétida.
Kikyou permaneceu em silêncio, com os olhos estreitos de fúria e os punhos cerrados.
-... Ou você acha que ele não aceitará? – Ele lhe perguntou, com veneno.
Kikyou não disse nada novamente. Ela aceitaria se fosse ela no lugar de Sesshoumaru, mas que orgulho ela deveria ter disso? Então ela deveria se aproveitar do amor que ela semeara enquanto viva para fazê-lo sofrer junto a ela?
- Temos um acordo? – Disse ele, mais uma vez com olhos e cabelos negros, como no princípio. Estendeu a mão para Kikyou.
Kikyou hesitou. Em um segundo, ela viu as imagens de toda a pequena eternidade pela qual já havia passado no Inferno. Sesshoumaru e seu egoísmo. Era irônico, de fato. Seu errôneo egoísmo a fizera cair onde estava, e agora ela precisava deste mesmo para sair. A semelhança, obviamente, era Sesshoumaru, que pagaria por esse mesmo pela segunda vez. Ele pagaria mais uma vez pelos erros dela.
Kikyou ergueu os olhos para Lúcifer, que sorria para ela, como se já soubesse a sua resposta. Por fim, ela apertou a mão de Lúcifer, como quem entrega sua cabeça para o carrasco. Sentiu uma leve vertigem, e, por um momento, até um certo temor do sorriso ardiloso do Príncipe das Trevas. O acordo com certeza não tinha apenas a palavra dela como valia.
- Não irá se arrepender... – Ele disse, com a malícia brilhando em seus olhos.
--Continua--
Hoy 8D
É impressionante realmente como essa fic tá... fluindo XD Não sei ao certo c é pq eu me divirto fazendo ela ou se é a pressão que ela está me causando, mas vamos pela primeira opção n-n
Me perguntaram seo Lúcifer seria uma espécie de Naraku, então eu respondi... Não, não tem nada a ver XD Não que seja importante, só para deixar claro o.o...
Yuka-san: Vc gostou de uma fic minha 9.9? Weeeee o/ Agora o Inferno pode congelar XD Tah tah, continuei. Mas c vc non ler morre u.u XD
Raissa: Brigada n-n/ (happy) Eu fiz você chorar 8D? huhuhuhuh (esfrega as mãos de um jeito maléfico) Acho q pretendo fazer vc sofrer mais um pouqui... Qr dizer o.o! Não farei isso d novo 8D.
Lika Junge: Nossa O.O! Brigada :D! (emocionada) Fique tranqüila, instalei uma alarme Anti-Narus no fic, mas só fale do Sesshow quando não ouvir nenhuma buzina, ok xD?
Naomi H. N:Concordo plenamente com vc. Odeio Inu/Kag a começar pq é totalmente contra os meus princípios :D Mas concordo plenamente tbm sobre os casais diferentes, e tbm sobre Sesshoumaru e Kagura ser o casal mais lindo do mundo ;-; (emocionada, alguém a compreende o/) Obrigada por ter comentado :) Ah o.o... (só encontrou uma fic XD) Angels eh happy ò.Ó E eu ainda qro ler as suas fics incomparavelmente melhores ù.ú (carrasca, huhuhuhuh 8.8)
Espero que continuem lendo a fic ;D
Bai Bai o/
