Respostas às Reviews do Capítulo Anterior:
Marck Evans: Bem observado. É a influência do clima!
Nicolle Snape: Sev tem outros planos para Harry!
Magalud: Fico especialmente feliz que você tenha gostado desse capítulo. Narradores não-confiáveis não são muito comuns em fanfiction. Acho que o povo tem medo de surpresas. Mas meus leitores já estão habituados com as minhas maluquices!
Annianka: hahaha, lápis de memória, né? Pode meditar à vontade, o espaço é livre. Esses dois são mesmo complicados.
Bela Chan: Essa conversa vai acontecer mais para a frente. Agora seria difícil, os dois são muito orgulhosos.
Amanda Saitou: Ah, maravilha, é isso mesmo. Você captou todo o problema. Pois é, o Tom aqui não é lá nenhum gênio, como nos livros da JKR. Mas ele vai ter alguns momentos especiais nesta história...
Capítulo 5
Acordo e fico decepcionado ao ver que ele não está ao meu lado. Pergunto-me se terá fugido. Seria muito estúpido da parte dele, tendo feito um Juramento Inquebrável Recíproco.
Encontro-o na cozinha, onde a mesa está servida com café da manhã para dois. Meu péssimo humor matinal melhora um pouco.
— Espero que goste de omelete com bacon — ele diz.
Respondo com um grunhido, sento-me e começo a me servir.
— Não coma esse patê de carne suína defumada se vai comer omelete com bacon. É gordura demais em uma só refeição — eu resmungo.
— Mas eu adoro esse patê!
Respondo, com outro grunhido, que ele sempre gosta do que não é saudável para ele. Ele fica furioso, claro, e eu me sinto mais disposto.
Ele não se dá por vencido. Mudando de humor de repente, abre um sorriso de cortar a respiração.
— Bem, eu adoro também aquele patê de pistache.
É bem dele, resolver ficar feliz só para me irritar.
Depois do café, explico a ele onde estamos, para que ele possa aparatar de volta.
— Aqui é o "Sítio da Nhandu", no litoral do estado de São Paulo, Brasil.
— Nhandu?
— É "aranha" em tupi.
— Ah. Aranha. Eu devia saber. Er... Não é perigoso aparatar a uma distância tão longa?
— Perigoso não, mas impreciso. É por isso que estou lhe dando este mapa. — Entrego-lhe o pergaminho. — Para o caso de você se perder.
— Uau! É como um Mapa Mundial dos Marotos?
O mero som desse nome me tira do sério.
— Não. Esse mapa mostra apenas em que país você está.
Ele sai, e eu sinto um frio no estômago. Iria com ele, se não tivesse feito um Juramento Inquebrável com o Lord das Trevas, com Bellatrix como Elo, de que ficaria ali até segundas ordens, e que não deixaria Potter escapar.
(Juramentos Inquebráveis estão na moda, hoje em dia, e não, não deixei Potter escapar. Ele prometeu voltar. Espero que volte. Se ele não voltar, estou em uma grande encrenca.)
A casa fica tão vazia, sem ele! Simplesmente não tenho o que fazer. Resolvo sair e colher algumas ervas nativas para inventar novas poções. Eu trouxe um caldeirão pequeno comigo.
As plantas ainda estão molhadas da tempestade da noite anterior. A flora desta região, a Mata Atlântica, é incrivelmente variada. Pena que os Muggles a estejam destruindo rapidamente. Embrenhando-me pela mata, colho alguns galhos de espinheira-santa, ginseng brasileiro, carqueja e chapéu-de-couro.
De repente, trombo com uma árvore alta. Dezenas de formigas miúdas me assaltam e começam a me morder. Saco de minha varinha e lanço um Avada Kedavra sobre todas. Trata-se de um galho de embaúba, pau-de-formiga ou Cecropia pachystachya. Encontro uma embaúba ainda pequena e corto um pedaço de seu tronco oco. Tenho planos para ele.
A coceira está me matando, Ainda bem que trouxe um antídoto contra picadas de insetos em minha maleta de emergência. Vou ter de voltar para casa.
s:S:s:S:s
Dez horas da noite e ele ainda não chegou. Eu não devia tê-lo mandado ir matar um Manticora. Mas o que mais eu podia fazer? Estava entre Cila e Caribdis.
Minha única companhia é o copo de Firewhisky. A garrafa já está pela metade, e eu só trouxe uma.
Um estalido. Olho ao redor e vejo-o aparatando, todo enlameado. Corro na direção dele e preciso me conter para não abraçá-lo. Minhas mãos estão trêmulas. Deve ser o Firewhisky.
— Eu consegui. Destruí a Horcrux — ele diz.
Vem aos meus braços, homenino meu! Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte!(1) Seguro-lhe os braços e passo os olhos pelo corpo dele.
— Vá tomar um banho. Enquanto isso eu esquento o jantar.
s:S:s:S:s
Hoje estamos jantando um Camarão na Moranga, prato típico da região. Durante o jantar, Potter me conta sua aventura.
Arthur Weasley havia localizado os Smiths facilmente pela Rede de Flu; depois de muitas objeções e resmungos, Zacharias Smith concordara em ajudar Potter. Weasley e Potter haviam aparatado junto aos portões de Hogwarts, de onde Weasley enviara um Patronus para chamar Hagrid. O semigigante concordara pronta e animadamente em ajudar. Potter havia lado-aparatado Hagrid até Little Hangleton, onde encontraram Smith.
O peculiar trio entrara na velha igreja e encontrara a passagem para a cripta. Hagrid e o Manticora haviam se tornado amigos de imediato e travado longas conversas enquanto Potter e Smith passavam horas procurando pela taça.
Haviam, finalmente, encontrado a relíquia enterrada no solo da cripta. Smith agira como um verdadeiro herói e segurara a taça para Potter. Houve um momento de inquietude quando eles tiveram de enfrentar a perturbadora verdade: nenhum deles sabia como remover o feitiço da Horcrux. Mas então Hagrid perguntara ao Manticora o que deveriam fazer e, em resposta, o fantástico animal enchera a taça com o veneno de sua cauda. Assim que o veneno tocara a taça, esta começara a emitir uma luz verde e se dissolvera nos ares.
Respiro fundo, aliviado. A profecia deve estar correta. Esse garoto tem de ser O Escolhido.
s:S:s:S:s
Na cama, como na noite anterior, nós dois recostados na cabeceira, sob os cobertores, eu conto a ele sobre a segunda Horcrux: a varinha de Rowena Ravenclaw.
— A varinha de Rowena está flutuando nos ares, acima de Hogwarts.
— Ora, eu sou um bom Seeker, acho que essa não vai ser difícil.
— Otimista, não? Você nem sabe a que altitude está essa varinha! Além disso, o Lord das Trevas lançou um feitiço de invisibilidade sobre ela.
— O quê? A varinha está invisível?
— Exato. Regozijo-me com a sua compreensão das sutilezas de minha linguagem.
— Er... Mas se a varinha é invisível, não vai ter jeito.
— Por que não reúne seus amigos e pede ajuda a eles? Só você procurando, será mesmo muito difícil.
Ele suspira, põe os óculos sobre a mesinha de cabeceira e escorrega para baixo das cobertas. Eu apago as luzes e faço o mesmo que ele.
Fico vários minutos acordado, só me perguntando se ele estará acordado também ou não, e o que acharia se eu chegasse um pouco mais perto, se o tocasse...
Mas ele não diz nem faz nada, e eu me preparo para outra noite de tensão sexual não resolvida.
Continua...
Notas:
(1) Do poema "Jaguadarte" ("Jabberwocky"), de "Através do Espelho e o Que Alice Encontrou Lá", Lewis Carroll, tradução de Augusto de Campos.
