CAPÍTULO UM – OCLUMÊNCIA DE VERDADE

A consciência parecia lhe voltar aos poucos. Onde estava? Por que estava tudo escuro? E que sensação de balançar horrível era aquela?

Demorou a entender que estava em movimento, num carro provavelmente, abriu os olhos mas continuou a não enxergar nada, estava vendado, isso queria dizer que... mexeu as mãos.. exatamente, também estava amarrado.

O rádio estava ligado, tocava uma música de uma cantora conhecida (que Duda adorava, por sinal).

De repente alguém começou a cantar junto com a música. Era ela... ele reconheceria aquela voz irritante em qualquer lugar.

-Já acordou, Baby Potter? – perguntou a mulher em tom infantil.

Ela provavelmente tinha percebido o movimento de cabeça dele. Aquele tom debochado que usara no Ministério da Magia fez com que Harry tivesse o impulso de voar no pescoço dela, mas pelo visto ele também estava bem preso ao banco

-Ah! Desculpa, ta apertado, eu sei. Mas eu tinha que te deixar assim né? Por motivos óbvios.

-Pare de implicar com o garoto, Bellatrix.

Era uma voz feminina, havia mais alguém no carro. Pela lógica só poderia ser Narcisa Malfoy, mas algo lhe dizia que não era ela.

-Ai que saco. – resmungou Bellatrix – Você ficou tão chata depois de velha... Eu que devia ter perdido todo o humor depois de passar tanto tempo em Azkaban, não você.

-Pra onde estão me levando? – perguntou Harry impaciente – A onde Voldemort está escondido para precisarmos ir de carro?

Uma estrondosa gargalhada inundou o carro.

-Então você acha que estamos indo visitar o Lorde, bebe?

Como era irritante ouvi-la tratando-o assim.

-Que outro motivo teria pra me manter vivo se não porque ele quer me matar pessoalmente?

-É verdade! – falou ela antes de rir novamente – Vou te entregar pra ele sabe, por que quero que ele te mate logo... por isso consegui entrar na casa da sua tia, não é? – ela abandonou o tom de brincadeira, dando lugar a algo que mais parecia uma chamada de atenção - Por Merlin garoto! Tinham me dito que você era mais inteligente. Mas também, só eu mesmo pra dar ouvidos ao Lucio, com aquele filho patético que ele tem, qualquer garoto nessa idade parece ter uma grande inteligência perto dele.

-Bellatrix! O garoto é seu sobrinho!

-Mas que droga! Eu não lembro de você reclamar assim quando a gente implicava com a Narcisa.

Bang! Não era a mãe de Draco quem dirigia o carro, sim porque Harry já tinha conseguido identificar que a voz de Bellatrix vinha do seu lado esquerdo, o lado do passageiro.

-É que a Narcisa era diferente... – disse a outra num tom malicioso e divertido.

-Lembra quando a gente estuporou ela, a trancamos no sótão e dissemos pro papai que ela havia fugido com um trouxa estrangeiro?

A outra mulher caiu na gargalhada.

-Foi difícil ela explicar... até porque nem ela sabia o que tinha acontecido... Lembra da cara dela quando apareceu????

As duas começaram a rir.

-Andrômeda....– murmurou Harry no banco de trás.

-Pare de ouvir a conversa dos outros, bebê! – ralhou Bellatrix, como se ele fosse um garotinho bisbilhoteiro. Era impressionante como ela tinha a capacidade de tirá-lo do sério facilmente - mais tarde nós dois vamos conversar...

-Eu não vou conversar com você, sua assassina! Se está pensado que vou lhe dar alguma informação, está muito enganada, é melhor me matar logo pois será perda de tempo esperar!

Ele a ouviu dar um suspiro profundo.

-Ai, pelo visto não foi só a aparência que você herdou do seu pai... Sua mãe seria mais perspicaz....

-Não fale dos meus pais! – gritou Harry novamente, sem se dar conta do comentário.

-Mas é verdade. – disse ela indiferente - Pense Potter, pense! Se eu realmente quisesse te matar, ou se estivesse pensado em lhe fazer qualquer tipo de mal, como entregá-lo para o Lorde, não conseguiria entrar na casa protegida pelo sangue da sua mãe... Ou ninguém te falou sobre isso?

Ele engoliu seco. Era verdade, não havia como ela entrar na casa dos tios, como entrou. O próprio Dumbledore já tinha lhe falado sobre isso.

Ficou calado por algum tempo, tentando refletir sobre o que ela havia dito, mas as coisas simplesmente não se encaixavam.

A música conhecida continuava, parecia que estavam passando um especial da cantora, mas Harry não conseguia prestar atenção nisso, sua cabeça fervia tentando arranjar uma explicação para a assassina do seu padrinho estar a poucos centímetros dele e não o ter matado ainda.

Resolveu buscar mais informações.

-Pra onde estamos indo?

-Pra um lugar seguro. – era a voz da outra mulher a responder.

-Por que estamos indo de carro?

Pra que o Ministério da Magia não possa nos localizar, nem o Lorde... E esse também é o motivo de você estar vendado.

Ele sentiu a cicatriz doer e foi como se ele entendesse o que acontecia. Com certeza Voldemort tinha acabado de descobrir o que ela fizera, estava urrando de ódio, ao que parecia já havia um plano pronto para pegá-lo na primeira oportunidade e agora, com a intromissão da mulher, tudo tinha ido por água a baixo.

-Você não quer que ele veja para onde estão me levando. Nem quem está te ajudando...

-Exatamente, Baby Potter.

-Da pra parar de ma chamar assim? – falou enquanto tentava esquecer da dor que aumentava.

-Eu sempre te chamei assim... não vai ser agora que vou mudar. – ele não viu, mas sabia bem que ela tinha um sorriso cínico nos lábios – O que foi? – parecia que finalmente ela havia percebido a expressão de dor nas suas feições.

-Minha cicatriz, ta doendo... ele... já sabe... – Harry sentiu uma mão em sua testa, os dedos eram gelados, mas ao mesmo tempo parecia que uma descarga de calor o invadia naquele toque.

-Feche a mente... – murmurou Bellatrix – Não pense em nada.

A mesma ladainha de Snape, como era possível não pensar em nada?

-Limpe-a ou não vai conseguir se livrar dele Baby Potter. Ande, vamos... Se esforce...

Ele resolveu tentar, mesmo acreditando que não conseguiria, fechou os olhos, a dor aumentava, era difícil não pensar nela. Ela parecia triplicar a cada segundo.

-Não dá! Eu não consigo!

-Vou te ensinar uma outra forma então... – disse ela num tom calmo... quase doce - Fixe um ponto na sua lembrança... uma imagem feliz...

Era difícil lembrar de algo feliz no meio de tanta dor, ele mal sentia os dedos dela em sua testa, mas sabia que ainda estavam lá.

Buscou a imagem de Sirius, mas a imagem que vinha a sua cabeça era dele desaparecendo no véu. Buscou a imagem de seus amigos, momentos que passaram juntos, mas em seguida sua mente era inundada por cenas de Rony e Hermione morrendo de forma horrenda... Não sabia mais onde procurar.

Agora ele não tinha noção nem da presença de Bellatrix, ou da raiva que sentia dela, nada daquilo importava. A dor era inexplicavelmente grande, só pensava em se livrar dela, em se libertar, em ser livre... como quando voava....

Lembrou-se do seu primeiro campeonato de quadribol, o vento no rosto, a sensação de liberdade. Ele ficou um bom tempo aproveitando aquela sensação gostosa que a lembrança lhe trazia. Quando abriu os olhos novamente (para a escuridão da venda), a dor havia ido embora.

-Viu, não é tão difícil. – disse enquanto afastava os dedos da testa dele.

-Você falou com ele não foi? Através de mim...

-É, falei... – ele ouviu ela se ajeitando no banco.

-O que você disse?

-Resumidamente: Cai fora!

Harry duvidava que tivesse sido exatamente isso, mas era bem provável ter sido algo bem parecido. Ele sabia que Voltemorth se fora muito mais irritado do que quando chegara.

-Por que está fazendo isso? Por que está me ajudando?

-Já disse que nós conversaremos depois; bebê.

-Não! Eu quero saber agora!

-Você ainda não está em condições de saber de nada Baby Potter. Enquanto não aprender Oclumência direito vai ter que se contentar em saber só o que EU te digo e não o que VOCÊ quer saber.

Harry soltou um muxoxo irritado.

-Por favor, não me diga que eu vou ter que voltar a ter aulas com o Snape... Seria o suficiente pra acabar DE VEZ com o meu dia.

Ele ouviu as gargalhadas das duas mulheres.

-Não bebe, não se preocupe. – disse Bellatrix – Quem vai te ensinar Oclumência sou eu.

CAPÍTULO DOIS – MAIS PERGUNTAS, MENOS RESPOSTAS

É claro que Harry não conseguiu mais pregar o olho. Por mais que a venda o deixasse às escuras, tentava manter-se atento para cada barulho ou conversa entre as duas ocupantes do carro. Mas não ouve muito mais que risos tolos, os quais ele não sabia o motivo, e a insistência de Bellatrix em cantar junto com a música do rádio. O pior era que, além da voz estridente, ela nem sabia a letra, repetia o refrão vez ou outra, e sempre em entonação errada, coisa que deixava a prática ainda mais irritante em pouco tempo.

Felizmente o carro parou e o rádio fora desligado. Ele deixou-se guiar para fora do veículo sem discutir, deu alguns passos, apoiado no braço de alguém até que ouviu uma porta fechar atrás de si.

-Sam! Sam, cadê você? – ouviu Bellatrix gritar num ponto a sua frente, o que significava que era Andrômeda a guiá-lo. Se bem que ainda tinha suas dúvidas que fosse ela... Sirius gostava tanto daquela prima, não podia imaginar por que ela ajudaria justamente a mulher que o havia matado.

Mas fosse quem fosse, a mulher o fez sentar em uma cadeira antes de perguntar para a outra:

-Posso desamarrá-lo?

Houve um silencio antes da resposta vir. O estômago de Harry revirou com a possibilidade de estar com as mãos livres e, finalmente, ter alguma chance de fugir.

-Não... – sentenciou Bellatrix – Ele ainda pensa em ir embora... Vai ter que ficar assim até que entenda que esse é o lugar mais seguro pra ele agora. Mas pode tirar-lhe a venda.

Seus olhos demoraram a se acostumar com a luminosidade novamente, mesmo que o lugar não fosse muito claro. Tentou olhar em volta, procurando a pessoa que lhe tirava a venda, mas, assim que se deu conta a onde estava, toda a sua curiosidade em ver o rosto da outra se foi.

-Isso é um bar?

-Na verdade é um pub. – responde a mulher de longos cabelos negros parada a poucos metros dele, na frente do balcão do estabelecimento. Ela ainda estava com as mesmas roupas com que entrara na casa dos Dursley, e pela luminosidade vinda da janela, ainda era noite.

Ela bateu fortemente com a mão no balcão novamente.

-Sam! Acorda!!!! Eu não tenho a vida toda, sabia?

-Aqui estará seguro, Potter. – disse a mulher nas suas costas – Isso se você não irritá-la, claro. Ela realmente fica muito perigosa quando brava...

-Meu padrinho que o diga, não é... – disse secamente enquanto virava levemente a cabeça tentando ter uma visão da mulher, o máximo que conseguiu foi ver o seu vulto.

-Trix... – Harry levantou os olhos. Que apelido mais idiota! - Eu preciso ir, ou vão sentir a minha falta.

Harry viu Bellatrix acenar levemente.

-Ok.... – ela levou alguns minutos antes de se decidir a dizer – E obrigada...

-Vai me agradecer melhor se cumprir o que prometeu, certo. Mantenha ele vivo... – Bellatrix acenou positivamente – E você também....

Harry viu um leve sorriso alinhar-se nos lábios da mulher, em seguida ela voltou a bater no balcão, mais uma vez.

-Caramba Sam! Cadê você!?!

Finalmente eles ouviram algum barulho vindo da cozinha.

-Dona Black! Dona Black! É a senhora???? – berrou alguém lá de dentro.

-Não.... é o coelhinho da Páscoa, Sam... – debochou a mulher.

Em poucos segundos a porta que dava pra cozinha se abriu e um senhor de seus cinqüenta e tantos anos, robusto, que mais lembrava um avó brincalhão por causa do imenso sorriso, apareceu. Pela cara amassada e o roupão mal colocado dava pra ver que o haviam acordado, mas ele não parecia ter se importado muito com isso.

-Dona Black é a senhora mesmo!!!! – disse ele levantando o tampo do balcão para em seguida abrir os braços e dar um enorme abraço de urso em Bellatrix.

Harry chegou a achar engraçado a cara de desagrado forçada que ela fez, como se não tivesse gostando daquele afeto todo, sim, por que ela estava gostando, afinal ela não era mulher de se deixar abraçar se não quisesse.... pelo menos era assim que ele a imaginava.

Mas o que realmente foi surreal foi a imagem dele a levantando do chão, tamanha a alegria.

-Sam! Para com isso! Me desce agora!

Ele obedeceu, mas não sem antes vira-la no ar primeiro.

-Sabia que um dia vocês voltariam... eu sabia! Quase não acreditei quando recebi a carta do... – Sam engoliu a frase assim que seus olhos caíram sobre Harry.

Ele se sentiu um tremendo idiota em ser visto naquela situação, preso a uma cadeira, ainda de pijama, mas o olhar espantado do homem provavelmente era devido a sua cicatriz.

-É ele.. o bebê... o seu...

-É o filho dos Potter sim, Sam. – disse ela com uma espécie de sorriso saudoso nos lábios -Lembra de quando o conheceu?

Ah! Se lembro! Como podia esquecer da festa que vocês fizeram aqui assim que ele nasceu...

Harry lançou um olhar curioso para Bellatrix. "Festa? Aqui? Eles fizeram??? Ela fez festa quando EU nasci??" Aquilo era um absurdo, quem que aquela mulher estava querendo enganar?

-Baby Potter vai ficar com a gente por uns meses Sam, escondido, até poder voltar ao colégio. – o homem acenou positivamente – como está o apartamento?

-Do jeito que vocês deixaram.

-Jura. – ela deu uma olhada para o alto, que fez Harry concluir que o apartamento em questão ficava no andar de cima – Que coisa mais mórbida...

-Lembranças não morrem. – disse o outro num tom paternal.

-Morrem sim... se você soubesse por onde estive ia entender o que estou dizendo...

Mas Sam não parecia saber nada sobre Azkaban, tanto que sorriu.

-Se tivessem realmente morrido você não ia se preocupar em encontrar tudo da mesma forma que deixou, ia? E, se não morreram... também não adiantaria mudar nada de lugar...

Ela deu mais uma vez um olhar penoso para o alto.

-Ele também não gostou da idéia de subir quando esteve aqui... Mas enfrentou bem a situação...

Bellatrix o olhou raivosa.

-Está querendo dizer que ele é mais corajoso que eu, Sam?

O outro sorriu novamente, sem parecer temer o olhar mortal da mulher.

-Mas ele é, não é?

-É. Por isso me faz um favor, ta? Tira as fotos antes de eu subir... principalmente aquela da sala.

Ele deu de ombros, mas, antes de obedecer, virou-se novamente para Harry.

-Vai deixar o garoto preso aí por muito tempo? O pulso dele não está doendo?

-Ai, que mania que vocês tem de ficar super-protegendo esse menino... é só uma corda um pouquinho apertada. Tenho certeza que ele sobrevive...

Sam riu da cara de brava de Bellatrix enquanto seguia em direção a uma escada lateral ao bar.

-Certo, vou arrumar o segundo quarto pra ele então. – disse enquanto sua voz sumia escada acima.

Harry e Bellatrix se encararam por algum tempo. Ela vestia roupas pretas, pouco escondidas sobre um longo sobretudo de tom acinzentado. O cabelo escorrido estava preso em um rabo de cavalo mal feito que deixava alguns fios caírem sobre o rosto muito magro e ossudo, mas que ainda escondia uma beleza misteriosa. Ele se pegou imaginado como ela deveria ter sido bonita quando mais nova.

-Na verdade acho que foi Azkaban que acabou com a minha aparência...

-Será que dá pra parar de ler meus pensamentos.

-Claro que não dá. Essa é uma arma que eu tenho e vou usar sempre que precisar. Estudei muito pra poder usufruí-la... – disse ela se aproximando dele, puxando uma cadeira e sentando a sua frente – Se não gosta tem que aprender a me bloquear.

Ele soltou um muxoxo.

-Ora, vamos lá. Me falaram tanto de você, Baby Potter. De como você é fenomenal, disseram até que já sabe produzir um patrono... – disse em tom sarcástico.

-Eu sei produzir um patrono...

-Sabe produzir um patrono, mas não sabe fechar sua própria mente... isso é tão ridículo... – desdenhou ela enquanto levantava sua varinha.

Num movimento rápido dois copos começaram a flutuar até a mesa. Ele ouviu algo como uma porta de geladeira se abrindo e se fechando em seguida, e logo em seguida uma jarra de suco cruzou o recinto vagarosamente para parar na mão da mulher.

-Suco de limão.... O Sam realmente não muda... quer? – ele fez que não, Bellatrix deu de ombros – Não sabe o que está perdendo, - disse enquanto servia um como pra si mesma – Se sabe produzir um patrono então tem total competência de aprender Oclumência, bebê. Não importa o que o chato do Snape te disse... A questão aqui é, você quer aprender? Porque se não quiser, nem o próprio Lorde conseguiria te ensinar, sabe.

-Acho que talvez o problema seja os professores. – alfinetou ele – Primeiro Snape e agora você... Como querem que eu me esforce em aprender algo com dois Comensais da Morte.

Ela riu gostoso.

-E com quem mais você queria aprender Arte das Trevas, Baby Potter? Com o Lupin? É claro que tem que ser com alguém que estudou arte das trevas...

-Aprendemos DEFESA contra Arte das Trevas exatamente pra não ter que aprender Arte das Trevas...

-Oclumência não é um simples contra-feitiço contra Legilimência... Você vai precisar aprender a fazer pra não deixar que façam com você.

Ah, sim! E você esta muito preocupada que eu aprenda não é? Porque você não vai pro inferno e me deixa em paz!

Ela levantou a sobrancelha direita e deu um meio sorriso.

-O bebê já tem personalidade, mesmo... Achei que isso só tinha acontecido no Ministério por causa das circunstâncias...

-Circunstâncias! – berrou ele – Circunstâncias sua VACA! Você matou o meu padrinho na minha frente e chama aquilo de circunstâncias?!

Ele quase tirou a cadeira do lugar tamanho foi o impulso de fúria que deu para cima dela. Mas ao que parecia já haviam imaginado essa possibilidade, a cadeira tinha sido magicamente presa no chão.

-Mas respeito com a dona Black, garoto. – disse Sam reaparecendo no salão, com vários porta retratos na mão.

-Eu não devo respeito nenhum a essa assassina! – resmungou Harry, encostando-se novamente na cadeira e sentindo o pulso doer.

-Você fez o que com o padrinho dele? – perguntou Sam com certo ar divertido.

-Matei... – respondeu Bellatrix antes de tomar (finalmente) um gole do seu suco.

-Matou foi? Você Bellatrix Black, matou Sirius Black? Essa eu pagava pra ver...

-Ora, como assim? – disse ela, parecendo ofendida – Acha que eu não seria capaz?

-De matá-lo? – ele soltou uma gargalhada – Nem em outra vida.

-Mas ela o matou! – gritou Harry revoltado – Ela o jogou naquele véu maldito!

-Véu? Como pode alguém morrer porque caiu num véu? – Sam deu um olhar de rabo de olho para Bellatrix – Vocês e suas esquisitices... Que véu é esse?

Ela deu de ombros.

-Um antigo artefato de mamãe.

-Aquele negócio era da sua mãe?

Bellatrix fez que sim, tomou mais um gole de suco, para só depois continuar a explicar.

-Claro que o Ministério nunca soube disso. Eles o apreenderam em uma de nossas propriedades, na casa de um dos empregado... é claro que ele nunca pode desmentir que era dono do objeto... foi jogado no véu antes disso. Mamãe era muito perspicaz.

-Isso é sórdido!

-É. Ela também era isso, bebê...

-E o que tem demais nesse véu? – perguntou Sam.

-Quem cai lá dentro não volta nunca mais...

Sam arregalou os olhos.

-E você jogou o seu Black nesse negócio???? – Bellatrix fez que sim com aquele sorriso cínico – Mas por que?

-Ah! A gente estava duelando, ele tirou sarro da minha cara porque errei um feitiço, e você sabe como eu fico brava sempre que ele faz isso... – ela levantou da cadeira – Ai, parem de drama vocês dois, vamos! Depois eu te explico isso melhor Sam... E você, - apontou o dedo para Harry – já te disse que não vai saber de nada antes de aprender Oclumência... Por isso suba e vá descansar, amanhã teremos um dia cheio! – disse em um tom autoritário que só se comparava a sra Weasley tentando por limite nos gêmeos.

Harry abriu a boca uma ou duas vezes, mas nada parecia suficientemente bom para dizer a mulher naquela hora.

-Eu estou amarrado aqui, como quer que eu suba? – se sentiu um idiota dizendo isso, era verdade, mas não adiantava discutir mais sobre aquilo. Precisava ganhar tempo pra tentar entender o que acontecia e talvez... bom, talvez aprender Oclumência, mesmo com aquela víbora, podia ser de valia para ele no futuro.... se houvesse futuro.

-Eu devia te deixar dormir ai... pelo "Vaca"... Mas se eu fizer isso vão falar que eu estou te tratando mal... – ela levantou a varinha mais uma vez e fez um feitiço que Harry nunca vira – O lugar todo está magicamente fechado agora, bebê. – as cordas que o prendiam se soltaram sozinhas – Agora você pode subir. Seu quarto é a segunda porta do corredor.