N.A.: Me atrasei de novo! XD Mas dessa vez foi por descuido meu! Malz aê! i.i


Dever cumprido

Seu braço esquerdo queimava. A cabeça latejava. Entrou na pocilga trouxa cambaleante. Havia alugado o quarto logo no princípio de sua busca por informações sobre Voldemort. Sentia seu estômago revirar. Não que houvesse alguma coisa dentro dele, há muitas horas não comia nada. Regulus não era capaz de se lembrar do que havia acontecido nessas últimas horas. Tudo rodava ao seu redor. Caiu de joelhos antes de terminar de atravessar a sala. O gosto amargo da bílis encheu sua boca. Montes de mortos boiando em uma água que parecia vidro. Cadáveres que o perseguiram depois de pôr as mãos no Horcrux. Voldemort matando apenas mais um e dividindo sua alma. As lembranças de Regulus estavam confusas. Limpou a boca com a manga das vestes. O que havia feito? Ânsia de vômito, novamente. Mas já não havia nada para pôr para fora. Burlara a segurança de seu mestre. Era um traidor!

Estava novamente no meio dos trouxas. Era o único lugar que podia ir, se quisesse viver um pouco mais. Quanto tempo levaria até que seu mestre o eliminasse? Não que prezasse, de fato, sua vida. Mas se sentindo do jeito que estava, não era capaz de pensar. E desejava pensar em seu próximo passo. Em sã consciência, se possível. Terminou de chegar no quarto andando de gatinhas. Não era longe. Sentiu ânsia de vômito mais uma vez. Sua cabeça zumbia, de tanta dor. Se lembrava de ter saído da caverna com Kreacher. A pedra aceitou o sangue do elfo. Para entrar, o comensal usou o nobilíssimo sangue Black.

A Marca Negra ardia. Sua boca amargava. Conseguiu alcançar a cama, se livrou do sobretudo sujo. Já deitado, sentiu-se trêmulo. Acreditou que morreria naquele instante. Como entrara na caverna? Depois de nadar, gastou dois dias tentando de tudo para ir mais fundo. Sentira uma forte presença de magia no lugar e acreditara que ali haveria mais alguma coisa além de pedra sólida. Fechou os olhos e respirou fundo. A cama era desconfortável. Mas o que esperar de uma pensãozinha feia daquele jeito? Em suas andanças entre os trouxas, aprendera que eles eram capazes de construir habitações mais confortáveis que aquela. Mas não estava a passeio, só precisava de um lugar para voltar a se sentir humano.

Estava daquele jeito por causa da poção esquisita. Depois de tentar fazer muitas coisas com ela, concluiu que ela deveria ser bebida. Julgou ser algo letal e levou o velho e insuportável elfo de sua mãe para fazê-lo beber. Mas o covarde, incapaz de se manter fiel ao seu mestre, era Regulus, não Kreacher. Era também o fraco, incapaz de matar, incapaz de encarar o irmão. Era ele também quem tentava sabotar projetos alheios. Mesmo Kreacher sendo intragável, ele não mereceria morrer. Não no lugar da escória que era Regulus. O comensal ordenou que a rabugenta criaturazinha garantisse que a poção iria ser totalmente consumida, mesmo que ele perdesse a consciência rapidamente. Regulus ordenou ainda que se ele morresse, Kreacher deveria pegar o que estava no fundo da bacia e esconder. E jamais comunicar a alguém ou a alguma coisa sobre o ocorrido. Bebeu a poção. Kreacher foi de fato útil, obrigando-o a ingeri-la toda. Agora seu corpo inteiro protestava, seu estômago principalmente.

Aos poucos foi se sentindo amolecer. Sua consciência foi se desvanecendo lentamente. Ainda sentia seus membros tremerem, a cabeça doer, o braço arder, a boca amargar. Mas a exaustão era tanta que o zumbido ecoante em sua mente foi diminuindo... Conseguira adormecer. Depois não saberia se adormecera, de fato, ou se apenas cochilara.

Despertou sobressaltado. Se sentou na cama. Sonhara que Sirius lhe tirava o Horcrux. O que havia sido feito dele? Forçou a memória, com dificuldade. Lembrava-se que não sabia o que fazer com o Horcrux, logo após se apossar dele. Mais uma dúvida para sua coleção! Era só dúvidas, recentemente. Mandara Kreacher conjurar um colar para substituir o verdadeiro. Tirou de dentro de suas vestes o bilhete que escrevera antes de voltar à caverna já acompanhado pelo elfo. Depositou dentro da caixinha dourada o colarzinho tosco que Kreacher lhe entregara e o bilhete. Devolveu-a ao fundo da bacia de pedra. O elfo mantinha os Inferi afastados, Regulus se sentia muito mal. Então ele viu o líquido verde e brilhante encher a bacia novamente.

Ao Lorde das Trevas

Eu sei que já terei sido morto quando você ler isto, mas eu quero que você saiba que fui eu quem descobriu seu segredo. Eu roubei o Horcrux real e pretendo destruí-lo assim que puder. Eu enfrento a morte na esperança de que quando você se encontrar com seu igual você será mortal outra vez.

R. A. B.

Regulus Alphard Black se levantou e foi até o banheiro. Lavou o rosto. Se mirou no espelho envelhecido, como todo o resto do minúsculo apartamento. O que faria agora? Procuraria Dumbledore? Lavou o rosto mais uma vez. Pensava em Voldemort. Em tudo o que passara ao lado do bruxo das trevas. Como pudera acreditar nele, segui-lo? Se sentia sujo. Agora era como se tivessem lhe tirado um grande peso de seus ombros. Agora, que tivera coragem de agir. Estava mais magro. Pálido. Mas se sentia quase bem. Estaria bem, a sensação de dever cumprido era ótima. Não fosse o ardor em seu braço. Voldemort o chamava insistentemente há dois dias, quando vencera seu prazo de uma semana para dar cabo à vida de seu irmão.

Voltou para o quarto. Será que já tinham comensais a sua procura? Voldemort já sabia que Regulus não seria capaz de matar Sirius. Dera a missão apenas para torturar o comensal. A idéia era eliminá-lo. Regulus limpou a poça fedida da sala com um aceno de sua varinha. Abriu a gaveta do criado-mudo que ficava ao lado da cama e apalpou, procurando por algo. Ainda estava lá. Uma barra de chocolate que comprara, mas não comera, e que deixara esquecida lá. Comeu e se deitou novamente. Sentia alívio por sua boca não mais estar amarga e por forrar seu estômago. Estava bem melhor agora, mas ainda se sentia fraco e sua cabeça ainda doía um pouco. Só a Marca Negra queimava com a mesma intensidade de sempre. Já estava quase habituado a ela.

Tentou adormecer novamente. Mas como já não estava tão exausto, o ardor em seu braço esquerdo parecia muito mais incômodo. Rolou na cama. Então era de fato verdade. Voldemort estava mesmo tentando se imortalizar. No fundo, Regulus tinha esperança de estar enganado. Mas não. O horrível bruxo das trevas estava mesmo querendo viver para sempre. Voldemort eterno. Regulus sentiu um arrepio ao pensar naquilo. Medo? Sim, por que negar? A idéia do cruel ex-Tom Riddle trouxa praticando suas sandices até que conseguisse dizimar todos os trouxas, os sangue-ruins, e ainda os bruxos que se opusessem a ele - ou seja, praticamente toda a população humana - e das formas mais impiedosas possíveis, era atemorizante.

Hesitara sim, muitas vezes. Cada pequeno fracasso ou dificuldade por que passava o haviam feito pensar e muito se era aquilo mesmo o que queria fazer. Mas cada obstáculo que conseguia vencer em sua busca pelo Horcrux o incentivava a seguir. Dava-lhe forças. Agora estava certo, faria de novo se necessário, para ajudar a derrotar Voldemort. No fim, acabara o respeitando mais que antes. Agora que sabia que ele realmente era capaz de tudo. Respeitava, não. Temia. Regulus se sentia livre, no entanto. Sentiu por Bellatrix, que ainda era iludida pelo Lorde. Um dia ela ainda acordaria? Ela ainda enxergaria que Voldemort não era exatamente o melhor exemplo a se seguir? Voltaria a procurar Dumbledore, estava decidido. Mas não para se esconder, havia concluído sua missão com êxito. Entre tantos pensamentos, adormeceu. O braço ardente debaixo do travesseiro acabou sendo esquecido.


Como vcs devem ter percebido, o Alphard foi por minha conta... Alphard é sim o tio que ajudou o Sirius a sair de casa, mas a tia Rowling não falou nada sobre ser o nome do meio do Regulus... Ela não disse, mas eu disse, e ponto final! u.u

Agradecimentos

Lord Voldemort - Uau! Voldie is here! o.o Que meda! Sabe, Voldinho, seu problema foi pq papai não te quis... u.u Pobre criança abandonada! Olha o q virou! i.i" Precisamos dar mais atenção aos órfãos! ó.ò"

Bjos, Voldinhooooo! XD