CAPÍTULO 13 – REUNIÃO DE FAMÍLIA

-Narcisa? – Andrômeda não escondia o espanto em ver a irmã caçula – O que você está fazendo aqui?

Ela olhou em volta, com a mesma expressão de desagrado que Harry lembrava ter visto no campeonato Mundial de Quadribol.

Instintivamente ele apertou o braço que envolvia Mira um pouco mais, como se quisesse protegê-la. Olhou-a por um segundo e pode perceber que, de tudo que acontecia, a presença de Malfoy era a única que a estava intrigando. Ela olhava para o loiro como ar questionador, enquanto ele fingia que os dois não existiam.

Alias, Draco estava visivelmente irritado por estar ali. Carrancudo, olhava pra mãe com uma certa raiva, mas permaneceu quieto.

-O mesmo que você... – respondeu Narcisa displicentemente enquanto fazia um sinal com a mão para que Mira se aproximasse dela.

E, para surpresa de Harry, ela obedeceu.

-Parece que seu irmão finalmente conseguiu fazer algo agradável, querida. – disse a sra. Malfoy, antes de dar um beijo na testa da garota.

-Senhora Malafaith, o que está acontecendo aqui?

"Malafaith?" pensou Harry "ELA é a senhora Malafaith?"

-Minha festa de Natal, querida... Eu disse que esse ano queria reunir a minha família, não disse?

-Mas... eles são a sua família?

-Ah, sim... deixe eu apresentá-los. Essa, que ainda não conseguiu fechar a boca é a minha irmã mais velha, Andrômeda. – a mulher deixou a expressão de espanto de lado, ao que parece não tinha gostado da ênfase que Narcisa dera ao mais velha – E esses junto com ela são o seu marido e sua filha... – ela usou o seu tom de maior repulsa para apresentar os outros dois. Mas não era isso que estava incomodado Harry e sim a mão de Narcisa, que não saia do ombro de Mira – E esse, minha cara... – ela fez um sinal para o garoto loiro - é meu filho, Draco Malfoy.

Mira deu um pulo enquanto Draco abria-lhe seu sorriso mais cínico.

Ainda assim a mão da mulher não saia do ombro dela.

-Filho??? Mas.. mas... ele é...

-Um bruxo. – disse Narcisa docemente (ou o mais perto que ela conseguia chegar disso) – Sim, todos nós somos bruxos. Alias, descendemos de uma das mais tradicionais famílias de Bruxos do mundo... – ela deu um olhar para Nimphandora – Bom, quase todos.

A Auror bufou irritada.

Mira a olhou por um segundo.

-Mas... mas a senhora me conhece desde pequena... Por que nunca me disse que era uma bruxa?

-Estava esperando a hora certa para te contar. Há muito mais para você saber, querida, mas não se preocupe, essa hora chegou... Mas antes... – ela olhou para o teto, depois para a irmã – A onde ela está?

A outra deu de ombros.

-De quem você está falando?

-Você sabe muito bem... Não se faça de inocente. – agora ela tinha as duas mãos nos ombros de Mira e pra piorar ainda tinha posicionada a garota a sua frente, aquilo estava deixando Harry cada vez mais nervoso, ele deu passou em direção as duas, mas Malfoy que estava a alguns centímetros atrás da mãe, levantou o dedo indicador e o balançou de um lado para o outro, mostrando que estava bem atento a qualquer movimento dele.

Harry fez as contas, eram apenas eles dois contra os quatro. Mas isso não queria dizer nada. Tinha certeza que a sra. Malfoy jamais se embrenharia ali sem estar muito certa do que fazia. Por isso o fato de Mira estar "nas mãos" dela o incomodava tanto.

-Bellatrix! – gritou a loira para o teto – Desça logo! Eu não tenho a noite toda.

Eles ficaram em silêncio, mas não houve resposta.

Mira, que tinha ficado nitidamente incomodada com a pronuncia do nome da mulher, olhou pro namorado sem entender nada e ele aproveitou para fazer um sinal para que ela saísse de perto dos Malfoy.

Ela tentou dar um passo para longe de Narcisa, mas a mulher voltou a segurar-lhe fortemente os ombros.

-Anda logo, Bellatrix, eu sei que você está ai. Apareça!

-Pare de loucuras, Narcisa. – disse Andrômeda, a única que se sentia no direito de falar algo – Corre um boato que Bellatrix fugiu do seu mestre a alguns meses. Se ela fez realmente isso, já deve estar bem longe há essa altura.

Narcisa riu.

-É impressionante como vocês duas sempre me consideraram uma idiota. – disse enquanto acariciava os cabelos de Mira – Na verdade eu sempre gostei disso... É muito bom quando não se é vista como uma ameaça... Mas sinto em lhe dizer, querida irmã, eu não sou idiota. Consigo somar dois mais dois sim, aliás, posso fazer certas contas que vocês ficariam surpresas.

Ted e a filha levaram as mãos as varinha, mas um gesto de Andrômeda os fez parar. Ela encarou a filha e o marido, fez que não com a cabeça, depois voltou a encarar Narcisa.

-Não importa o que você pense. Ela não está aqui.

-Ela está aqui, Andrômeda. Nossa irmã está lá em cima, se escondendo como um gatinho assustado... Em pensar que era eu quem costumava ter medo dela quando mais nova.

-Você... você é irmã dessa tal de Bellatrix? Bellatrix Lestrange, a Comensal da Morte? – perguntou Mira, fingindo manter uma calma que não existia.

-Sou querida.. sou sim... Quer conhecê-la? – falou num tom infantil - Eu queria muito apresentar vocês duas sabe, mas ela não desce...

-E como tem tanta certeza que ela está lá em cima, senhora?

-Por que ela não iria embora sem você, meu amor... Afinal, você foi o motivo dela ter brigado com o Lorde... – Mira olhou novamente para Harry e o coração dele disparou, como se esperasse pelo pior - Mas eu sei um jeito de fazê-la descer.

Narcisa puxou a própria varinha e encostou no pescoço da jovem, ao mesmo tempo que segurou firmemente os cabelos dela, a impedindo de se desvencilhar.

-Larga ela! – gritou Harry levantando a varinha ameaçadoramente.

-Ora, ora, ora... Finalmente o heroizinho de plantão resolveu falar...

-Narcisa! Solta a garota, agora! – gritou Andrômeda que também já estava com a varinha apontada pra ela, assim como todos que estavam no recinto, menos Draco, lógico... Alias, Draco parecia entediado com tudo aquilo, chegou a dar um bocejo a essa altura.

-Pois então mande-a descer, ou eu estouro os miolos da menina!

-Você está cercada, – ponderou Nimphandora – não há como sair daqui ilesa, faça mal a ela e estará acabada.

A loira soltou uma longa gargalhada e pela primeira vez Harry viu alguma semelhança entre ela e Bellatrix. A ameaça que Tonks filha fizera não parecia ter surtido efeito, ela voltou a ameaçar o teto quando terminou de rir.

-Eu vou repetir só mais uma vez, Bellatrix! Ou você desce agora, ou eu estouro os miolos da garota!

Houve um barulho, típico de alguém aparatando. Mas quem surgiu na frente de Narcisa, com a varinha apontada pra ela também, não foi Bellatrix.

-Solta ela agora... – disse o Sirius pausadamente.

Narcisa arregalou os olhos por um minuto, depois, foi como se uma nuvem de compreensão passasse pelo seu semblante.

-Mas é claro... Ela não te matou...

Ele sorriu de lado.

-Demorou pra entender, heim... Agora, solta ela.

-Não vou soltar, Sirius. Não enquanto Bellatrix não aparecer. É para ela que eu quero entregar a garota viva...

-Grande forma de entregar alguém vivo... ameaçando de estourar os miolos dela.

Narcisa deu de ombros.

-Se a Bella não aparecer é por que não se importa nem um pouco... sendo assim... – ela apertou mais a varinha contra a pele alva de Mira e foi como se estivesse esmagando o coração de Harry ao mesmo tempo – Todo o trabalho que tive esses anos todos foi em vão.

Harry deu um novo passo em direção a elas, dessa vez mais cheio de raiva e menos preocupado com o olhar de Draco, mas foi impedido novamente. Agora pela mão firme de Remo, que acabara de traspassar a parede camuflada.

-Que trabalho, Narcisa? – perguntou ele puxando Harry para trás – Vai querer nos convencer agora que tem um coração? – ele tinha um tom mais amargurado que o normal – Qual vai ser a mentira dessa vez?

Era visível o incomodo dela coma presença de Lupin, mas isso era uma coisa que o jovem Malfoy parecia não ter notado.

-Ai mãe, que porre... – resmungou ele atrás dela – Não dá pra dizer logo o que você tem pra dizer e irmos embora daqui de uma vez? Esse lugar me dá náuseas.

-Fica quieto, Draco. – disse a mulher sem desviar os olhos de Remo – Não me importa o que vocês pensam ou deixam de pensar, sr. Lupin... Eu quero ver a minha irmã e ponto final.

-Pois, se largar a garota eu talvez deixe você ver a sua irmã. – respondeu ele, no mesmo tom.

Nova nuvem de compreensão.

-Então é você o guardião do segredo dela.

Sirius riu mais uma vez, porém a voz que se seguiu à risada não foi a dele.

-E você ainda se acha inteligente, irmã?

Era a voz de Bellatrix que inundava o recinto.

Harry virou-se novamente para a parede camuflada a tempo de ver a madrinha aparecer.

-Finalmente a gatinha assustada saiu da toca. – bradou.

-Se esse era o único jeito de você parar de gritar aqui em baixo. – disse a morena fazendo cara de incomodada – Muito bem, estou aqui... diga logo o que você quer? E larga a menina que ela não tem nada haver com isso.

-Não? – Narcisa finalmente soltou os cabelos de Mira – Por Mérlim, Bellatrix, será que você ainda não se tocou? Ela tem tudo haver com isso! É por causa dela que eu estou aqui, é por causa dela que você traiu o Lord, provavelmente é por causa dela que você e o Sirius se entenderam novamente... Ela é a causa de tudo. – a cada nova frase da irmã os olhos de Bellatrix iam se arregalando mais e mais, finalmente ela havia percebido o óbvio e, logicamente, ao final da explanação de Narcisa, seu olhar mortal caiu sobre Sirius.

-É ela? – perguntou secamente, o homem apenas acenou positivamente – E a quanto tempo você sabe disso?

-Alguns meses.

-E por que você não me disse nada! – berrou. Harry estava certo que a próxima frase seria acompanhada de alguma coisa voando.

Mas o sorriso que Sirius abriu pra ela foi tão doce que nem parecia que esse perigo existia.

-Eu ia te contar hoje... Era o meu presente de Natal pra você.

Bellatrix corou um pouco. Ao mesmo tempo em que a idéia de atirar todos os copos do recinto em cima dele sumia de sua cabeça. Mesmo assim ela tentou manter o olhar carrancudo.

-Depois conversamos sobre isso. – finalizou, antes de voltar a encarar a irmã caçula – Agora somos nós duas... A quanto tempo i voc /i sabe disso?

-Desde o dia que ela nasceu...

-Como assim? Você só soube que ela nasceu no dia seguinte... junto com a Dro... Vocês duas foram lá em casa me consolar por que pensávamos que ela tinha nascido morta. – a loira fez que não – Como não Narcisa? Eu entrei em trabalho de parto de madrugada, depois de um briga feia com o Rodolphus. Praticamente desmaiei depois do parto. Quando acordei ele me disse que o bebê havia nascido morto... E eu me lembro muito bem que você não estava lá em casa.

-E quem você acha que deu a contra ordem ao Monstro para que não a matassem?

Bella gelou, e como por instinto todos baixaram as varinhas, lentamente.

-Que contra ordem. Monstro não disse nada sobre isso...

-Do que vocês estão falando, posso saber? – perguntou Ted Tonks, irritado.

-A Bellatrix descobriu a pouco tempo que a filha estava viva, amor. – disse Andrômeda – O antigo elfo da nossa tia, Monstro, contou pra ela que não havia cumprido a ordem de Rodolphus quando a – apontou para Mira – garota nasceu. Por causa disso ela procurou o Sirius, o Lupin e depois a mim, para que a ajudássemos a encontra-la.

Narcisa acariciava os cabelos de Mira sem se importar com as explicações que Andrômeda prestava ao marido.

-Você lembra bem que a nossa tia tinha cedido o Monstro para trabalhar pra você, como presente de casamento, não foi? – perguntou cinicamente para Bellatrix – Assim que você desmaiou o seu querido marido deu a ordem para que a matassem o bebê. Era uma ordem direta do atual dono dele. Por que acha que Monstro não obedeceu, hã?

-Por que ele não mataria um Black.

-Monstro obedece a ordens. Ele mataria sim, se nenhum Black tivesse dado a contra ordem, ele mataria. Mas você está certa em pensar que a lealdade dele ao nosso sangue conta. Eu já estava prevendo o que ia acontecer, por isso mandei que ele me avisasse quando você entrasse em trabalho de parto.

Ela se pois a caminhar por entre as mesas, deixando Mira de lado.

Aproveitando-se disse Harry se aproximou da garota, mas, com um movimento rápido do braço, ela o impediu de tocar nela.

Mira olhava para as três irmãs, atenta a cada detalhe da discussão, enquanto Draco soltava um muxoxo irritado, prevendo que aquilo demoraria muito tempo ainda.

-Fui até a sua casa escondida, do seu e do meu marido... Por que Lucio também já tinha deixado transparecer que a criança não era bem vinda entre os Comensais e sabe por que, irmã? Porque você era boa demais pra ser perdida pra trabalhos maternos, sabia? O Lorde a queria pronta para lutar o mais rápido possível e se a criança vingasse, tão cedo você não teria cabeça para pensar na guerra.

Harry se pois a procurar os olhos da madrinha, estavam tristes e vazios. Já Sirius tentava conter a raiva para não atrapalhar as explicações.

-Deve ser difícil perceber que você sofreu tanto porque era muito boa na luta, não é? Você que sempre fez questão de mostrar a todos o quanto era capaz... – murmurou Narcisa no ouvido da irmã – ...veja só no que deu toda a sua competência, maninha...

-Como percebeu que era isso que Lestrange faria? – perguntou Andrômeda, se adiantando para que Narcisa não tripudiasse mais sobre a outra.

Finalmente o semblante vitorioso de Narcisa pareceu ser abalado.

-Porque Lucio disse que deu a idéia pra ele sobre o que fazer... – Bellatrix se virou para encarar os olhos tristes dela – E ai eu entedi os tombos, os sangramentos, foi igualzinho ao que aconteceu comigo, lembra? Na hora eu sabia que iam fazer exatamente o que fizeram comigo...

Foi a primeira vez que Draco teve algum tipo de reação. Ele levantou a cabeça e encarou a mãe surpreso, provavelmente tinha na mente as mesmas perguntas de Harry.

-Como assim o mesmo que fizeram com você, Narcisa? – felizmente Sirius verbalizou a dúvida deles.

Ele não se lembrava quando fora a última vez que vira a prima chorando. Talvez em uma das muitas vezes em que Bellatrix lhe puxava o cabelo quando muito novas, mas o certo é que fazia mais anos que Narcisa havia aprendido a disfarçar seus sentimentos de dor e desde então ele nunca mais a vira derramar uma lágrima.

Por isso foi uma surpresa enorme ver os grandes olhos azuis marejados quando ela o encarou.

Narcisa abriu a boca para responder, mas as palavras não saíram. Vendo que a irmã não conseguiria dizer mais nada Bellatrix tomou a frente das explicações.

-Ela também estava grávida quando se casou, Sirius. E... eu não preciso dizer que a criança não era do Lucio, preciso?

Harry não pode acreditar, mas o olhar que Bellatrix dava agora para Lupin, estava deixando bem claro que ele sabia quem era o pai da criança... isso na melhor das hipótese, porque na verdade Harry estava tentando não pensar que ELE era o pai da criança.

-Mas você era mais forte do que eu, sempre foi. - balbuciou Narcisa, tentando engolir o choro - Eles não contavam com isso. Agüentou firme tudo... e conseguiu levar a gravidez até o fim.

-E o que aconteceu com a criança? – a voz tremula de Remo só serviu para dar mais certeza ao que Harry não queria acreditar – Com a sua criança, ela... ela morreu?

Narcisa mal conseguia balançar a cabeça para confirmar a pergunta.

-Do que está falando, mãe? – gritou Malfoy – Do que diabos está falando?

-Draco... filho, eu...

-Eu o que? Você me fez vir até aqui pra ouvir isso?! Achei que íamos apenas dizer pra Rejeitada quem eram os pais dela e...

Ele não terminou a frase, porque Mira virou a mão com toda a força na cara dele, de punho fechado, o jogando no chão.

-Se me chamar de Rejeitada mais uma vez eu arrebento com todos os seus dentes, entendeu bem? Seu rato albino!

Sirius conhecia bem aquele olhar, ou muito se enganava ou era melhor saírem todos de perto da pequena, por que Malfoy havia acabado de despertar a Bellatrix que havia nela.

-E quanto a você, senhora Malafaith, ou Malfoy, ou seja lá o que for! – ela apontou o dedo ameaçadoramente para Narcisa, e fazia aquilo parecer mais perigoso do que se estivesse apontando a própria varinha – Como pôde? A senhora passou a vida inteira ao meu lado, viu como eu era tratada por aqueles... trouxas... Viu como eu me sentia e nunca me disse nada!

-Eu precisava te deixar longe de nós. Ninguém entre os Comensais podia imaginar que você estava viva. Se Lúcio soubesse o que fiz...

-Não me interessa as suas explicações! O que você fez foi... foi...

-Acho que você não entendeu ainda...– disse Bellatrix – Ela salvou sua vida.

Sirius não tinha muita certeza se aquela era a hora para que a mulher assumisse o posto de mãe, e logo com puxões de orelha. Mas ela já havia começado e agora não adiantaria mais se meter.

-Até parece que foi por mim... – respondeu Mira, sem um pingo de medo do olhar bravo dela.

Bellatrix arfou irritada, levou as mãos a cintura e continuou a ralhar com a filha.

-Os fins justificam os meios, nunca ouviu isso? Não intereça o motivo. O que importa é que você está viva e junto da sua família agora.

-Vocês não são minha família! – gritou com tamanha raiva que conseguiu estourar a maioria dos copos que estavam expostos nas prateleiras do balcão.

-Ah é, sabichona? – Bellatrix fez um movimento devolvendo os copos, restaurados ao lugar... era como ver a mesma cena, mas de trás pra frente - E quem seria a sua familia? Aqueles pais trouxas que não te deixam usar nem o sobrenome deles?

Ela piscou algumas vezes, sem conseguir entender como Bellatrix sabia disso.

-Filha... – disse Sirius, numa forma tão suave que espantou até mesmo Lupin, que nunca o ouvira falar naquele tom – Você está nervosa, tente se acalmar...

-Estou nervosa, sr. Black? Ahhhh, de quem será que eu puxei esse ENORME defeito, heim?

Remo não pode deixar de segurar o riso. E, ao contrario do que Mira esperava, Sirius também achou graça.

-Não sei... mas espero que tenha puxado apenas UM de nós dois nesse aspecto, por que se não, vai ser realmente difícil da gente conversar...

-Eu não quero conversar! Eu não quero saber! Eu não quero nada que venha de nenhum de vocês, entendeu bem? Vocês me abandonaram durante a minha vida toda! Sabe o que é isso??? Heim, senhor Black?

-Por Mérlim, você é surda ou o que? – gritou Bellatrix mais alto do que ela – Nós NÃO sabíamos que você estava viva!

-Eu já disse que não quero saber! - ela berrou novamente - Tenho raiva de vocês, de tudo que me fizeram passar... e tudo por quê? Heim? Por culpa de vocês! Olhe pra vida que vocês tem? São assassinos, mercenários, traidores... Comensais! – ela despejava tudo que pensava, sem se importar com as mágoas que podia estar causando – O que mais há nessa família, heim?

-Ihhh, - disse Andrômeda em tom divertido – Acho melhor não mostrarem pra ela aquela tapeçaria da Mui Antiga e Nobre família Black, que tem lá no Largo Grimmauld.

-Vocês nem sabem o que é uma família...- ela balançou a cabeça de um lado para o outro, tristemente, depois virou as costas e seguiu para a porta.

-Pode até ser verdade. Mas essa é a sua família e você vai ter que aceitar porque você faz parte disso! – sentenciou Bellatrix.

-Eu não quero fazer parte disso... Não mesmo... - foi a última coisa que disse antes de bater a porta atrás de si.

-Mira! – berrou o Harry – Mira, espera!

-Não se atreva a sair por essa porta, Baby Potter! – gritou Bellatrix antes que ele alcançasse a maçaneta – Já temos problemas suficientes!

-Mas madrinha.. a Mira...

Ela abanou a mão de um lado pro outro, dando a entender que não havia motivos pra ele se alarmar.

-Ela só precisa ficar um pouco sozinha. – disse, com uma certeza tão grande na voz, que quem não soubesse pensaria que ela conhecia muito bem a filha – Pra pensar.

Em seguida a mulher olhou para o sobrinho. Draco ainda estava caído no chão, tentando recusar a ajuda que Ninphandora lhe dava pra se levantar. Os lábios do garoto estavam sangrando um pouco devido ao corte causado pelo soco que levara.

Ela lançou um sorriso para Sirius.

-Pelo jeito nossa filha herdou o seu direto de direita e seu amor pela família.

-É, mas o gênio é todinho seu... – respondeu ele, rindo também - péssima combinação...

-Eu gostei. Me lembrou a minha infância.

Ela lançou um olhar cínico para a irmã, Narcisa soltou um muxoxo.

-Eu não acredito que além de apanhar de você a minha vida toda vou ter que aturar sua filha fazendo isso com o meu filho agora. – disse, antes de beber um gole da água que Remo havia lhe trazido.

Os Tonks riram, em entonações diferentes ,claro. Mas o suficiente pra atrair um olhar irritado da loira.

-Devia tê-lo feito aprender alguma técnica de luta, se não queria vê-lo apanhando.

-Ele é um bruxo, Sirius, não tem que aprender técnicas de lutas trouxas. – resmungou ela.

-Pois minha filha acaba de provar que sim. – respondeu, cheio de si, apontando para a cena onde Draco tentava, sem sucesso, impedir que Ninphandora fizesse um feitiço para fechar-lhe o machucado.

Harry escutava a discussão ainda alheio ao que diziam, sua preocupação estava continuava presa à porta por onde Mira saíra.

-Eu prefiria que não falassem de mim como se eu não existisse. – rosnou Draco- Posso muito bem tomar minhas próprias decisões sobre a minha vida.

-Deixe de frescura, se bem conheço seu pai ele deve fazer isso sempre. Além de decidir TUDO sobre a sua vida... – respondeu Bellatrix.

-Mas ele é meu pai.

-E nós somos seus tios...

-Grande coisa.

-Pelo visto você não lhe deu uma boa educação Black, não foi Narcisa? – perguntou Bellatrix.

-É... do tipo "cale a boca seu monte de bosta!" – disse Andrômeda rindo – Lembra Sirius, a tia Elladora vivia falando isso pra gente... Bom, bem mais pra você que pra mim...

-Ah, por favor, vocês não vão começar a lembrar daquela família, não é? Hoje é Natal. Se eu tiver que lembrar dos meus pais e do meu irmão eu vou vomitar.

-Não fale do Regulo! – disse Narcisa num tom sóbrio mais duro.

-Ai, "não fale do Regulo"... – imitou ele – Por que não posso falar do meu irmão, heim? Por que ele está morto? Depois de tanta besteira que fez era de se esperar...

-Sirius... – Bellatrix fez um sinal pra que se calasse, mas ele nem se quer a ouviu.

-Eles o mataram por que foi covarde... Não foi capaz de cumprir uma ordem do seu mestre... Mas você deve saber disso, não sabe, Narcisa? Posso apostar que sim.

-Sei inclusive qual foi a ordem que ele não quis cumprir, primo. E vê-lo falando assim do seu irmão só me faz pensar se realmente valeu a pena ele recusar o serviço.

-Você sabe?

-Sei... Por que foi na minha casa, enquanto jantávamos que ele disse PESSOALMENTE ao Lord das Trevas que ele teria que arrumar outra pessoa pra matar você!

Harry finalmente voltou a atenção para a discussão. Como esperava seu padrinho olhava surpreso para a prima mais nova.

-Como assim?

Ela revirou os olhos impaciente.

-Será que vou precisar fazer um desenho? O Lorde queria que ele matasse você! – fez uma pausa, respirou fundo e continuou – Ele precisava de alguém de pudesse se aproximar sem problemas, para que depois te matasse. Você e seu amigo Potter já estavam incomodando demais... Queria tira-lo do caminho e quem melhor do que o seu irmão para fazer isso? – ela fez uma nova pausa – Mas Regulo disse não. Falou que faria aquilo com qualquer um, com prazer até... menos com você. O Lorde ficou irritadíssimo...– os olhos dela voltaram a se encher de água de repente – Eu tive que assisti-lo tirar a vida do meu primo, dentro da minha própria sala de jantar, sem poder dizer uma palavra... Por isso, me desculpe se não posso ouvir você falar desse jeito do Regulo.

Andrômeda se apressou a envolver a irmã em seus braços para que ela pudesse chorar sem restrições. Já Bellatrix teve a mesma preocupação que Harry.

Ela andou os poucos passos que a afastavam de Sirius. O homem tinha abaixado a cabeça, para que os cabelos negros escondessem o rosto. Ela afastou uma das mechas para trás da orelha dele, deixando a mostra parte do rosto. Como esperava Sirius estava chorando.

Ele murmurou algo que Harry não conseguiu entender.

-Eu sei, eu sei... Também não imaginava... Ela só me contou isso depois que o Lorde havia sumido. Tinha sido ameaçada pelo marido... Quando soube a única coisa que me veio a cabeça foi ir a casa da Alice e contar pra ela que o homem que amava não era o monstro que ela pensava. – ela olhou para as irmãs, Narcisa ainda chorava nos braços de Andrômeda – Tente perdoá-la, por favor... A Narcisa sempre foi a mais fraca de nós. Se pensar bem ela foi muito corajosa salvando a nossa filha.

Levou alguns segundos, mas Sirius acabou concordando silenciosamente com Bellatrix. Então, limpou as lágrimas e levantou a cabeça. Caminhou até as primas que ainda estavam abraçadas, tocou o ombro de Andromeda e a afastou com certa gentileza.

Vagarosamente ele agachou à frente de Narcisa. Ela soluçava baixinho, Sirius a puxou para junto de si, a abraçando com cuidado pedindo desculpas por ter sido tão omisso.

-A culpa é minha... – dizia – Eu devia ter impedido que você casasse com aquele crápula, devia tê-la amarrado em algum lugar para que não fizesse aquela besteira... Me perdoa... Eu sou seu primo mais velho, devia ter cuidado de você.

Ela balançava a cabeça de um lado pro outro, descordando dele.

-Eu quis casar com ele, Sirius. Sempre quis... era o meu sonho e você não pode imaginar as coisas que fiz para conseguir o que queria. – ela levantou o rosto, olhou timidamente para Remo, que ainda se encontrava ao seu lado, depois tentou limpar as lágrimas – Na verdade acho que eu paguei bem caro por isso.

-Ai que meigo... – disse Draco – É realmente nojento ver o jeito como vocês se tratam, sabia?

-Ah, não se preocupe. A gente não costuma fazer muito isso...– respondeu Bellatrix, no mesmo tom de deboche. E pra completar, ela não resistiu - Rato albino...

-Pra mim chega! – gritou o garoto – Se a senhora quer ficar do lado desses perdedores o problema é seu, mãe! Eu estou indo embora agora!

-Draco – ela tentou usar um tom autoritário, mas sabia que não ia adiantar - Draco volte aqui agora mesmo.

Ele não foi muito longe, é verdade. Mas não por que não quisesse.

Uma explosão arrancou a porta do pub segundo antes que ele a alcançasse, o jogando longe. Em seguida uma chuva de feixes de luzes invadiu o recinto obrigando os Black's a se abaixarem para não serem atingidos.

Sirius, que ainda tinha Narcisa nos braços a puxou para o chão enquanto Remo derrubava uma das mesas na frente deles. Bellatrix e os Tonks se apressaram em fazer o mesmo, assim como Harry.

Eram feitiços estuporantes tão fortes que chegavam a tirar lascas das mesas de madeira. Durou apensa alguns minutos, mas foi o suficiente para destruir toda a decoração.

-Draco?! Draco me responda? – gritava Narcisa em meio a confusão.

-Ele está desmaiado... – disse Harry, o único que tinha uma visão do garoto, da onde estava.

As luzes secaram e eles puderam ouvir passos, os atacantes estavam entrando no pub.

-Muito bem... a onde você está desgraçada?

A voz do marido fez Narcisa tremer. Percebendo isso Lupin segurou sua mão, tentando lhe passar um pouco de segurança.

-Estamos com você. – disse.

-Isso mesmo... pra ele tocar num fio de cabelo seu vai ter que passar por cima da gente primeiro... – murmurou Sirius do outro lado.

Eles ouviram um novo estrondo e uma nova mesa saiu voando pelo pub indo se espatifar uma parede lateral.

-Eu disse pra aparecer, Narcisa! – gritou Malfoy novamente – Vamos ter que brincar de esconde-esconde, agora? O lugar é pequeno... vai ser fácil pra nós encontrarmos você, querida. E... se eu encontrar alguém antes de você, serei obrigado a dar cabo dele também... – mas alguns segundos de silêncio – Muito bem, muito bem... quem será que vamos matar primeiro, sua irmãzinha amante de sangue ruins? Ou os próprios sangues ruins??? Me disseram que eles estão aqui também...

Enquanto Lucio falava Sirius olhou para Bellatrix. Estava agachada atrás de uma mesa junto com Ninphandora, ela segurava a sobrinha para que a Auror não saísse do esconderijo antes da hora.

Fez um sinal e ela confirmou com a cabeça que, da onde estavam podiam ver Andrômeda e Ted, coisa que Sirius não podia, ele virou-se para a mesa onde Harry estava. O garoto fez sinal que tentaria chegar a porta onde Draco estava preso. O homem concordou, mas pediu para que ele esperasse um pouco.

-Ou quem sabe eu tenha sorte e encontre o moleque primeiro? O Lorde ficaria muito feliz se nós entregarmos o Potter, não ia? Tenho certeza que sim.

-Como ele sabe do bebê? – murmurou Bellatrix, mais pra si mesma que para Nimphandora.

-Mais perfeito que isso só se a sua outra irmãzinha desertora também estivesse aqui, Narcisa... Mas tenho certeza que aquela covarde nojenta deve ter fugido pra bem longe...

-Será mesmo, Lucio? – disse Bellatrix levantando do seu esconderijo, fazendo Sirius espernear de raiva por ter se adiantado.

Foi realmente muito engraçado ver a cara surpresa do homem a sua frente. Mas havia mais a fazer do que apenas se divertir com a cara de Lúcio.

-Senhora Lestrange... – o homem apontou a varinha em sua direção – É realmente uma surpresa vê-la por aqui.

-Surpresa, por que Malfoy? Aqui é a minha casa... Pelo visto você trouxe mais quatro amigos pra me visitar também? Podia ter avisado, eu prepararia algo pra todos.

Ela estava tentando ganhar tempo e dar informações sobre quem os atacava. Mas Sirius continuava achando uma forma muito perigosa de fazê-lo.

-Sua casa?

-Ora, você não sabia? Mas o seu amigo Pettigrew sabia, não contou pra ele Pedro?

Rabicho estava lá!

Harry teve que se conter pra não levantar e começar a xingar o homem que entregara seus pais, em outra mesa, Remo também teve dificuldades de manter Sirius no lugar.

-Realmente não imaginava que você estivesse por aqui... – disse a voz inconfundível do projeto de rato – Pensei que detestasse aparecer em reuniões de natal, ainda mais quando sua cabeça está a prêmio...

-E detesto... – disse, ignorando a última frase – Afinal, toda vez que tento participar de uma, algo desagradável acontece... Como hoje.

O grupo que se escondia pode ouvir gargalhadas diversas.

-Muito bem, Narcisa. – berrou Lucio de novo, e, pelo tom de voz, sua paciência já estava se esgotando – A sua irmã está na minha mira, ou aparece ou eu acabo com ela.

Bellatrix riu.

-Ai, Lúcio... deixe de ser ridículo. Desde quando a Narcisa se importa com a minha integridade física. Além disso... você sabe que me ter na mira não significa conseguir me acertar. – "convencida" pensaram Sirius e Narcisa ao mesmo tempo em que se entreolhavam - Mas eu sugiro que seja lá o que pretende fazer, faça rápido. O Ministério já deve ter identificado a produção de magia em excesso nesse local... Devem estar a caminho.

-Tenho certeza que você tomou o cuidado de bloquear a trilhagem do Ministério por essas bandas, não tomou... Querida?

-Rodolphus... não tinha te visto ai... quanto tempo. – respondeu cínica.

-É... muito tempo mesmo, querida. Sabe, eu não imaginava que ia ganhar um presente de Natal tão especial quando o Lorde nos mandou vir exterminar a traidora...

-Você vai ganhar um presente de Natal melhor ainda...

Rodolphus estava esperando que Bellatrix levantasse a própria varinha a essa altura. Por isso o barulho de uma nova porta batendo atrás deles e trancando sozinha o assutou. Mas não mais do que quando as luzes se apagaram e os feixes coloridos começaram a inundar o ambiente de novo.

Bella tinha feito com que todos os Comensais falassem (ou rissem) dando aos ouvidos caninos de Remo e Sirius o ponto exato da onde se encontrava cada um deles. Mais alguns segundos e eles já tinham passado para a metamorfomaga as indicações da onde ela, e os pais deveriam atacar. Depois, foi só dar o golpe juntos, ao comando de Bellatrix.

Harry aproveitou o tumulto para fazer o que pretendia desde o começo. Logo depois de Lupin ter conjurado uma nova porta para trancar o estabelecimento e de Sirius ter apagado todas as luzes existentes, ele se pôs a esgueira-se até o ponto onde Draco estava. Teria apenas alguns segundos para fazer isso antes que algum Comensal reacendesse as luzes.

Mas felizmente conseguiu, chegou ao lado do garoto antes mesmo da escuridão acabar. E quando finalmente a voz de Lestrange fez a luz voltar, ele já tinha se assegurado que Draco estava vivo.

-Sirius! – gritou Rabicho, mas Harry não podia olhar para ver a cara de espanto que o outro provavelmente fazia ao ver o suposto difundo a sua frente, estava ocupado tentando tirar Malfoy de baixo da porta.

-Olá, velho amigo... feliz em me ver?

Uma nova gargalhada seguida de novos raios de luz, mas Harry continuava sem poder desviar a atenção do que fazia.

-A culpa toda é sua, Narcisa!

-Tire as mãos dela, Malfoy!

Novos feixes de luz, coisas voando. Harry tentava não pensar. Podia simplesmente puxar sua varinha e resolver o problema, mas tinha medo de chamar a atenção dos Comensais para si, só tinha consciência de que, se não fizesse aquilo logo, a pressão que a porta fazia sobre o peito de Draco podia piorar mais ainda o estado dele.

Finalmente conseguiu empurrar a madeira maciça para longe. Arfou, num misto de alegria e cansaço por ter realizado a tarefa sem mais danos para o loiro.

-Ora, ora, ora... o que temos aqui... – ele virou o rosto para dar de cara com a varinha de Rodolphus Lestrange apontada para si – Adeus, garoto que sobreviveu!

Ele não conseguiu pronunciar o feitiço, um enorme vaso de cerâmica, que Harry sabia, ficava na entrada da cozinha, se estilhaçou contra a cabeça de Lestrange o fazendo desmaiar em seguida. Foi quando Harry viu o olhar bravo de Sam...

Havia se esquecido que Sam estava no pub. A última vez que se lembrava de tê-lo visto foi minutos antes dos Tonks chegarem. Ele havia ido a cozinha, pegar algo e provavelmente ficou por lá quando Narcisa apareceu.

-Mas o quê? – um outro Comensal virou-se para eles a tempo de ver Sam quebrando o vaso na cabeça do companheiro – Seu trouxa imundo! – berrou, esticando a varinha em direção ao homem e gritando um feitiço, o pior deles.

Harry sequer ouviu qual feitiço foi, não pensou nisso, só conseguiu pensar em salvar Sam, por isso deu um pulo sobre o balcão tentando empurra-lo e usando o próprio corpo como escudo.

O que ele não imaginava é que não havia escudo melhor.

Foi como estar usando a mais potente das armaduras. O feixe de luz ricocheteou antes mesmo de tocar nele, voltando com toda a força para o seu oponente.

E o que aconteceu não foi nada agradável de se ver... Provavelmente algo bem parecido com o que acontecera com Voldemort quando o atacou, mas Harry duvidada que dessa vez tivesse volta. Em poucos segundos o Comensal tinha virado cinzas na frente deles.

-Bem vindos a minha casa... – murmurou Bellatrix, com certo prazer na voz.-, depois, gritou a todo pulmão - Já tem duas baixas Malfoy! Acho melhor sumirem antes que acabemos com todos vocês. – depois, olhou para Pettigrew – A gente deixa vocês todos irem, menos aquele ali...

-Não! – gritou Rabicho assustado, correndo em direção a porta, para tentar abri-la.

-Nada de fulgas dessa vez, rabicho! – gritou Sirius, apontando a varinha novamente para ele.

Mas Malfoy o desarmou um feitiço, enquanto Pedro conseguia, finalmente abrir a porta e fugir do local.

-Nada disso! – Harry pulou do balcão e foi atrás dele.

-Bebê! Bebê volte aqui!

Ele não escutou a madrinha, a única coisa que queria era pegar Pettigrew. Mas não pensava em vingar os pais, não... O que vinha na sua cabeça era a possibilidade de deixar o padrinho livre.

Ele viu quando Rabicho entrou em um beco que ele sabia ser sem saída. Sabia também que o traidor não poderia se transformar em rato já que ouvira quando, no meio da luta, Lupin o acertou com um feitiço anti-transmutação.

Sendo assim não havia outra coisa a fazer... ele teria que encarar Harry.

-Muito bem seu covarde! Agora você está encurralado!! – gritou finalmente quando entrou no beco escuro.

E foi apenas quando viu o clarão vindo em sua direção que percebeu o quão estúpido fora.