Capítulo 17 – O Show
O show de Mira estava marcado para o final de semana posterior aos NOM´S.
Para alegria de todos, tanto Mira, quanto Luna e Gina se saíram bem nas provas.
Agora era se preparar para o grande evento.
Todo o colégio estava em polvorosa, na verdade. Durante toda aquela semana não se falava outra coisa nas conversas dos corredores. Hogsmead se preparava para o evento, já que receberia o dobro da sua população somente para aquele dia. As crianças do primeiro e do segundo ano também receberam permissão para ir, contanto que o responsável estivesse presente.
Nem parecia que o perigo estava rondando a todos.
Acha que vai haver algum problema? – perguntou Hermione, quando se dirigiam para o jantar.
Harry fez que não.
Duvido muito. O Ministério está preparando um esquema de segurança... E a Ordem também.
Não confio no Ministério. – resmungou Rony – E quanto a Ordem... Se realmente há um traidor...
É... É bom ficarmos de olhos abertos. – disse ele – Mas acho realmente que não teremos problema.
Não anda sentindo nada? Hermione se referia à sua cicatriz.
Não... – disse, levando a mão ao raio que trazia na testa – Mas acho que é devido aos conhecimentos de Oclumência.
Pararam antes de entrarem no grande salão. Mira estava chegando pelo outro lado e decidiram esperá-la. Parecia irritada com algo.
O que foi? – perguntou Harry, antes de lhe dar um leve beijo.
Aquele louco! Você sabe o que ele fez?
Louco? De quem você tá falando?
Do meu pai... – bufou.
Rony e Harry riram, enquanto Mione parecia concordar com a afirmação da outra.
E o que o seu pai fez dessa vez?
Ele convidou As Esquisitonas para cantarem comigo amanhã! – Rony soltou um sonoro "Ohhh", mas ela não ligou – E sabe o que é pior? Elas aceitaram!
Os três amigos se entreolharam.
E isso é ruim? – perguntou Hermione, sem entender.
Não, claro que não... Isso é péssimo!
Não gosta delas?
Mira olhou para Rony, perplexa com a pergunta.
Claro que eu gosto delas. Quem não gosta? Que pergunta mais idiota.
Então qual é o problema, Mira? Não estou entendendo. – falou o namorado, indicando o caminho para que entrassem no salão.
O problema é que eu simplesmente NÃO vou conseguir cantar com elas... Esse é o problema! É tão difícil de entender? Tenho certeza que vou travar na hora, não vou conseguir abrir a boca.
Harry riu.
Claro que vai. Não se preocupe. - ela o olhou, irritada – Além do mais, vocês terão que passar o som primeiro, quando for o show pra valer, você já vai estar mais relaxada...
Ela ia responder, mas uma voz a chamando impediu que continuasse a reclamar.
Black! Black! – era uma sonserina quartanista – Tive uma idéia pra finalizar aquilo! – dizia, empolgada – Vai ficar perfeito a ...
Mira a censurou com olhar. A garota engoliu o fim da frase.
Ah... Desculpe... Qual é o seu nome mesmo? – perguntou, com desdém.
Kall, Sara Kall. – respondeu a outra, sem graça.
Muito bem, Kall... Pra começo de conversa, você não sabe muito bem o que quer dizer SEGREDO, não é? Pensei ter deixado isso muito claro nas reuniões essa semana.
É que... Bom, eu não achei que não podia falar na frente do seu namorado e...
Tá, tá, tá... Vai comer, anda. Depois do jantar você fala a idéia, na reunião!
A outra fez que sim e saiu de fininho. Mira soltou um muxoxo.
Cambada de gente que não sabe fazer nada direito.
Do que ela estava falando? – perguntou Harry.
Vou ter que explicar o que é SEGREDO pra você também? Saco, viu? Ninguém respeita! Que coisa! Quer saber? Não vou jantar coisa nenhuma. É capaz de mais alguém dizer ou perguntar outra besteira para me tirar do sério de vez! Tchau!
Virou as costas e saiu.
O trio se entreolhou, meio perplexo.
O que diabos ela está aprontando?
Não sei, cara... Mas eu estou realmente começando a ficar com medo.
Será que isso tem algo a ver com o plano de unir o Malfoy e a Gina novamente? – perguntou Mione, enquanto eles voltavam a se dirigir para a mesa da Grifinória para finalmente jantarem.
Harry deu de ombros.
Pode ser... Mas isso que aconteceu foi muito estranho. Ninguém falava com ela naquela casa, caramba. E agora... Eles estão tendo reuniões? Ela não me falou nada disso.
É, definitivamente é esquisito, cara. Mas o que você queria também? Você namora uma Sonserina... Tinha que ser esquisito, não?
Ele olhou feio para Rony, mas não respondeu. Achou melhor terminar o assunto por ali.
O jantar correu tranqüilo, sem mais problemas. A única diferença foi o discurso que Dumbledore fez sobre as regras para o show do dia seguinte.
Falou sobre as medidas de segurança, os horários em que estariam liberados e o prazo para a volta ao colégio. Explicou que os monitores estariam responsáveis pelos alunos que não estivessem acompanhados por seus pais, como qualquer visita a Hogsmead. E, pra finalizar, fez questão de ressaltar que todos os professores estariam presentes para prestigiar a aluna ilustre, "embora pouco comedida".
Harry e Mira não se viram até o dia seguinte. Ela saíra muito cedo para Hogsmead, enquanto ele, Rony e Mione só puderam aparecer por lá no fim da tarde.
Chegaram no local onde seria realizado o evento a tempo de encontrar Sirius e Jonh dando as últimas instruções na organização do espaço.
Cadê a Estrela? – perguntou Sirius, querendo saber onde estava Bellatrix.
Deve vir com a Gina. – respondeu Hermione, enquanto o cumprimentava – Se não, tenho certeza que dará um jeito de aparecer.
Disso eu não duvido. – respondeu ele, rindo – Então, o que acharam? – ele apontou para toda a estrutura preparada para receber as pessoas. Um palco espaçoso, ladeado por uma meia dúzia de cabines e, em frente, um grande campo aberto.
Parece enorme... – disse Hermione – Não estão esperando público demais para uma estréia?
Sirius fez que sim com a cabeça, depois abriu um sorriso maior do que o comum.
Mas o que podemos fazer se todos os ingressos já foram todos vendidos?
Já? – todos ficaram surpresos, enquanto Sirius concordava com a cabeça.
Bom... Cadê a Mira? – perguntou Harry finalmente, que não agüentava mais disfarçar o interesse em tudo à sua volta, quando na verdade a única coisa que queria era vê-la logo.
No camarim. Aliás, o que vocês acham de irem até lá conversar? Ela acabou de passar o som, mas acho que ainda está um pouco nervosa.
Ah, claro. A gente vai lá dar uma força sim... – disse Hermione – Pra que lado? - ele fez menção de guiá-los, mas ela lhe segurou o braço – Não, Sirius, não precisa levar a gente lá... Você deve estar cheio de coisas pra resolver ainda. Podemos ir sozinhos...
É verdade. Coisa pra resolver é o que não falta... Ainda mais que algumas pessoas da equipe são trouxas e não entendem muito bem certas coisas no nosso mundo.
Trouxeram trouxas para cá?
Sirius deu de ombros.
Tudo com autorização do Ministério. É uma burocracia enorme, diga-se de passagem... Mas são poucos mesmo e a maioria vai passar por um feitiço de esquecimento depois do evento. Mas como disse o Jonh, íamos precisar deles. Estão com a pequena desde que ela começou... Mas vão logo vê-la, é por ali. – disse, apontando o caminho que daria em baixo do palco.
Não demoraram muito para chegar ao camarim. Encontraram a garota andando de um lado para o outro, nem pareceu perceber que haviam entrado.
Está tudo bem? – perguntou o namorado, se aproximando dela e lhe dando um leve beijo nos lábios.
Sim, tá sim... Eu só to nervosa, sempre fico assim antes dos shows. – ela pareceu tentar se recompor e segurou as mãos para que parassem de gesticular à toa – E então? Chegaram cedo... Cadê o resto?
Se esta se referindo a Luna e a Gina, daqui a pouco estão aí. Disseram que vêm mais cedo também. – responde Hermione.
Ela soltou um quase inaudível "que bom".
Vamos, Mira, está tudo bem... – disse Harry, tentando animá-la – tenho certeza que vai correr tudo às mil maravilhas.
Que bom que alguém tem certeza disso aqui. – responde ela ríspida, depois o encarou por alguns segundos, como se pedisse ajuda e o abraçou – droga, - sussurrou baixinho – Eu detesto quando fico assim.
Ele não disse nada, apenas a deixou ficar naquela posição enquanto apertava seus braços mais ao seu redor. Ficaram assim por algum tempo.
Rony e Hermione pareciam não saber muito bem o que fazer e, quando finalmente ela fez um sinal para o ruivo para saírem dali e deixarem os dois sozinhos, a porta voltou a se abrir.
Que mulherzinha mais ridícula! – esbravejou Gina, entrando na sala acompanhada de Luna e com Estrela nos braços.
O que houve? – perguntou o irmão, antes de qualquer outro.
Aquela loira aguada... Namorada do seu irmão, eu acho. – disse olhando para Mira – Não queria deixar a gente entrar de jeito nenhum... Se o Sirius não aparecesse...
Mira deu seu primeiro sorriso, se havia algo que a fazia rir era quando Gira estava brava.
A Jujú? Ela é realmente cômica... Nunca a imaginei tomando alguma atitude além de mudar a cor do abajur da sala.
Bom... Ela me pareceu uma pessoa com bastante atitude... – disse Luna.
É. – bufou Gina – Até demais!
Mira riu, ainda abraçada a Harry. Os demais também. Gina brava era mesmo engraçado, quando não perigoso, claro.
Mais uma vez a porta se abriu e, antes que Mira e Harry pudessem se soltar, a primeira pessoa do grupo que acabara de chegar entrou na sala. Olhou para os dois automaticamente e a ação inconsciente de se soltarem de repente só fez a situação parecer pior.
Anda logo, Remo. – reclamou Sirius atrás do amigo, que olhava para o casal atordoado – sai da frente.
Lupin sorriu para o casal, depois se virou para Sirius e respondeu com tranqüilidade:
Calma. Que pressa é essa? Ainda tem muito tempo para o show começar, sabia? – e só então saiu da frente, dando passagem para Sirius e os demais entrarem.
Era a família Weasley que havia chegado, ou melhor, os que não estavam em Hogwarts. O Sr. e a Sra. Weasley, Gui e a namorada, a agora inseparável, Fleur.
Black apresentou a filha a eles com um sorriso coruja nos lábios e deu para notar que Mira até tentou ser simpática com todos por culpa disso. Não que ela já não os conhecesse, mas agora estava sendo apresentada não como a amiga da filha mais nova, mas sim como a filha de um amigo, um grande amigo pelo visto, porque, por mais que a Sra. Weasley implicasse com ele, era fácil notar que estava feliz com a felicidade de Sirius.
Depois das apresentações, a Sra. Weasley olhou para a filha surpresa.
Gina! A sua gata voltou, filhinha.
É... Ela apareceu aqui em Hogwarts. – disse a ruiva, acariciando o pelo macio.
Sirius e Harry se entreolharam. O que a Sra. Weasley ia dizer se soubesse QUEM realmente era a gata da filha? Potter não tinha a menor noção, mas Sirius sabia muito bem o que aconteceria.
Bom, que tal darmos mais tempo para a mocinha se acalmar para o show? – perguntou Remo.
É verdade, Sirius... – falou o Sr. Weasley – Ela precisa de um tempo só pra ela, devemos estar atrapalhando. Por que não nos mostra o camarote que disse ter preparado?
Ah sim... Vamos lá... – ele abriu a porta para os demais.
Remo... – chamou Harry, antes que esse se dirigisse para a porta com os demais.
Acho melhor irmos também, Rony.
Tá bom, Hermione! Tá bom... Não precisa empurrar, caramba. Tô indo.
Eles saíram, deixando Lupin e o casal de namorados sozinhos. O lobisomem sorriu para eles.
Diga, Harry.
É que... Eu queria explicar o que o Sr. viu... – ele olhou para Mira, que bufou em resposta. Não entendia por que tanto drama pelo fato deles estarem namorando – É que... Bom... Eu e a Mira... Estamos...
Juntos. – completou Lupin, sem esperar os incontáveis minutos que Harry levaria para falar aquilo. Abriu um sorriso para os dois – Que bom, fico feliz por vocês. Mas qual é o problema? Você parece preocupado.
E estou.
Eu acho isso uma bobeira. – disse Mira, respondendo o olhar questionador de Remo – Ele tá com medo do meu pai.
Lupin não pode conter a gargalhada. Era tão incomum vê-lo fazendo isso que Harry não pode deixar de achar estranho.
Não ria, Remo. É sério. – reclamou – Eu não sei qual vai ser a reação dele... Queria a sua opinião.
Remo segurou o riso com dificuldade.
Na minha opinião, você devia falar logo o que está acontecendo. Seu padrinho não vai gostar nem um pouco de saber de vocês somente quando resolver pedir a mão dela em casamento, sabe...
O menino deu um longo suspiro.
Não sei como faze-lo.
Se quiser ajuda, eu posso contar para ele. O que acha?
Você faria isso?
Não tem idéia de como me daria prazer... Posso?
Harry fez que sim, ao mesmo tempo em que a porta do camarim reabria.
Hey, o que está acontecendo aqui?
Ah, Sirius, que bom que voltou. – disse Remo, calmamente – Entre aqui, precisamos conversar.
Sirius o olhou curioso, depois fechou a porta atrás de si. Trazia, nada mais, nada menos, do que Estrela em seus braços.
O que houve? – tinha um tom preocupado. Claro, dava pra entender que a conversa dizia respeito ou a Harry ou a Mira.
Bom... – ele olhou para a gata – Bellatrix, será que você poderia voltar a forma humana? Talvez eu precise da sua ajuda aqui.
Ela obedeceu, encarando-o com um olhar reprovador, mas não disse nada. Sirius continuou o olhando com curiosidade.
Em primeiro lugar... – ele esticou a mão para o amigo – Você me deve 100 libras.
Sirius piscou duas vezes. Bellatrix segurou o riso.
Do que está falando, Remo?
Você me deve 100 libras. – repetiu o outro, calmamente – Ou melhor, deve ao Tiago. Mas ele me incumbiu de te cobrar caso não estivesse presente...
Sirius continuava sem entender, até que Bellatrix não conseguiu mais segurar a gargalhada.
Do que diabos está falando?
Ele está falando da aposta, Sirius... – disse a mulher por fim.
"Que aposta?" Perguntou Harry mentalmente, certo de que não ia gostar de saber a resposta. E essa certeza só fez aumentar quando os olhos do padrinho viraram em sua direção.
Eles não estão querendo dizer que... Vocês dois, por acaso? Não... Não me diga que...
É, nós estamos namorando! – soltou Mira, já de saco cheio do drama que faziam – Pronto, falei... Que coisa! Qual é o problema, afinal?
Bellatrix ria tanto que teve que se apoiar em Remo, que também não se continha.
Parem de rir vocês dois! – gritou Sirius, sem repercussão. Os dois continuavam a rir sem parar.
Ele olhou raivoso para Mira, depois para Harry.
De repente, o jovem Potter se sentiu um idiota por estar ali, passando por aquele tipo de coisa... Por que diabos Sirius estava tão bravo, afinal? No fundo, ele esperava que o padrinho reagisse bem à notícia, mas aquilo? Aquela reação enervada era um pouco demais para os seus brios.
O problema, Mira – bufou ele - É que talvez eu não seja bom o suficiente para a filha do senhor Black. – disse ríspido.
Ao que parecia a frase surtiu efeito, porque o semblante de Sirius passou de irritado para semi-irritado.
É claro que não é isso... – resmungou.
Então o que é? – perguntou o rapaz – Sinceramente, Sirius, eu cheguei a achar que gostaria da notícia.
E eu gostaria... Muito... Se o seu pai não... Ai, droga! – ele estava se sentindo um completo imbecil. Olhou para Bella e Remo, os dois riam com menos intensidade agora, mas ainda sim riam – Eu gostaria de um pouco de ajuda aqui, sabe...
Claro, com prazer... – respondeu o amigo, polidamente - Depois que você pagar as 100 libras que deve ao Tiago! – e soltou uma gargalhada.
De que 100 libras vocês tanto falam?
É que o ele e o seu pai fizeram uma aposta uma vez, bebê. Tiago apostou que seu filho, ou seja, você, ia namorar a filha do Sirius. O mais engraçado era que a Lílian tinha acabado de descobrir que estava grávida, não sabiam nem o seu sexo ainda e eu e o Sirius não estávamos nem pensando em ter filhos àquela altura... – Bellatrix levou mais tempo do que o comum para falar toda a frase, os risos a paravam vez e outra – O problema na verdade é que o Potter ganhou a aposta! – Sirius bufou indignado, enquanto ela soltava uma nova gargalhada – Pode ficar tranqüilo, seu padrinho não está irritado por você namorar a filha dele...
Ele nunca perdeu uma aposta para o Tiago... – disse Remo – Essa é a primeira vez, não? – Sirius fez que sim, antes de tentar se acalmar. Os sorrisos cínicos de Bella e Remo não estavam ajudando em nada, mas ele tentou mesmo assim.
Tá, desculpa. Eu sei que estou sendo idiota, Harry, mas é que... Seu pai realmente me tirou do sério aquele dia e... Bom, eu não esperava.
Mas... Você tem alguma objeção?
Ele olhou para o afilhado, então a raiva pareceu se dissipar.
Não, Harry, claro que não. Na verdade, acho até que estaria feliz se não fosse... – ele riu – Se não fosse a lembrança do seu pai me azucrinando a paciência. – olhou para Remo – Ele era um cretino.
O amigo concordou, sorridente.
Era... Um grande amigo, mas um cretino.
Harry continuava encarando o padrinho.
Então eu... Posso namorar a sua filha ou não?
O homem olhou novamente para ele, sorriu de lado.
Sabe, sempre que eu pensei na idéia do filho do Tiago me fazendo essa pergunta, imaginava você voando por uma janela depois... Não sei por que isso não parece natural agora...
Falta a janela? – disse Mira, lembrando que o recinto onde estavam não possuía tal artifício para circulação.
Sirius riu alto.
É, talvez seja por isso pequena. Bom... Você quer namorar ele?
Mira o encarou com certa surpresa.
A minha opinião conta por acaso? – perguntou, desconfiada.
Claro... Na verdade, é a única que conta, não?
Ela cruzou os braços e falou, cínica:
Pensei que na família Black os pais decidissem os destinos dos filhos, porque sabem o que é melhor para eles...
Mira, eu e seu pai somos a prova de que nossos pais não sabiam nada sobre o que era melhor para nós. – disse Bellatrix, ponderada (muito incomum, aliás) – Acha mesmo que iríamos seguir o passo deles?
Há muito pra você saber sobre a "família" ainda, pequena... – disse Sirius – Mas aqui não é hora, nem temos esse tempo todo. – ela acenou – Mas, então... O rapaz aqui está esperando uma resposta. Você quer namorar ele ou não?
Pai... – disse ela, tentando demonstrar paciência que não tinha – Nós JÁ estamos namorando... Eu já disse isso sabe.
Ele sorriu.
Só estou querendo tornar o fato oficial.
Ela olhou para Harry, fingindo desdém.
Ta, ta... Eu o namoro...
Sirius bateu palmas de repente, antes que Harry pudesse reclamar.
Assunto encerrado, então. Agora vamos indo porque ainda temos um show pra fazer – ele esticou os braços para que Bellatrix viesse para o seu colo, o que ela fez prontamente, após voltar a ser Estrela – estaremos no primeiro camarote à esquerda, Harry. Te vejo lá.
Saiu seguido por Remo, mas não sem antes soltar um "comportem-se" para o casal que permaneceu no camarim.
Ela esperou a porta se fechar novamente, depois deu um sorriso malicioso para Harry.
É ruim de eu me comportar, heim? Acho que só tem uma coisa que pode me acalmar agora. – disse, antes de enlaçar o pescoço dele e começar a beijá-lo.
Não sabem ao certo quanto tempo ficaram nisso, só sabem que foram mais uma vez interrompidos novamente.
Ela parou de beijá-lo e deu um olhar revoltado para a porta.
Camarim movimentado... – sussurrou Harry.
Saco! Quem é? – gritou.
Black, sou eu! Quero falar com você e tem que ser AGORA!
Ao reconhecer a voz, Mira deu um pulo e começou a empurrar Harry para dentro do armário mais próximo.
Hei, hei, hei... Por que eu tenho que me esconder do Malfoy? – reclamou ele, que também tinha identificado o dono da voz.
Depois te explico, prometo. Agora se esconde!
Ele acabou obedecendo, mas assim que ouviu a voz do loiro, agora dentro do camarim também, a curiosidade começou a lhe incomodar a consciência. Pensou em olhar pela fechadura, mas tinha uma visão muito escassa, então se lembrou da magia que a madrinha fizera no Black Star. Será que conseguiria fazê-la só tendo a visto ser executada uma vez?
Clarearim... – tentou, girando a varinha como lembrava ter visto Bellatrix fazer. Não deu certo. Tentou mais uma, duas, e apenas na terceira tentativa conseguiu produzir o efeito que queria. A porta a sua frente ficou transparente. Agora podia enxergar tudo o que acontecia no camarim sem denunciar a própria presença.
Malfoy parecia nervoso, andava de um lado para outro sem conseguir se aquietar.
Pare de ficar desfilando e diga logo o que quer, vaga-lume desfocado.
Ele não ligou para o insulto, aliás, fazia tempo que Malfoy não se importava mais com os insultos da prima.
Aquilo que combinamos... Está desfeito.
Nem pensar, querido. – respondeu ela, calmamente – Já está tudo programado. Não dá pra mudar nada agora.
Claro que dá pra mudar, Black! – bufou ele – E você VAI mudar.
Ela balançou a cabeça de um lado para o outro.
Não, não vou... Não costumo mudar minha programação, Leite Qualhado. Então, a não ser que você me dê um bom motivo para não fazermos o que planejamos fazer, vai correr tudo como programado sim.
Ele não gostou do tom que Mira usara.
Não te devo satisfações, sabia?
Deve sim... Quer ver como deve? Se você não fizer o que combinamos, eu vou fazer sozinha... Melhor que isso, vou dar o seu recado, todinho...
Você não faria isso!
Ah, faria sim... Você sabe bem que eu faria... Anda, desembucha logo o que aconteceu pra você estar se borrando todo agora. Ou então...
Tá, tá, tá! – ele levou as mãos à cintura, a encarou por um momento, depois desviou o olhar – Meu pai escreveu... – pela cara que Mira fez, ela já esperava por essa notícia – Disse que... Era pra eu ficar longe... – suspirou.
E você vai acatar, de novo? Por Mérlim, Draco! – Harry nunca a ouvira tratando Malfoy pelo primeiro nome – Quando você vai honrar as calças que veste, heim? – Malfoy olhou feio para ela. Mira costumava pegar pesado – Vai deixar que eles decidam a sua vida MAIS UMA VEZ?
Não estamos falando de qualquer um, sabe? Acontece que se trata do meu pai e...
Que se dane o seu pai! Vai dizer o quê? Que ele quer o seu bem? Ah, Draco, me poupe! Meu pai provavelmente sabe mais ao meu respeito em apenas um mês que nos conhecemos, que o seu sabe de você tendo convivido todos esses anos contigo, tá? E não me olhe com essa cara... Quem é seu pai pra dizer o que você tem que fazer ou não, afinal? Por que seguir as ordens dele? Por que...
Porque ele sabe o caminho certo! – gritou Malfoy, a cortando.
Mira parou de gesticular de repente.
Caminho certo pra que, idiota?
Para o poder. – disse ele, simplesmente.
Mira soltou uma gargalhada.
Tô vendo...Fugitivo poderosíssimo ele!
Ah, cala a boca...
Tá! Tá bom... Lá vamos nós travar essa discussão novamente. Lembra do que eu te perguntei? Do que vai adiantar o poder que você tanto quer se não puder ficar com ela, heim? Agora, pensa comigo... Eu sei que é difícil, mas tenta acompanhar vai... Você pode conseguir poder por outros caminhos que não sejam o que o seu pai está te mostrando e ao mesmo tempo ficar com ela...
Ele balançou a cabeça de um lado para o outro. Parecia cansado, provavelmente já tinha travado aquela discussão internamente várias e várias vezes.
Estamos em lados opostos... – resmungou.
Por quê?
Porque ela é igual a você! – gritou o rapaz – Adoradora de trouxas! Aquela escória insignificante!
Mais uma vez volto a bater na mesma tecla... E daí? Caramba, não te parece meio absurdo que logo eles, que são tão insignificantes assim, sejam empecilho para você ser feliz?
Ele soltou um longo suspiro, pôs as mãos na cintura e a encarou novamente.
Eu não vou. – disse por fim, virando-se para ir embora.
Caso mude de idéia, sua deixa será na quarta música.
Ele voltou a encará-la, mas não respondeu. Saiu batendo a porta atrás de si.
Mira desmontou na cadeira ao lado.
O que haviam combinado?
Ela olhou para o namorado, que saia do esconderijo.
Íamos cantar juntos hoje... Uma música que ele fez.
Que ELE fez? – perguntou, surpreso.
Bom, na verdade ele escreveu a letra e eu a musiquei... Ela é praticamente um pedido de desculpa, muito bonita, por sinal. Fiquei surpresa quando achei nas coisas dele, também... – ela riu, lembrando da cena – foi difícil fazê-lo confessar que havia sido ele mesmo. Tive que ameaçar mostrar pra Gina – soltou uma pequena gargalhada – Então... Quando vocês falaram sobre juntá-los novamente e como isso seria difícil, na hora, o poema que ele escreveu me veio à cabeça...
E a idéia de musicá-lo também.
É... A Gina ia adorar. – suspirou – Mas aquele pai dele tinha que dar as caras?
Como será que ele descobriu o que o filho armava?
Mira deu de ombros.
Toda a Sonserina tá sabendo da música, ensaiamos juntos. Na certa, algum dos "amiguinhos" dele contou... Devia ter pensado nisso. – ela deu um soco na penteadeira – Burra!
Calma, vai. Se ele não for, quem sai perdendo é ele mesmo, você sabe disso.
Quer saber? Eu vou cantar aquela música ele indo ou não indo! Depois eu falo pra Gina que foi a pedido dele... Pronto.
Ele concordou em silêncio. Realmente aquilo parecia perfeito, duvidava muito que a amiga fosse manter a distância do loiro caso escutasse uma declaração pública... E cantada.
Houve novas batidas na porta.
Mira, tá na hora de se arrumar. – disse Jonh, colocando a cabeça dentro do camarim.
Ok. Faz um favor? Leva o Harry até o camarote.
O irmão fez que sim, sorridente.
Harry a encarou, pegou as mãos dela e as envolveu nas suas.
Boa sorte, então. – ela acenou positivamente, e agradeceu o apoio com um beijo – Vai dar tudo certo. – completou, para então sair atrás de Jonh.
O camarote havia sido especialmente preparado para eles. De onde estavam, o público não conseguia ver quem eram os freqüentadores do lugar, algo fundamental para que Bellatrix pudesse assistir o show de sua filha em sua forma humana.
Só tinham acesso àquele ambiente aqueles que já sabiam quem era a doce gata Estrela na verdade. O que resumia o grupo a poucos membros: Sirius, Remo, Harry, Rony, Hermione e Dumbledore. Mas o diretor provavelmente havia preferido ficar em outro camarote, junto com os demais professores, por que não estava lá quando Harry chegou.
Ele achou engraçado quando entrou e se deparou com a imagem de Mione e Bellatrix conversando. Aproximou-se com um sorriso nos lábios, a tempo de perceber que falavam sobre alguns tipos de feitiços e contra feitiços poderosos e complicados. Hermione parecia bastante entretida com o conhecimento da mulher, enquanto Bellatrix, por sua vez, não parecia incomodada em conversar com alguém de procedência trouxa.
Ah Harry, você já chegou? – disse a garota, assim que percebeu sua presença – Imagino que o show já vai começar então.
Acredito que sim, Mione.
Ela levantou de repente.
Preciso ir então.
Por quê? O que houve?
Ah, o Vitor está me esperando... – respondeu, antes de olhar severamente para as costas de Rony. O ruivo acabara de soltar um alto e sonoro muxoxo – Eu deixei ele lá embaixo, na platéia, pra vir aqui um pouco... Mas acho que tá na hora de voltar.
Ah, entendo... – ele olhou de rabo de olho para o amigo – Não quer mesmo assistir o show com a gente?
Vocês bem que podiam descer também, não? Assistir o show lá vai ser bem mais legal!
Eu não vou! – gritou Rony, ainda de costas.
Harry a olhou e deu de ombros. Mione apenas concordou com a cabeça.
Bom, foi um prazer, senhora...
Me chame de Bellatrix. – respondeu a mulher – É melhor que o meu atual sobrenome... E o prazer foi meu. Espero podermos trocar mais informações um dia...
Eu também... – disse a garota, sorrindo – Até mais pra todos.
E saiu, depois de acenar para Remo e Sirius.
Não sabia que a sua amiga era tão inteligente... – disse a madrinha, de forma casual – Tem uma conversa interessante até...
É... Às vezes fica meio chato, ela só sabe falar de livros. – respondeu, rindo – Mas é uma amiga especial. Sei que posso contar com ela.
Bella parecia estreitar os olhos para a porta por onde Hermione havia passado há pouco.
É... Pode mesmo... – depois voltou a encará-lo – Fico feliz em ver que você sabe escolher seus amigos melhor que o seu pai...
Bella... – chiou Sirius – Será que você não consegue parar de alfinetar o Tiago nem depois dele morto?
Ela sorriu, enigmática.
E tem algo melhor pra fazer do que isso? Ah, sim, claro que tem... Já ia me esquecendo. Você já pagou o Remo, querido?
Ele bufou em resposta, ela riu, antes de voltar novamente os olhos para o afilhado.
Bom... Falando em amizade, acho que alguém está precisado do seu apoio, sabe... Ele já tomou uns três ou quatro copos de cerveja amanteigada. Dê um jeito... Detesto gente bêbada.
Ele assentiu e se aproximou com cuidado de Rony. Sentou ao lado dele e esperou que o amigo puxasse assunto.
Nada.
Não vai falar comigo?
Tô sem assunto...
Ah... Por que não ficou no camarote com os seus pais?
Ele deu de ombros.
Iam me encher para descer junto com a Mione. E eu não to afim de ficar na muvuca.
Ah...
Rony se ajeitou na cadeira.
Ainda mais que o Gui e a Fleur iam acabar descendo. E a Gina e a Luna também.
"Gina!" Harry deu um sobressalto, precisava ficar de olho na amiga para ver a reação dela quando a surpresa acontecesse.
Debruçou no parapeito.
Será que dá pra vê-los daqui?
Dá, dá sim... Você acha que eu vou deixar aquele Krum sem vigilância por acaso... – Rony apontou para um grupo logo abaixo do camarote – Lá estão eles... Se o cretino se meter a besta eu pulo daqui mesmo em cima dele. Ai dele se acha que pode aproveitar de alguma amiga minha à toa...
Olha, cara... Acho que você devia aproveitar isso e repensar certas coisas.
Rony o olhou curioso.
Como o quê?
Seus sentimentos... Pela Mione...
Rony deu um longo suspiro.
Se está querendo dizer que tenho que repensar para descobrir que gosto dela, pode esquecer... Eu já sei que gosto dela. – Harry arregalou os olhos, surpreso – mas e daí?
Como assim "e daí", Rony?
E daí? Ela não gosta de mim, cara... Pra que me estressar?
Como assim, ela não gosta de você, cara? A Mione é apaixonada por você desde o nosso primeiro ano, pelo menos!
Ele fez cara de desdém.
Claro. Isso até alguém realmente bom o suficiente pra ela aparecer, não é? Cai na real, Harry. Que chances eu tenho contra o Vitor Krum? Fala.
Todas! Nesse caso, todas! Ele pode até ser um cara legal, mas é de VOCÊ que ela gosta!
Gosta nada... – resmungou o outro.
Harry ia continuar com a discussão, mas as luzes do palco se apagando de repente lhe desviaram a atenção do assunto.
As cortinas se abriram lentamente, enquanto um som dançante começava. Luzes começaram a brilhar, enquanto, no meio do palco, um vulto encapuzado se mantinha de costas para todos.
A multidão reagiu eufórica ao começo do show. Eram, na sua maioria, estudantes de Hogwarts, mas havia muitos jovens de outras partes do país, um grande feito para aquela época do ano.
Não demorou muito para que a voz dela pode ser ouvida.
No attorneys, to plead my case
No orbits, to send me into outta space
Nenhum atenuante para amenizar o meu caso
Nenhuma órbita para me mandar pro espaço
O pequeno vulto encapuzado levantou a mão, mostrando os finos dedos. Se alguém tinha dúvida de que se tratava de Purpelred ao centro do palco, ela tinha acabado de ser respondida.
And my fingers are bejeweled
With diamonds and gold, but that ain't gonna help me now
E os meus dedos estão cobertos
Com diamantes e ouro, mais isso não vai me ajudar agora
Ela virou-se com um balançar da enorme capa preta, ao mesmo tempo em que um estrondo de luzes verde e prata inundava o palco. Começou a caminhar, imponente, enquanto deixava o capuz cair, largando-o no meio do caminho.
I'm trouble, Yeah trouble now
I'm trouble ya'll, I disturb my town
I'm trouble, Yeah trouble now
I'm trouble ya'll, I got trouble in my town
Eu sou problema, É eu sou um problema agora
Sou um problema pra você, Incomodo toda a cidade
Eu sou problema, É eu sou um problema agora
Sou um problema pra você, trago problemas a minha cidade
Para surpresa de Harry, ela estava vestida com o seu uniforme de Hogwarts, ou quase isso, pois a camisa branca não passava de uma regata e, nos pés, ao invés do tradicional sapato preto, ela usava uma bota de soldado.
E, pelo visto, seus colegas de casa estavam preparados para isso, porque deu pra perceber que a platéia se alvoroçou quando Mira revelou suas vestes. Grupos de Sonserinos espalhados por toda a platéia assoviavam, gritavam, até bandeiras com o brasão da casa das cobras Harry pode ver.
Taí o por que das reuniões... – disse Rony, fazendo cara feia.
You think your right, but you were wrong
You tried to take me, but I knew all along
You can take me for a ride
I'm not a fool out, so you better run and hide
Você se acha certo, mas está errado
Você tenta me conquistar mas eu já conheço tudo
Você pode me levar para dar uma volta
Mas eu não sou burra, então é melhor correr e se esconder
Tava na cara que as reuniões misteriosas tinham haver com aquilo sim, afinal, era visível que todos os Sonserinos sabiam cantar a música, e Harry não duvidava que eles soubessem cada uma das músicas que ela cantaria naquela noite.
If you see me coming down the street then
You know it's time to: Go
(and you know it's time to go cause here comes trouble)
Quando você me ver vindo rua a baixo
Você sabe que é hora de: IR
(e você sabe é hora de ir por que lá vem problema)
O problema, na verdade, era que não dava pra ficar parado. Mesmo sendo uma saudação a casa rival, a música era envolvente e agradável. Alguns mais velhos até poderiam taxá-la como barulhenta, mas era exatamente o que os jovens gostavam de ouvir.
Na segunda vez que ela cantou o refrão, mais e mais vozes a acompanhavam, e, ao final da apresentação, todos já sabiam a letra de cor.
Mira levantou o braço esquerdo, fazendo a música parar, depois fez uma saudação ao público.
Boa noite! – gritou, e foi prontamente respondida – É muito bom estar aqui... E quando eu digo muito bom, é muito bom mesmo... Talvez a maioria nem tenha noção do quanto que estar fazendo esse show seja importante para mim... Mas uma pessoa pensou nisso, chamou meia dúzia pra ajudar e, mesmo tendo reclamado muito no começo, aqui estou eu.
O silencio era de arrepiar, ninguém falava. Todos prestavam uma imensa atenção a cada palavra dita pela garota. Em especial, os ocupantes do camarote em que Harry estava.
Ela deu um longo suspiro, enquanto os acordes de uma nova música começavam.
Vou cantar uma música que eu fiz há algum tempo já, para duas pessoas... Quando eu ainda nem as conhecia... Espero que vocês gostem, e elas também. – abaixou a cabeça, levou segundos, que pareciam séculos, para levantá-la novamente, até que completou – Essa é para os meus pais.
I'm Standing on a bridge I'm waitin in the dark
I thought that you'd be here by now
Theres nothing but the rain No footsteps on the ground
I'm listening but theres no sound
Estou sentada na ponte, esperando no escuro
Pensei que estariam aqui agora
Não há nada além da chuva, nenhum passo no chão
Estou escutando mas não há som algum
Sirius abraçou Bellatrix por trás, assim que a "pequena" dedicou a música a eles.
Isn't anyone tryin to find me?
Won't somebody come take me home
Há alguém tentando me encontrar?
Alguém quer aparecer e me levar pra casa?
Ela encostou a cabeça em seu ombro, sem tirar os olhos nem por um momento dos movimentos que a filha fazia no palco.
It's a damn cold night Trying to figure out this life
Wont you take me by the hand take me somewhere new
I dont know who you are but I... I'm with you
É uma droga de uma noite fria, estou tentando me imaginar fora dessa vida
Vocês gostariam de me pegar pela mão, me levar para algum lugar novo
Eu não sei onde vocês estão mas... eu estou com vocês.
E ficaram assim durante toda a canção, abraçados. Era a primeira vez que escutavam o que a filha sentia; a falta que fizeram na vida dela. Toda a saudade, a dor e a procura.
I'm looking for a place Searching for a face
is anybody here i know
cause nothings going right and everythigns a mess
and no one likes to be alone
Estou procurando por um lugar. Procurando um rosto
Há alguém aqui, eu sei.
Porque nada da certo e tudo é um saco
E ninguém gosta de ser sozinho
Foi difícil não chorar.
Bellatrix se alinhou nos braços de Sirius, tentando secar as lágrimas que caiam vez ou outra, enquanto ele deixava que as suas próprias rolassem sem restrições.
Eles certamente não foram os únicos.
Take me by the hand, take me somewhere new
I dont know who you are but I... I'm with you
I'm with you, I'm with you...
Me peguem pela mão, me levem para algum lugar novo
Eu não sei onde vocês estão mas... eu estou com vocês.
Eu estou com vocês... Eu estou com vocês...
Harry duvidava que fosse acontecer outro momento mais emocionante durante o show.
No palco, Mira abaixou a cabeça ao fim da música e virou as costas para a platéia. O namorado podia apostar com qualquer um, sem medo de perder, que ela também chorava.
O palco voltou a escurecer, não mais que alguns segundos.
Um novo estrondo, seguido de luzes, deu início a outra música.
Parecia calma, mas Harry conhecia aqueles acordes.
every time that I look in the mirror
all these lines in my face gettin' clearer
the past is gone
toda vez que eu olho no espelho
as linhas do meu rosto ficam mais claras
o passado se foi
Dream On, do Aerosmith... Ele não podia acreditar que ela estava cantando aquela música. Olhou para o padrinho, que piscou para ele.
A pequena disse que gostava. Aí, tive a idéia de pedir a autorização para Steave.
it went by like dust to dawn, isn't that the way?
everybody's got their dues in life to payisso acontece como osso ao pó, não é esse o caminho?
todo mundo tem suas penas na vida para pagar
Tyler? – perguntou Bellatrix. Sirius fez que sim – Ainda tem contato com aquele maluco?
Bons amigos são eternos, querida. Além disso, parece que ele gosta da pequena... Falou que só autorizava se eu gravasse uma cópia pra ele ouvir depois... Os trouxas estão fazendo isso com seus aparelhos.
Ela bufou, fingindo desagrado.
i know nobody knows, where it comes and where it goes
i know it's everybody's sin; you got to lose to know how to win.
eu sei que ninguém sabe, de onde se vem e para onde se vai
eu sei que é a sina de todos: você tem que perder para aprender a ganhar
Vocês conhecem o Steave Tyler...
Sirius fez que sim simplesmente.
Tocou muito lá no pub. Sempre que vinha a Inglaterra.
half my life's in books' written pages,
lived and learned from fools and from sages.
you know it's true, all these things come back to you.
metade da minha vida está em llivros de páginas escritas
vivendo e aprendendo com tolos e sagazes.
Você sabe que é verdade, tudo isso, volta pra você...
Harry parecia surpreso que não apenas os grupos de Sonserinos sabiam a letra daquela musica, mas toda a platéia.
Eles... São conhecidos no mundo mágico? Digo, o Aerosmith?
Claro. – disse Remo, do outro lado deles – É um dos grupos bruxos mais antigos da atualidade...
Nesse momento, a platéia explodiu, cantando para acompanhar o refrão.
sing with me, sing for the year,
sing for the laughter n' sing for the tear.
sing with me, if it's just for today,
maybe tomorrow the good lord will take you away.
Cante comigo, cante pelos anos
Cante pela risada e cante pela lágrima
Cante comigo, somente por hoje
Talvez amanhã o Bom Senhor te leve embora.
Mira pulava de um lado para o outro, comandando a todos. Brincava com o público, alternando as estrofes da canção junto com eles. Eles a acompanhavam em cada gesto. Ela era senhora absoluta do espetáculo.
dream on, dream on, dream on,
dream yourself a dream come true.
Sonhe, sonhe, sonhe
Sonhe comsigo mesmo um sonho que vire real.
Ela realmente tem jeito pra coisa... – murmurou Bellatrix.
Tentava manter o ar de desdém, mas estava claro o seu orgulho. Os olhos brilhavam de satisfação, vendo a filha comandando aquela multidão de bruxos.
Mas Harry não viu isso, não consegui a tirar os olhos do palco, parar de prestar atenção nela. Tanto que percebeu que, quase no fim da música, ela olhou para uma das laterais do palco e deu um sorriso.
Ficou imaginando para quem ela fizera aquele tão incomum agrado. Assim que Dream On acabou ele obteve a resposta.
Mira, ou melhor, Purplered, fez um movimento com a mão, fazendo com que um violão viesse parar entre seus dedos, ao mesmo tempo em que dois bancos flutuaram até o local onde ela estava.
Eu gostaria de chamar aqui uma pessoa... – disse, enquanto se acomodava num dos bancos – Nós fizemos essa música juntos, só que eu prefiro ela na voz dele a na minha. Por isso, se vocês permitirem, gostaria de chamar ao palco meu primo... Draco Malfoy.
Rony deu um pulo da cadeira.
Não acredito... Ele foi... – sussurrou Harry.
Isso tem algo haver com o plano, não tem?
Que plano? – perguntou o garoto, ainda embasbacado com a imagem de Malfoy entrando no palco e se sentando ao lado da prima.
O de juntar ele e a Gina!
Ah! A Gina! Caramba! – ele olhou para a platéia, procurando os cabelos vermelhos da garota... Não encontrou – Cadê ela?
Não sei... – disse Rony, olhando pra baixo também – Ei, o que aquele idiota ta fazendo abraçado na Mione?
Não interessa. Vamos! – ele puxou o amigo pelo braço – Precisamos achar a sua irmã, ela não pode perder isso!
Ele saiu correndo, com Rony logo atrás. Nem perceberam a aproximação de uma coruja que trazia uma carta urgente para Lupin.
