Capítulo 18 – As luzes se apagam
Harry e Rony desceram correndo na direção da multidão. Tiveram certa dificuldade para encontrarem alguém no meio de toda aquela gente, até que finalmente avistaram um conhecido: Hermione, que, para desgosto maior de Weasley, ainda se encontrava abraçada em Vitor Krum.
I'm not a perfect person / There's many things I wish I didn't do
But I continue learning / I never meant to do those things to you
And so I have to say before I go / That I just want you to know
Não sou uma pessoa perfeita / Há muitas coisas que eu queria não ter feito
Mas eu continuo aprendendo / Eu nunca quis fazer essas coisas com você
Então eu tenho que dizer antes de ir / Que eu só quero que saiba
-Cadê a Gina? – perguntou Potter, pousando a mão no ombro largo de Vitor, sem se importar com a situação. Havia coisas mais importantes.
-Hã? – perguntou o outro, sem conseguir escutar direito o que Harry dissera.
-A Gina? Cadê a Gina?
-O que tem a Gina, Harry? – perguntou Mione, compreendendo o que o amigo dizia antes de Vitor.
I've found a reason for me / To change who I used to be
A reason to start over new / and the reason is you
Eu achei uma razão para mim / Para mudar o que costumava ser
Uma razão para começar tudo novo / E a razão é você
-Ela tinha que estar aqui... Você tinha que estar cuidando dela, sabe.
-Se enxerga, Rony. Ela é bem grandinha. Sabe se cuidar sozinha, tá?
-Se soubesse não tinha se metido com aquilo lá... – ele apontou para o palco com o queixo – Aliás, o que eu queria também? Lógico que você não ia cuidar dela. Estava ocupada, não é?
-É, Rony! Eu estava ocupada sim!
-Nem pensem em começar a discutir! – gritou Harry – Não temos tempo pra isso. Cadê ela, Hermione! A Gina tem que ouvir isso.
Foi quando uma nuvem de compreensão passou pela mente de Granger.
I'm sorry that I hurt you / It's something I must live with everyday
And all the pain I put you through / I wish that I could take it all away
And be the one who catches all your tears / Thats why i need you to hear
Desculpe-me se te magoei / É algo que terei que viver todo dia
E toda a dor que te causei / Queria poder tirar ela de você
E ser aquele que seca as suas lágrimas / É por isso que preciso que você escute
-Ai carmaba! O plano! Essa música é pra ela?
-É! Onde ela está, afinal?
-Não sei... – olhou a sua volta meio atordoada – Perai... Luna! – gritou para outro casal que admirava o show – Luna!
O casal se virou e, para espanto de Harry, Luna estava abraçada a ninguém menos que Neville Longbotton.
I've found a reason for me / To change who I used to be
A reason to start over new / and the reason is You x4
Eu achei uma razão para mim / Para mudar o que costumava ser
Uma razão para começar tudo novo / E a razão é você
Luna virou-se para encará-los, sem perceber as caras surpresas que ele e Rony faziam. Longbotton acenou, meio sem jeito. Desde a briga na mesa da Grifinória que eles não se falavam direito.
-Neville, você por aqui? Pensei que não gostava da Mira.
O outro fechou a cara antes de responder.
-Não vinha mesmo, Rony. Mas achei melhor estar por perto caso ela apronte alguma coisa.
-Já disse que a Mira não vai fazer nada dessas coisas más, Nel. - disse Luna, pausadamente – Ela finge que não, mas é boazinha.
-Boazinha o caramba...
-Não temos tempo para voltar a esse assunto. - ralhou Hermione, percebendo que Harry já estava quase abrindo a boca para responder Neville e começar uma briga - Cadê a Gina?
-Ah... A Gina... – Luna começou a pensar e cada segundo que isso levava estressava Harry ainda mais – Se eu não me engano ela disse algo sobre subir para o camarote dos pais... Acho que queria ir ao banheiro. Por quê?
I'm not a perfect person / I never meant to do those things to you
And so I have to say before I go /That I just want you to know
Não sou uma pessoa perfeita / Há muitas coisas que eu queria não ter feito
Então eu tenho que dizer antes de ir / Que eu só quero que saiba
Harry não esperou que Luna compreendesse o que estava acontecendo e, antes que Rony percebesse, ele já havia se embrenhado no meio da multidão de volta aos camarotes.
Por sorte, não precisou ir até o destino final. Encontrou com Gui no meio do corredor de acesso.
-Você viu a sua irmã?
-Ela foi ao banheiro com a Fleur... Ou melhor, depois da Fleur. Devem estar juntas. Aliás, estão demorando. Mas o que aconteceu? Você parece aflito.
-Nada demais, é que eu preciso falar com ela, rápido. Pra que lado fica?
I've found a reason for me / To change who I used to be
A reason to start over new / and the reason is you
Eu achei uma razão para mim / Para mudar o que costumava ser
Uma razão para começar tudo novo / E a razão é você
Ele seguiu na direção em que Gui apontara. Os banheiros ficavam próximos a entrada do palco, que estava lotada. Assim, Harry teve dificuldade de achar o local correto. Resolveu pedir ajuda para a primeira pessoa conhecida que esbarrou, mesmo sabendo que Jonh Smith estava, provavelmente, bastante ocupado.
-Jonh... Você por acaso viu a Gina... Gina Weasley?
-Aquela ruiva amiga da Mira? – Harry fez que sim – Eu a vi entrando no banheiro feminino há alguns minutos atrás.
-E pra que lado fica isso?
-Lá, naquelas portas lá no fundo... – a distância até que não era muita, mas estava lotada de pessoas.
I've found a reason to show / A side of me you didn't know
A reason for all that I do / And the reason is you
Eu achei uma razão para mostrar / Um lado de mim que você não conhecia
Uma razão para tudo que faço / E a razão é você
Mais uma vez Harry correu para tentar encontrar a amiga a tempo, mas infelizmente só a avistou quando os últimos acordes da música tocavam.
Ela parecia meio atordoada mexendo em um pequeno aparelho em suas mãos.
Harry se amaldiçoou por chegar tarde demais, mesmo assim seguiu (agora caminhando) na direção em que Gina estava, mas alguém chegou na ruiva antes dele: Malfoy.
Suspirou aliviado, parando onde estava para observar o casal. Os dois trocaram algumas palavras, ela parecia nervosa, irritada, enquanto o sonserino apenas lhe pedia calma, até que, finalmente, Gina o abraçou.
Harry sorriu satisfeito, enquanto via os dois saírem juntos dali.
Virou-se para ir embora... Foi quando uma nova imagem lhe chamou a atenção.
-Malfoy? – chamou o garoto que acabava de aparecer de uma entrada, a qual Harry pressupôs, rapidamente, se tratar da saída do palco – O que você está fazendo aqui? Você não... – ele olhou na direção em que Gina seguia, abraçada ao outro Malfoy. O loiro ao seu lado fez o mesmo.– Caramba, não era você!
-Potter, seu imbecil! Como deixou ele a levar assim? – disse o loiro, saindo correndo atrás deles, com Harry em seu encalço.
Correram por entre a multidão, na qual Gina e o falso Draco se perdiam mais à frente.
-Ele a está levando em direção a saída! – disse Harry – Não! – ele segurou o pulso de Draco, impedindo-o de puxar a varinha – Há muita gente aqui.
-Que se dane todo mundo. Se o meu pai a pegou é por que boa coisa não pretende...
-Seu pai? Tem certeza?
Draco fez que sim.
-Poção Rejuvenescedora... – sussurrou – Ele era a minha cara quando mais novo.
-Harry já tinha ouvido Hermione comentar sobre a tal poção que fazia a aparência da pessoa regredir durante algumas horas. Cada gole rejuvenescia um ano, algo assim.
-Gina! – berrou o loiro, dando cotoveladas nas pessoas à sua frente – Gina! Droga! Ela não me escuta! Droga! Droga!
-Ia berrar de novo, mas Harry tapou-lhe a boca, o puxando para baixo de alguns andaimes que sustentavam uma pequena arquibancada. Draco olhou feio para ele e se desvencilhou abruptamente.
-O que foi, Potter? Tá com medo agora? Ele está fugindo com ela!
-Fique quieto.
Harry olhava para foram aguardando a passagem de dois elementos suspeitos que havia avistado.
-Eu não acredito... – sussurrou Draco, quando os viu também.
-Estavam atrás de nós. Mas duvido que tenham visto que entramos aqui no meio dessa gente toda. Conhece?
-Sr. Crabble e Sr. Goyle. O que eles estão fazendo aqui? Meu pai prometeu que não iam fazer nada hoje, caramba!
-E você acreditou... – disse cinicamente, saindo do esconderijo em seguida – Foram para o outro lado. Vamos. Temos que achar a Gina.
-Pra lá! – disse Draco, apontando a saída do show. Harry olhou a tempo de ver os cabelos ruivos atravessando o portão de entrada.
-Droga! Ele a está levando para a cidade.
-Claro. Hogsmead deve estar praticamente vazia. Temos que correr antes que os percamos de vista.
-E foi o que fizeram, com a rapidez possível para duas pessoas que tentavam ser mais discretos dessa vez.
-Conseguiram cruzar o portão a tempo de ver que Malfoy pai virava a esquina com a garota. Correram novamente, mas não os avistaram quando viraram na rua principal.
-O que acha? – perguntou Harry – Desaparataram?
-Não... Estão por aqui... em algum lugar. – ele se escondeu nas sombras de uma das soleiras mal iluminadas e Harry o acompanhou – Pegaram ela para te atrair, só pode ser isso. – falou com desdém – Sabiam que você viria atrás dela... E você veio, não é?
Continuaram seguindo de soleira em soleira, com cautela.
-Claro que vim, Malfoy.
-Você é muito óbvio.
-Posso até ser, mas não vou deixar a Gina ser seqüestrada e não fazer nada.
-Mas não devia fazer nada mesmo... Ela é minha namorada, não sua.
-Sua ex-namorada, que eu me lembre...
-Por sua culpa.
-Minha culpa o caramba. Você terminou com ela, lembra?
Draco bufou em desagrado.
-Lá. – disse, apontando para a porta entreaberta do Três Vassouras – Duvido que a Madame Rosmerta deixaria o bar dela assim.
Harry deu o primeiro passo, Malfoy o segurou.
-Onde você pensa que vai?
-No bar. Você acabou de dizer que eles provavelmente estão lá dentro.
-Como também acabei de falar que, com certeza, é uma cilada pra você, seu idiota. Vai fazer o quê? Entrar pela porta da frente para ser acertado pelo primeiro raio estuporante que mandarem?
-O que sugere então?
-Volte para o show.
-Nem pensar, Malfoy.
-Volte para o show, já disse. Eu entro lá e me entendo com o meu pai. Digo que você não deu a menor para ela ter sumido.
-Ele não vai acreditar... Eu sou muito óbvio, lembra? Vai saber que você está mentindo.
-É... Vai mesmo. O que fazemos então? – ele olhou para trás, pelo caminho que vieram – Não dá pra voltarmos e chamarmos ajuda agora.
-Eu entro e tento ganhar tempo para você tirá-la de lá.
Draco o encarou, curioso.
-Talvez ele não esteja esperando por você. – continuou Harry – É um trunfo que podemos usar.
-Com certeza ele não está esperando por mim... – sussurrou o loiro com desgosto – Eu nunca o desobedeci antes.
-O desobedeceu quando subiu no palco hoje. E disso ele já sabe. Mas provavelmente não sabe que estamos juntos. Com certeza os amiguinhos dele ainda estão nos procurando no meio daquele povo todo.
O loiro concordou em silêncio.
-Vai então.
Ele não precisou falar duas vezes.
Harry seguiu cauteloso para a porta entreaberta do Três Vassouras. Encostou na parede pelo lado de fora e usou a varinha para abrir mais a entrada.
Esperava uma chuva de feixes mágicos, como Draco sugeria, mas nada aconteceu. Mesmo assim, seu sexto sentido lhe alertava do perigo.
-Entre logo, Potter... – disse uma voz vinda de dentro do recinto – Se quer a garota de volta, é melhor entrar.
Ele respirou fundo e obedeceu. Como esperava, no centro do bar mal iluminado estavam Gina (presa a uma cadeira) e o falso Draco Malfoy, com a varinha apontada para ele.
-Harry! – gritou ela - Vai embora... O Draco...
-Não é o Draco, Gina.
O garoto loiro sorriu, fazendo a porta se fechar atrás de Harry. Então, Lucio fez sinal para que ele colocasse a varinha no chão. Harry o fez lentamente. Em seguida, o pedaço de madeira voou para as mãos alvas do outro.
-Deixe ela ir embora, sr. Malfoy.
Gina olhou para o loiro, sem entender.
-Sr. Malfoy? Lucio Malfoy?
-Sim, querida... – ele passou o dedo sugestivamente pelo rosto fino dela – Seu sogrinho... Sabe que agora eu entendo por que o idiota do Draco foi se interessar por você. Você é até jeitosinha. Pena que é uma Weasley.
-Deixe ela ir... – repetiu Harry – Seus amigos comensais logo chegarão. Ela não terá tempo de avisar a ninguém.
Lucio o encarou e sorriu.
-Mas é claro que não terá... Eu não vou deixá-la ir. – ele parecia muito feliz por ter finalmente os dois sob sua varinha – Na verdade, teria ficado feliz em ter menos esse problema para resolver... - ele falava com Harry e apertava o queixo de Gina ao mesmo tempo – Mas infelizmente ela viu demais, não é, minha cara?
-Do que está falando?
-Daquela traid... – Gina não conseguiu terminar a palavra, Malfoy apertou seu queixo ainda mais.
-Cale a boca ou eu estouro os seus miolos, entendeu?
-Tire as mãos dela!
-E você fique exatamente aonde está! – Lucio gritou mais alto.
Permaneceram em silêncio por alguns instantes.
-Sente. – ordenou o loiro – Já que vamos esperar um pouco é melhor conversarmos...
Harry respirou fundo e obedeceu. Precisava ganhar tempo para que Draco tivesse alguma chance de pegar o pai desprevenido, por isso resolveu dar corda.
-E sobre o que gostaria de conversar, sr. Malfoy?
-Me diga, como vai a sua "nova" família?
Ele não compreendeu imediatamente, até que entendeu que o outro falava dos Black.
-Sobre quem quer saber exatamente? Da minha madrinha, do meu padrinho... Ou da sua esposa?
-Pelo visto ele acertara no ponto, por que o sorriso de Lucio diminuiu e muito. Ele titubeou, mas acabou perguntando o óbvio.
-Ela está aqui?
Harry deu de ombros.
-Isso importa?
-Não, claro que não... A hora daquela traidora vai chegar... Como a da sua madrinha.
A porta voltou a se abrir e os comparsas de Lucio entraram no bar, o sr. Crabble, sr. Goyle, mais dois homens que Harry não conhecia e, para seu desgosto, Rodolfus Lestrange trazendo Draco pelo braço.
-Olha só quem nós encontramos bisbilhotando por aí, Lúcio... Não deu educação ao seu filho, foi?
O rapaz deu um puxão no braço para se desvencilhar e o sr. Lestrange riu da petulância, enquanto Draco arrumava o sobretudo, se recompondo.
-Não estava bisbilhotando... Estava espionando o Potter, afinal, meu pai havia me dito que vocês não fariam nada essa noite e... - ele encarou Lucio e fingiu surpresa – Pode me dizer por que o senhor está usando a minha cara?
O pai sorriu.
-Foi necessário para capturar a sua amiguinha aqui.
Draco olhou Gina com desdém.
-Ela não é minha amiguinha, pai. Já discutimos isso por carta.
-E você acha realmente que eu acreditei no que disse? Você mente muito mal, Draco... Quando o vi naquele lugar sabia que ia fazer besteira. E estava certo, não estava? Que papelão...
-Papelão que me ajudou a fazer com que esse idiota saísse sozinho de lá. Vocês são loucos? Toda a corja do Dumbledore está naquele show, lógico que ele viria com mais gente... E foi graças a MIM que ele não trouxe ninguém.
-Ah, foi, moleque? – o sr. Lestrange não parecia nem um pouco convencido. Puxou uma cadeira, sentou-se e perguntou maliciosamente – E como sabia que devia fazer isso? Posso saber?
O sr. Crabble e o sr. Goyle não são muito discretos... – desdenhou o loiro – Como seus filhos, aliás. Quando eu os vi rondando as proximidades do palco, imaginei que estavam ali para capturar o Potter. Foi por isso que subi no palco pai, porque era a única forma de conquistar a confiança dele.
-Então você armou tudo? – perguntou Harry, com cara de espanto. E teve como resposta o sorriso vitorioso do jovem Malfoy.
Estava tudo bem claro agora. Afinal, Draco havia dito a Mira que não subiria no palco minutos antes do show começar e, de repente, sem aparente motivo, mudou de idéia. Ele devia ter desconfiado.
-Harry! – berrou Gina - Eu não acredito que você confiou nesse... Nesse... – parecia ter dificuldade em achar o pior adjetivo - Cínico!
Draco voltou o sorriso para ela.
-Tá falando o quê? Você cansou de cair na minha lábia.
Ela fez menção de pular da cadeira e voar no pescoço de Draco, mas as cordas a impediram. Começou a se debater, irritada por não poder acabar com a raça dele.
Lucio riu do empenho dela, pelo visto a irritação da garota o alegrava e muito.
-Bom... Já que está tudo explicado, será que pode me devolver a minha varinha agora, sr. Lestrange?
Harry pode sentir o clima tenso. Rodolfus tirou a varinha de Draco das vestes, mas não a devolveu. Pelo contrário, o encarou alguns segundos, depois fez que não, lentamente, com a cabeça.
-Não confio em você, moleque.
-Rodolfus, – disse Lucio, ainda com o corpo jovem. Harry imaginava quantas horas aquilo ia durar – quem está no comando dessa missão sou eu, por isso devolva a varinha do Draco. Ele pode precisar.
-Se precisar é por que nos traiu e avisou a alguém. – respondeu o outro secamente, sem tirar os olhos de Draco – Seu filho é um traidor, Lucio, igual a mãe dele... Sua esposa.
-E a sua esposa também.
Finalmente Lestrange encarou o falso Draco.
-Exatamente... Irmãs, meu caro. Pelo visto a traição está no sangue de todos os Black. Primeiro o delinqüente, depois a amante de trouxas. Em seguida aquele fedelho que se atreveu a não obedecer uma ordem direta do Lorde. Agora aquelas duas. Pense Lucio, quem mais falta nos trair?
-Não sou um Black, sr. Lestrange. Sou um Malfoy.
-Mas existe sangue Black nas suas veias, garoto. Me desculpe se não confio em você, mas tenho meus motivos. Todos os Black que conheci foram ou são traidores...
-Talvez se não tivesse os traído primeiro...
A voz calma de Harry fez com que Lestrange o encarasse pela primeira vez.
-Os traído? – ele estreitou os olhos – Minha esposa está vivendo com aquele corja. Virou as costas para mim e para o Lorde... E fui eu quem a trai primeiro?
-Caso não saiba o único motivo que levou a madrinha a trai-los foi o fato de vocês terem planejado a morte da filha dela. – Rodolfus permaneceu calado, o encarando. Harry resolveu continuar – E, se me permite, acho isso um motivo suficiente para que ela virasse as costas para você e para Voldemort.
-Como se atreve a falar o nome dele, pirralho! – Rodolfus levantou e apontou a varinha agressivamente para ele, largando a de Draco na mesa.
-Eu não tenho medo dele. Assim como não tenho de vocês.
Antes de Rodolfus responder com algum ato mais exaltado, porém, a porta do bar voltou a se abrir.
-Abaixe essa varinha seu idiota! Está maluco? Toque num fio de cabelo dele e o Lorde te come vivo.
Harry olhou surpreso para a mulher que entrara. Podia imaginar qualquer coisa, mas jamais aquilo. Juju, a decoradora namorada do irmão de Mira.
-O que essa trouxa está fazendo aqui?
-Quem é trouxa aqui seu, moleque? – ela esticou a varinha na direção de Draco.
-Não é a Juju. – disse Gina – É a ...
Lucio fez surgir mordaça e cordas na boca da garota.
-Já disse pra ficar quieta.
Harry olhava da loira para Gina e vice-versa. A ruiva parecia tentar lhe dizer quem era realmente a mulher, mas logicamente que não conseguia. A única coisa que ele tinha certeza é que aquela era a traidora da Ordem e que ela estava se fazendo passar pela namorada de Jonh, provavelmente já há algum tempo.
-Por que demorou tanto? – perguntou Lucio.
-Tive dificuldade para despistar aquele trouxa imbecil. Mas está tudo correndo como planejado, a não ser... – ela olhou com desdém para Gina – Matem-na, não vamos precisar dela.
-Que eu lembre você não está no comando aqui. – reclamou Lucio.
-Vai mantê-la viva pra quê? Sabe muito bem que a única coisa que importa ao Lorde é o Potter.
-Mesmo assim, quem decide se ela deve ser morta agora ou depois sou eu, minha cara, não você.
A falsa Juju fez cara de poucos amigos, abriu a boca novamente para reclamar, mas Malfoy pai simplesmente lhe virou as costas.
-Já está quase na hora de irmos... – disse, olhando para um ponto do salão.
-Por que a está protegendo, posso saber?
Ele virou lentamente para encará-la.
-Como?
-Por que está protegendo essa pirralha?
-Não estou protegendo ninguém. Só que, ao contrário de você, eu consigo enxergar que ela pode ser útil mais adiante.
Ela não vai nos servir de nada, Lucio, você sabe muito bem disso! Por que a está poupando?
-Talvez porque ela lembre alguém, minha cara. – disse Lestrange displicentemente – Você está certa em sentir ciúmes, sabe? Acho que ele quer colocá-la no seu lugar.
Os outros comensais começaram a rir.
-Cale a boca! – Lúcio parecia bastante irritado com o comentário – Aonde aprendeu a falar tanto? Com a sua mulher?
-Provavelmente não, já que passamos a maior parte do nosso casamento na cadeia... Em selas separadas. – respondeu o outro, ainda sorrindo.
-E a outra parte com ela te corneando.
Rodolfus levantou a varinha para Lucio, que o imitou.
-Retire o que disse, Lucio!
Era impressão de Harry ou a varinha de Draco estava voando discretamente da mesa onde fora abandonada para as mãos de seu dono?
-O quê? Que você é um CORNO? Mas você é um corno, Rodolfus!
As risadas dos demais ficaram mais fortes. Até mesmo a falsa Juju parecia segurar o riso.
-Sua mulher DORME com outro!
Para surpresa maior de Harry, ele sentiu sua varinha se materializando entre suas vestes. Olhou para Draco, que observava a discussão imóvel, parecendo bastante entretido.
Até que ele finalmente olhou em sua direção, depois seus olhos seguiram discretamente para o alto. Harry acompanhou e se deparou com um enorme candelabro que estava bem a cima de Lucio e Rodolfus. Nunca havia se dado conta de que aquele candelabro existia, até por que a impressão que tinha era que o Aliança nunca estava suficientemente iluminado.
Mas como fariam para tirar Gina dali sem que houvesse tempo para que eles a machucassem? Os comensais estavam em maior número e seria difícil pegar todos de surpresa mesmo no meio daquela discussão.
Foi quando vozes vindas da rua chamou a atenção de todos. Na mesma hora, Rodolfus e Lucio se entreolharam e pararam de discutir. Ao comando de Malfoy, o sr. Goyle foi até uma das janelas.
-Estão vasculhando a cidade.
-Já sabem que o garoto sumiu. Mas como? Aquele show trouxa não era pra ter terminado ainda.
-Era uma apresentação curta. – disse Draco rapidamente – Não sabiam?
Lucio olhou novamente para o ponto vazio de antes.
-Ainda não está na hora. Que droga!
-Muito bem, espertalhão. Já que está no comando, o que fazemos?
-Escondam-se. – ele acenou para Lestrange para cuidar de Harry, enquanto desprendia Gina da cadeira e a forçava a seguir-lhe para detrás do balcão.
Draco seguiu o pai, então Harry decidiu se preocupar com a varinha que Lestrange já apontava para a sua garganta e o obedeceu, seguindo para um canto mais escuro do salão.
-Uma gracinha e você morre. – sussurrou Lestrange, ao mesmo tempo que a porta do bar se abria.
A cavalaria havia chegado, restava saber se conseguiriam encontrá-los.
