CAPÍTULO 5:
Eram três horas da manhã, quando Isaak despertou. Olhou embevecido para a bela mulher que ainda estava dormindo ao seu lado. Com cuidado, levantou-se para não despertá-la e vestiu uma calça.
Foi para fora, aspirando o ar frio da madrugada, sorrindo. Sentou-se em uma espreguiçadeira, fitando o céu estrelado, tentando reconhecer nele as constelações.
Veio para esta ilha, localizada no mar de Beaufort, procurando ficar bem longe de seu passado como General Marina e aspirante a Cavaleiro. Por anos conseguiu viver em uma considerada paz, mas parece que não se pode fugir do passado afinal.
Seria melhor se afastar de Turtle Bay antes que Julian Solo chegasse...mas, a quem quer enganar? Estava tão envolvido com Isabella que não teria forças para deixá-la para trás. Estava apaixonado. Pela primeira vez, estava apaixonado.
Além disso, não era um covarde! Não poderia correr sempre que alguém de seu passado resolvesse aparecer...E não tinha certeza se o próprio Solo iria vir até esse fim de mundo.
Retornou para dentro da cabine, no exato momento que Isabela acordava, ao sentir sua ausência.
"Onde esteve?"-ela perguntou.
"Desculpe."-ele sentou-se ao seu lado na cama e a beijou.-"Apenas observava as estrelas."
"Quando eu acordei e não o vi ao meu lado eu..."
"Eu não vou embora."-ele a interrompeu.
Isabella não tinha tanta certeza disso. Sentia que ele poderia partir, de uma hora para outra.
"Desculpe."-ela abaixou o olhar.
Ele volta a beijá-la. O desejo foi aumentando à medida que o beijo se tornou mais faminto. Isaak a beijava e acariciava por toda a extensão do seu corpo, e era retribuído em igual medida.
Ele se afastou, retirando a única peça de roupa, depois se sentou na cama, puxando-a até o seu encontro. Isabella entendeu o que ele queria. Sentada em seu colo, e de frente para ele, entrelaçou as longas pernas em volta de seu corpo másculo, se encaixando em seu membro rígido, iniciando a cavalgada, as mãos segurando firmemente em seus ombros em busca de apoio.
Isabella gemeu alto, jogou a cabeça pra trás e medida que ele a penetrava, aceitando-o com paixão a sua rigidez, seu calor, sua possessão, tornando-se una com ele.
Isaak a segurava pelos quadris, deslizando suas mãos pelas carnes firmes de suas nádegas, enquanto realizava investidas lentas que se intensificaram, tomando-a para si. Beijos famintos, mãos ávidas, gemidos e gritos, até se entregarem em total abandono àquele ato.
Quando não puderam mais controlar a tensão, seus corpos tremeram diante da libertação do calor e do êxtase. Permaneceram abraçados, ofegantes, se olhando com expressões enlevadas.
"Não vou embora."-ele disse, beijando seu pescoço e depois o vale entre os seios.
"Preciso ir..."-ela balbuciou, ainda sentindo o calor que a boca de Isaak causava em sua pele.
"Ainda não..."-murmurou, roçando os lábios em seu ombro.
"Está tarde...O que dirão as pessoas se me virem saindo do seu barco de manhã cedo?"-ela perguntou sorrindo, se afastando dele, mas ele continuava a beijar seu corpo.
"Dirão: Como o Isaak é sortudo! Está saindo com a garota mais linda da ilha!"-disse com um sorriso provocante.
"Bobo!"
Ficaram abraçados e se beijando por alguns minutos, até que Isabella se afastou e pegou o vestido rasgado e o colocou, improvisando um laço como alça.
"Fique até de manhã."
"Adoraria. Mas não quero abusar da boa vontade de Pansey."-Isabella fica séria e se levanta, olhando-o.-"Isaak, posso lhe perguntar uma coisa?"
"Claro."-ele se ajeita na cama, colocando as mãos atrás da nuca e sorrindo.
"Por que ficou perturbado quando ouviu o nome de Julian Solo?"
"É uma longa história."-ele suspira.-"Não sei se você acreditaria em mim, se eu lhe contasse."
"Por que não experimenta?"-ela continuava séria.
"Não quero pensar nisso."-ele se vira e pega sua mão, puxando-a para mais perto.-"Só quero pensar em nós dois agora."
"Não é certo um relacionamento começar com segredos."-ela comentou triste.
"Tem razão."-ele segura a mão dela com mais firmeza.-"Se eu contar o meu segredo, contaria o seu?"
"O que?"-ela puxa a mão e se afasta assustada.-"Do...do que está falando?"
"Reparei que você e Laura são muito parecidas."-ele disse sério.
"É melhor ...é melhor que eu...vá embora!"-perturbada, Isabella pegou as sandálias e o casaco e saiu correndo para fora da cabine.
"Espere!"-ele tentou em vão detê-la.-"Isabella!"
Ainda tentando colocar as calças, ele alcança o convés do barco, mas Isabella estava longe, correndo de volta para casa.
Isaak praguejou e sentiu vontade de bater a cabeça numa parede.
"Burro, burro, burro!"-dizia para si mesmo.-"Por que tive que abrir a boca?"
Isabella correu o mais rápido que pode, nem olhava para trás. Chegou em casa e bateu a porta com força. Logo uma sonolenta Pansey a abria, Isabella pediu que ela voltasse a dormir e foi direto ao quarto de Laura.
Com cuidado para não acordá-la, Isabella caminhou até a cama da menina. Estendeu o coberto caído sobre ela e sentou no chão, acariciando seus cabelos.
"Me perdoe, filha."-murmurou baixinho.-"Queria te contar antes, mas faltou-me coragem. Me perdoe."
E começou a chorar baixinho.
OoOoOoOoOoOoOoOAnos atrás.
A chuva não dava trégua. As pessoas estavam apavoradas, cientes de que o fim chegaria.
Desesperada para chegar a casa de seu irmão, a jovem de apenas dezessete anos, usando uma capa de chuva amarela, corria na direção contrária às pessoas que fugiam para os barcos, em busca de segurança no continente.
"Isabella!"-chamou um senhor, segurando seu braço.-"Volte! Uma onde gigante está vindo para cá!"
"Meu irmão e a família ficaram pra trás! A Sarah está doente, por isso ainda não saíram!"-ela se solta do braço do senhor e continua correndo.
Chegando na casa, viu seu irmão ajudando a esposa, e segurando Laura de apenas dois anos no braço, que chorava assustada. A água do mar estava atingindo suas cinturas. Correu para ajudá-los, o irmão lhe entrega a menina e ordena.
"Vá na frente com Laura, Bell! Nós alcançaremos vocês."
"Mas, Mike...O mar tá subindo muito rápido!"-ela olhou desesperada para o local que antes era um porto.-"Uma onda gigante está vindo para cá!"
"Mais um motivo para que corra e busque um lugar alto!"-gritou o irmão.-"Vá!"
"Mike, Sarah...eu..."-ela estava hesitante.
"Vá."-pediu Sarah.-"Bell...se acaso algo acontecer...Lembre-se do que conversamos..."
"Não. Não fala isso!"-pedia a moça.
"Corre, Bell!"-ordenou o irmão.
OoOoOoOoOoOoOoOIsabella desperta com os raios do sol em seu rosto, havia adormecido sentada, com a cabeça apoiada na cama de Laura. Sonhou com um dos momentos mais tristes em sua vida. Naquele dia, seu irmão se foi. Ele e Sarah foram levados pela força da onda gigantesca e seus corpos apareceram dias depois.
"Tia..."-Laura acordava, esfregando os olhos.-"Como foi o baile?"
"Bom dia, meu amor."-ela acaricia o rosto da menina.-"Pode voltar a dormir, está muito cedo. Depois eu conto tudo."
"Tá..."-murmurou a menina, voltando a dormir.
"Um dia, eu conto tudo."
Mais tarde...
"Viram o tamanho do iate do ricaço que chegou?"-comentavam um grupo de marinheiros, em uma mesa enquanto degustavam o café.-"O tal de Solo nem deve saber o que fazer com tanta grana."
Isabella não prestava muita atenção no que eles diziam, sua cabeça estava em outro lugar. Pansey deduziu que alo errado aconteceu, pois ela não dissera nada sobre o baile
De longe, Isaak observava o iate com o símbolo a família Solo em seu casco. O Tridente de Poseidon. O mundo parece grande, mas não é, refletiu. Teria que confrontar Poseidon em breve, mas não agora. Tinha coisas mais importantes a tratar.
Foi até a lanchonete, como sempre fazia. Entrou e colocou o casaco sobre um canto do balcão e sentou-se.
Isabella se aproximou e lhe serviu o café, mas antes de se afastar, ele a deteve segurando sua mão. Isabella sentiu como se uma corrente de centenas de volts percorresse seu corpo. Um simples toque dele, tinha o poder de despertar seus sentidos.
"Vamos conversar."-ele pediu.
"Agora estou trabalhando."-respondeu seca.
As pessoas olhavam para a cena, curiosas.
"Pois eu quero conversar com você, a não ser que queira que conversemos aqui!"-ele apontou com o olhar os curiosos.
Isabella lançou um olhar zangado às pessoas, que disfarçaram e voltaram ao que estavam fazendo antes.
"Seis horas, em meu barco."-ele disse, soltando sua mão e se levantando.-"Por favor, apareça."
Isaak saiu e viu caminhando em sua direção Percy Austen. O grandalhão ao ver Isaak ficou pálido e mudou de caminho rapidamente. Isaak não conseguiu conter o riso, pelo menos ele pararia de importunar Isabella.
"Quase seis horas!"-disse Pansey a Isabella.
"O que disse?"-Isabella perguntou, parando de lavar algumas louças.
"Vinte minutos para às seis."-repetiu a garçonete, apontando o relógio na parede.-"Sobe, se arruma e vá encontrar o Isaak!"
"E quem disse que eu vou."
"Eu não sei o que houve entre vocês ontem, mas se não for falar com ele sobre isso com certeza vai se arrepender pro resto da sua vida!"-disse-lhe.
Isaak olhava pela enésima vez para o relógio. Já eram sete horas e nada de Isabella. Ele suspirou desanimado, ela não viria.
Entrou na cabine, desabando na cama. Fitou o teto com as mãos atrás da cabeça e as pernas meio jogadas para fora. Estava desapontado.
"Isaak?"-era a voz de Isabella.
Isaak levantou-se num pulo. E na pressa bateu o joelho em um móvel, xingando alto. Isabella apareceu e achou engraçado um homem adulto, segurando o joelho, quase chorando com esse "golpe".
"Tudo bem?"-ela indagou entrando na cabine.
Isaak ergueu o corpo rapidamente, fingindo não estar sentindo o joelho latejar.
"Tudo certo."-respondeu rápido.-"Você veio."
"Sim."-ela o encarou.-"Eu acho que...eu confio em você, Isaak. Gostaria de me abrir com você, mas..."-ela parou de falar, colocando a mão sobre o pescoço.-"Isso está me sufocando! Preciso dizer isso a alguém ou vou..."
Lágrimas começaram a brotar de seus olhos, e Isabella não conseguia dizer mais nada. Ele a abraçou, tentando dar-lhe apoio.
"Quando se sentir segura para me contar, estarei aqui."
Isabella ergueu a cabeça, para encontrar em seguida a boca de Isaak, que a beijou com carinho. Os sentidos de ambos se aguçaram aos toques das línguas. Ele segurou-a pela nuca, aproximando mais seus corpos. Suas mãos buscaram avidamente acariciar o corpo macio de Isabella, ao mesmo tempo em que ela afundava os dedos na maciez de seus cabelos.
Um som se seguiu da distante realidade para lhes invadir a consciência. Ambos se enrijeceram, ainda abraçados, ainda se roçando.
"Isaak!"-uma voz masculina o chamava, e o ex-marina a reconheceu imediatamente.
"Isaak de Kraken! Sou eu, Sorento!"
"Kraken?"-indagou Isabella, arqueando uma sobrancelha.
Isaak abriu a boca para responder, mas as palavras não saiam. Não sabia o que dizer.
Continua...
