SEGUNDA CHANCE

CAPITULO 6:

"Kraken?"-Isabella perguntou curiosa.-"Quem é? Um amigo? E por que ele o está chamando de Kraken?"

Pela mente de Isaak passaram mil coisas naquele momento. O que dizer a ela, e principalmente, em matar um certo General Marina que apareceu no pior momento possível.

"Então?"-ela insistiu, olhando-o com desconfiança, empurrando-o com delicadeza e cruzando os braços esperando uma resposta.

"Bem..."-ele pigarreou.-"Kraken...é um apelido...que alguns amigos me deram anos atrás e..."

"É um amigo seu?"-ela sorriu.-"Então o chame para que eu o conheça."

"NÃO!"-ele se assustou com o próprio tom de voz.-"Ele não é bem meu amigo!"

"Isaak...você não quer que eu conheça seu amigo?"-ela o encarou.-"Por que? O que está querendo me esconder?"

"Isabella, isso é um pouco complicado para explicar. Há coisas sobre mim que gostaria que ficasse para trás, que nunca mais voltassem."

"O que você fez de tão terrível que não quer...que não pode me contar? Acaso matou alguém?"

O silêncio foi a sua resposta. Ela notou melancolia em seu olhar.

"Você..."-ela coloca a mão sobre a boca, depois respira fundo.-"Você pede que eu seja sincera com você, que abra meu coração...e estou disposta a isso, pois confio em você...mas parece que você não confia em mim."

"Isabella..."

"Não me importa o que fez, Isaak! Para mim, não importa. Mas um relacionamento sem confiança, baseado só em atração...

"Não é só atração o que sinto!"-ele passa a mão pelo cabelo em um gesto nervoso.

"De todo modo, essa relação não vai para frente."-ela abre a porta e dá de cara com um rapaz bem vestido, não lhe dá atenção e olha para trás.-"É melhor que as coisas voltem a ser como antes. Como se nunca houvesse nada entre nós."

"Isabella..."-ela para ao ouvir seu nome.-"Me dê um tempo, apenas isso...mas, não acha que Laura já esperou demais?"

"Adeus."-foi o que ela disse após um longo silêncio.

A jovem saiu do barco, sem olhar para trás, passando por outro rapaz de longos cabeços azuis, acompanhado por uma bela loira. Ela caminhou em direção à sua casa.

Isaak saiu e encarou o antigo companheiro, que demonstrava estar sem jeito diante do fato de ter escutado demais e atrapalhado algo importante.

"Isaak, eu..."

"Você é um homem morto, Sorento!"-ameaçou, o ar ao redor deles começando a esfriar mais ainda.

"Isaak de Kraken."-a voz de Julian Solo o faz abaixar seu cosmo e encara-lo.-"Quanto tempo, hein?"

"Solo?"

"Por favor...pode me chamar de Poseidon."-ele sorriu ao dizer isso e subiu no barco, depois ajudou Tetis a subir também.-"Quando cheguei na ilha na noite anterior, senti seu cosmo. Mundo pequeno..."

"Não sou mais seu general, Poseidon."-Isaak lhe dá as costas, pegando sua caixa de ferramentas para guardá-la.-"O que quer aqui?"

"Saber como você está?"-disse a moça.

"Já me viram. Estou bem."-ele aponta a saída.-"Tchau!"

"Você bem sabe que estou tentando reparar alguns erros do passado."-ele se senta na amurada do barco.-"E isso inclui ajudar, no que eu posso, os meus antigos e fieis servos."

"Sinceramente...não quero nada seu ou de Julian Solo."-deu um sorriso irônico.-"Por que não dá meia volta e vá bancar o bom samaritano em outro lugar?"

"Queria que fosse simples...mas não é."-Julian olhou para a cidade.-"Esse lugar quase sumiu do mapa anos atrás e ainda está se reerguendo."

"Eu sei."-Isaak suspirou, eles não iriam ir embora fácil, o vento aumentou de intensidade anunciando a vinda de uma tempestade.

"As Indústrias Solo vão investir no desenvolvimento daqui."-falou Sorento.

"E?"

"Achei que você apreciaria a idéia de gerenciar meus negócios na ilha."-falou o deus.

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Os ventos fortes aumentavam a intensidade. Ao invés de ir para casa como planejava, Isabella resolveu ir até a igreja loca, precisava muito aliviar o peso em seu coração. Entrou quase às cegas no pequeno templo, não notando sequer uma menina de skate que passava por perto e parou curiosa ao ver a tia ir a igreja, se nem domingo era.

O pastor acabava de colocar algumas bíblias nos assentos, quando viu Isabella entrando.

"Senhorita? O que...?"

"Pastor Campbell...eu preciso conversar com alguém, ou eu vou..."-lágrimas começaram a brotar de seus olhos e o pastor notou que o assunto era sério.

"Isabella, sente-se aqui."-ele indicou um banco.-"Me diga o que houve?"

"Eu menti...menti minha vida toda a pessoa mais importante da minha vida."-ela começou a falar.-"Ocultei de Laura a verdade...pastor Campbell eu...a Laura...é minha filha."

"Meu Deus. Por que nunca contou a ela a verdade?"

"Porque eu sou fraca e covarde..."-começou a chorar.- "Eu tinha só quatorze anos quando conheci o pai de Laura, ele era um homem bem mais velho que eu. Mais experiente. Mesmo ciente dos avisos de meu irmão para não me aproximar dele, me deixei envolver..."

"Quando engravidei, eu contei para ele. E ele se foi...me abandonou. Mike e Sarah eram recém casados e minha cunhada não podia ter filhos."-parou de falar e suspirou tentando se acalmar.-"Mike queria muito que eu continuasse a estudar, não largasse a escola...por isso, meu irmão e Sarah me acompanharam ao continente, ficamos na casa de uma tia dela até que Laura nascesse...e eles a adotaram."

"Eu posso imaginar sua dor, filha. Você era uma menina na época..."

"Eles queriam contar a Laura toda a verdade quando ela ficasse maior...mas veio a enchente, e eles se foram. Preferi que ela pensasse que os pais foram pessoas maravilhosas, que a amavam muito a realidade que o pai era um cafajeste e a mãe uma mentirosa!"

"Isabella...Você é a mãe de Laura! Tem que lhe contar a verdade..."

Um som chamou a atenção deles, ouviram alguém correndo e quando foram ver, não havia ninguém. Naquele momento a esposa do pastor entrou.

"Oh, o que houve com Laura? Ela passou por mim correndo e quase me derrubou!"

"Laura!"

Isabella corre para a frente da igreja a tempo de ver a menina com o skate se distanciando cada vez mais.

"LAURA!VOLTE!"

A chuva começou a cair, primeiro devagar...depois aumentando a intensidade.

"Oh, meu Deus...o que eu fiz?"-murmurou desesperada.

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"Deixa ver se eu entendi."-dentro do barco, Isaak conversava com Julian, Tetis e Sorento enquanto a chuva caia.-"Quer que eu cuide de seus negócios na costa canadense?"

"Sim."-o milionário respondeu com serenidade.

"Já passou pela sua cabeça que eu não sei nada de negócio?"

"Você é um rapaz inteligente. Aprende rápido!"

"Não é algo que se aprende de um dia para o outro."-ele replicou.

"O senhor Solo ainda continuará a viajar pelo mundo realizando obras sociais em prol das vitimas da grande enchente."-explicava Sorento.-"Isso toma muito tempo, e quanto mais ajuda houver melhor."

"Não posso estar em vários lugares ao mesmo tempo, Isaak."-falou Julian.-"Mas quero que pessoas em quem confio me auxiliem nesse empreitada."

"Eu não sei...eu..."

"ISAAK!"

A voz de Isabella o interrompe. Imediatamente ele larga o que fazia e sai para fora. A chuva caia furiosa, e Isabella estava encharcada e tremula de frio, mas o que realmente o preocupava era o olhar desesperado dela.

"Isaak...A Laura está com você?"

"Não, não está. Vamos entrar antes que tenha uma hipotermia!"-ele a pegou pelo braço, a jovem parecia não estar lhe dando ouvidos.

"Ela descobriu...da pior maneira possível..."-falava.-"Isaak, ela fugiu nessa chuva terrível e eu não consigo encontra-la!"

"Eu vou procura-la. Entre no barco."-ele a fez entrar, onde os outros esperavam curiosos.-"Tetis pegue toalhas secas para ela e lhe de uma de minhas roupas pra que Isabel as vista."

"Não. Eu tenho que encontrar Laura."-tentava protestar, mas Isaak ignorou.

"Eu vou atrás dela. Fique aqui."-ele foi saindo, mas não antes de pegar Sorento pelo braço.-"Você vai me ajudar!"

"Eu?"-o general olhou para seu soberano que também se levantou.

"Tetis querida, cuide da amiga de Isaak."-a sereia assentiu, e depois o soberano dos mares tocou o ombro de Sorento.-"Vamos Sorento, o que é uma chuva diante de quem comanda os mares? Pelo o que entendi, uma garotinha está perdida nessa chuva. Vamos!"

Sorento suspirou resignado, não lhe agradava em nada sair debaixo de uma tempestade como aquela. Mas percebeu que no momento era minoria ali. Assim, os três saíram e se dividiram, a procura de uma garotinha perdida e com certeza, muito confusa.

"Onde você está, Laura?"

Isaak se perguntava enquanto caminhava pelo porto, tentando imaginar os lugares onde ela poderia estar. Olhou o velho farol, e uma idéia de onde ela poderia estar passou por sua mente.

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No barco, usando um moletom azul de Isaak, Isabella procurava se aquecer e tentar se acalmar também. Seus pensamentos estavam longe no momento, pensando em Laura e no mal que lhe fez...então, alguém lhe oferece uma xícara de café.

"Você está com cara de quem precisa muito disso."-falou a loira.-"Fiz do jeito que Julian gosta, doce."

"Obrigada, Tetis...certo?

"Sim. Esse é o meu nome."

Isabella beberica um pouco e suspira, depois olha para a bela moça a sua frente.

"Há quanto tempo conhece Isaak?"

"Muitos anos."-respondeu vagamente.-"Ele lhe contou algo sobre o que ele 'trabalhava' com Julian?"

"Não. Ele nunca me contou nada sobre seu passado."-ela colocou a xícara de lado e abraçou as pernas.-"E eu sei, por experiência própria que ocultar a verdade de quem amamos...pode ser muito doloroso!"

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Isaak chegou até o velho farol e viu que a porta de entrada estava entreaberta. Entrou e reparou em um skate jogado em um canto. Ela estava lá.

"Laura."

Ouviu um soluço, e percebeu que ela estava encolhida atrás da escada que levava ao topo do farol. Soltou um suspiro de alivio, e se aproximou cauteloso.

"Ei."-ele a chamou, agachando a sua frente.-"Sou eu. Seu velho amigo, Isaak."

A menina não respondeu, ela estava sentada, escondendo o rosto e provavelmente as lágrimas.

"Está com frio?"-ele perguntou.-"Vamos subir e ver se encontramos algo para nos aquecer."

"Ela mentiu pra mim, Isaak."-ela balbuciou.

Depois ergueu o rosto e o encarou com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas. Os lábios estavam arroxeados pelo frio, e as roupas molhadas não a ajudavam em nada.

"Ela tem vergonha de mim? Não gosta de mim?"

"Que? Não! Lógico que não!"

"Então por que ela não me contou antes? Que era minha..."-voltou a chorar.

"Eu não sei...isso é algo que só Isabella poderá lhe dizer."-ele sentou ao lado da menina.

"To com frio..."

Isaak a abraçou, como faria com uma irmã pequena e só lhe ocorreu uma idéia para manter a menina aquecida até que pudessem sair. Ascendeu seu cosmo devagar, envolvendo-os e aquecendo-os. Aos poucos a menina foi se acalmando.

"Como você faz isso?"-ela perguntou curiosa.

"É um truque que aprendi quando era menino."

"Me ensina?"

"Um dia...quem sabe?"

Depois de algum tempo, a tempestade foi se acalmando...

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Horas depois...no Hospital local.

"Ela está dormindo agora."-o médico explicava a Isaak o quadro clinico dela.-"Não sei o que fez para mantê-la aquecida, sr° Kolehmainen, mas agiu rápido. Se tudo correr bem, amanhã ela terá alta."

"Obrigado, doutor. Quanto as despesas médicas."

"O senhor Solo fez questão de arcar com todas as despesas, meu rapaz. Não se preocupe."-ele saiu.

Isaak foi até o quarto de Laura e ficou na porta observando a cena. Isabella estava deitada ao lado da menina, acariciando seus cabelos e murmurando uma canção de ninar para ela, que permanecia adormecida.

Ao perceber que Isaak estava ali, Isabella ergue a cabeça e se afastou de Laura, caminhando até ele.

"Obrigada por tê-la encontrado."

"Não me agradeça..."-ele desviou o olhar para a menina, depois para Isabella.-"Vamos conversar?"

"Sim."-ela pegou seu casaco.-"O médico disse que ela provavelmente dormirá por algumas horas. Vamos."

Durante todo o caminho, eles permaneceram lado a lado e em silêncio. Alcançaram a mesma praia do farol aonde eles haviam feito pic nic outro dia. Isaak olhou demoradamente para o mar e depois para ela.

"Eu te amo."

O rapaz falou de repente, ela o olhou espantada, sem saber o que responder.

"Queria que soubesse disso antes de ouvir o que vou lhe dizer sobre mim"-ele falou, fitando-a.-"Depois disso, nunca mais irei perturbá-la, Isabella."

"Como"

"Depois que eu lhe contar quem é Isaak Kolehmainen, ou Isaak de Kraken...irei embora!"

Continua...

Notas: Ta aí, o penúltimo capítulo desse fic...aiaiai...

Gostou dessa Pandora? Não me fuzile por fazer a Isabella sofrer... .

No próximo capítulo...mais revelações e...o final...