Fic - Sad Day
Nota - A Fic se passa no dia em que se completa oito anos do ataque do Coringa.
Nota 2 - Existem várias mudanças da série pra fic, mas a fic é minha e é assim que eu quero.
Agradecimento - A Nicole que acabou me dando a idéia e a Tatá que me aturou e me fez continuar, quando eu quis desistir, valeu meninas.
Clocktower
Barbara estava no Delphi. Helena estava comendo, como sempre.
Helena - Diz que tem algo pra mim? Quero chutar uns traseiros.
Barbara - Você não sabe fazer outra coisa não, Helena? Quando não está comendo, está chutando traseiros.
Helena - É legal.
Barbara balança a cabeça negativamente.
Helena - Qual é, Bar? Não é possível que nessa cidade não tenha mais um traseiro pra eu chutar.
Barbara - Pelo tempo que existem heróis por aqui, não deveria ter, mas infelizmente ainda tem.
Helena - É, que seja, me arruma um então. Estou entediada.
Barbara - Está viciada, isso sim.
Helena - Se o Reese não estivesse viajando, você sabe no que eu estaria viciada.
Barbara - Informação demais, Hel.
Helena - E a pirralha?
Barbara - Estudando na casa da Gabby.
Helena - Sei, estudando. Gabby gosta dela.
Barbara - Eu sei, posso ser mais velha, mas não estou ultrapassada, sei o que é isso.
Helena - Você sabe de tudo, mas nunca diz nada pra gente.
O Delphi começa a apitar, Barbara fica lendo, Helena tenta espiar. Barbara sem desviar da tela.
Barbara - Helena, poderia parar de espiar?
Helena - Eu vou acabar sabendo depois mesmo. Ou não?
Barbara - Vai.
Helena - Então pronto.
Barbara - Mas eu não gosto.
Helena se afasta e volta a procurar doces.
Helena - Você faz de propósito, não é?
Barbara - Faço o quê?
Helena - Faz questão de deixar esse lugar sem doces. Você precisa fazer compras.
Barbara - Você é quem sempre acaba com os doces, eu raramente os como. E tem estoque pra quase um mês.
Helena - Tinha
Barbara vira a cadeira, olhando pra onde Helena está, incrédula
Barbara - Você comeu aquilo tudo?
Helena - Hey, combater crime dá fome.
Barbara - Eu também já combati crime e nunca comi esse tanto.
Barbara volta a atenção pra tela.
Helena - Mas eu sou uma eterna esfomeada.
Barbara - Sei que você não vai gostar do meu comentário, mas... sorte minha que é o dinheiro do Bruce que paga a maioria das despesas, porque meu salário de professora não daria nem pro primeiro dia.
Helena - Verdade. Mas você sabe que poderia ter um emprego melhor.
Barbara termina de ler
Barbara - Vou te deixar feliz, um assalto na rua Gout.
Helena - Yes! Fui!
Barbara - Mantenha seu comunicador.
Helena - Tá bom.
Helena sai e vai para o local.
Rua Gout
Helena chega e vê o assaltante fugindo, com um pulo, ela para na frente dele, que tenta fugir, mas ela o bloqueia.
Helena - Qual é a pressa? Acabei de chegar.
O assaltante tenta dar um soco em Helena, mas ela desvia.
Helena - Não deveria ter feito isso, estava sendo boazinha.
Helena começa a bater no assaltante, até deixar ele no chão, ela ativa o comunicador.
Helena - Oráculo, mais alguma coisa?
Barbara (V.O) - Não Caçadora, Delphi não reportou mais nada.
Helena - Sinceramente, sinto falta de bons vilões.
Barbara (V.O) - E acho que vai continuar sentindo, os bons mesmos estão presos.
Helena - Como os dois maníacos apaixonados.
Barbara (V.O) - Que continuem se amando, mas em Arkham.
Helena pensa " Vamos Kyle, cale a boca".
Helena - Tô voltando então, ok?
Barbara (V.O) - Tá.
Helena - Tem planos com o filhinho da mamãe hoje?
Barbara (V.O) - Não, não tenho planos com o Wade.
Helena - Legal... quer dizer, que pena.
Barbara - Te vejo quando chegar aqui.
CLOCKTOWER
Após falar com Helena, Barbara vai pra laje e fica olhando a cidade. Helena chega e como não vê Barbara no Delphi, vai pra laje e a vê olhando pra cidade.
Helena - Você não cansa de olhar, né?
Barbara - Não mesmo.
Helena - É legal, fica melhor ainda quando neva.
Barbara - Fica lindo, sempre gostei da vista daqui, mesmo antes de vim morar aqui.
Helena - Ah é?
Barbara - É, apesar de não ser o prédio mais alto de Gotham, sempre foi meu preferido.
Helena - Bar, é... sabe... sobre o... você sabe, eu não tenho ciúmes.
Barbara - Nada vai mudar por causa dele.
Helena - Também não é isso, deixa pra lá.
Barbara - O que é então, Helena. Me diz?
Helena - Quem sabe outra hora. Barbara, será que você pode ir amanhã comigo no cemitério visitar minha mãe?
Barbara - Vou sim.
Helena - Valeu, toca aqui!
Barbara toca, como Helena disse.
Helena - Há! Você ainda é divertida.
Barbara sorri.
Helena - Bom, vou dormir, boa noite.
Barbara - Boa noite, Hel.
Helena - Vou pro meu apartamento hoje. Amanhã você tem de acordar cedo pra dar aula.
Barbara - É verdade. Se precisar de alguma coisa, é só ligar ou voltar pra cá.
Helena - Ok. Bye.
Helena vai embora pro apartamento dela. Barbara fica lá olhando a cidade por horas.
Barbara - Deus, como eu sinto falta de ser quem eu era.
No meio da madrugada, o telefone toca, Barbara entra e atende.
Barbara - Alô.
Helena (V.O) - Oi
Barbara - Oi, Hel.
Helena (V.O) - Te acordei?
Barbara - Não, estava acordada. Você está bem?
Helena (V.O) - Estou, só estou sem sono e você?
Barbara - Mesma coisa.
Helena (V.O) - Posso te fazer uma pergunta?
Barbara - Pode.
Helena (V.O) - Você não tem mesmo raiva do Batman?
Barbara - Não, não tenho.
Helena (V.O) - Eu tenho. Ele fugiu, quando todos precisavam dele, ele sumiu, te abandonou.
Barbara - E eu tenho uma noção do por quê. Não deveria ter raiva dele. Fui eu que falhei, não ele.
Helena (V.O) - Uma ova, Barbara! Desculpe, mas você não tem culpa nenhuma, não seja tão dura com si mesma.
Barbara - Sempre fui.
Helena (V.O) - Você acha que ele voltaria algum dia?
Barbara - Não sei, Batman vê tudo o que aconteceu como um fracasso.
Helena (V.O) - Se ele soubesse de mim, voltaria?
Barbara - Voltaria.
Helena (V.O) - Do que você tem medo?
Barbara - De falhar com você e com a Dinah.
Helena (V.O) - Você é muito melhor que o Batman.
Barbara - Deveria levar isso como um elogio. Eu sei que você tem raiva dele Helena, mas se eu sei o que sei hoje, devo à ele, ele me ensinou muita coisa.
Helena (V.O) - Ele devia ter ficado.
Barbara - Ele é orgulhoso demais, não ficaria e nem sei se gostaria que ele ficasse.
Helena (V.O) - Esquecendo ele. Você sente falta da minha mãe?
Barbara - Sua mãe era uma das minhas melhores amigas, sinto muito a falta dela.
Helena (V.O) - Se fosse o contrário, ela diria o mesmo. Quer saber mesmo porque eu não gosto do Wade?
Barbara - Quero.
Helena (V.O) - É que... eu não confio a sua felicidade à ninguém.
Barbara - Eu não sei se poderia deixar o Wade entrar totalmente em minha vida. Tenho medo de me magoar, não é fácil um relacionamento com alguém na minha situação.
Helena (V.O) - Bar, você é melhor do que qualquer outra pessoa que eu conheço.
Barbara - Obrigada, Hel, acho que precisava ouvir isso.
Helena (V.O) - Disponha. Então, quando começam as provas?
Barbara - Depois de amanhã.
Helena (V.O) - Já?
Barbara - Sim.
Helena (V.O) - Posso importunar a pirralha e colocar ela pra estudar sob pressão?
Barbara - Estaria me fazendo um grande favor, seria ótimo.
Helena ri
Helena (V.O) - Ela te dá trabalho né?
Barbara - Você também deu.
Helena (V.O) - Mas eu não estudava, ela estuda.
Barbara - Ou enrola, não sei mais.
Helena (V.O) - Acho que elas estão tendo um caso.
Barbara - Dinah e Gabby?
Helena (V.O) - É.
Barbara - Porque você acha isso?
Helena (V.O) - É muito óbvio. Se ela não está com a Gabby, está com o Gibson.
Barbara - Acho que ela tá mais pro Gibson, apesar do amor dele por você.
Helena (V.O) - Acho que ele já desencantou e foi atrás da Dinah.
Barbara - Helena, vou tentar dormir, ainda tenho algumas horas de sono.
Helena (V.O) - Ok, boa noite.
Barbara - Boa noite.
Barbara desliga e vai pro quarto, onde se deita, mas fica sem dormir, com medo dos pesadelos que a perseguiam nessa data.
Clocktower - Manhã
Barbara ainda estava no quarto deitada. Alfred estava arrumando a bagunça que Helena havia deixado na cozinha na noite anterior, quando o telefone toca e ele vai atender.
Alfred - Residência de Barbara Gordon, bom dia.
Helena (V.O) - Bom dia, Alfie.
Alfred - Bom dia, Srta. Helena, como vai a senhorita?
Helena (V.O) - Com sono, fiquei até tarde conversando com a Barbara.
Alfred - As senhoritas quando ficam conversando, perdem a noção da hora. Se me permite, Srta. Helena, a Srta. Barbara estava bem?
Helena estranha a pergunta de Alfred.
Helena (V.O) - Mais ou menos, porque?
Alfred - A Srta. Barbara me pediu que ligasse no colégio, dizendo que não se sentia bem e iria ficar em casa.
Helena (V.O) - Estou indo para aí agora!
Alfred escuta Helena desligando o telefone e desliga também, voltando aos seus afazeres. Algum tempo depois, Helena chega.
Helena - Alfred?
Alfred - Na cozinha, Srta. Helena.
Helena vai até a cozinha.
Helena - Onde ela está?
Alfred - No quarto.
Helena vai até o quarto de Barbara e pára do lado de fora, escutando o choro de Barbara, ela decide bater na porta primeiro. Barbara escuta a batida, seca o rosto.
Barbara - Entra.
Helena entra e olha pra Barbara, que está com os olhos vermelhos.
Helena - E então?
Barbara - O quê?
Helena - É minha culpa?
Barbara - Do que está falando?
Helena - Eu disse algo ontem que te magoou?
Barbara - Não, você não disse.
Helena - Quer conversar?
Barbara - Não, quero ficar sozinha.
Helena - Que pena.
Barbara - Pena porque?
Helena - Porque eu não saio daqui até você conversar comigo.
Helena fica parada lá olhando pra Barbara, que vira o rosto e fica calada. Helena tira uma caixinha de chiclete do bolso.
Helena - Quer chiclete?
Barbara - Não.
Helena - Melhor, sobra mais.
Helena pega um e guarda a caixinha no bolso.
Helena - Sabe, normalmente as pessoas choram por algum motivo.
Barbara - Eu sei, só não quero conversar.
Helena - Estamos progredindo aqui. Quer falar sobre alguma coisa boa?
Barbara - Não, quero ficar sozinha.
Helena - Você pode fazer de conta que está, afinal, você é muito boa nisso.
Barbara - Vai embora, Helena.
Helena - Tô afim não, e mesmo se eu sair do seu quarto, vou ficar por aqui.
Barbara - Pode ficar por aqui, afinal não posso te proíbir, mas respeite a minha privacidade e me deixe sozinha no meu quarto.
Helena - Como quiser, sabe, Barbara, esse dia não é só difícil pra você não, pra mim, também é, e se eu consigo suportar melhor, foi porque você esteve ao meu lado, mas você não deixa ninguém te apoiar.
Helena sai do quarto, deixando Barbara sozinha, chorando.
Helena - Alfred, você quer me ajudar a arrastar ela pra fora do quarto?
Alfred - Creio que a Srta. Barbara não falou nada.
Helena - Na verdade, ela me disse pra ir embora e que queria ficar sozinha.
Alfred - A Srta. Barbara se parece muito com Patrão Bruce às vezes.
Helena - Comparação infeliz, Alfie.
Alfred - A comparação é verdadeira, Srta. Helena. Patrão Bruce quando se fechava, não falava com ninguém, a Srta. Barbara também faz isso, guarda o que sente pra ela.
Helena - Muitas pessoas fazem isso, você tinha que escolher a pior?
Alfred - Me perdoe, Srta. Helena.
Helena - Tudo bem, Alfred. Só não gosto de ver a Barbara assim, eu sei que é difícil, que essa data é dolorosa, pra mim também é.
Alfred - A Srta. Barbara ficará bem, essa não é a primeira e certamente não será a última vez que ela passará por isso. E como a senhorita está?
Helena - Tirando o fato de não estar gostando de ver a Barbara assim, estou bem.
Alfred - Sinceramente, também não gosto de vê-la assim.
Helena - E a pirralha?
Alfred - A menina Dinah está no colégio.
O telefone começa a tocar.
Helena - Eu atendo.
Helena atendo o telefone.
Helena - Alô.
Wade (V.O) - Helena?
Helena - Sim, quem é?
Wade (V.O) - Wade.
Helena - Oi, Wade.
Wade (V.O) - Posso falar com a Barbara?
Helena - Espera um pouco.
Helena vai até o quarto de Barbara.
Helena - Seu namorado no telefone.
Barbara - Não quero falar com ele e nem com ninguém.
Helena sai do quarto e pega o telefone.
Helena - Má hora, Wade.
Wade (V.O) - Ela está bem?
Helena - Na medida do possível.
Wade (V.O) - Ela está me afastando de novo dela, mas eu ligo de novo.
Helena - Ok.
Helena desliga e olha pra Alfred.
Helena - Acho isso ridículo, Alfred.
Alfred - Creio que nada possamos fazer, Srta. Helena.
Helena - Alfred, por favor, poderia avisar ao Leonard que não vou trabalhar hoje?
Alfred - A Srta. Barbara não aprovaria essa idéia.
Helena - E eu não aprovo a idéia dela se trancar lá e não falar com os outros, estamos quites.
Alfred - Como a senhorita desejar então.
Helena - Alfie, vamos fazer compras?
Alfred - Estava planejando fazer isso, mas quando vi que a Srta. Barbara não estava bem, decidi adiar pra amanhã, caso ela precise de alguma coisa.
Helena - Tem razão. Podemos pedir pra pirralha ir fazer compras?
Alfred - Srta. Helena, porque chama a menina Dinah assim?
Helena - Sei lá, gosto de implicar.
Alfred - A senhorita deseja alguma coisa?
Helena - Não, Alfie, obrigada.
Alfred - Estarei na cozinha se precisar.
Alfred vai pra cozinha. Helena vai até o quarto de Barbara, mas fica sentada no chão do lado de fora, ouvindo Barbara chorar.
Helena - Se você não mudou de idéia e ainda quiser ir no cemitério, estarei te esperando aqui fora.
Barbara lembra que tinha falado que ia com Helena, ela passa pra cadeira, vai até o banheiro, lava o rosto, depois sai do quarto.
Barbara - Vamos.
Helena - Achei que você não ia mais.
Barbara - Eu disse que ia.
Helena - Obrigada. Fiz um desenho pra ela.
Barbara - Posso ver?
Helena - Pode.
Helena estende o desenho pra Barbara, ela pega e olha. O desenho era de Helena, Barbara e Dinah juntas.
Barbara - Está lindo, Helena
Helena - Tá nada.
Barbara - Estou falando sério, está lindo, sua mãe vai adorar.
Helena - Eu sou uma boba.
Barbara - Por que diz isso?
Helena - Minha mãe está morta e eu faço um desenho pra ela todos os anos.
Barbara - Você não é boba por isso.
Helena - Ela nem vai ver.
Barbara - Ela sempre está olhando por você, claro que vai ver, Selina vai adorar.
Helena - Se você diz, é verdade.
Barbara dá um sorriso de leve, mas logo fica séria de novo. Helena fica feliz ao ver Barbara sorrir por alguns segundos.
Helena - Se você quiser, eu posso fazer um desenho pra você.
Barbara - Adoraria ter um desenho feito por você.
Helena - Vou fazer um bem bonito. Você deveria sorrir mais.
Barbara - Eu tento, mas não é fácil.
Cemitério de new gotham
Helena e Barbara chegam no cemitério, Helena vai até a cova de sua mãe, Barbara fica olhando, afastada. Helena vira e olha pra Barbara.
Helena - Bar, vem aqui.
Barbara se aproxima da cova.
Barbara - Oi, Selina.
Helena olha pra Barbara e depois pra cova e diz baixinho.
Helena - Mãe, você me deixou com a melhor família do mundo.
Barbara diz em pensamento.
Barbara - Selina, você teria muito orgulho de sua filha, posso te afirmar isso, porque eu tenho.
Helena cava um pouco a terra e tira um baúzinho de lá, guardando o desenho, Barbara fica olhando, com lágrimas nos olhos.
Barbara - Sua mãe era uma ótima pessoa.
Helena se aproxima de Barbara e se ajoelha na frente dela.
Helena - Bar, eu sei que esse dia realmente é difícil, você perdeu o uso de suas pernas, eu perdi minha mãe. Eu não sei como é estar no seu lugar, mas você não sabe como é estar no meu, mas precisamos ser fortes.
Barbara - Acho que eu sei sim como é estar no seu lugar.
Helena - Você não perdeu sua mãe pra saber.
Barbara - Não só perdi minha mãe, como meu pai também.
Helena - Você sente falta deles?
Barbara - Apesar de tudo, sinto. Mas meu tio, que acabou virando meu pai, cuidou muito bem de mim.
Helena - Seus pais fizeram um bom trabalho, tudo começou com eles.
Barbara - Se você soubesse, acho que não diria isso.
Helena - Então porque não me conta?
Barbara - Não gosto de falar no assunto e falando nisso, assunto encerrado. Podemos ir?
Helena - Claro.
Barbara vai saindo do cemitério, Helena olhando pra ela.
Helena - Barbara?
Barbara vira a cadeira, ficando de frente pra Helena.
Barbara - O que foi, Hel?
Helena se aproxima dela.
Helena - Será que podemos chamar o Wade pra jantar?
Barbara - Não acho uma boa idéia, não quero ver o Wade.
Helena - Ok. Foi o que me disse no telefone?
Barbara - Sobre relacionamento com uma pessoa na minha situação? Sim.
Helena - Ele não se importa com o fato de você não andar. Barbara, ele te idolatra.
Barbara - Gostaria de poder ser mais pra ele.
Helena - Ele gosta de você assim.
As duas ficam em silêncio.
Helena - Sabe, eu nunca te abracei, sempre foi você que me abraçou quando eu precisei.
Barbara - Eu nunca dei a oportunidade.
Helena - Será que você podia me dar essa oportunidade agora?
Barbara afirma com a cabeça, Helena a abraça, chorando, que retribui chorando também.
Helena - Vamos combinar uma coisa, você me dá mais oportunidades e eu aproveito elas.
Barbara seca as lágrimas e sorri, Helena faz o mesmo.
Helena - Somos duas manteigas derretidas. Mas não espalha, tenho uma reputação.
Barbara - Também tenho a minha, afinal, fui treinada pela pessoa que era o mestre em esconder as emoções.
Helena - É o nosso segredo. Acho que devemos ir agora.
Barbara - Vamos.
As duas saem do cemitério e vão pra Clocktower, no caminho.
Helena - Então, amanhã começam as provas né?
Barbara - Começam sim, porque tanto interesse? Parece até que você está no colégio.
Helena - Só estou tentando puxar assunto.
Barbara - Hel, eu sei que você quer que eu me abra com você, mas não dá, como você mesma disse, você não sabe o que estou sentindo, não ia entender.
Helena - Eu não tenho que entender.
Barbara - Então pra que saber?
Helena - Sei lá, talvez se você se abrisse, se sentiria melhor.
Barbara não responde e elas ficam em silêncio o resto do caminho.
CLOCKTOWER
Barbara vai direto pro quarto ao chegar e Helena vai ver TV.
Helena - Alfie, tem pipoca?
Alfred - Cuidarei disso pra senhorita.
Alfred vai pra cozinha fazer a pipoca, enquanto Helena fica vendo filme. Ele volta com um balde e entrega pra Helena.
Helena - Yes! Valeu, Alfie. Quer comer comigo?
Alfred - Obrigada pelo convite, Srta. Helena, mas preciso cuidar do almoço das senhoritas.
Helena - Podemos pedir comida chinesa.
Alfred - Se a senhorita assim desejar.
Helena - Então senta aqui e vamos ver o filme.
Alfred - Suponho que a Srta. Barbara voltou pro quarto.
Helena - Voltou.
Alfred - Srta. Helena, eu acho que seria prudente guardar o dispositivo da Srta. Barbara em outro lugar, da última vez que ela ficou dessa maneira ela o usou.
Helena - Tem razão.
Alfred vai até onde Barbara guarda o dispositivo, o tira de lá e o guarda em outro lugar, voltando até onde Helena está.
Alfred - Está guardado, ela ficará brava, mas é melhor assim.
Helena - Eu acho que seria melhor é jogar fora.
Alfred - É inútil, ela faria outro.
Helena - Verdade.
Alfred - E então, Srta. Helena, ela lhe falou alguma coisa?
Helena - Fora de um certo assunto, sim.
Alfred - A Srta. Barbara é teimosa, se ela diz que não vai falar, ela não fala.
Helena - Eu sei. Agora vem, vamos assistir o filme.
Alfred se senta e fica assistindo o filme com Helena. Algum tempo depois, Barbara sai do quarto e vai até onde ela guarda o dispositivo, como não encontra, ela grita.
Barbara - Qual dos dois o pegou?
Barbara vai até onde eles estão.
Alfred - Srta. Barbara, o que foi?
Barbara - Qual dos dois pegou o dispositivo?
Helena - Sou inocente, o Alfie também.
Alfred - Não precisa me defender, Srta. Helena. Fui eu Srta. Barbara, ele está guardado em um lugar seguro.
Barbara - Eu quero esse dispositivo agora.
Alfred - Não entregarei, Srta. Barbara, sinto muito, mas não irei permitir que a senhorita coloque sua vida em risco por estar passando por um mau dia.
Helena faz um sinal de positivo pra Alfred.
Helena - Isso mesmo, Alfie.
Barbara - Você está do lado dele né, Helena? Não façam isso comigo. Alfred, me dê o dispositivo, por favor.
Alfred - Não, Srta. Barbara.
Barbara - Que droga vocês dois!
Helena - Eu não fiz nada.
Barbara - Está concordando com ele.
Helena - Eu não discordei, é diferente de concordar.
Alfred - Srta. Barbara!
Barbara olha pra ele, brava.
Alfred - O dispositivo é mais importante que a vida da senhorita?
Barbara - Não é isso, mas ele é a minha chance de poder sair dessa maldita cadeira às vezes.
Helena - E de acabar morrendo também.
Barbara - O que deveria ter acontecido naquela noite, deveria ter morrido no lugar da Selina, assim todos estariam felizes.
Alfred - A senhorita realmente não acha isso , só está com raiva no momento.
Barbara - Vocês nunca vão entender, nunca vão entender o que é estar nessa cadeira de rodas. Nunca vão entender o que significa.
Helena morde o lábio, sem saber o que dizer.
Alfred - Creio que eu e a Srta. Helena não podemos entender mesmo, mas sabemos o que é a dor da perda, então podemos ter uma leve idéia do que seja.
Barbara volta pro quarto, sem dizer mais nada, ainda brava. Helena fala alto pra que ela escute.
Helena - Teimosa ela, não?
Alfred - Espero que ela não fique com raiva de mim, Srta. Helena, mas foi necessário dizer essas coisas.
Helena concorda com a cabeça.
Helena - Vou patrulhar, Alfred.
Alfred - Não creio que seja uma boa idéia, ainda é muito cedo, e além do mais, não creio que teria concentração.
Helena - Como sempre, você tem razão.
Wade chega.
Wade - Oi, Helena, Alfred.
Helena - Oi, Wade.
Alfred - Boa tarde, Sr. Wade. Srta. Helena, estarei na cozinha se precisar.
Wade - Helena, como a Barbara está? Ela não foi pro colégio, quando eu liguei, você me disse que não era uma boa hora, estou preocupado.
Helena mente.
Helena - Pergunta pra ela, ela não fala comigo.
Wade - Onde ela está?
Helena - No quarto dela.
Wade vai até o quarto de Barbara, Helena o acompanha até lá. Wade bate na porta.
Wade - Barbara, posso entrar?
Barbara (V.O) - Não, não pode, vai embora, Wade.
Wade abre a porta e entra, fechando a porta em seguida. Helena fica sentada no chão do lado de fora.
Wade - Não, não vou embora, tem algo errado com você.
Barbara - Mandei você ir embora.
Helena do lado de fora, pensa "Ele é que nem eu, seria cômico se não fosse trágico".
Wade se aproxima da cama de Barbara, sentando na ponta, perto dela.
Wade - Não vou, Barbara, não me afasta de você.
Barbara - Por favor, Wade, vai embora, não quero conversar.
Wade - Não precisamos conversar, só me deixa ficar aqui com você.
Wade tenta abraçar Barbara, mas ela não deixa.
Wade - Por favor, Barbara, me deixe ficar com você.
Helena do lado de fora escutando.
Helena - Cuidado com coisas pontudas.
Wade tenta abraçar Barbara de novo, mas dessa vez ela retribui, chorando.
Wade - Barb, o que está acontecendo?
Barbara - Já disse que não quero conversar.
Wade - Ok, quando quiser, estarei aqui.
Wade fica fazendo carinhos em Barbara, tentando acalmá-la. Helena sai de lá e vai até a cozinha.
Helena - Alfie, acho que tudo vai ficar bem.
Alfred - A Srta. Barbara ama o Sr. Wade, ela só tem receio. Mas creio que ele sabe disso e entende isso, será paciente.
Helena - Lógico que ele entende, senão, já teria caído fora.
Barbara acaba adormecendo nos braços de Wade, ele percebe, arruma ela na cama e sai, indo até a cozinha.
Helena - E aí?
Wade - Ela chorou, chorou e depois acabou adormecendo, mas não me falou nada, nunca vi a Barbara assim.
Helena - Na verdade, nem eu.
Alfred - Gostaria de beber alguma coisa, Sr. Wade?
Wade - Não, Alfred. Obrigado.
Helena - Mas veja pelo lado bom, Wade. Ela não jogou nada na sua cabeça.
Wade - Acho que ela não faria isso.
Helena - Não com você.
Wade - Helena, você não sabe mesmo qual é a razão dela estar assim?
Helena - Não.
Wade - Barbara tem razão, você mente muito mal.
Helena - Pois é, né?
Wade - É, me diz então, o que aconteceu? Eu sei que o dia hoje é difícil, mas ela nunca reagiu assim, ou reagiu?
Helena - Não, ela está tendo a pior reação de todos os anos.
Alfred - A Srta. Barbara reagiu assim no começo, mas era completamente normal.
Wade - Ela tá tendo um daqueles dias, que se ela pudesse, jogava aquela cadeira aqui de cima, não é?
Helena - Está.
Wade - E como sempre, ela me afasta, achando que eu não deveria gostar dela, pela situação dela, odeio quando isso acontece, Helena, nunca sei o que fazer.
Helena - Você é telepata, é?
Wade - Não, só conheço a Barbara. E você, como você está, Helena? Sei que também é difícil pra você.
Helena - Estou bem, acho que está sendo mais difícil ver a Barbara assim. Wade, você gostaria de vim aqui comer conosco amanhã?
Wade - Adoraria.
Helena - Beleza então, vou dar uma volta. Fui!
Helena sai.
Wade - Alfred, teria problema se eu ficasse aqui, esperando ela acordar?
Alfred - Problema nenhum, Sr. Wade. Fique à vontade.
Wade vai pra sala e fica lá sentado, esperando. Helena volta um tempo depois.
Helena - Ainda aqui? Você não tem uma vida, não?
Wade - Tenho, e ela está lá dentro dormindo.
Helena sorri.
Helena - Sou chata, né?
Wade - Que nada. Você não tinha que estar trabalhando?
Helena - Dane-se aquele trabalho.
Wade - Se você diz, dane-se então.
Helena senta e liga a TV.
Helena - O que quer ver?
Wade - O que você quiser assistir.
Helena coloca num filme que está começando.
Wade - Gosta dessa atriz?
Helena - Gosto, a Courtney Cox é legal.
Wade - Prefiro a Dina Meyer.
Helena - Eu também.
Helena e Wade ficam lá assistindo o filme.
No quarto, Barbara, tem um pesadelo e acorda gritando. Wade escuta e corre pra lá, Helena logo atrás.
Wade - Barb, o que foi?
Helena - Você está bem?
Barbara - Pesadelo.
Barbara está tremendo. Wade senta na cama.
Wade - Quer falar sobre ele?
Barbara - Não.
Helena - Quer que a gente fique aqui com você?
Barbara afirma com a cabeça. Helena senta no chão. Wade passa a mão no rosto dela.
Wade - Foi só um pesadelo, já passou.
Barbara - Obrigada por estarem aqui, mesmo eu afastando vocês sempre, vocês ficaram aqui.
Helena - Sem problemas, você fazia o mesmo por mim.
Wade - Você pode me afastar o quanto quiser, mas eu não vou embora, eu te amo.
Barbara se acalma.
Barbara - Tive o mesmo pesadelo que tenho há anos. Ainda me assusta, já não deveria mais ser assim.
Wade - Mas é só um pesadelo.
Barbara - Não, não é, foi o que me aconteceu.
Wade - Barbara, isso aconteceu há anos, não pode ficar se atormentando pra sempre.
Wade tira os sapatos e se deita, mas encostado na cabeceira, ele puxa Barbara e a coloca aconchegada nele. Helena olha pra eles, com ciúmes, elas desvia o olhar pras unhas, achando-as interessante. Barbara percebe.
Barbara - Helena...
Helena olha pra ela.
Helena - Uhm? O que foi?
Barbara - Quer outra oportunidade de me abraçar?
Helena - Claro.
Helena se levanta, vai até a cama de Barbara e a abraça. Barbara retribui.
Barbara - Precisava disso.
Helena - Eu precisava.
Wade sorri. Helena solta Barbara e olha para os dois.
Helena - E então, quando é o casamento?
Barbara - Que casamento?
Helena - O de vocês, oras!
Barbara - De onde você tirou essa idéia de que vamos nos casar?
Helena - Mas deveriam.
Wade olha assustado pra Helena, tirando uma caixinha do bolso. Barbara não percebe ainda, mas Helena vê.
Helena - Wow!
Wade - Helena, agora eu te pergunto, você é telepata?
Só nesse momento Barbara vê a caixinha, ela arregala os olhos.
Barbara - Isso não é o que eu estou pensando, é?
Wade a ajeita na cama, pra poder se mover, ele fica de frente pra ela, a olhando nos olhos.
Wade - Barbara, você aceita se casar comigo?
Helena - Diz que sim.
Barbara - Wade, eu amo você sim, mas é complicado.
Wade - Não, Barb, você não vai colocar essa cadeira como uma desculpa, como sempre faz. Barbara, quando eu te conheci, você já estava presa à ela, eu nunca vi aquilo...
Ele aponta pra cadeira dela, que está ao lado da cama.
Wade - ... como um obstáculo.
Barbara - Mas e seus pais Wade? Eles não vão gostar.
Wade - Quem tem que gostar sou eu, não eles, essa é a minha vida. Você aceita?
Barbara - Aceito.
Wade se inclina e ele e Barbara se beijam.
Helena - Demorou!
Wade - Eu só espero que você consiga transformar esse dia triste, num dia mais feliz,
Barbara - Obrigada.
Wade - Helena, posso te perguntar uma coisa?
Helena - Pode
Wade - Gostaria de ser nossa madrinha de casamento?
Helena - Eu?
Wade - É, você, se a Barbara concordar, eu gostaria que fosse você.
Barbara - É claro que eu concordo. Adoraria que você fosse a madrinha.
Helena - Como quiser, sargento.
Wade - Sargento?
Barbara - Não pergunte.
Barbara vira pra Helena.
Barbara - Pronta pra sair espalhando a notícia?
Helena - E como. Fui!
Helena sai. Barbara começa a rir.
Wade - Ela vai sair contando mesmo?
Barbara - Vai.
Wade olha pra Barbara.
Wade - Barbara, vai me contar o que aconteceu agora?
Barbara - Pra que? Você já sabe mesmo.
Wade - Barb, não vou dizer que sei como se sente, porque não sei. O que sei é que quero estar aqui com você em todos os momentos.
Barbara - Eu odeio essa cadeira e tudo o que ela representa.
Wade - Eu sei, mas não se pode fazer nada, por mais que você a odeie, ela está presente em sua vida e é o meio de você ter liberdade.
Barbara - Mesmo assim, continuo a odiando.
Wade - Mas não adianta nada você afastar as pessoas, ela vai continuar existindo. Não me afaste de você de novo, não suporto te ver assim.
Barbara - Quando eu te afastar de mim, você vai ficar, não vai?
Wade - Sempre.
Wade se deita de novo, Barbara se aconchega nele e eles ficam lá juntos.
