No capítulo anterior... Sesshoumaru decide checar a situação das Terras que pertenceram a seu pai. Ao retornar, no entanto, Jaken lhe traz uma surpreendente informação. Quem seria tolo o bastante para atacar seu castelo? E por qual motivo?

Capítulo VIII - Perigo, Instintos e Reflexões

A porta abriu-se, revelando um youkai de grande altura, com grandes asas de mariposa, dentro do aposento. Atrás dele, caída de bruços perto da parede, estava Kasuga, imóvel. Ao seu lado estava Rin, encolhida e tremendo. Imediatamente ao vê-lo, Rin levantou-se, mas pareceu sentir vertigens e voltou a sentar-se.

- Sesshoumaru-sama... - sussurrou a menina, sorrindo docemente para ele apesar de seu estado.

- O que pretendia, maldito? - Sesshoumaru questionou o youkai, encarando-o nos olhos.

- Não é óbvio? - o youkai mariposa alçou vôo o máximo que lhe era permitido, pois o teto do quarto não era muito alto. Apressado, ele foi para fora, sendo seguido de perto por Sesshoumaru.

Após descer os três andares do castelo num salto, o príncipe voltou a encarar seu adversário e, sem esperar mais, sacou a Toukijin. Com um golpe habilidoso, cortou o adversário de cima a baixo. Firmando os olhos em sinal de desdém, murmurou para si:

- Patético.

Então retornou ao quarto de sua mãe com outro salto. Lá encontrou Rin inconsciente devido a esporos venenosos soltos no ar. Com um movimento ligeiro e utilizando-se ainda de sua Toukijin, criou um redemoinho de vento, que sugou e espantou os esporos para fora pela janela.

O príncipe agachou-se ao lado de sua mãe após guardar a Toukijin. Pegou-a nos braços e cuidadosamente virou-a para cima. Sua pele estava por demais pálida. Não respirava e seu coração parara de bater. Havia um profundo corte em seu peito.

Sesshoumaru escutou um breve gemido e percebeu que Rin recobrara a consciência. A criança, lembrando-se do ocorrido, prontamente levantou-se e tentou explicar o que acontecera:

- Sesshoumaru-sama! ... Aquele youkai chegou de repente! Disse que seu alvo era Kasuga-sama...! Ele matou todos que encontrou pelo caminho, enquanto Kasuga-sama tentava fugir comigo... Mas o youkai mariposa conseguiu achar a gente e disse que ia me matar primeiro... Então Kasuga-sama me protegeu e acabou sendo atingida por ele... E...

- Já chega, Rin. - Sesshoumaru silenciou-a, deixando o corpo inerte de sua mãe deitado no chão.

- Sesshoumaru-sama! O senhor vai ajudar, não vai? - Rin perguntou, um pouco aflita e assustada. Seu coração batia descompassado.

Em resposta, Sesshoumaru tocou no cabo da Tenseiga, espada esta que parecia querer chamar a atenção do youkai. Vendo os Emissários do Outro Mundo, cortou-os com a Tenseiga.

A cor logo voltou ao rosto de Kasuga e ela abriu os olhos lentamente. Mal tivera tempo de sentar-se quando Rin jogou-se sobre ela, abraçando-a fortemente.

- Kasuga-sama! Que bom que a senhora está bem! - Rin exclamou, sorrindo. Pequenas e cintilantes lágrimas escapavam de seus olhos.

- Estou sim, pequena Rin. - respondeu Kasuga, sorrindo e respondendo ao doce gesto - Obrigada por se preocupar, criança.

Sesshoumaru deu-lhes as costas, na intenção de abandonar o aposento. Foi impedido por Kasuga, que lhe perguntou, preocupada:

- Sesshoumaru... Filho... E os seus servos?

- Nada são além de seres patéticos.

Sem mais palavras, afastou-se.

- Kasuga-sama...! - Rin chamou-a.

- Não se preocupe, criança... - Kasuga sorriu-lhe - Logo ele mudará de idéia... "Espero..." - acrescentou em pensamento, bem humorada.

o0o0o0o0o

Mais uma vez a Lua surgia no céu. Sesshoumaru, na sacada de seu quarto e mantendo as costas e a perna direita apoiadas na parede, observava serenamente as terras ao redor de seu castelo iluminados pelo luar, os braços cruzados sob o fino tecido de sua roupa elegante.

"Por que não o faço?" - ele, enfim, prosseguia naquele "assunto sem importância" - "Ela não passa de uma criança humana. Por que não me livro definitivamente dela?"

"Humanos são desprezíveis. Sem qualquer utilidade para mim. Então... Por que não o faço?"

"Será por ela ser uma ingênua criança?"

"Ou por ter a capacidade de sorrir pelo menor motivo?"

"Talvez, ainda, por confiar mais em mim, um youkai, do que em sua própria espécie?"

"Por que?... Qual o motivo?..."

Poucas perguntas exigiam uma resposta tão importante para aquele austero youkai.

Enquanto refletia sobre o assunto, veio a mente de Sesshoumaru lembranças da espontânea Rin abraçando sua mãe, chorando de alegria por vê-la viva.

Sem ao menos dar-se conta do fato, um pequenino sorriso surgiu nos lábios do príncipe youkai. O acontecido passou despercebido por ele próprio, que no momento também se lembrava de Rin tentando, corajosamente, apanhar uma erva que salvaria a vida de Jaken.

Suspirou.

Qual seria a resposta?...

o0o0o0o0o