Título: Head Over Heels

Capítulo: 3: Crazy

Autor: Shinsei-Kokoro

Tradutor: Killera

Atualizado: 14/11/2005

Sakura Kinomoto P.O.V

Juro que eu poderia ter gritado e pulado de um precipício, simplesmente por estes dias me... Enlouqueciam!

Tomoyo está com raiva de mim durante a semana toda. Bem, na verdade eu nem tinha percebido, só fui dar conta disso há uns três dias. Um dia, quando estava esperando Eriol perto do escaninho dele, ela passou por mim, não antes de virar e me chamar de 'puta'. Eu tentei falar com ela várias vezes, mas ela só vira as costas e me ignora.

Van tem dado o melhor de si para que eu repare que ele exista. Por exemplo: Iniciando conversações e rindo de cada coisa que eu digo. Inclusive das coisas mais podres. Como quando eu esqueci meu livro de Biologia e levei detenção... de novo. Hoje ele estava rachando o bico quando eu me perguntei onde minha mãe moraria com seu novo marido. Na hora que eu lhe enviei uma olhada de repreensão, ele imediatamente começou a se desculpar.

-"Pensei que você odiasse sua mãe de todas as formas", me disse.

Eu odiava. Mas nem me incomodei em respondê-lo. Estava muito cansada.

Mas provavelmente estas não eram as coisas que me estressavam mais. Ainda não descobri o nome real do garoto 'não-sei-seu-nome-mas-gostoso-de-todas-as-formas'

Hehe. Já sei. Um apelido muito ridículo e grande.

Mas... tem alguma coisa nele que... me faz perder a memória... Haha. Sim. Estou rindo. De mim mesma. Eu me sinto como uma dessas menininhas do colégio, que põe apelidos nos seus 'amores'.

Nem me incomodou o fato dele ter me chamado de 'galinha estúpida' outro dia, quando eu fechei a porta do meu escaninho na cara dele... era minha culpa mesmo... eu acho.

Eu fiquei tão desesperada por ele que gastei uma hora inteira procurando a melhor roupa pra vestir... e acabei usando saia desta vez... De alguma maneira Rika acabou percebendo a mudança.

Tenho ficado um tempão fora do meu horário esperando perto do escaninho só pra poder vê-lo, mas não consegui cumprir meu objetivo... e não posso falar com ele sem que alguém nos veja. Agora me diga... O que uma garota como eu deve fazer nessa situação?

Era óbvio que ele não havia olhado pra mim mais de duas vezes, e talvez pensasse que eu era uma dessas obcecadas que se apaixonavam por tipos como ele, bad boys. Provavelmente sabia que eu estava babando por ele... E Jesus, eu quase consegui encostar no rosto dele este dia.

Graças a Deus, esse dia, ele empurrou minha mão, se não, eu teria caído em cima dele. Sério mesmo, tenho joelhos fracos. Brincadeira.

Mas hoje, foi o pior de todos os dias. Estávamos fazendo ginástica na aula de Educação Física, já era minha vez na barra de balançar, e o garoto 'não-sei-seu-nome-mas-gostoso-de-todas-as-formas' tinha que entrar no ginásio e falar com a Meiling. A menina da minha aula.

Aposto que não vão acreditar no que aconteceu depois. Justo quando estava dando uma cambalhota na barra, uma olhadinha pra ele foi tudo o que eu precisei pra escorregar e cair de cara e bater o nariz no chão.

E vou contar pra vocês, dói como o diabo! Todos estavam encarando, e se apressaram a me ajudar.

Eu acho que até estava sangrando. Meu pobre nariz!

Graças a Deus ninguém estava rindo, porque se não eu estaria morrendo de tanta humilhação. Que droga. Eu teria socado o nariz de cada um deles se eles rissem. De verdade, o nariz é uma parte muito importante no rosto de uma garota.

Próximo. O garoto 'não-sei-seu-nome-mas-gostoso-da-mesma-forma' sempre tinha aula de Química na sala oposta a minha aula de Química.

Hoje, a senhorita Zhang – minha professora – disse que começaria um novo projeto para a aula. Eriol, graciosamente, juntou-se comigo antes mesmo que eu pudesse perguntar a alguém mais.

Para um procedimento em que deveríamos combinar amônia junto com ácido clorídrico, decidi deixar que Eriol fizesse a parte de aquecer a mistura. E justo quando eu estava colocando cuidadosamente uma grande quantidade de amônia em outro recipiente vazio, meus olhos tinham que mirar na direção da porta, justamente por onde ele passava. E sim... já podem imaginar o que se sucedeu... A bandeja que continha tudo se soltou repentinamente das minhas mãos, e eu acabei gastando todo o suplemento de amônia da classe. Genial, não? E pra deixar as coisas um pouquinho pior, eu derrubei um pouco de gelo no vestido de uma menina que, por azar, não estava usando o jaleco, ela gritou histericamente e caiu em cima de mim, devo acrescentar que ela era o dobro do meu tamanho, e na hora em que Eriol conseguiu me tirar dali, eu já estava parecendo uma panqueca.

Não foi minha culpa, não é? Não. Mesmo assim terminei com mais uma detenção na minha lista...

Logo estava na lanchonete na hora do almoço. Estava feliz em estar ali pela primeira vez, já que o Sr. Desadaptado nunca ficaria nessas áreas. Rika disse que os viciados nunca vinham aqui pra almoçar. Então... eu estava agradecida pela primeira vez no dia, mesmo que este seja somente um momento sem dor.

Mas enquanto colocava o suco em meu copo, o garoto 'não-sei-seu-nome-mas-gostoso-da-mesma-forma' tinha que passar do meu lado. Oh. Acho até que vocês poderiam ter visto minha frustração emanar. Porque nesse exato momento, terminei esvaziando o suco não no meu copo, mas na cabeça de um menino, o qual tinha acabado de abaixar pra recolher sua colher caída.

Ah claro. Passei todo o almoço me desculpando pro menino. Acabou que ele era um desses nerds, e achou que eu era a deusa mais atraente que jamais viu. Depois disso passei o resto do dia tentando evitá-lo. E foi só isso. Esse foi o meu dia.

Sério mesmo. Será que é possível que as coisas fiquem piores?

-"Sakura? Ainda está na cama?" Escutei batidas na minha porta.

Argh. Só podia ser o Touya pra quebrar toda a tensão.

-"Sim!" Gritei da minha posição na cama, um pouco nervosa por ele ter interrompido meus pensamentos.

-"Já é uma da madrugada, idiota! Vai dormir logo! E desliga esse rádio! O Kero não para de latir no meu ouvido!"

-"Sim, sim, claro... Devem ser por causa dos seus roncos! Cérebro tostado..." Eu resmunguei enquanto desligava o som, e ao longe, ainda se escutavam os latidos do meu cachorro.

O pobre Kero. Eu dei uma risada maléfica. Tomara que uive a noite inteira nos ouvidos de Touya, já que hoje é dia de lua cheia.

Whoops... Acho que os lobos fazem isso, não os cachorros. Minhas desculpas.

Olhei o relógio e bocejei. Touya tinha razão, já passava da meia noite. Isso quer dizer que eu estava pensando em – vocês sabem quem – desde que sai do banho?

Parece que sim.

Conformando-me, troquei de roupa, enfiei debaixo das cobertas e voltei a meus pensamentos de novo.

Eu tinha que parar de pensar nele. Eu já estava ficando louca que ele nem sequer se deu ao trabalho de me dar uma olhadinha. Não podia ver? Que eu estava desajeitada desse jeito por causa da sua aparência?

Depois de ultrapassar o limite do meu orgulho e da minha resistência, me dei conta de que cada vez que o vejo, me congelo. Algo terrivelmente ruim. Vergonhoso, pelo menos.

Por que ele nunca percebeu que eu existo? Será que seria tão vergonhoso assim pra ele?

Eu suspirei e xinguei a noite toda. Provavelmente.

Eu não era suficientemente atraente pra ele. Mas também não podiam começar a usar mini-saias com decotes gigantescos. Esse não era o meu estilo. Além disso, eu quero um homem que goste de mim por quem eu sou.

Balancei a cabeça afirmativamente. Tinha que esquecê-lo. Tinha, tinha, tinha, tinha, tinha! Mas, como poderia andar sonhando na terra da tia La-la com ele sendo que eu nem sabia o nome dele? Era uma coisa boa o fato de que ainda não tinha começado a escrever pelos cantos Sakura e o garoto 'não-sei-seu-nome-mas-gostoso-de-todas-as-formas'.

Sim, isso seria meio brega. Mas pelo menos ainda não tinha chegado nesse ultimo nível de obsessão. Talvez ainda tenha salvação pro meu caso.

E ainda assim, cada vez que eu penso nele, me pergunto o que ele pensará de mim.

Você não precisa saber disso, mas vou dizer. Ele também estava nos meus sonhos. Estava me abraçando em seus braços quentes e acolhedores. Forte. Ele não me pareceu o tipo de cara com quem eu ficaria dançando e cantando... Ele era do tipo intocável, sempre sério, mas podia rir de vez em quando. E nos meus sonhos, ele ria. Deve ser porque hoje eu o vi rindo. Mas por qualquer razão que seja a gente sempre terminava andando até esta rua deserta. Vocês sabem. Uma noite com uma grande lua cheia. Uma árvore cujas flores dançavam ao compasso do vento. Ele tinha me levado a um lugar maravilhoso. Porque quando acordei pela manhã, estava no banheiro, dentro da banheira e com os músculos me matando de dor.

Hehehe... parece que eu já aprendi a caminhar dormindo em duas semanas por esta casa.

Mas isto era sério. Preciso saber mais coisas sobre ele.

Syaoran Li P.O.V

Meiling continuou a me insultar, assim como eu fiz pra responder os xingamentos dela. Os mesmos xingamentos de sempre.

-"Seu filho da puta! Como pôde me meter nisso tudo, eh? Deus! Eu poderia te matar!" Ela gritou pra mim enquanto me puxava pela gola da minha camisa.

-"Hey, cuidado vaca!"

-"Cala a boca! Você é a vaca! Agora talvez eu tenha que voltar pra casa por sua culpa! Estúpido, galinha!" Ela continuou a me sacudir, como se eu fosse eu pirralho malcriado. Se fosse verdade que eu sou uma galinha, já teria perdido todas as penas...

-"Você se importa?" Disse, afastando-me e parando-me reto.

-"Sim! Importa-me sim! Vou te matar!" E continuou.

-"Você podia me soltar e me escutar por um segundo?" Gritei, no momento em que ela queria me socar.

-"Não! Porque provavelmente quando você terminar de explicar, eu estarei arrumando minhas malas e talvez perca meu vôo!"

-"Hey! Não é como se não quisesse voltar..."

-"Cala a boca! Estou sendo sarcástica!" Continuou gritando. Mas depois de gritar durante cinco minutos e ficar roca, se lançou do meu lado no sofá. – "Será melhor que tenha uma explicação pra isto, Syaoran, porque eu não vou voltar pra Hong Kong"

Oh, diabos. Serei honesto comigo mesmo... não tinha uma boa explicação.

-"Não podia dizer outra coisa... Isto foi a única coisa que me ocorreu. Que estava doente com tuberculose e tive que gastar o dinheiro com você... Que mais eu podia dizer?".

Meiling me deu um sorriso de desprezei –"Que era você que estava no hospital, talvez? Que era VOCÊ que tinha tuberculose?"

Dei uma olhada rígida pra ela – "Eu já tinha tomado essa vacina"

-"Adivinha o que?" Disse calmamente, e logo gritou à plenos pulmões –"Eu também já tomei a minha! Na mesma hora que você!"

Encolhi meus ombros, enquanto ela tentava me socar – "Então minha mãe realmente deve estar tendo o problema de memória que ela achava que tinha..."

Sakura Kinomoto P.O.V

Era minha quarta semana aqui. Tinha me saído até que bem. Escapei de humilhações, de queimar meu filme de vez e, até agora, consegui três detenções por danos ao material do colégio, e consegui ganhar toneladas de momentos vergonhosos. Cerca de sete meninos me chamaram pra sair, dois deles foram massacrados por um grupo de maníacos que eram, aparentemente, fanáticos por garotas novatas e bonitas.

Era algo surpreendente... que me achavam bonita, digo. Quero dizer claro, eu sabia que tinha uma boa aparência, especialmente por causa dos meus olhos verdes. Mas se eu realmente era tudo isso... por que só ganho a atenção dos caras errados?

Terminei conseguindo a informação com Tomoyo hoje. Estávamos sentadas em uma das bancadas na frente da quadra, pra onde eu a arrastei para que pudéssemos conversar.

-"Fala, que foi que aconteceu agora?" Eu disse, enquanto observava como se sentava preguiçosamente, colocando uma perna em cima da outra muito feminina.

-"Esquece" Ela olhou pro outro lado.

-"Escuta aqui! Se você não quer me dizer, então podia pelo menos agir civilizadamente comigo?"

-"Que?" Virou pro meu lado – "Eu sempre sou civilizada com você!"

Duh...

Deus, será que ela não pode dar um descanso de pelo menos um segundo a suas mentiras?

-"Conta."

-"Eu... Eu... estou apaixonada pelo Eriol" Ela disse, me fazendo franzir a testa. Ao dizer a verdade, não esperava que ela me dissesse isso.

-"E?"

Ela me olhou como se, de repente, eu tivesse brotado uma outra cabeça. –"O que você quer dizer com 'E? '? Eu queria que ele me chamasse pra sair desde o começo do ano!

-"Por que você não o convida pra sair você mesma?" Raciocinei, encolhendo os ombros.

Ela deu um olhar frio – "Deixa de tirar com a minha cara, Sakura!" De repente, gritou.

-"Que?"

Ela afastou seu olhar novamente e continuou – "Vocês estão dando um em cima do outro sempre. Rika diz que ele costumava sentir algo por mim, mas depois que você veio ele dificilmente olha pra mim."

Deixe-me dizer algo. Cada vez eu ficava mais e mais espantada, a cada palavra que saia de sua boca, mais chocada.

-"Cada vez que fico sozinha com ele, ele só fala de você. O que você fez, como você é sexy, como você arranjou uma detenção, como ele tentou te chamar pra sair, como você se mete em problemas, como você é inteligente, como uma menina caiu em cima de você, qual é o seu número de telefone, onde você mora, quais flores você gosta, com quem você anda, como você ficaria num biquíni, como-"

-"Chega!" Gritei, cortando suas palavras. – "Pára ai! Chega! Pode parar!". Movi minhas mãos na frente dela, extremamente chocada pelas palavras que disse.

Como eu ficaria num biquíni?

Ele só pode ser doente mental!

-"Olha!" Segurei a cabeça dela entre minhas mãos, levantando-me durante todo o tempo – "Eu não gosto do Eriol"

-"Para de me enganar, Sakura, não me imp-"

-"É sério! Eu não estou te zoando. Eu não gosto! Eu nem sabia que ele gostava de MIM!"

Tomoyo assentiu, encolhendo os ombros. – "Disse que era distraída também"

-"Escuta. Escuta. Escuta. Olha pra mim. Não sou distraída. Não gosto dele. E, além disso, odeio biquínis!"

A garota olhou firmemente para mim. – "Ta falando sério?''

-"Claro que sim. É claro que é sério. Além disso, ele é só meu amigo, e não faz o meu tipo."

-"Sim, claro" Tomoyo rodou seus olhos, e logo suspirou –"Um... er... desculpa, te chamei de puta e tudo mais... acho que estava um pouco ciumenta"

Esta vez fui eu quem suspirou – "Não se preocupe. Aconteceu muito disto em Seijuu. Mas você devia ter me contado antes."

-"Achei que fosse óbvio"

-"Não. Confia em mim. Se tem alguém aqui que é óbvio, sou eu" Suspirei de novo. Pelo menos ela não andava contra as paredes.

-"Então... O que você pretende fazer?" Me perguntou depois de um tempo.

-"Que quer dizer? Não tem nada que eu possa fazer..."

-"Me refiro a Eriol. O que você vai fazer quanto a ele?"

Olhei pra ela – "Nada. Vou continuar ignorando"

-"Ignorar Eriol?" Ela 'tossiu' – "Isso é impossível"

-"Por quê? Tem o problema de ele ser irresistível?" Perguntei sarcasticamente.

-"Poderia ser isso. Ele sempre consegue o que quer. É rico"

-"E?" Fiz uma careta. Não sou um objeto que qualquer rico pode obter. – "Convida ele pra sair então. Não creio que diga não"

Tomoyo parecia vencida. –"Sakura, existem regras aqui"

-"Sim, eu sei. E estão cheias de merda. Digo, o quão estúpida esta escola pode chegar a ser? Sem mochilas, nada de falar com os Desadaptados. Trocar os diretores, vender as garotas como se elas fosse alguma nova marca de refrigerante no mercado, colocar todas as putas na equipe das líderes de torcida. Que coisa mais sem noção é essa?"

-"Você esqueceu da parte das detenções e dos ataques," Tomoyo suspirou – "Sim... eu sei, está tudo cheio de merda. Minha mãe queria me mudar de escola por causa disso. Ela acha que a única coisa que a gente faz aqui é montar em touros."

Eu ri. – "Não estamos atacando o rei da formatura do ano passado, Eriol, certo? Não. Então, fica calma!"

-"Mulheres não chamam os homens pra sair nesta escola, Sakura"

Franzi meu cenho – "Isso não estava nas regras. Cara... eu não fazia idéia disso Vai ver que eu nem li. Será que era a última? Por que eu lembro de ter visto alguma coisa no final? Por que vocês não me contaram? Eu gostaria de reescre-

-"Não está escrito", ela interrompeu minha história –" Mas é como uma barra de aço, não se pode quebrar"

-"De verdade..." Cheguei mais perto dela – "Isso é uma escola ou o que?"

-"É Sanron Hight"

-"Deixa de negar, Tomoyo. Talvez eu possa fazer com que Eriol te chame pra sair"

-"Claro" Ela riu, mas não havia nada de humor naquilo – "E você espera que eu acredite nisso quando ele está a fim de você, dos pés à cabeça? Bem feito, garota. Acabou de fazer um gol no nariz do treinador."

Voltei-me pra ela, e cobrindo o sol da minha cara, disse – "Vou dizer pra ele que eu já gosto de outro cara. Ele não vai poder fazer nada, certo?"

-"Oh sim. O coitado provavelmente vai estar com a costela quebrada na próxima vez que o vir"

Respirei depois disso – "O que aconteceria se eu dissesse que ele não é desta escola?"

Tomoyo girou, com uma expressão pensativa – "Isso talvez funcione. Mas com certeza ele seguirá tentando"

-"Nah. Acho que não. Eu chutaria o traseiro dele, o enviaria até a Antártica usando biquínis junto com os pingüins!"

-"Depois não diga que eu não avisei"

-"Escuta! Quer que ele te chame pra sair ou não?" Disse, sentindo-me irritada, porque apesar de tudo, ela ainda se colocava no lugar dele.

-"Deixa de bobagem, Sakura. O sinal já tocou"

-"É sério?" Me levantei junto com ela – "Nem ouvi. E então... começará a se insinuar pra ele?"

-"Você ta zoando, né? Não! Não ficarei como uma dessas idiotas com nada no cérebro!"

O que você provavelmente já pe – gostaria de acrescentar, mas não disse.

-"Boa analogia" Disse em troca – "Mas se você quer que Eriol saiba que você existe, tem que fazer isso"

-"Eu já sabia disso" Me disse.

-"Então!"

-"A propósito, Sakura..." Ela disse enquanto nos dirigíamos à próxima aula, me dando uma risada malvada, como dizendo 'basta de insultar-me, agora é sua vez!' – "Você já gosta de alguém, né? Quero dizer. Tem um monte de caras fingindo ser o cato atrás de você."

-"Um..." Disse depois de um tempo – "Talvez..."

Tomoyo sorriu como se fosse algo importante – "Estuda na nossa escola? Eu conheço? Você já ficou com ele?" Me disparou toneladas de perguntas.

-"Não. Não. E definitivamente não."

-"Aw, que pena!"

-"Pois é." Concordei, entristecendo-me de novo. Não podia dizer quem era. Se dissesse teria que mudar de escola – "Já começou pelo lado errado"

Syaoran Li P.O.V

Meiling podia ficar. Depois de uma longa conversa com a mãe, ela finalmente aceitou que ela ficasse.

Depois de me dar por vencido com minha tarefa de Física, avancei pelos corredores, buscando Yamazaki.

Mas antes que pudesse alcançá-lo, fui pressionado contra a parede, de repente.

-"Quem é que você pensa que é, huh?" Uma mecha de cabelo azulado se aproximou de mim, e com isso, senti um golpe no estômago, enviando minha cabeça contra a parede novamente.

Era Eriol Hiiragizawa. O senhor 'tiro ardente' da escola.

-"Fod-"

Minhas palavras foram interrompidas pelos cortantes golpes que me enviava.

-"Filho da puta maldito! Achei que sabia que não deveria ir atrás das nossas meninas!"

Não sabia do que estava falando. E num tava nem fodendo. Porque no momento em que bloqueei seu golpe de atingir minha cara, fiz questão de devolver o golpe, fazendo-o voar longe.

-"De que merda você ta falando?" Gritei na cara dele, enquanto ele voltava a tentar me pegar e continuar a me atacar cruelmente.

Não sabia em que momento ganhamos espectadores. Porque no instante em que olhei com o canto dos olhos, estávamos rodeados de estudantes. Todos apoiando o Eriol.

-"Não minta, Li!" Lançou suas pernas contra meu abdômen, enquanto eu apertava seu pescoço, quase estrangulando, e levando-o ao chão comigo. –"Você sabe o preço de andar com nossas meninas!"

-"Não agarrei nenhuma das suas meninas, estúpido!" Golpeei seu rosto de novo, enquanto tentava limpar um pouco o sangue que jorrava de mim.

-"Para de mentir!" Me agarrou o pescoço e me golpeou ali – "e você merece tudo isso! Você e seu grupo maldito! Drogado, doente!" Agarrou a gola da minha jaqueta e me mandou contra a parede de novo, e todos os gritos de apoio a ele aumentaram.

-"Sabe quem é doente?" Gritei, dando um chute na sua cara, enquanto me aproximava –"Você!" Chutei seu pescoço desta vez, e agarrei-o pela camisa, lançando-o contra a parede.

-"Vou acabar com você, seu maldito filho de uma p-"

-"Tenta!" Gritei, ao mandá-lo voando longe com um chute.

-"Pessoas como você deveriam ser assassinadas!" Gritou pra mim, em meio do barulho que os demais estavam fazendo. E no fundo da multidão, escutei alguém gritando por mim.

Era Yamazaki, junto com a Chiharu – "Mata ele, Syaoran!"

Quando tentei socá-lo de novo, falhei, e ele aproveitou a oportunidade para me socar na bochecha.

-"Você está perdendo..." Disse-me entre risos, enquanto voltava a golpear-me com o braço.

-"Não existe essa chance," Eu sorri ao empurrá-lo com minhas pernas e coxas, até golpeá-lo na boca do estomago. – "Dói, não?" Perguntei, enquanto ele se contorcia de dor. –"Vou te ensinar o que mais dói..." Meus punhos estralando ao socar seu nariz. –"Vou levar seu pobre traseiro pro inferno, Hiiragizawa"

-"Parem!" Escutei um grito por trás de mim.

Não era a voz de um professor, então continuei golpeando-o.

-"Eriol, para com isso!" A mesma garota gritou mais forte desta vez.

-"Sakura?" Escutei quando ele murmurou, ao fazer a péssima escolha de olhar por trás de mim enquanto eu lhe enviava contra a parede novamente.

-"Vamos Eriol! Eu achei que você quisesse me matar!" Gritei ferozmente, enquanto ele tentava se recuperar, -"Eu disse! Tipos como você deveriam ser assassinados! Que? Se sente meio morto agora? Huh?"

Houve um amargo silencio entre nos, e eu ainda estava me recuperando, com gotas de sangue caindo de meus lábios.

-"Não sem te levar pro inferno comigo!" E tentou me socar de novo.

-"Bem vindo à vida" Disse, dando um soco duplo nele.

Não perdeu um segundo em bloquear meus chutes. Mas como ele escolheu um momento de chutar minha cara, agarrei seu pé e empurrei com minhas mãos para girá-lo e fazer com que perca o equilíbrio.

-"Parem! Por favor! Eriol, para!" era o grito da garota de novo, enquanto ele voltou a me chutar no peito.

-"Você não sabe o que ele fez, Sakura!" gritou enquanto me prendia num canto e me chutava, mandando a perna na minha cara.

Sakura?

Olhei a garota pelo canto dos olhos, e agarrei o joelho de Eriol, empurrando-o até que caísse.

-"Eu não fiz nada pras suas meninas!" Respondi, enquanto ele saltava e falhava num novo ataque.

Mas antes que eu pudesse responder e dar outro golpe nele, meus braços foram agarrados por trás.

-"Parem agora!" Era a voz de um homem, enquanto lutava para que me soltasse e falava palavrões.

Eriol escolheu esse momento para me golpear de novo.

Eu já tive o suficiente agora, empurrei o homem que me segurava pelos braços, desviei dele e agarrei o pescoço de Eriol, pressionando-o contra o canto.

Acho que se podia ver o fogo em meus olhos, e afortunadamente, o homem voltou a me agarrar, porque se não o tivesse feito, eu teria matado Eriol neste mesmo momento.

O homem era, na verdade, um dos seguranças, e atrás dele havia outros dois homens. O vice-diretor e o diretor.

-"O que está acontecendo aqui?" O vice segurou Eriol pelos ombros, -"Do que se trata isto?"

Enquanto ambos ignorávamos as perguntas, outro sujeito me 'fez o favor' de responder.

-"Li foi contra as regras"

-"Merda" Disse o vice.

E enquanto eu continuava me contorcendo pra tentar me soltar do segurança, o diretor se aproximou de mim, -"Quantas vezes mais eu tenho que te suspender, Li? Quantas vezes? Eu te disse que ficasse fora de problemas, não te disse? Nem sei por que me preocupo com você ainda! Deveria te expulsar!"

-"Hiiragizawa que começou!" Yamazaki gritou entre a multidão, quando os professores estavam tentando dispersá-los.

Ignorei o olhar de Sakura e a dos outros estudantes, e olhei o diretor profundamente –"Eu não fiz nada!"

-"Então... Que diabo foi isso tudo?" Ele me olhou feio de novo –"Vocês resolveram que iam se matar sem nenhuma razão? Acho que não, Li"

Feh.

E eu ainda achava que este seria um diretor muito mais inteligente que os outros?

Aham... claro.

-"Não quebrei nenhuma regra"

-"Você é péssimo pra mentir!" Eriol gritou.

-"Você tem sorte que eu não quebrei seu pescoço!" Respondi a seu grito, me contorcendo de novo para tentar me afastar.

-"Parem com isso!" O vice gritou de novo – "Ambos estão agindo infantilmente!"

-"Não, não estamos" Nós dois gritamos ao mesmo tempo.

Enquanto nos dava uma olhada maligna, fomos levados à sua sala. Peguei minha jaqueta e deu uma última olhada pro guarda maldito.

Eu já nem me importava com o que aconteceria depois.

Sempre me metia em brigas como esta, e acreditem quando eu digo que não quebro a regra 12. Porque você não gostaria de se meter com alguém como eu. Eles só vêem coisas ruins em nós. Eu nunca tive vontade de voltar pra escola. Mas presença é essencial pra minha mãe. Principalmente porque ela não sabe o que ando fazendo aqui no Japão.

Eu não costumava a me importar com estas regras antes, mas o dia que segurei Meiling em meus braços chorando, jurei que antes que eu saísse dessa escola, essas regras não existiam.

Esse grupo de caras que pegou Meiling, tinham machucado-a profundamente, um assédio. Quase matei um deles em público.

Heh.

Ainda lembro da primeira vez que estive atrás das grades por isso. Não foi tão mal depois disso. Ainda faço várias visitas por ali. Por assaltos, violência, e inclusive por agredir um oficial. Quando minha mãe descobriu que eu tinha uma ficha policial, tentou me fazer voltar pra Hong Kong de qualquer maneira possível.

Mas estes dias foram uns períodos de ódio pra mim. Ela se rendeu depois disso. Não me arrependo de nenhuma das vezes que fui parar lá, exceto uma vez que me prenderam por usar droga. Estava tão alto... que nem sequer me dei conta que estava na cadeia, até o dia seguinte. Também continuava tratando os guardas como garçons.

É engraçado, agora que eu parei pra pensar.

Perdi o interesse na educação e nos pontos altos da vida depois da minha primeira vez na cadeia por assalto.

Sei que se há alguém a quem culpar... esse sou eu. Nem sequer meu estúpido pai, ou os homens a quem deixei o nariz sangrando e com costelas quebradas... a culpa é minha.

Não me sentia mal por isso também. Sabem por quê? Essa é a minha vida. E é assim que eu gosto dela.

Sakura Kinomoto P.O.V

Apesar de só ter visto a última parte da briga... foi horrível. Estavam se batendo como um par de estúpidos. Socos, chutes... ainda estou tentando superar a imagem.

O nariz sangrante de Eriol estava horrível... e apesar de fazer todo essa atuação de 'macho man' que estava fazendo, ele estava agradecido de ter conseguido manter o nariz preso no rosto.

Nunca me ocorreu que Eriol e o garoto dos meus sonhos pudessem brigar assim. Eu nunca soube que havia tanta oposição entre eles.

Depois de seguir Eriol, pelo menos consegui descobrir o motivo da briga.

Parecia que 'Syaoran' – como ele havia chamado o garoto – quebrou as regras. Uma menina se queixou que ele tentou se forçar nela, e era isso o que fez a chama arder.

Em vez de ficar feliz por ter descoberto seu nome, fiquei deprimida o dia todo. Enquanto Tomoyo e as outras meninas estavam babando ovo do Eriol com suas feridas e de como ele tinha sido valente, eu me senti jogada no lixo, enquanto os que passavam estavam ocupados comendo bananas e jogando as cascas sobre mim.

Não me preocupei em desculpar-me pro Eriol por distrai-lo durante a briga. Não agüentei nem tocar na comida que estava no prato durante todo o almoço.

Estava tão concentrada que nem escutei que Eriol tinha se aproximado de mim.

-"Você gosta de futebol?" Ele me perguntou de repente, me fazendo saltar.

Lógico... Será que ele consegue ser um pouco mais ridículo?

Olhei um pouco pra ele, e sorri levemente –"Não sei jogar, mas parece divertido"

Ele riu da minha resposta, e não pude deixar de pensar no quanto ele tinha sido heróico. Isso é... se o rumor estivesse certo.

-"Você está bem?" Perguntei pela primeira vez no dia.

-"Aham" Murmurou – "Mesmo que meu nariz ainda esteja doendo um pouco..."

Reparei que não estava usando seus óculos, e que usava uma camisa de material fino –" Foi bem intenso" Disse depois de um momento, referindo-me à briga.

Olhou pra mim, e logo se voltou. – "Eu acho"

Não sei por que perguntei isto, mas simplesmente escapou de meus lábios...

-"Ele realmente quebrou as regras?"

Eriol me olhou sinistramente –"Mika disse que sim"

-"Quem é Mika?"

-"A menina que ele queria pegar" respondeu sensivelmente

-"Oh"

Aqui vamos nós de novo. Outra vez a depressão me alcançou.

Ele realmente fez isso?

Mantivemos-nos em silêncio por uns quatro segundos e logo escutei quando murmurou –"Você não deveria ter interrompido assim, Sakura. Syaoran é um cretino. Você não poderia fazer nada"

Eu o olhei nos olhos, -"Eu só queria tentar parar a briga"

Ele voltou a cabeça na direção da minha –"Você não deve interromper brigas como essa. Ele merece o que levou. Esse cara é um desgraçado"

Pisquei, sem querer, ante seu tom de voz e escolha de palavras –"Estavam a ponto de se matar. Quando vocês parariam? Até que um estivesse morto?"

Eriol me lançou um olhar nervoso enquanto eu dizia isso.

Mas eu continuei; -"Existem outras formas de resolver assuntos como este. Vocês poderiam ter ficado realmente machucados"

Parei um pouco, pra ver se diria algo. E disse.

-"Estava assustada..." Se aproximou um pouco, sorrindo brevemente –"Não estava?"

Claro que sim! Não quero que o garoto dos meus sonhos tenha que fazer uma plástica de rosto! Apesar de que, não pude dizer isso em voz alta, já que o que ele disse depois me fez sentir abatida.

-"Você ficou preocupada comigo... certo?" Perguntou suavemente.

Forcei um sorriso pequeno e inseguro –"Que você acha? Eu me preocupo com meus amigos, muito obrigada!"

Não acho que essa foi a resposta que ele queria, porque imediatamente observei seu sorriso desaparecer por um segundo.

-"Ele mereceu"

Senti-me um pouco culpada, e coloquei outro sorriso falso – "Sabe, Tomoyo estava preocupadíssima por você..."

Encolheu os ombros, olhando pra mim –"Todos estavam"

Apertei a mandíbula, e continuei forçadamente –"É sério. Ela não para de falar sobre você!" Depois disso consegui uma reação.

Levantou uma sobrancelha e me olhou profundamente –"Claro"

Eu ri um pouco –"Acho que ela gosta de você"

Olhou pra mim novamente, desta vez com uma expressão triste. Em vez de dizer um... 'Eu também gosto dela' que eu tanto esperava, simplesmente sorriu e disse "Eu também gosto de alguém"

Congelei por um segundo enquanto dizia isso. Me olhou significativamente. Mas já não podia ficar calada. –"Ótimo! Eu também!"

O olhar dele desfocou, mas continuei conversando. Vamos Sakura!

-"E sabe de uma coisa? Talvez possamos sair em dupla! Seria perfeito! Até posso imaginar!"

E podia mesmo.

Syaoran e eu.

Eriol e Tomoyo.

Mas agora é sério. Senti-me mal. Nunca me senti tão culpada por um menino até agora. Porque o Eriol tentava parecer feliz a todo custo. Mas eu ainda podia ver através da sua máscara.

Mas antes que eu pudesse continuar a falar sobre o lugar em que jantaríamos, ele me interrompeu.

-"Qual é o nome dele?"

Parei um pouco para olhar pra ele –"Um r. Ryoga" o nome simplesmente brotou dos meus lábios.

-"Ryoga Li"

E o sobrenome também saiu com a mesma facilidade.

Ele franziu um pouco a testa –"E eu conheço?"

-"N-não! Ele está em Tóquio. Não aqui. Ele nunca veio pra Tomoeda"

-"Oh, então como você espera que a gente saia num encontro em dupla?" Perguntou.

-"Uh? Oh. Um." Meu Deus. Ele me pegou ali. –"Eu..." E disse a primeira coisa que apareceu na minha mente –"Estou forçando-o a vir aqui. Você sabe, estamos juntos há tantos anos. Somos quase inseparáveis! Estávamos tão tristes quando eu mudei pra cá... Eu estranhei muito. Mas como você vê, os pais dele não deixam que ele venha... eh... eles não gostam da educação aqui. Certo. Ele está tentando. Mas acho que ele não vai conseguir. Mas não é ruim ter esperanças... certo? Tudo que eu posso fazer é esperar.

Murmurou algo, e eu escutei claramente –"E afortunadamente seu avião cairá em lugar"

Mas eu não disse mais nada sobre ele, apesar do Eriol ter continuado.

-"Ah sei... há quanto tempo estão juntos?"

-"Eh? Uh... quatro anos"

E Eriol gritou de improviso – Quatro anos?"

-"Sim..." Disse não muito convincente, e depois decidimos mudar de assunto.

-"E sobre você? De quem é que você gosta?"

Olhei pra ele enquanto duvidava. –"Oh... só uma menina aí"

-!Que é uma menina eu sei. Qual é o nome dela?" Pressionei.

Hah! Isso vai ser divertido! Se ele pode ameaçar meu namorado imaginário, tenho permissão pra pressioná-lo.

-"Você não quer saber" Moveu seu olhar, afastando-o do meu.

-"Não. Quero sim. Quem é ela?"

Duvidou um pouco de novo. Logo se virou na minha direção, seus olhos decididos e sérios. Por um momento pensei que iria se declarar, mas quando escutei o seguinte, quase perdi meu equilíbrio e caí. –"O que aconteceria se te dissesse que é a Tomoyo?"

Syaoran Li P.O.V

Eu estava permitido que eu saísse da escola. Esse era o castigo que ele me deu. Já que me suspender ou me dar uma detenção nunca funcionaria, o diretor decidiu me prender. Usualmente eu perderia alguns horários e iria passear na cidade.

Mas ele me ameaçou com horas completas na escola, pra que eu aprenda como fui ignorante. E sabe do que mais ele me ameaçou? Minha mãe. Disse que se me encontrasse matando aula e indo para cidade, ligaria pra ela pessoalmente para dizer tudo que eu estava aprontando.

Ele achava que minha mãe sabia que eu usava drogas, mas não existe a hipótese de eu permitir que ela saiba disso. Então eu fiz a única coisa que podia fazer.

Aceitei.

Encontrei-me com meus amigos durante o recreio, e morreram de rir de mim. Meiling, de repente, optou por tomar o papel de 'irmã maior', e exigiu saber por que eu não tinha matado ele.

Claro.

Como se eu quisesse passar o resto da minha vida, que por sinal já era arruinada, na cadeia.

Não, obrigado.

Depois das aulas, me encontrei com Minas, e fizemos o que sempre fazemos; e depois que terminei de conversar com meus amigos, fui direto pro meu escaninho. Meiling me disse que me encontraria no campo de futebol.

Mas bem no momento em que me aproximei do escaninho, eu vi... uh... qual era seu nome mesmo? Oh sim. Sakura Kino-algo. Estava lutando contra alguma coisa dentro do seu escaninho. O corredor estava vazio nessa hora, ninguém ficava na escola depois das quatro. E provavelmente já eram quatro e meia.

Como se não estivesse acontecendo nada, continuei meu caminho até o meu escaninho. Quando estava próximo dela, ela me olhou, sorriu e voltou para o que estava fazendo.

Rodei meus olhos, abri meu escaninho e soquei meus livros lá dentro.

Sério mesmo. Será que é possível o rosto de alguém explodir de tanto sorrir?

Enquanto me preparava para ir embora, me olhou duvidosa, e abriu a boca para falar.

-"Escuta…" foi a única coisa que conseguiu dizer, e logo me deixou olhando pro seu sorriso e seus olhos verdes, que usava para me estudar secretamente.

-"Que?" Respondi, sentindo irritado pelo dia 'fabuloso' que eu tive.

Franziu o cenho um pouco, e logo convocou em seu rosto uma outra tonalidade de vermelho, "uh, eh…" tentou dizer, me mandando um pequeno e fraco sorriso.

-"Fala logo, puta.Não tem ninguém aqui"

Acho que as minhas palavras afetaram-na mais que planejei.

Não pude ver o olhar de tristeza passar por seu rosto, porque a única coisa evidente nela era a cara fechada que ela fez.

-"Você poderia parar de me chamar assim?" Ela soltou de repente.

-"Ta bem, lesada. Fala" Disse, e de novo ela sorriu.

-"É Sakura"

-"Olha. Eu não tenho tempo pra falar com alguém que é cego. O que você quer, hein?"

-"Eu disse que queria algo?"

-"Então para de encher meu saco!" Respondi de novo. Heh. Eu achei que ela fosse sorrir de novo, e me perguntaria sobre como eu tinha conseguido sair da briga. Ultimamente se pode esperar qualquer coisa das meninas.

-"Eu nunca te fiz nada!" Ela voltou a dizer, enquanto eu tentava me afastar.

Virei na direção dela. Deus. Nunca conheci outra menina tão lesada que fosse tão... estúpida! Então decidi ir direto ao ponto e cortar todas as cordas de esperança que ela tinha.

-"Eu não estou interessado em você! Entendeu? Não sou tão estúpido pra não ver putas andando contra as paredes!" praticamente 'lati' na cara dela, enquanto ela ficava cada vez mais vermelha –"Sabe o que eles fazem quando gente como eu tenta pelo menos falar com meninas como você? Eles acabam com a gente! Então, você podia ir dar pra outra pessoa seus sorrisos estúpidos?"

Ela me olhou como se eu estivesse lendo sua mente. Provavelmente eu li.

-"Do... do que você está falando?"

Voltei de novo pra ela –"Olha, sai de cima de mim. Eu sei o que meninas como você querem. E eu não vou te dar! Entendeu? Se você quer que os seus caras me peguem, não vai funcionar, porque você não é a única menina que me quer..."

-"O que?"

-"Nós ficamos longe da sua gente. E vocês ficam bem longe da nossa. Com isso ninguém fica ferido. Esses cabeças ocas já devem ter te dito as regras. Siga-as antes que te expulsem daqui."

-"Eu já te disse" ela disse acalmada – "Eu não to nem aí pra essas regras estúpidas. O que é que eles vão fazer? Me prender no ventilador e ver se eu enjôo? Lógico. Muito divertido."

Isso seria muito divertido.

Não sei por que estou falando com ela. Mas era diferente. Eu nunca conversei com meninas desta escola que não fossem 'desadaptadas' . E pouquíssimas dessas meninas estava contra as regras… como esta.

As meninas normalmente me olham com desprezo e assustadas... mas esta? Não... Só é meio estranho, eu acho. Eu falando com uma menina que anda contra as paredes. Hah.

-"Tanto faz" Encolhi meus ombros e me afastei com as mãos nos bolsos. Eu tinha que sair daqui.

E essa menina teria que buscar outro cara pra gostar. Andar contra as paredes depois de ver outro. Cair da barra do ginásio depois de ver outro e golpear seu nariz depois de ver outro. Jogar suco na cabeça de um idiota depois de ver outro.

Outro que não seja eu. Além disso... ela não faz meu tipo. É isso. Já vi tudo.

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Notas da Tradutora:

Bom, meus queridos leitores, aqui está o tão prometido capítulo 3 de HOH. Espero que vocês tenham gostado dele, eu particularmente achei muito bacana!

Se vocês gostaram da tradução, por favor, deixem um review pra me motivar a continuar, e agora que o ano (finalmente) está acabando, eu terei a paz suficiente para sentar e traduzir! De verdade, ninguém merece viver só para escola, né?

Desculpem-me pelos erros, mas eu não tive tempo de revisar a tradução por causa das provas seguidas e eu vou formatar o PC, então tinha que postar urgente…

Quanto ao vocabulário, assim que traduzi os primeiros capítulos, mostrei pra uma amiga e ela me disse que tinha ficado 'pesado de mais', cheio de palavrão e tal... Então eu tentei colocar menos palavrões antes, mas ficou um texto muito cansativo, com palavras tiradas do fundo do baú. Desta vez eu não me preocupei muito com isso, coloquei as palavras do jeito que a autora colocou, e espero que assim fique mais agradável de ler!

Muito obrigada por esperar pacientemente uma nova atualização (muito pacientemente, desculpa!), eu realmente aprecio isto!

Até a próxima ! Já ne