Gênero: Romance, Angust, NC17 (nossa que salada! srsr)

Aviso: 1- Cuidado para doses excessivas de açúcar em algumas cenas.

2- Ah, sim, Spoilers do Livro 6 (quem morreu e quem matou pra ser exata!)

3- Crianças fiquem longe da cena final. Por que a pimenta será d! rsrs

Disclaimer: Harry Potter e seus amigos não me pertencem, pois se fossem meus algumas coisinhas que aconteceram no Livro 6 não aconteceriam! Mas... Como nada me pertence, não sou eu a milionária... rsss... Só posso escrever essa fic, sem nenhum fim lucrativo e com o ÚNICO PROPÓSITO de me divertir e sonhar com uma outra realidade para esses personagens tão maravilhosos. ESPERO QUE GOSTEM!

Agradecimentos: À Sarah por fazer este site maravilhoso. Às amigas: Aline, por sempre puxar minhas orelhas pra terminar logo a fic. Lara, por tão pacientemente betar esta fic em cima da hora mesmo com dor de cabeça e no braço. VALEUS SOBRINHA!

Resumo: Eles querem muito esquecer uma noite em suas vidas. Mas o passado sempre retorna a suas mentes. Em outra festa de Halloween as coincidências mostram que o amor nunca pode ser esquecido ou abandonado. E que duas pessoas podem se reencontrar mesmo depois de muito tempo. Resumo tosco, mas a fic vale a pena.

Esta fic foi escrita para o desafio de Halloween do site SnapeMione.

Uma Noite para Esquecer

By Sheyla Snape

Não é incrível como as pessoas conseguem refazer suas vidas? Mesmo as adversidades, os desastres vividos... Ainda assim sempre é possível refazer, reviver, reconstruir…

Bom… Alguns são mais eficientes que outros. Mas eu definitivamente não me enquadro no primeiro perfil. Até porque eu nunca tive uma vida. Apenas existi para executar propósitos e defender ideais que nem sempre eram meus. Apenas os adotei como sendo... Lutei por pessoas que me desprezavam e ainda hoje desprezam, e acima de tudo… odeiam.

Pouco me importam esses imbecis! Eles sabem que só estão vivos, que só festejam e levam suas vidas em paz porque EU abdiquei da minha. Desisti da minha própria vida para expurgar os erros de um jovem tolo que acreditou em uma promessa de poder absoluto e glória plena.

Nunca sentiram o fedor da morte em suas narinas. Jamais presenciaram torturas e maldições em execução. Talvez exatamente por isso sejam tão capazes de comemorar esta data com tanta alegria.

Ele suspirou cansado. Levou a mão magra e esguia até os cabelos, assanhando-os ainda mais. Estava cansado, exausto. Apertou a nuca, procurando aliviar um pouco a tenção ali, mas era inútil. Olhou a neve que caia fora do castelo e deixava um espesso tapete branco nos jardins. Mais adiante, o guarda-caças arrastava sem a menor dificuldade três imensas abóboras para enfeitar, sabe Merlin, que parte dos terrenos da escola. Ele suspirou mais uma vez e lembrou-se da pilha de ensaios dos estudantes de terceiro e quarto anos que ainda esperavam por correção e resmungou algo como "estou velho demais para perder meu tempo com isso!"

Halloween… O Dia das Bruxas. Essa data era conhecida como o dia em que o pior e mais sanguinário bruxo de todos os tempos caiu. Exatamente há cinco anos, aquele que se denominava Lorde Voldemort, caiu diante de Harry Potter mais uma vez, mas desta vez para sempre. Ele quis marcar para sempre a data, torná-la inesquecível. Queria a glória que lhe foi tirada na noite de terror em que matou os Lílian e Tiago Potter, então decidiu atacar de uma só vez, dezessete anos depois. Mais uma vez não obteve sucesso e foi derrotado pelo menino-que-sobreviveu.

Um sorriso sarcástico formou-se em seus lábios. Bem… De um jeito ou de outro, ele conseguiu! Não como havia planejado, mas o dia 31 de outubro é a data mais celebrada do mundo mágico nesses últimos cinco anos. Esse é o dia em que Voldemort caiu.

E para você, Severo, este é o dia em que você deixou de ser importante. Deveria ter morrido naquela batalha.

Desde seu primeiro dia como espião ele sabia que morreria. Mas aquela Sabe-Tudo tinha que lhe dar um motivo para continuar vivo. Como sempre, ela se metia onde não era chamada.

Depois da queda de Voldemort, todos os anos uma grande festa era realizada em Hogsmeade. Bruxos de toda Inglaterra viajavam para comemorar e conhecer o campo da batalha do século e este ano não seria diferente. A atração principal deste ano seria um grande baile ao ar livre.

Por Slyterin, eu odeio bailes! - ele resmungou, mal-humorado.

Mas exatamente como nas festas que aconteciam em Hogwarts, ele se via obrigado a comparecer nem que fosse para uma "social" e depois retornar para suas Masmorras.

— Vamos, Hermione, será divertido! Você não pode ficar assim só porque o idiota do meu irmão consegue ser tão estúpido a ponto de estragar o relacionamento com a melhor mulher que ele pode encontrar.

— Não fala assim, Gina! Meu casamento com Rony não daria certo de qualquer jeito. E não foi por culpa dele que terminamos. Eu já te disse.

— Sei… sei… É por causa daquele homem misterioso que roubou seu coração e você não pode revelar o nome. - Ela revirou os olhos.

— Eu nem vou comentar, Gina. Faz de conta que nem ouvi você, certo?

— Vamos, Mione. Será uma festa muito bonita e você precisa se distrair um pouco! - A voz dela tentava transparecer calma, porém seu olhar dizia que não aceitaria mais recusas.

— Está bem, está bem, EU VOU! É hoje à noite, não é? - Finalmente Hermione cedeu e Gina deu um salto de alegria.

— Sim, é um baile de máscaras ao ar livre em Hogsmeade, e tenho certeza de que será muito divertido. Encontro você lá por volta das 19h, certo?

— Certo, mas não pense que vou ficar lá por muito tempo!

— Tenho certeza que você irá se divertir. Quem sabe encontra alguém interessante? - Sorriu maliciosa.

Hermione só se deu ao trabalho de revirar os olhos.

Apesar da falta de ânimo, ela se arrumou para o baile. Lembrou de uma peça trouxa da qual gostava muito, "O Fantasma da Ópera", e resolveu vestir-se de acordo com a mocinha da ópera. Transfigurou um vestido seu, deixando as costas nuas mesmo sabendo da previsão de neve para esta noite. Nada que um feitiço de aquecimento não resolvesse, mas, por via das dúvidas, usaria um casaquinho por cima. Prendeu os cabelos num coque frouxo deixando algumas mechas caírem por sobre o rosto e ombros. O vestido perolado realçava ainda mais a cor de seus cabelos e olhos. Olhou-se no espelho e, satisfeita com a imagem refletida, aparatou para Hogsmeade, esquecendo em cima da cama sua máscara para o baile.

O vilarejo estava fervilhando de bruxos e bruxas animados. A decoração das casas e lojas sempre surpreendia pelo capricho e beleza estonteante. Era como voltar a ser criança. Reviver os tempos de Hogwarts andando pelas ruas ao lado de Harry e Rony, se divertindo nas lojas como Dedosdemel, Zonkos, tomando uma cerveja amanteigada no Três Vassouras. Apesar dos anos que passaram, tudo lembrava seu tempo de estudante.

Ela suspirou ao ver um enorme mural onde estava uma grande foto de Harry, Dumbledore, Sirius, Moody, vários membros da Ordem da Fênix e muitos outros que lutaram na Batalha Final ali mesmo em Hogsmeade. Seu coração se apertou. Tantos se foram… Foram tantas as vidas perdidas para que o mundo mágico e trouxa pudessem desfrutar de paz e um pouco de alegria. Ela se perguntou se aquele fora um preço justo.

Enquanto admirava a foto, percebeu que faltava alguém. Por uma fração de segundo, ela pensou que se tratava de uma homenagem aos que se foram na batalha, mas logo ela pôde ver sua imagem ao lado de Rony, Gina e os gêmeos Weasley, pessoas que ela sabia terem sobrevivido. Então ela começou a procurar por mais alguém. Ele tinha de estar naquela foto. Afinal, fora uma peça importante durante todos aqueles anos. E na opinião dela, a mais importante de todas.

Apesar do grande número de pessoas ali lembradas, ela rapidamente pôde encontrá-lo. Ele estava de pé, quase escondido ao fundo, mas ainda assim visível. O ar austero, braços cruzados sobre o peito, o olhar firme e frio, como sempre. Exatamente como fazia nas aulas em Hogwarts. Hermione não pôde deixar de sorrir. Se o mundo mágico devia sua liberdade a alguém além de Harry Potter, esse alguém era Severo Snape.

Ele se sacrificou mais do que qualquer um dos presentes naquele quadro. Vendeu sua alma uma segunda vez ao próprio demônio para reparar seus erros e sobreviveu para contar a história. Pior que morrer na guerra é sobreviver e ter que viver com as cicatrizes deixadas pelas muitas batalhas.

Pela segunda vez seu coração doeu ao lembrar como se apaixonara por ele. Jamais poderia dizer que foi uma paixão fulminante, porque estaria mentindo. Não… tudo começou como admiração por ser um homem tão inteligente e conhecedor de tudo que se referia a poções e artes das trevas. Por mais que ele sempre parecesse sarcástico e mal-humorado, ninguém negaria que ele era o melhor e mais completo Mestre em Poções que Hogwarts já teve em sua história. Não reconhecidamente, é claro. Mas ainda assim, o melhor.

Inteligente e astuto, não poderia ser o chefe de outra casa se não a de Slytherin. A admiração virou respeito quando descobriu em seu quarto e quinto ano que ele voltaria a espionar para Dumbledore e a Ordem, arriscando sua vida no processo. O respeito em carinho quando mais de uma vez flagrou um semblante preocupado na direção de seus alunos, preocupação com o futuro que alguns teriam no decorrer da guerra. Acusavam-no de favorecer seus sonserinos, mas ele nada mais fazia além de lhes dar apoio e um porto seguro para onde fugir caso não quisessem cometer os mesmos erros de seus pais Comensais da Morte. Ele conseguiu o que todos achavam impossível. Trouxe Draco Malfoy para o lado da luz.

Até que, depois de vê-lo chorar como uma criança de dez anos quando perdeu o único e real amigo que teve na vida, esse sentimento mudou completamente. Ela não soube reconhecer o que sentiu no momento. Mas era algo mais profundo que simples carinho.

Apesar do testemunho de Harry afirmando que Snape matou Dumbledore a sangue frio, ela sabia que ele perdera a única pessoa que lhe estendeu a mão. E no final, foi provado que o diretor de Hogwarts pedira para ser morto. Nunca comentou com ninguém sobre aquela manhã depois do funeral de Dumbledore.

Hermione o vira na Floresta Proibida, encoberto pelas árvores, mas sabia que era ele. Depois de falar com seus amigos, ela não se conteve e foi ter certeza se era quem imaginava. A visão de um homem adulto chorando não é algo fácil de se esquecer. E se este homem é o tão sarcástico e impiedoso Severo Snape, a cena se torna ainda mais marcante. Ela soube naquele momento que ele não matara o diretor por vontade própria. Soube também que o amava e que ele jamais se deixaria amar por alguém depois desta ultima "missão". Teve a certeza de que ele não se permitiria sair vivo daquela guerra. Não depois de ter matado o único amigo que teve na vida.

Mas ela o amou secretamente por mais cinco longos anos até vê-lo quase morto no campo de batalha. Pensar que não o veria nunca mais na vida fê-la explodir em fúria e agonia, ela o amava e faria qualquer coisa para mantê-lo vivo.

Por mais que ela quisesse esquecer, lembrava com muita nitidez da noite da batalha final, da festa de Halloween, do clima agradavelmente calmo, seguro e especialmente alegre que podia ser apalpado no ar.

O Lorde não atacava há tanto tempo que se achou seguro realizar uma grande festa em Hogsmeade. A cidade estava completamente enfeitada, abóboras gigantes na porta de várias lojas, morcegos passavam em grandes revoadas por toda parte e davam rasantes nas pessoas.

Haviam se passado quase quatro anos desde o último ataque de Voldemort, quando Hermione ainda cursava seu sétimo ano em Hogwarts. Agora ela já estava quase formada na sua faculdade de Transfigurações e ainda cogitava cursar Poções em Lion. Só não sabia quando… Talvez com o final da guerra? O certo era que não perderia a festa por nada. Por realizar-se na cidade, outras pessoas que não os estudantes a partir do quinto ano poderiam participar do baile. E foi exatamente disso que o Lorde Negro se aproveitou.

O ataque foi maciço e surpreendente. Os guerreiros da Ordem quase não conseguiram se reunir em tempo. Foi realmente muita sorte tudo ter acabado bem naquela noite. Principalmente porque ela quase o perdeu. A lembrança de vê-lo deitado semi-morto no chão despertou-lhe um medo tão incontrolável que ela nunca pensou que sentiria um dia.

Hermione deu um grito ao sentir um toque gelado em seu obro.

— Calma, Hermione! Sou eu, Gina. - Ela olhava assustada para a amiga, que certamente não entendera sua reação.

— Nossa! Você me assustou! Eu… Eu estava com os pensamentos muito longe, sabe… - Olhou novamente para a foto do cartaz, ainda com um semblante triste. - O dia de hoje traz muitas recordações.

— Eu sei, Mione. Mas temos que nos concentrar nas boas lembranças e deixar que as ruins fiquem no passado. - Ela disse isso olhando para o Harry Potter da foto. Hermione sabia exatamente sobre o que a amiga falava.

Harry lutou tanto para afastar Gina de perto dele, sempre com o argumento de protegê-la. Foram tantas brigas, idas e vindas num relacionamento, que ela acabou desistindo. Mas era visível que ainda sentia algo pelo rapaz. Algo além de mágoa. Porém, hoje ela estava casada com Draco Malfoy e eles eram muito felizes juntos. Quem poderia adivinhar que um dia um Malfoy e uma Weasley se casariam? Mas o amor tem das suas surpresas.

— Vamos, Hermione! Temos que nos apressar ou não conseguiremos um bom lugar para sentar no salão do baile. Ah! Você esqueceu de trazer sua máscara. Tome, fique com esta. Acho que combina com seu vestido muito mais que com o meu. - Gina sorriu e entregou-lhe uma máscara branca com alguns adornos em dourado e prata que realmente combinavam com o vestido de Hermione.

A máscara lhe cobria a metade do rosto dando um ar sensual e triste ao mesmo tempo. Gina não pôde deixar de comentar.

— Minha nossa! Esta noite você vai esmagar corações, minha amiga!

— Acho melhor você deixar de ser boba, isso sim! Ela retrucou em um falso resmungo, mas logo sorriu.

Severo aprontou-se mecanicamente para o baile. Sentia tanto tédio em ir que decidiu fazer o caminho a pé, e não aparatar na cidade, como os outros professores de Hogwarts. Andou calmamente sentindo o frio cortar-lhe a pele, exatamente como a cinco anos atrás.

Por que ela tinha que me dar um motivo pra viver?

Viva por mim! Ela repetia tantas vezes a cabeceira de seu leito. Você, mais do que todos eles. Você tem o direito a viver sob a paz que lutou tanto para construir. Mostre a eles o quanto se enganaram a seu respeito e o quanto eles te devem. Pois você se sacrificou para que estejam felizes e vivos no dia de hoje.

Lembrando da voz dela, ele não pôde evitar a lembrança que invadia sua mente sem qualquer controle.

Ele estava caído no chão duro e enlameado. O cheiro de morte e sangue invadia seus pulmões com força maior do que ele poderia imaginar possível. Todo seu corpo doía, até respirar era doloroso demais para continuar. Sentia o corpo totalmente gelado, seria pela grossa camada de neve e sangue sobre os quais ele estava deitado, sangue seu ou de seu oponente não saberia dizer, ou seria a vida que finalmente se esvaía de seu corpo velho e cansado de lutar? Sinceramente, ele não se importava. Tudo o que queria naquele momento era paz. Mas ela não veio…

O que sentiu a seguir transcendia toda e qualquer dor que já sentira na vida. Uma onda de choque percorreu seu corpo por inteiro, cada terminação nervosa parecia acender como uma arvore de natal trouxa. E como poucas vezes ele se ouviu gritar. Um grito que veio do fundo de sua alma. Seu corpo involuntariamente se debatia com violência até que a energia o abandonou. Sua garganta doía, mas ainda assim ele pode rir, pois soube exatamente o que aquilo significava. Era uma gargalhada gutural rouca e sinistra, mas ainda assim havia uma certa alegria ali.

— Acabou... ACABOU! Em fim tudo acabou. - Ele ergueu o braço esquerdo e procurou a marca que por quase três décadas o marcou como um paria. Ela não mais estava lá. Sem forças deixou o braço cair novamente na neve gelada.

Ele sentia que era tão fácil desistir, deixar de sentir a dor, dominar-se pelo frio. Simplesmente parar de respirar e deixar-se abraçar pelos cálidos baços da morte. Mas alguém o trouxe de volta desse sonho de paz e conforto. Ele abriu lentamente os olhos pra ver quem era a voz suave e doce que tão desesperadamente chamava seu nome e implorava para que despertasse. Era impossível deixar que anos de sarcasmo e ironia escapasse de seus lábios quando percebeu de quem era a voz.

— Gritando assim, a senhorita vai acabar acordando todos os mortos aqui presentes. E sinto lhe informar que muitos deles adorariam matá-la. - Ele a viu suspirar aliviada. E seu sorriso transpareceu uma alegria que aqueceu seu coração imediatamente.

— Mesmo num momento como esse, o senhor sempre consegue ser irônico e sarcástico, não é, professor! - Ela fez uma falsa cara de raiva, mas não escondeu o sorriso contido. - Graças a Deus está vivo!

— Não por muito tempo, senhorita. - Ele viu o sorriso morrer de seu rosto e a preocupação tomar-lhe por completo. - Minha missão nesta guerra termina aqui e agora. Não tenho mais pelo que continuar vivendo. Agora poderia a Srta. Sabe-Tudo Granger me deixar morrer em paz?

Ele sentiu um espasmo contrair seu abdômen e começou a tossir violentamente, sangue jorrava de vários cortes em seu corpo e boca a cada contração. A dor era insuportável, mas pôde ouviu ao longe em sua mente a voz desesperada de sua aluna gritar por ajuda e repetir incessantemente que ele ficaria bem, que ele tinha que continuar vivo… Por ela.

E ele ficou vivo. Por ela, como pediu. Pelas palavras que conseguiu ouvir em poucos momentos de lucidez em seu leito no hospital. Ela conseguiu convencê-lo a viver para saborear um novo mundo.

Mas ao acordar, ela não mais estava lá. Sete meses de espera é tempo demais para qualquer um, ele pensou. Mesmo para quem se dizia apaixonada. Provavelmente ela já estava longe e namorando o jovem Ronald Weasley quando ele acordou. Ele sabia que seria melhor assim, pois muitos seriam os obstáculos entre eles. Seria pedir de mais ao destino um final feliz para sua vida, pois ele sabia que não merecia.

O salão de baile era belíssimo. Uma grande tenda foi armada numa parte próxima ao centro recreativo da cidade. Um feitiço idêntico ao do teto do Salão Principal de Hogwarts foi usado. O efeito da neve caindo era gracioso. Todos se divertiam muito, falavam alto e dançavam ao som dos mais variáveis estilos musicais. Hermione pôde reconhecer até algumas músicas trouxas em meio ao repertório muito eclético. Era muito fácil contaminar-se pelo clima alegre e descontraído.

Depois de dançar algumas músicas com ex-colegas de escola, obrigou-se a recusar mais um convite de Neville, pois seus pés ainda doíam da última valsa que eles dançaram. Ela se dirigiu à mesa que ocupava antes e lá permaneceu. Por mais que se esforçasse, algo dentro dela não se deixava contaminar completamente pelo clima. Algo a mantinha triste. E de certa forma ela não queria sair daquele estado. Observava o salão como se procurasse alguém e pôde notar que não era a única que não se divertia ali.

Do outro lado da pista de dança, uma pessoa vestida de negro da cabeça aos pés cuja a única peça branca nele era uma máscara completamente branca. Ele parecia o próprio Fantasma da Ópera trouxa que Hermione se inspirou para sua fantasia. Haveria afinal um "par" para ela naquele baile? Ao menos na fantasia, talvez? Mas havia algo mais nele… Apesar da máscara encobrir quase completamente o rosto, ela pôde sentir uma melancolia e tristeza que só poderia ser igualada a dela mesma. Ela pensou, quem quer que fosse aquele bruxo, ele deveria estar se divertindo tanto quanto ela. Suspirou cansada e um pouco esperançosa que este fosse o homem por quem estava apaixonada por vários anos. Quem mais se vestiria completamente de preto? - ela pensou. Voltou seu olhar para onde ele estava e não o encontrou mais.

A quem você quer enganar, Hermione? Você sabe perfeitamente que ele não viria a uma festa como essa. Sabe que não adianta procurá-lo entre os convidados e principalmente… Sabe que só está perdendo seu tempo fingindo se divertir aqui.

Entristecida, ela tomou o último gole de sua bebida e se levantou, seguindo em direção a saída. Não fazia sentido algum continuar ali. Só esperava sair antes que Gina percebesse que ela escapara.

Hermione caminhou para fora do salão, mas ainda assim Gina a viu saindo e gritou seu nome, pedindo para esperar. Ignorando o chamado, ela continuou seu caminho. Apressada para sair, ela quase derrubou uma das estátuas de gelo que enfeitavam o salão. Conseguiu se desviar a tempo do adorno, mas não evitou a colisão com o homem que estava parado na porta de entrada.

Ele estava imóvel, talvez decidindo se ia ou ficava mais alguns minutos naquela festa sem grandes propósitos, quando sentiu alguém esbarrar nele com violência.

Hermione cambaleou alguns passos, completamente desequilibrada, quando sentiu-se sendo amparada por algo que impediu sua queda. Sua cabeça girava e ela só voltou a si quando uma voz grave, porém firme e suave, a trouxe à realidade.

— A senhorita deveria prestar atenção por onde anda. Se continuar assim, vai acabar se machucando seriamente. - Os olhos negros por detrás daquela máscara a lembravam alguém, mas não pôde identificar quem seria, estava tonta demais com o choque.

Ela se perdeu por instantes naquele profundo mar escuro e se arrepiou momentaneamente. Piscou, procurando voltar à realidade, firmando-se nas próprias pernas para ficar de pé. Ainda atordoada pelo choque, foi inevitável repetir o desequilíbrio. O homem a sua frente a agarrou com mais força e perguntou num tom preocupado:

— A senhorita está se sentido bem?

— Eu… Eu estou bem, só um pouco tonta! - Ela realmente sentiu sua cabeça girar quando mergulhou nos olhos dele.

— Então seria melhor se sentar e descansar um pouco. Não é prudente sair sozinha por aí se não está se sentindo bem.

— Não! - ela disse, assustada. Ele estranhou a atitude. Hermione balançou a cabeça, sorriu, desconsertada, e continuou falando. - Desculpe-me, eu estava saindo exatamente para tomar um pouco de ar. Está um pouco abafado aqui dentro e…

— Tudo bem, senhorita, não precisa me dar explicações. - Ela notou que ele hesitara um segundo antes de perguntar. - Aceita companhia para caminhar?

Hermione olhou atentamente para o homem a sua frente. Era elegante, alto e esbelto. Merlin, como se parece com… Recriminou-se interiormente. É claro que não é ele, Hemione! Você sabe perfeitamente que ele não é gentil com ninguém. Ela observou os cabelos pretos e compridos que estavam presos num elegante rabo de cavalo. Ela pôde notar agora que apresentavam algumas mechas prateadas que lhe davam um charme muito especial. Piscou algumas vezes antes de se perder no sorriso gentil que ele lhe ofereceu, voltando assim de seus pensamentos antes de responder.

— Ah… Claro que sim! Eu… Eu adoraria. - Sorriu timidamente, aceitando o braço que estava estendido em sua direção e saíram do salão.

Continua…

NA: Então... O que acharam? Por favor, eu quero comentários sobre a fic. E-mails, corujas, recados... Qualquer coisa, o importante é dizer o que acham. Bjus e muito obrigada por lerem.