Capítulo Sete
"A lenda"
(Wanda Scarlet)
- Então, o destino dela seria a morte de qualquer jeito. – concluiu categórico.
- Não, cavaleiro, não é tão simples assim. – contradisse a velha mestra – Apesar de ser assim que seria, não foi desse jeito que as coisas aconteceram.
- Então como aconteceram?
- A armadura de prata da estrela Astréia possui um poder que só pode ser liberado quando for destruída. Somente a amazona que a possui pode fazer isso. E por um breve período ela adquire um certo 'poder divino'. Por esse breve período... ela torna-se uma deusa. – fez uma pausa, um sorriso triste curvou-lhe os lábios – Mas todo tipo de poder tem um preço, não é?
O cavaleiro de Cisne não respondera a essa pergunta retórica e a mulher continuou.
- Diz uma antiga lenda que há muitos anos atrás existiu uma deusa que escolheu viver entre os humanos. Durante o tempo que ela esteve no nosso mundo, conheceu todas as faces de nossa espécie, a boa... e a ruim. – respirou profundamente antes de prosseguir – Mas Astréia, esse era o nome da deusa, ficou tão chocada e triste com a crueldade e injustiça que presenciou no mundo que voltou aos céus em forma de cometa, assustada com tudo isso. Lá ela abdicou de seus poderes divinos a fim de que a terrível dor que sentia em seu coração desaparecesse. Sem seus poderes e também sem qualquer outro sentimento, inclusive dor e amor, ela então se transformou na mais fria estrela da constelação de Virgem.
- E a armadura dela tem esse mesmo destino?
- Se 'ela' queria resgatar o poder divino de Astréia no ritual, sim.
- Mas a armadura continua nesse mundo. Como isso é possível?
A mulher então riu baixinho deixando-o mais intrigado.
- Aska ainda está nesse mundo, não é? Então por que a sua armadura não haveria de estar também? – ainda sorrindo ela explicou – A armadura é eterna, assim como a estrela que representa. Não desaparece.
- Então como...?
- A armadura libera o poder pelo período certo para sua amazona... – interrompeu-o – ...e então a abandona indo renascer em seu lugar sagrado.
- O Pathernon. – deduziu, pois era onde localizara a armadura alguns dias atrás.
- Astréia era uma deusa muito ligada à justiça, nada mais natural que o templo da deusa da justiça, Athena, fosse o lugar sagrado de sua armadura, não acha?
- A senhora mencionou um 'preço' para o poder da armadura. O que isso quer dizer?
- A vida, cavaleiro... a vida. Como quem usa a armadura é uma mortal e não uma deusa, algum poder precisa ser consumido para que o ritual se realize.
- E a vida seria o maior poder de um corpo mortal...
- Sim. Ela se consome no processo.
Ele franziu o cenho, visivelmente confuso.
- Não me parece uma troca justa. A senhora mesma não acabou de dizer que Astréia era uma deusa muito ligada à justiça? Como pode um ritual tão injusto assim fazer parte de seu legado? – citou as etapas – Primeiro usa-se todo o cosmos para tentar destruir a armadura, em seguida o poder de uma deusa é liberado para quem conseguiu isso por um curto período de tempo, quando o tempo acaba a vida dessa pessoa é consumida por completo e então... ela morre? – estava intrigado e ao mesmo tempo confuso com o sentido daquelas palavras. Por fim perguntou – O que se espera conseguir abreviando a própria morte desse jeito em troca de alguns instantes de poder?
- Talvez... um milagre cavaleiro. Talvez um milagre... – foi a resposta enigmática da mestra que treinara Aska para o Cavaleiro de Bronze de Cisne quando este havia interrogado-a sobre os fatos estranhos que haviam acontecido com a Amazona de Prata de Astréia.
Continua...
(Wanda Scarlet)
Nota da autora: quebrando um pouco a tensão. Achei interessante colocar um flashback da conversa que o Hyoga teve com a mestra da Aska. Agora só falta mais uma coisa que preciso revelar e aí dará pra entender qual é a da Aska nesse passado estranho. Mas isso eu vou deixar pra ela mesma contar pro Cisne. Afinal... loiro interessantes e espertos como ele sabem como ser bem persuasivo. Acho que não tem como ela guardar por mais tempo o motivo de tudo isso.
Beijos para todos
E muito obrigada por ler!
Wanda
