Capítulo 4

Continuaram andando após a luta com Ookami. 'Foi muito bem Hiei! Vinte golpes!' disse Kurama. 'Ele conseguiu se esquivar de sete! Não foi tão bem assim' Hiei falou bem baixo para que Kuwabara não escutasse, 'Mesmo assim você lutou muito bem!' Yami disse enquanto se aproximava deles. Hiei se assustou com a presença inesperada de Yami no meio da conversa, mas não achou aquilo ruim, ele até chegou a sorrir levemente como se estivesse dizendo obrigado! –Hiei, você está mudando!- Kurama pensa e sorri para si mesmo.

No meio da tarde o grupo fez uma pausa para poderem comer alguma coisa. Yami sentou-se em um canto afastado de todos, estava pensativa. 'O que aconteceu com ela?' Yusuke pergunta. 'De repente ela ficou assim. Parece estar deprimida' Kurama disse, 'Não deve ser nada! Ela só está fazendo cena.' Hiei diz e todos olham para ele, 'Não seja tão rude Hiei!' Kuwabara grita. Eles continuam discutindo por algum tempo, então decidem descansar e pedem que Yami fique de vigia.

Como sempre o dia era escuro, tão escuro que até podia-se confundir com a noite. Yami continuou sentada olhando adiante, se lembrava do que Ookami havia lhe perguntado, "É ele?" se referindo a Hiei. Hiei era ele? Não, não podia ser, Yami e Hiei eram opostos, eles se odiavam. Mas o que era aquilo? O que ela sentira quando Ookami a perguntou? Era tudo muito confuso.

Yami escutou um barulho atrás dela e se levantou assustada, mas acalmou-se, era Hiei. Ele trazia uma tigela com comida e um cantil com água. 'Coma! Você vai acabar ficando muito fraca assim' ele diz, 'Eu não estou com fome, obrigada!' Yami responde e se senta. Hiei se senta e coloca a tigela na frente dela. 'Estou te ordenando a comer!' Hiei diz altivo. Yami se faz ofendida e vira-se para outro lado. Então, Hiei levanta e se agacha na frente dela, 'Desculpe!' ele diz 'Eu só estava preocupado por você não ter comido nada!'. Yami estava espantada, nunca pensou que veria Hiei, o todo orgulhoso, pedir desculpas e se preocupar com alguém. Ela pegou a tigela da mão dele e com um sorriso agradeceu-lhe. Hiei sorriu de volta para ela. Era um momento raro, Hiei e Yami sorrindo, um para o outro.

Enquanto ela comia, Hiei a observava, admirava-a. Às vezes não sabia como agir perto dela, sentia-se um tolo e sorria. Não era nada do que ele costumava ser com todas as outras pessoas, era outro. Mas, porque? Ele não sabia, e era inútil procurar a resposta; já havia passado duas noites em claro pensando. 'O que foi Hiei?' Yami perguntou-o, 'Nada... Nada...' ele diz olhando em outra direção. 'Se quer me falar alguma coisa, diga!' ela diz, Hiei não respondeu nada apenas abaixou a cabeça. 'Hiei?' ela volta a questioná-lo, 'Não, eu não quero te falar nada!' ele responde.

Alguns minutos passaram e todos ainda estavam dormindo, menos Yami e Hiei. Os dois ainda continuavam sentados perto, conversando, contando diversas histórias do passado e rindo. A cada segundo que passava, um se surpreendia mais com o outro, e isso os aproximava. De repente, há alguns metros dali uma luz faiscou, parecia um portal que se abrira. 'Vamos ver o que é!' Hiei disse, mas Yami discordou, geralmente os portais eram usados como armadilhas e eles acabariam em alguma prisão. Hiei não se importou e resolveu seguir, mesmo se fosse sozinho, mas Yami não permitiu e foi junto dele.

Seguiram e viram que realmente era um portal que havia se aberto no meio de um campo. Hiei sugeriu que seguissem, mas Yami disse que não. 'É uma armadilha Hiei! Eles querem que a gente caia!' ela diz, 'Não me importo!' Hiei disse 'Não preciso que você me siga...'. 'Mas se você entrar aí, eu também entro!' Yami diz, 'Hn...'. Hiei entra no portal e Yami vai logo atrás. Uma grande luz brilha por toda a área, acordando os outros.

Kurama olhou em volta preocupado, Yami e Hiei não estavam em lugar algum. Kuwabara e Yusuke começaram a procura-los, mas não teve resultado. 'Eu sinceramente acho que eles estão em algum lugar aproveitando! Você sabe né...' Kuwabara diz rindo, 'É, o Hiei parece quietinho, mas na verdade é um safado!' Yusuke ri. Kurama se aproxima deles e diz 'Ele foram pegos por algum tipo de armadilha, não devem estar muito longe!'. 'Há quantos quilômetros fica o próximo portão?' Kuwabara pergunta, 'Uns dez, onze.' Responde Yusuke, 'Vamos! Não temos tempo!' disse Kurama se apressando.

Estava tudo escuro, só havia uma luz que brilhava em uma pequena janela no canto. Hiei e Yami estavam presos pelos pés e braços em uma masmorra, provavelmente localizada no sétimo portão. 'Eu disse...' Yami repetia sem parar, Hiei já estava ficando bravo com aquilo. 'Eu disse...'. 'DÁ PRA PARAR COM ISSO!' ele grita, 'Hn... Eu disse!' ela continua. 'OLHA AQUI! EU SEI QUE VOCÊ ME AVISOU, MAS NÃO PRECISA FICAR REPETINDO!'.

Yami parou, sabia que aquilo era irritante. Resolveu pensar em uma maneira para sair dali, mas não adiantaria, estavam presos por algum tipo de energia. 'Hei, eu acho que posso me soltar!' Hiei diz. Yami olha para ele enquanto ele solta um braço de cada vez da corrente, também desprende as pernas. Hiei para na frente dela e a encara, 'O que você está esperando?' ela pergunta, 'Que você peça!' ele sorri. 'Nunca!' Yami grita e vira o rosto, 'Então você irá continuar presa para sempre!' Hiei diz e se aproxima dela, virando o rosto dela de novo em direção a ele, para que ele pudesse a olhar e encarar. Os olhares se colidiram no mesmo instante e pareceu que não queriam mais se desgrudar. Hiei ainda segurava o rosto de Yami, e se aproximava dela, sem saber o porque. Yami estava achando aquilo estranho, mas também não conseguia desviar a atenção do olhar penetrante de Hiei. Os dois estavam perdidos e desolados, um no olhar do outro, e ele se aproximava cada vez mais, e menor a distancia entre eles ficava, já não havia nem mais espaço para se respirar.

A respiração deles era ofegante e o pulso era mais forte, nenhum dos dois jamais havia sentido algo assim. Hiei fez com que a distancia desaparecesse, colou seus lábios com os de Yami e a beijou doce e inocentemente. Não sabia se o que estava fazendo era certo, não sabia nem porque estava fazendo aquilo, apenas sentiu que deveria fazer. Yami estava indefesa diante do beijo, não conseguia mexer suas mãos e suas pernas, mas mesmo se pudesse mexe-las, ela sentia-se do mesmo jeito que Hiei e não queria que aquele momento acabasse.

Hiei parou, sem fôlego, estava levemente vermelho nas bochechas e atônito. Yami olhava curiosamente para ele, queria saber o que se passava em sua mente, porque ele havia a beijado tão apaixonadamente. Ele soltou-a rapidamente e saiu de perto dela em segundos, sentando-se do outro lado da sala.

'Hiei...' Yami chamou, mas ele não respondeu, estava com a cabeça abaixada e escondida entre os braços. Aquele definitivamente não era ele, ele não agia assim, Hiei estava confuso, - Porque eu a beijei? Porque eu me senti daquele jeito? Porque? Porque? – ele se perguntava. Yami se aproximou e sentou-se de frente para ele. 'Saia daqui agora!' Hiei diz, mas ela não se importou e continuou sentada, esperando por uma resposta, 'Porque fez isso?' Yami pergunta. Hiei tira as mãos da frente do rosto e ajoelha-se em frente a ela, 'Eu não sei...' ele diz. Essa era a respostas para todas as suas perguntas "Não sei!". Yami levantou-se e foi para o outro lado da sala, se Hiei a perguntasse qualquer coisa sua resposta seria a mesma.

Algumas horas se passaram e os dois ainda estavam sentados nos lados opostos da sala, sem se quer dizer uma palavra ou trocar um olhar; apenas pensavam em diversos "porquês". De repente eles escutam um barulho, 'Yami?' Hiei chamou, 'São chaves!' ela diz 'Estão vindo nessa direção!'. O barulho se aproximava cada vez mais, os dois já haviam desembainhado suas katanas e tomado sua pose de luta. A chave virou na fechadura, a maçaneta girou e a porta abriu.